Quando o amor é pra sempre: A...

By Strange-Boy

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Segundo volume de "Quando o amor é pra sempre", "A história de Gael" conta a história do filho adolescente de... More

[1] prólogo 🏫
[2] o jogo de basquete 🏀
[3] arcata court mall 🏬
[5] parabéns, Chrissie 🎂
[6] o acordo 📝
[7] o incidente ⚠️
[8] os sobreviventes e o memorial ❤️‍🩹
[9] como um relâmpago ⚡
[10] revelações 📖
[11] sou um furacão 🌪️
[12] o circo 🎪
[13] entre o bem e o mal 😇😈
[14] se rendendo ao amor? ❤️
[15] contagem regressiva 🕗
[16] o baile de formatura 🕺

[4] suco de laranja🍊

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By Strange-Boy

— Eu estou admirado com essa amizade tão repentina entre você e a Chrissie. — Hans me disse antes de dar mais uma mordida no seu hambúrguer. 

— É uma pena que ela não possa sentar com a gente aqui. 

— Ah, a hora do intervalo é sagrada pra cada grupinho. Cada um tem o seu, você sabe. 

— Mas ela me contou que as meninas da equipe de torcida que ela faz parte nem mesmo chegam a ser amigas dela. 

— Mesmo assim, elas tem que estar juntas aqui no refeitório. 

— Quanta regra estúpida. — revirei os olhos. 

— Pois é. — Hans balançou a cabeça e ergueu as sobrancelhas. 

Enquanto terminávamos de comer, ele estava me contando como foi o aniversário do seu avô e como era legal o sítio em que ele morava. De repente, percebi ele olhando demais para algum lugar fixo. 

— O que é que você tanto olha, Hans? — olhei pra mesma direção.

— Ei, disfarça!

— É a Chrissie? Alguma coisa com ela?

— Não, não. São aqueles três. 

— Ai, pelo amor de Deus... — me virei de volta, exausto só de ouvir falar deles e ter memórias desconfortáveis, deslizei as mãos pelo rosto. — Já não chega o que eu passei no shopping com eles no último sábado?

— Cala a boca, japa, você já contou isso. 

— Então o que é que você quer com eles? Vamos esquecer esses três um pouco, eles me perseguem demais. 

— Não é nada demais, é só uma curiosidade, olha lá. — ele apontou.

— Para, Hans! Pelo menos disfarça!

— Olha! — ele insistiu.

— Revirei os olhos e olhei para os três, tentando disfarçar.

Os três não estavam olhando pra gente. Eles estavam distraídos demais conversando entre si com aquela energia frenética de costume. Em cima da mesa tinham algumas cascas de laranja, provavelmente de uma que já havia sido comida, enquanto Caleb descascava a segunda com um canivete. 

— Você já percebeu quanta laranja o Caleb come? Toda vez eu só observo ele com essas laranjas.

— Tá, sim. — concordei ao lembrar desse detalhe diário. — Mas... O que tem?

— Cara, já é a segunda laranja que ele está descascando pra comer... Ele come laranja demais! Exagera. Será que ele é viciado em laranja? — Hans fez um sorriso maldoso pra mim.

— Para, Hans! — o repreendi enquanto me virei de volta. — Ele deve gostar bastante, só isso. 

— Tá defendendo o Caleb!? — Hans me olhou boquiaberto.

— Não é isso... Ah, deixa pra lá!

— Mas vai negar que o que eu falei é verdade? Ele tá sempre exagerando com as laranjas.

— Pesquisa aí no seu celular o que pode significar. — dei de ombros. 

Hans obedeceu e ficou um tempo mexendo na tela do celular.

— Aqui diz que a laranja ajuda muito na perda de peso... Rica em vitamina A e C... Ajuda a combater o envelhecimento da pele... — levantou o olhar pra mim com cara de confuso. — Só. 

— Ah, então, deve ser alguma coisa haver com isso. Vida saudável, fitness, etc e etc... Aquilo tudo que você já sabe.

— Sim, mas ainda assim ele é viciado. — Hans riu.

— Ai, se isso faz você parar de insistir... — revirei os olhos. 

