Quando o amor é pra sempre: A...

Galing kay Strange-Boy

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Segundo volume de "Quando o amor é pra sempre", "A história de Gael" conta a história do filho adolescente de... Higit pa

[1] prólogo 🏫
[2] o jogo de basquete 🏀
[3] arcata court mall 🏬
[4] suco de laranja🍊
[5] parabéns, Chrissie 🎂
[7] o incidente ⚠️
[8] os sobreviventes e o memorial ❤️‍🩹
[9] como um relâmpago ⚡
[10] revelações 📖
[11] sou um furacão 🌪️
[12] o circo 🎪
[13] entre o bem e o mal 😇😈
[14] se rendendo ao amor? ❤️
[15] contagem regressiva 🕗
[16] o baile de formatura 🕺

[6] o acordo 📝

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Galing kay Strange-Boy

O resto do caminho foi feito em silêncio enquanto eu me recusava a desviar o olhar pra fora da janela. Estava focando na névoa que cobria as ruas desertas, mas ainda sentia aquele enorme desconforto só de saber que Caleb estava do meu lado, dentro do carro dos meus pais. Mal podia acreditar. 

Pra melhor ou pior, o silêncio foi quebrado.

— Minha casa fica mais pro lado de lá. — Caleb apontou.

— Então posso virar na próxima à esquerda? — meu pai Scott perguntou.

— Pode sim.

— Pode ir guiando a gente? Assim fica mais fácil. — meu pai Harry sugeriu.

— Sem problema. 

— E qual o seu nome? Nem nos apresentamos, que modos os nossos... — meu pai Harry soltou um riso nasal. — Eu sou o Harrison, mas pode me chamar de Harry, sem formalidades.

— E eu sou Scott.

— Eu me chamo Caleb. — ele respondeu meio seco.

— Bom te conhecer, Caleb. — disse o meu pai Harry. 

E então o silêncio voltou, mas não por muito tempo. Caleb foi apontando as ruas onde meu pai tinha que entrar com o carro, até que finalmente encostamos.

— É aqui. 

— Tudo bem. Boa noite, Caleb! — disse o meu pai Scott.

— Boa noite. — foi a vez do meu outro pai.

— Boa noite... — Caleb abriu a porta do carro. — Obrigado pela carona. 

E então ele saiu, bateu a porta e eu finalmente pude virar minha cabeça. Avistei Caleb caminhando pelo gramado até a porta de entrada de sua casa, ele a abriu e entrou.

Ele não olhou pra trás. 

A casa não estava em mal estado, mas também não era chamativa. Era de um tamanho normal, simples e de apenas um andar. Era difícil imaginar a casa de alguém como Caleb dessa forma, tão simples e nada extravagante. 

O garoto mais popular da minha turma tinha tudo o que ele poderia querer: Status, vaga de capitão do time, seguidores e adoradores, garotas aos seus pés e respeito, exceto por aqueles dois idiotas que sempre andavam com ele. Caleb se vestia muito bem, tinha um celular de última geração... Eu esperava que a casa dele fosse daquelas famílias ricas, de um nível exagerado de luxo.

Parece que eu pelo menos estava certo sobre uma coisa: Os mistérios de Caleb. 

A gente nunca conhece alguém através de águas rasas. Ninguém faz ideia da história ou dos segredos que uma pessoa estranha a você pode guardar. 

Pouco a pouco, eu estava ficando cada vez mais instigado a mergulhar nesses mistérios e conhecê-lo mais profundamente, mas isso me preocupava muito. Eu não queria, de forma alguma, alimentar uma paixão desse tipo. Eu sabia que era arriscado, mas ao mesmo tempo eu não conseguia me impedir. 

— Filho, tá tudo bem mesmo? — meu pai Scott perguntou.

— Tá, pai. Tá sim. Eu só to muito cansado mesmo. Preciso dormir. 

