Os meus pais finalmente voltaram para casa e eu? Fiquei feliz. Ficar com as minhas amigas foi bom, mas não há nada melhor que um carinho de mãe e pai.
— Nessa, você está atrasada. — Minha mãe disse, servindo o café numa chávena para mim. — Tome rápido.
— Está bem mãe. — Mordisquei a minha sanduíche de ovo estrelado e tomei um pouco do café.
— Nessa, já que estamos sozinhas, podemos conversar?
— Claro, mãe. — Respondi e ela sentou na cadeira em frente a minha.
— Nessa, quando você vai contar-me sobre a estória do encantamento? — Minha mãe perguntou e eu engoli em seco. Como ela sabia?
— Mãe, que encantamento que a senhora está falando? — Perguntei e ela sorriu forçadamente.
— Não tenhas vergonha de falar sobre isso. Eu sei que a protagonista daquela estória é você.
— Mãe, eu estou atrasada e a senhora tomou muito café e isso está dando cabo de tua cabeça. — Eu disse, vertendo todo o café que restava goela abaixo.
— Nessa Carter, eu já fui adolescente. — Minha mãe protestou e eu levantei-me da cadeira.
— Mãe, já está tarde. Hoje vou com a Ruth e a tia Cibele. — Avisei e ela assentiu.
Coloquei a minha mochila nas costas e saí de casa.
Como a minha mãe descobriu que a estória que eu contei a ela era sobre mim? Não, talvez ela queria fazer um jogo de adivinha. Eu fui discreta esse tempo todo e ela estava tentando ser perspicaz.
Parei em frente a casa da Ruth e toquei a campainha.
— Nessa? — Ruth perguntou, quando abriu a porta.
— Oi amiga. Posso ir contigo hoje?
— Pode sim, vamos de autocarro, pois a minha mãe ainda vai demorar.— Ela falou saindo de casa e fechou a porta.
— Está bem.
— Por quê não foste com a tua mãe? — Ruth perguntou, enquanto caminhavamos até o ponto de autocarros.
— Ela descobriu a estória do encantamento, e isso não é algo que todos devam saber. Agora o meu pai vai criar uma Fanfic e o assunto do jantar quem será? Eu, a Nessa Carter. — Lamentei e minha amiga gargalhou e se recompôs.
— Desculpa Nessa, é que o teu pai vai fazer a maior ficção de fã, sério , o pessoal do Wattpad ia surtar, mas a parte da tua mãe descobrir o encantamento não tem haver com o dia de tu quase contaste a ela? — Ruth perguntou.
— Deve ser, não tenho a certeza absoluta. — Falei e Ruth assentiu, respondendo as mensagens que entravam no seu celular.
Entramos no autocarro e sentamos no penúltimo banco a direita. Coloquei os meus fones de ouvido e abri um e-book. Fiquei lendo pelo caminho, mas a voz da minha mãe sempre interrompia a minha leitura.
— Nessa, já chegamos! — Ruth exclamou e eu tirei os fones de ouvido. Descemos do autocarro e entramos no recinto escolar.
— Amiga, eu vou na biblioteca, quero requisitar alguns clássicos. — Falei para Ruth, que se despediu de mim com um abraço. Avancei até a biblioteca.
Fui até a secção dos clássicos, sentir o cheiro de livro velho, isso sim que era vida. Dentre os livros, estava o livro do cupido. Tentei desviar a minha atenção dele, mas os meus olhos relutavam e olhavam para ele. Sentia o livro a brilhar, mesmo que a sua capa estivesse empoeirada.
— Maldito! — Resmunguei, tirando ele da prateleira. — Por quê não és como os outros livros? É para eu encantar outro rapaz, é? — Abri o livro e para ter cuidado, decidi ler mentalmente.
As escolhas do Cupido nem sempre são as mais certas.
Fechei o livro assustada e devolvi-o na prateleira.
O que ele quis avisar-me? Que o Lucca não era a escolha certa para mim?
Nessa relaxe, ele é apenas um livro e isso é a vida real.
Levei o Hamlet e Dom Casmurro. Saí da biblioteca às pressas e esbarrei-me com Emma no corredor.