— Qual é? Não tá gostando de estarem mexendo com o Caleb, né? Tem uma queda por ele? Confessa.

— Não, Hans, não é nada disso. — menti fazendo uma cara esquisita.

Conversamos mais algum tempo sobre coisas aleatórias e então o sinal da escola tocou. Era hora de voltar pra sala de aula. 

— E vamos de... — bufei enquanto levantei do banco.

— Não adianta reclamar, ainda tem uma semana inteira pela frente. —  Hans me lembrou de tal tormento.

Chrissie deu tchau pra gente de longe e Hans mandou até beijo pra ela.

Eu e ele caminhamos pelos corredores conversando, subimos alguns lances de escadas e finalmente chegamos na nossa sala. 

Sentei no meu lugar e estava demorando alguns minutos pro professor chegar. 

— Que merda. —  reclamei.

—  O que é? — Hans perguntou.

— Tô apertado pra ir ao banheiro.

— Ih... —  Hans apontou pra trás.

— Bom dia turma! Mil desculpas pelos minutos de atraso. —  o professor avisava ao passar pela porta da sala.

— Corre que ele não vai nem perceber. Dá tempo. —  Hans me aconselhou, sussurrando.

Afirmei com a cabeça e me levantei rapidamente, saindo da sala sem que o professor percebesse. Afinal, ele ainda estava ocupado mexendo nas coisas da sua mochila. 

Andei pelo longo corredor e me deparei com o aviso "Banheiro interditado - em obras" junto da porta fechada.

Ótimo. Agora eu ia ter que descer tudo de novo porque o banheiro mais próximo é justamente o do refeitório. 

Assim o fiz. 

A escola estava completamente vazia, parecia até que não havia ninguém nela. Parecia realmente uma escola fantasma. 

O refeitório vazio, somente com um senhor da limpeza tirando todo o lixo que pessoas idiotas eram incapazes de jogar na lixeira. 

Tudo bem que todo esse vazio e silêncio era devido todos os alunos estarem em sala de aula, mas ainda assim, era muito estranho ver o local nesse estado, principalmente porque eu nunca havia visto o refeitório vazio ainda, já que sempre ia no banheiro lá de cima. 

Ao virar para a direção dos banheiros, a porta do banheiro masculino, somente, estava fechada.

Ué... Também está em obras? Não é possível.

Mas não tinha aviso nenhum. 

Então abri a porta, ela não estava trancada, mas além de estar fechada, a grande lixeira lá de dentro estava encostada, fazendo algum tipo de barreira.

A princípio, fiquei com receio de entrar, mas a curiosidade falou maior.

Seguia aquele silêncio absoluto. Não fiz barulho algum. Empurrei cuidadosamente a lixeira de lado e encostei a porta ao entrar. Olhei o banheiro inteiro e não havia nada de estranho, exceto a última cabine que estava trancada. Me abaixei para ver e realmente tinha um garoto lá. 

Ele estava estranho, estava praticamente deitado no chão virado para o vaso sanitário, mas não deu pra ver quem era. 

De repente, comecei a ouvir alguns sons de tosse e engasgo. Em seguida, ele vomitou. 

Minha reação foi automaticamente me trancar na cabine ao lado. Sentei em cima do vaso com a tampa fechada e coloquei meus pés pra cima. 

Eu estava aflito. Ele vomitava muito. O que eu deveria fazer? Deveria perguntar se ele está bem? Se precisava de ajuda?

Ouvia aquele líquido caindo dentro da água do vaso, ouvia a tosse, as respirações ofegantes e os seus grunhidos. 

Eu não pude falar nada. Será que eu deveria mesmo estar aqui? 

Os minutos que se passaram pareceram horas com aqueles sons agoniantes seguindo. 

Até que finalmente parou.

Ele se levantou, deu descarga e tossiu um pouco mais. 

Pude ouví-lo caminhar até a pia, abrir a torneira e talvez lavou o rosto junto com as mãos.

— Idiota! Imbecil! Está acima do peso! Horroroso! Você nunca vai melhorar disso, não é!? Nunca! Nunca vai sair dessa aparência nojenta que você tem! Não importa o quanto tente, não é!? — ele gritava.