No dia seguinte, acordei com ressaca, mas tentei não deixar transparecer para os meus pais não implicarem comigo ou coisa assim. Porém, eles não nasceram ontem, então desconfiaram, mas acredito que me deram um desconto e me deixaram quieto. 

Mandei mensagem pra Chrissie e ela não respondeu. Então mandei para Hans. Estava preocupado e queria saber como eles estavam.

Hans me disse que estava tudo bem, que os dois estavam aproveitando o dia na casa de Chrissie, ainda, pois ele havia dormido lá e iriam passar o dia assistindo comédias românticas.

Estava um pouco aliviado, então deixei os pombinhos curtirem o dia a sós. Já eu, como costumo não gostar de domingos, passei o dia só dormindo bastante e mexendo no celular. 

Na segunda feira,  fui ao encontro de Hans logo na hora que cheguei na escola. O avistei perto da entrada, para a minha sorte.

— Hans.

— Oi? — ele se virou pra mim, um pouco assustado. — Ah, e aí, japa?

— Como você está? 

— Eu tô bem. Melhor que esses dois dias que passaram. — ele riu. 

— E a Chrissie? 

— Ela está bem. Quando você foi embora, eu subi e fiquei conversando com ela enquanto ela tomava banho.

— Oi!? Vocês...

— Não, não, não é nada disso que você tá pensando! — ele riu. — Ela fechou as cortinas da banheira e eu fiquei sentado no chão do banheiro. Ficamos conversando. 

— Ah, sim. — eu ri. — E então?

— E então que a Chrissie é uma pessoa muito forte. Ela não deixou aquilo estragar o dia dela, apesar de ter abalado. 

— E você me fez ir embora!?

— Desculpa, Gael, achei que era o melhor a se fazer no momento. Acabou que ela se vestiu mais bonita do que antes, descemos pra sala e ficamos bebendo mais um pouco, fofocando e jogando Uno com algumas colegas do time de torcida.

— E eu fui excluído desse fim de festa, não é? — cruzei os braços.

— Como disse, desculpa. 

— Ah, mas tudo bem. Eu precisava ir embora mesmo, estava muito cansado, foi um dia cheio...

— Eu imagino. Foi um dia cheio mesmo.

O sinal da escola havia tocado. 

— Vamos subindo. — eu disse enquanto comecei a caminhar pras escadas. 

— Eu não quero ver as caras daqueles três, mas infelizmente vou ser obrigado. Todo dia é isso. Se eu pudesse dar um soco toda vez que eu visse, eu...

— Você não vai acreditar o que aconteceu quando fui embora no sábado.

— O quê?

Olhei ao redor, mas as pessoas estavam distantes e distraídas conversando entre si. Mesmo assim, abaixei a minha voz em tom de sussurro para garantir que ninguém ouvisse. 

— Aqueles dois idiotas do Troye e do Corey saíram com o carro xingando o Caleb e dizendo pra ele se virar pra ir embora. Acabou que discutimos por eu ter visto ele fazendo aquilo no banheiro da escola, naquele dia.

— Aff... — Hans revirou os olhos. 

—  Ele não gostou nem um pouco, é óbvio, e pediu para eu não contar pra ninguém, mas me acusou de estar seguindo ele, acredita!?

— Acredito. Vindo do Caleb... — Hans também estava sussurrando.

— E o pior aconteceu. Meus pais chegaram e ofereceram carona pra ele.

— O quê!? E ele aceitou!?

— Se viu obrigado. Foi horrível, um climão dentro do carro. 

— Caleb Dallas pegando carona com Gael Lennox Miller e seus pais. Quem diria. — ele riu sarcasticamente.

— Pois é!

— Se Troye e Corey descobrem uma coisa dessa...

— Eu não gosto nem de imaginar. 

— Eu não tenho pena. Seria bem feito. 

— Eu sinceramente não sei do que aqueles dois são capaz. 

— E você fala como Caleb fosse diferente! — Hans me repreendeu. 

— Talvez ele seja, Hans. Eu não sei. Ele disse que não tinha nada a ver com o que fizeram com a Chrissie...