— Nessa, parece que viste um fantasma ou algo do gênero. — Emma comentou e eu forcei um sorriso.
Não vi um fantasma, vi algo que me ajudou muito a realizar o meu sonho.
— Apenas estou atrasada. — Menti e ela olhou as horas no seu relógio.
— Faltam dez minutos para as aulas, mas cada pessoa tem seus critérios de viver e se comportar. Bom dia Nessa.
— Bom dia Emma. — Segui o meu caminho até a sala de aulas e sentei-me na minha carteira.
— Nessa, tudo bem? — Francine, minha colega de turma perguntou.
Ela era a presidente do conselho estudantil da escola e a famosa nerd de aparelho que usava óculos de avozinha e lia livros de velhas. Eu até que gostava dela.
— Fran, oi, eu estou bem sim.
— Vi você no cartaz, Cinderela ruiva, uau! — Ela falou, mostrando a foto do cartaz.
Realmente estava linda no cartaz ao lado do Lucca.
— É, Cinderela ruiva. — gargalhei nervosa e ela sorriu.
O livro do cupido, no dia dos namorados tinha apenas a frase de encantamento, hoje tinha uma nova frase. Esse livro era mágico!
💘
O sino tocou e eu saí da sala de aula apressadamente até a biblioteca, precisava procurar saber com a bibliotecária sobre o livro. Se ele era mágico, devia ter algum mito ou lenda sobre ele.
Esbarrei-me outra vez, mas dessa vez não foi com a Collins, mas sim com o professor Mark.
— Mil desculpas professor. — Pedi, agachando-me para puder apanhar os meus livros.
— Não precisa pedir desculpa Nessa. Para aonde vais tão apressada?
— Eu vou a biblioteca, preciso falar com a bibliotecária. — Falei, recompondo-me.
— Ah, qualquer coisa sobre livros podes falar comigo também.
— Está bem, professor. — Ele sorriu, ajeitando os seus óculos de grau.
— Podes tratar-me por Mike, temos apenas diferença de um ano. — Ele soprou a sua franja lateral que caiu sobre o óculos.
— Está bem, Mike. — entrei na biblioteca e suspirei de alívio.
Mike? Eu chamá-lo pelo nome na escola? Na. Na. Ni. Na. Não. Não vou.
As minhas amigas tinham razão no dia dos namorados, quando estavam a fazer brincadeiras, relacionadas a idade do professor.
Entrei na secção dos clássicos e procurei pelo livro. Mas ele já não estava lá. Procurei por todos os cantos possíveis, mas não o achei.
— Boa tarde sra. Mysie, a senhora sabe se levaram o livro do são Valentim? — Perguntei e ela arregalou os olhos confusa.
— Não temos nenhum livro com esse nome. Deixe-me procurar na base de dados da biblioteca, mas eu tenho a certeza absoluta que não há nenhum livro com esse nome. — Sra. Mysie entrou na base de dados da biblioteca, esforçando os olhos sob o óculos de grau garrafa — Qual é o nome do livro mesmo?
— Pedir ao são Valentim. — Respondi e ela procurou, mas não achou nada.
— Nessa, será que você não confundiu com um dos romances de banca por aí? — Ela perguntou e eu forcei um sorriso.
— Acho que sim, senhora Mysie. Muito obrigada.
Saí às pressas da biblioteca e caminhei até o jardim da escola. Não era possível!
Esse livro era literalmente mágico. Mas por quê que ele aparece apenas para mim?
Será que por tanto eu desejar viver um romance, o são Valentim, mandou o livro apenas para mim?
Sentei-me no banco perto dos arbustos e tirei o meu livro de romance. Eu queria viver um romance. Já estava no início dessa nova fase da minha vida, esperava que tudo corresse bem e que fosse um mar-de-rosas. Mas primeiro, tinha que achar o maldito livro!
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Olá, passando aqui apenas para avisar que o cupido sempre está perto de você para dar-te uma chance no amor e que: a estória está na reta final 💘🌟.
Sim, todo início tem um fim e o grande final dessa estória tem dias contados.
Beijos e abraços alados🧚