Os gritos e suas palavras horríveis ecoavam pelo banheiro.

Sua voz era familiar, mas estava muito rouca, eu não podia identificar quem era.

Gritava. Gritava.

Gritava... Consigo mesmo? 

Então caminhou até a porta, mas os passos pararam.

— Quem está aí!?  

Ele devia ter percebido a lixeira fora do lugar... 

Quem é que fosse, era melhor achar que não tinha ninguém no banheiro que presenciou tal momento tão íntimo, preocupante e problemático. 

Ao mesmo tempo que eu queria ajudar, não acho que esse garoto fosse aceitar minha ajuda. Pelo menos não agora, não nessas circustâncias. 

Então tampei a boca com as duas mãos e tentei ficar o mais quieto possível. 

Ele foi se aproximando da minha cabine. Se descobrisse que estava trancada, ia sacar, obviamente, que eu estava aqui dentro.

Mas de repente, alguém respondeu de algum canto do banheiro.

— Sou eu que estou aqui. 

Os passos do garoto pararam.

— Tá na hora de limpar os banheiros também e eu preciso fazer isso agora, será que você poderia dar licença?

Ufa. Era o senhor da limpeza...

Os passos dele se apressaram para longe e a porta do banheiro bateu com muita força.

Essa foi definitivamente por pouco.

Me levantei, finalmente pude urinar, dei descarga e saí apressadamente. Enquanto lavava as mãos, o senhor me notou.

— Você também!? —  me repreendeu.

—  Desculpe, eu já vou saindo. —  sorri torto. 

Me apressei de volta para a sala. 

Quando eu abri a porta, o professor estava no meio de uma bronca.

— ...não sou nenhum idiota pra ficar aturando essas saídas, não interessa que foi logo depois do intervalo! Olha quantos minutos você demorou!

Era com Caleb que o professor brigava. Ele estava em pé, próximo da porta. Acabara de chegar na sala logo antes de mim. 

Por eu ter entrado agora, a turma toda, junto com Caleb e o professor, direcionaram os olhares pra mim. 

— Ah, mais um, que ótimo! Também estava no banheiro esse tempo todo, por acaso? — o professor sorriu sarcasticamente.  

— Desculpa, não vai mais acontecer. — abaixei a cabeça.

— Que o aviso sirva a todos, pois da próxima vez que alguém repetir isso é direto para a diretoria. —  ele se virou para o quadro para continuar sua aula. — Agora vocês dois podem se sentar. 

 Andei até o meu lugar e me sentei.

Levantei a cabeça e virei pro lado onde Caleb se sentava.

Ele estava me olhando profunda e friamente. Dessa vez eu não conseguia decifrar o que aquele olhar queria passar. 

Porém, se eu tivesse que chutar...

Talvez fosse um misto de tristeza e preocupação.

— Caraca, Gael, assim não dá pra te defender, cara! — Hans sussurrou. — Por que demorou tanto? 

Olhei para Hans.

— Hans, eu acho que o Caleb está com problemas sérios.

"Aqui diz que a laranja ajuda muito na perda de peso..."

"Ajuda a combater o envelhecimento da pele..."

"Oh, oh, enfie o dedo abaixo pela sua garganta
Eu estou assistindo do banheiro
Para garantir que eu não engasgue
Com as palavras que você falou enquanto estava gritando ao espelho

Agora você está sentado no refeitório
Se enfiando de tangerinas e bactérias de laranja
Pela sua garganta uma dúzia de vezes ou mais, sim
Enganando a todos ao redor com a sua bulimia

Você transforma laranjas em suco
Entram lá, em seguida são cuspidas por você
Seu corpo é imperfeitamente perfeito
Todo mundo quer o que o outro está conseguindo ter
Sem mais suco de laranja

[...]

Eu gostaria de poder te dar os meus olhos
Porque eu sei que os seus não estão funcionando
Eu gostaria de poder dizer que você é lindo, tão lindo
Mas você vai achar isso desconcertante"

FIM DO CAPÍTULO

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