— E você acredita nele!?

— Eu não sei. 

— E mesmo que ele não tenha nada a ver com aquilo, não fez nada pra impedir. Assistiu tudo calado como um covarde e depois ainda foi seguir seus dois "fiéis companheiros" como um cachorrinho. Não vou defender um cara assim não.

— E nem eu estou defendendo. — sentei na minha carteira ao chegarmos na sala de aula. — Mas acredito que ele esteja sob uma constante e péssima influência desses dois.

— Vai saber. — Hans bufou.

— Como você imagina que é a casa onde ele mora? — mudei de assunto. 

— Aquelas casas de milionário, sei lá. 

— Pois é, eu também achava que fosse algo assim, mas ele mora em uma casa mais simples que a minha. Menor, de um andar só.

— O quê? — Hans franziu o cenho. 

— Exatamente. Isso não é estranho? 

— Muito. Que esquisito.

— E isso se for mesmo a casa dele, né. Talvez ele tenha mentido pros meus pais.

— Ou talvez não.

— É, vai saber. — dei de ombros. — Mas continua sendo estranho.

— O Caleb já é todo estranho, por todas essas coisas que andamos descobrindo sobre ele nesse tempo. Acontece que ninguém sabe delas e acha que ele vive uma vida perfeita. 

— Pelo menos Corey e Troye sabem, ao menos eu acho. 

— Por que?

— Na festa da Chrissie, lá no andar de cima, ouvi Troye oferecendo droga pro Caleb e ele recusou. Então, ele ficou dizendo coisas pra provocar o Caleb, sobre ele lembrar do pai dele por causa de drogas, algo assim...

— Isso é bizarro demais, Gael. Quer um conselho?

— Hã?

— Fica longe disso tudo. 

— Não sei, Hans, eu...

— Bom dia, turma! — a professora havia chegado na sala. 

— Outra coisa estranha, eu achei que só garotas pudessem ter bulimia. — Hans me falou.

— Claro que não, Hans! Qualquer um pode desenvolver isso. 

— E você ainda quer mesmo ajudar ele?

— Claro que sim. Te falei que eu ia querer ajudar seja qualquer pessoa que fosse. Não é da minha natureza ver alguém sofrer e não tentar fazer nada, no mínimo. Eu só não pensei em nenhum plano ainda... Mas vou pensar.

— É que isso não tá me cheirando bem. — ele balançou a cabeça enquanto se virava pra pegar o seu material na mochila. 

No intervalo, Chrissie acenou pra nós de longe e ela estava normal e sorridente como antes. Era ótimo saber que a crueldade que fizeram com ela em sua festa de aniversário não foi o bastante nem para estragar o dia dela. 

Mas, por outro lado, tive a infelicidade de observar aquela mesma cena de Caleb comendo suas laranjas. Ele estava conversando com Corey e Troye como se nada tivesse acontecido. Ele parecia aceitar todos os comportamentos abusivos deles dois e seguir como se tudo isso fosse normal.

— Ele está comendo aquelas laranjas de novo... — sussurrei pra Hans.

— Infelizmente não vai ser diferente, japinha. Eu não esperava outra coisa.

O sinal do colégio tocou e Caleb esperou o refeitório esvaziar, inclusive Troye, Corey, seus parceiros de time, para poder ir ao banheiro. 

Parei de caminhar e dei meia volta, mas Hans segurou meu braço.

— Eu sei o que você vai fazer, Gael. 

— E eu sei o que Caleb vai fazer.

— Gael, não se mete mais nisso. 

— Desculpa, Hans, mas me meto sim. Como eu te disse, fazer do contrário não seria minha natureza. Ele precisa de ajuda.

— Pelo menos toma cuidado. — ele soltou meu braço e seguiu o caminho para a sala. 

Respirei fundo e andei até o banheiro. A porta estava encostada. Quando abri, a lixeira barrava a entrada como da outra vez. Todas minhas certezas só haviam se confirmado ainda mais, se é que isso fosse possivel.

Encostei a porta novamente ao entrar e ouvia aqueles sons de vômito conforme me aproximava da última cabine do banheiro.

Então, ouvi o som de descarga. Caleb abriu a porta e estava ofegante. Ele se encostou na parede e sentou no chão, com os cotovelos apoiados sobre os seus joelhos e a cabeça baixa. 

Como ele não tinha me visto ainda, tentei não assustá-lo ao me aproximar.

— Oi. 

Ele levantou a cabeça e franziu o cenho ao me ver.

— Você...

— Sim, sou eu. — suspirei e me juntei a ele, me sentando ao seu lado. 

Estava nervoso por Caleb, mas não podia negar que parte disso também era devido o simples fato de estar em sua presença, ainda mais em um lugar onde estávamos a sós, só nós dois. 

Em péssimas circustâncias, eu sei. 

Mas estar tão perto dele assim, sentado ao seu lado, próximos como nunca estivemos antes...

— Pelo amor de Deus... — Caleb suspirou e esfregou seu rosto com as duas mãos em sinal de exaustão. — Eu já mandei você ficar longe de mim!

— Você precisa de ajuda... Já tentou talvez ir a um médico? Ou fazer uma terapia? Isso o que você faz depois de comer... Faz muito mal. — eu disse ao tentar ao máximo escolher as melhores palavras pra situação. 

— E o que você tem a ver com isso? Por que não cuida da sua própria vida!? — me olhou irritado.

— Sempre cuidei da minha própria vida, mas é um assunto que pede ajuda e eu não poderia ficar só parado, olhando e-

— Por que não?

— Digamos que eu me preocupo. 

— Se preocupa? — ele riu sarcasticamente. — Comigo? — apontou para si mesmo. 

— Sim.

— Conta outra. Por que se preocuparia com alguém que te odeia e que sempre fez da sua vida um inferno desde que chegou nessa cidadezinha de merda?

— Não tem nem um ano que vim morar aqui. 

— Mesmo assim já é uma perturbação suficiente pra você, não?

— Escuta aqui, eu-

— Você é um pirralho muito intrometido, isso sim. 

— Talvez eu seja, mas é pelo seu próprio bem. 

— E desde quando você sabe o que serve pro meu bem ou não?

— Desse assunto que estamos falando eu definitivamente sei, isso eu posso afirmar. 

— Você é um inferno, moleque! Eu não aguento mais você me perseguindo! Eu te odeio, me deixa em paz! — Caleb chutou o chão.

De repente, me veio uma ideia na cabeça.

Um acordo.

— Tá bom, você quer que eu te deixe em paz? 

— Ainda pergunta!? — ele se levantou. — Eu já mandei você fazer isso há muito tempo.

— Dessa vez quem sabe eu possa fazer isso. — também me levantei. 

— Então faz! 

— Calma, não é bem assim. Eu sugiro um trato.

— Trato? — Caleb me olhou confuso.

— Sim, um acordo. 

— Ah, você ainda quer negociar? — colocou as mãos nos quadris e soltou mais um riso sarcástico.

— É pegar ou largar. Se não, vai me ver te perseguindo direto e me ouvindo falar tanto, mas tanto nessa sua cabeça que-

— Tá bom! Tá bom! — falou, impaciente ao me interromper. Vai em frente. 

Respirei fundo.

— A nossa escola oferece uma psicóloga para os alunos. É totalmente gratuito e uma vez por semana. Que tal começar a fazer terapia, se abrir mais com ela sobre esses problemas e procurar melhorar junto com a ajuda profissional dela?

Caleb riu alto. 

— Só faltava essa. Eu? Fazendo terapia? — riu ainda mais.

— O que tem? Qual o problema?

— Já imaginou minha reputação, como ficaria?

— E sua saúde, Caleb? E seu bem estar, hein? Já colocou coisas que realmente importam em primeiro lugar?

— Você não entende que-

— Olha só. — interrompi. — Se você se preocupa tanto com o que as pessoas que estão cagando pra você vão pensar, se consulte na parte da tarde, ou em algum outro horário, tanto faz, mas quando ninguém possa te ver lá. Chega de desculpas.

— Você é muito atrevido... — falou em tom de ameaça e se aproximou de mim.

— Vai fazer o que? Me bater? — cruzei os braços. 

Tamanha coragem e afronta foi por conta de alguma certeza, dentro de mim, que afirmava que Caleb jamais teria coragem de fazer algo assim. 

— Eu não disse isso.

— É bom mesmo. — forcei um sorriso. 

Caleb revirou os olhos e coçou a testa, andando pelo banheiro.

— Tá, então se eu fizer isso, você me deixa em paz?

— Nunca mais te perturbo.

— Nunca mais fala comigo?

— Não.

— Promete?

— Sim, eu prometo. Mas você tem que me prometer que vai se consultar semanalmente, fazendo sua terapia, o que for preciso pra melhorar e-

— Tá! Tá! Eu prometo também. 

— Então fechado.

— E como vai saber que eu estou realmente me consultando toda semana?

— É simples. Me fala qual ficou o seu horário e eu venho aqui conferir todo dia.

— Todo dia!? — arregalou os olhos.

— Todo dia, pode ter certeza. — sorri. 

— Sabe o que você é?

— Vai em frente, diga.

— Um maluco, psicopata, maníaco! 

— Pode falar o quanto quiser, mas esteja ao menos agradecido por fecharmos esse acordo. 

— Que seja! As únicas palavras que vou trocar com você vão ser sobre esse horário e acabou. Chega! 

— Como quiser.

— Não acredito que vou ter que fazer isso por causa de você. Não acredito. Que inferno!

Caleb se dirigiu até a pia para lavar o rosto e as mãos. 

— Agora vai embora daqui, sai! Vai embora! — gritava pra mim.

Eu obedeci e não disse mais nenhuma palavra. Saí do banheiro.

Eu estava imensamente triste por saber que todas as chances que eu teria de me aproximar de Caleb foram por água abaixo. Fala sério, também sonhei alto demais, não foi? Eu ser amigo dele era algo impossível. Algo a mais? Nem se fala. 

Mas por outro lado, estava aliviado em saber que estava começando a conseguir de alguma forma a ajudar Caleb. Assim espero. 

No dia seguinte ele passou por mim no corredor e sussurrou perto do meu ouvido:

— Quatro horas. Todas as quartas às quatro horas.

— Qual é, Caleb? — Corey chamou atenção de Caleb por ele estar falando comigo. Obviamente estranhou.

— Nada. Eu só tava implicando com ele. — Caleb me olhou torto ao mentir e depois saiu andando.

Quarta feira era o dia que eu vinha jogar tênis na escola. Quatro horas seria mais ou menos na hora que eu estaria indo embora, então eu poderia passar perto da sala da psicóloga para verificar se Caleb realmente estava indo lá. 

— Eu não acredito que você conseguiu isso. Parece até que ele tinha medo de você, cara! — Hans riu. 

— Pois é. — eu sorri. — Mas viu? Consegui ajudá-lo de alguma forma.

— Você não existe, japinha...

As próximas semanas foram passando de um jeito um tanto estranho. Corey e Troye continuavam com as suas implicâncias com outros alunos, incluindo eu. As aulas de basquete se tornaram realmente insuportáveis. Quando eles ganhavam, era um escândalo. Quando perdiam, a mesma coisa, pois não aceitavam perder, quanto mais pro nosso time. Já Caleb também continuava com suas implicâncias de sempre, mas elas estavam parecendo um tanto... Forçadas. Sem contar que ele andava fazendo isso menos vezes. 

Nas quartas feiras, após o jogo de tênis, me despedia de Hans e ia pro corredor onde ficava a sala de terapia. Era sempre o mesmo ritual: Primeiro, eu olhava pela janela da porta pra ver se Caleb estava lá. Sabendo que ele estava, eu me sentava em um dos bancos e ficava mexendo ou jogando no celular esperando ele sair. As consultas demoravam cerca de trinta a quarenta minutos. Caleb saía sem nem olhar pra mim e então ia embora. Mas ele sabia sim, que eu estava ali. Logo depois, eu ia embora também.

Caleb nunca faltou a terapia. Nem um dia sequer.

As coisas com os meus pais continuavam tranquilas como de costume. Esses dias eles saíram pra jantar fora e comemorar o seu aniversário de casados. Eles aproveitavam pra comemorar no mesmo dia como se fosse uma homenagem a história deles, de como e quando se conheceram, namoraram e casaram. Eles davam tão certo. Era um ótimo exemplo do meu relacionamento dos sonhos... Será que algum dia eu teria a sorte deles dois? Mas dizem eles que não é sorte. É o amor, é o destino, é como foi feito pra ser e blá blá blá... Sinceramente, eu quero acreditar nisso, mas não sei se consigo. Não sei se é coisa de conto de fadas pra criancinhas ou se realmente uma força maior faz isso tudo acontecer dessa forma.

Hans continuou sendo meu melhor amigo de sempre. Estava comigo em todas as aulas, desabafos, risos, zoações. O que seria de mim sem ele? Eu não tinha saído do basquete por causa da sua companhia, mas as tardes de tênis eram as melhores. De vez em quando eu ia em sua casa pra jogarmos videogame juntos, o que me lembrava bastante dos meus pais. 

Chrissie deixava pra sair pro shopping comigo ao invés de Hans, já que ele não gostava tanto quanto nós dois. Costumávamos tomar sorvete, lanchar juntos, ir ao cinema e com certeza passar na livraria pra ver e comprar mais livros. Por falar em livros, recentemente acabamos de ler a história da menina elfa. Simplesmente adoramos e nos identificamos. Com isso, era mais um motivo para procurarmos mais livros e histórias incríveis juntos.

E sim, às vezes eu saía com ambos amigos. Eu já estava me acostumando a segurar vela. Não era tão ruim assim! 

Luke me mandou algumas mensagens contando como estava lá na cidade grande e tentamos puxar assuntos constantemente que não resultavam em nada. Desse jeito, claramente acabou não colando. Eu deixo as coisas fluirem naturalmente, sem forçar a barra. Então, obviamente, isso aqui não deu muito certo nem mesmo pra uma amizade, apesar dele ser um rapaz bem legal. Com isso tudo, nossas conversas morreram de vez.

A partir de um dia qualquer na escola, notei que Caleb não havia levado laranja, mas sim uma maçã para o refeitório. No outro, uma banana. No outro, uma pêra. E nada mais de laranja. 

Caleb não ia mais ao banheiro depois de comer no refeitório. 

Não sei como ele estava fora da escola, mas aqui visivelmente ele já estava melhorando bastante.

Isso me deu um alívio enorme e Hans também estava observando comigo. 

— É, parece que você conseguiu mesmo hein, japa.

É claro que não tinha problema em comer laranja tirando toda aquela questão complicada, mas talvez isso fosse um gatilho, algo muito forte para Caleb para ele comer normalmente agora. Então, talvez pelo menos por enquanto, ele esteja se afastando de laranjas. 

Eu queria poder conversar com ele, parabenizá-lo, dizer que estou feliz em vê-lo melhor mesmo que ele me odeie... Mas ele mal acredita que eu me preocupo com ele. O que ele deve pensar? Será que ele acha que eu prezei pela melhora dele por algum outro motivo? Por interesse? Não faço ideia... 

De qualquer forma, tenho que cumprir minha parte do trato e ficar longe dele, especialmente porque ele cumpriu sua parte.

Só de pensar que nunca mais poderei nem mesmo falar com ele...

De tantas pessoas que eu poderia gostar, por que ele? Por que justo ele?

FIM DO CAPÍTULO

Espero que continuem gostando <3

Ipagpatuloy ang Pagbabasa

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