- Outra vez, isso está tão... Desajeitado! - Gritou o professor de teatro e todos voltaram às suas posições iniciais. - Emma eu quero graciosidade da tua parte, você está interpretando uma princesa, não uma plebeia, tá?
- Sim professor. - Emma respondeu e o professor sorriu confiante.
- Não me façam perder o juízo meninos, outra vez agora!
- Queria puder ir ao baile, encontrar o príncipe e viver um romance. - Emma disse fazendo uma pirueta e caiu no chão. - Aí!
- Emma! - o professor gritou, levantando-a do chão. - Mais cuidado, menina.
- É bem visível que ela não sabe atuar. - Rain disse e eu ri.
- Talvez esteja nervosa. - Contestei e Rain riu alto.
- Desculpa, a princesinha Collins? Nervosa? Isso é o oposto dela. Ela é muito confiante e arrogante. - Rain disse e eu forcei um sorriso.
- Nessa! - O professor chamou e eu caminhei até ele. - Preciso que você e a Emma troquem de roupa. Você vai fazer a Cinderela no ensaio de hoje.
- Está bem. - Eu disse alegre e a Emma revirou os olhos.
- Estou cansada de todavia estar a errar. - Emma queixou-se, enquanto que eu fechava o zíper do seu vestido.
- Errar é humano. Se não todos seriam perfeitos e defeitos seriam apenas palavras. - Falei e Emma sorriu para mim através do espelho.
- Você é diferente da Ruth. - Emma disse e eu sorri abanando a cabeça negativamente.
- a Ruth é boa pessoa, só o Carter que está no meio de vocês, não é? - Perguntei e Emma riu nervosa.
- Ah, o Carter é um rapaz lindo, amoroso e maravilhoso. Sonho de qualquer adolescente, mas ele sempre escolhe a loirinha oxigenada.
- Ei! Estás a falar da minha amiga. - Contestei. - Ela é bonita e maravilhosa, talvez por isso ele prefere ela. Todas vamos ter um rapaz que nos ame, dá tempo ao tempo, Emma.
- Acho desnecessário dar tempo ao tempo, sendo que eu quero ele e posso tê-lo a qualquer momento.
- Não é tão fácil Emma e uma coisa: a Ruth está tão apaixonada pelo Carter que não a chances de eles futuramente se separarem.
- Eu já não estou falando do Carter. Estou falando do Lucca Roberts. - Eu engasguei-me com a minha saliva e comecei a tossir. - Nessa, tu estás bem?
- Sim, só preciso de um copo de água. - Falei, ajeitando o meu coque na cabeça e saí do camarim.
Do Lucca? Essa rapariga era mais desnorteada que uma bússola perante a vários ímanes. Primeiro era a sua paixão platónica pelo Carter. Agora o Lucca?
- Nessa, demoraste muito tempo com a Emma aí dentro, estás bem? - Dani perguntou, entregando-me um copo de água e eu agradeci.
- Está. Não. Não está. - Falei alarmada.
- O que ela fez?
- Ela gosta do Lucca Dani. E os dois são os protagonistas, isso irá unir-lhes ainda mais. Até o rapaz que o são Valentim mandou-me eu vou perder.
- Fica calma, Carter. Agora trate de tomar toda água e recompor-te para o ensaio. Você é a rapariga que o Lucca ama. Não tenhas receio disso - Daniella garantiu, com os braços cruzados.
- Está bem. - sentei-me num banco e bebi toda a água.
- Meninos de volta aos ensaios! - O professor gritou e eu levantei-me do banco. Caminhei até o centro da sala e iniciei.
- Queria tanto ir ao baile. Puder encontrar o príncipe e talvez viver um romance. Dançando lentamente ao som da música. - Fiz uma pirueta e sorri. - aí, um sonho!
- Ótimo Nessa. - O professor disse aplaudindo e eu sorri animada - Estás de parabéns. Acho que podes dar umas aulas particulares a Emma.
- Por quê ela não pode interpretar professor? - Dani perguntou e eu abaixei a cabeça. Lá vinha ela.
- Porque... - O professor ficou pensativo e Dani abanou a cabeça negativamente. - A Emma ficou com o papel.
- Pois é? - Dani indagou e o professor sorriu nervoso.
- Sim.
- Por quê o professor não troca? A Nessa é a melhor e isso todos aqui podem confirmar. - Dani disse furiosa.
- Não podemos trocar depois de fazermos as avaliações e ter atribuído os papéis.
- Então, eu desisto professor, até quando vamos ensaiar com uma Cinderela, que tá mais para gata atrapalhada do que borralheira? - Dani perguntou, deixando o seu chapéu de fada e varinha-mágica no chão. - Eu desisto professor, foi bom enquanto durou.
- Dani! - Exclamei. - Não faça isso por favor. Não percas a oportunidade de ser a fada madrinha por mim.
- Isso não é só por você, Nessa, é por todos nós. Como vamos ter uma peça de milhões, sem protagonistas maravilhosos?
- Menina Sanders, podes sair da peça. Não vamos reformular o elenco agora e nunca mais. Boa tarde. - Disse o professor e Rain levantou a mão. - sim Rain?
- Eu também desisto. Como posso ser a madrasta sem ter uma Cinderela prestável? - Rain perguntou.
- Eu também desisto senhor professor. - Jenna disse e Joshua, o rapaz que iria interpretar o rei levantou a mão.
- Eu também desisto. O professor agora terá que procurar uma fada madrinha, um rei, a Drizella e a madrasta. - disse Joshua e o professor soltou um suspiro longo.
- O ensaio de hoje está cancelado. Amanhã haverá uma reunião com todos do elenco e vamos dar um ponto final neste assunto.
Dani sorriu e eu revirei os olhos. Não é possível que um protesto da minha amiga tenha criado uma revolta.
Trocamos de roupa e saímos da escola. O Lucca chamou-me.
- Bom Dani, desculpa, mas vou ter que ir falar com ele. - pedi e Dani sorriu.
- Está bem Nessa. Vemo-nos na escola amanhã.
Dani continuou o seu caminho e eu recueei até o murro onde o Lucca estava encostado.
- Vamos ao café? - ele perguntou, sorrindo.
- Vamos.
Caminhamos em silêncio até o parque e sentamos numa mesa em frente a janela com o logotipo do café.
- A equipe da peça gosta muito de você. - Lucca disse, chamando o garçom com a mão direita.
- A Dani tem razão. Até quando vamos continuar com uma Cinderela daquelas? - Questionei e Lucca sorriu.
- Para mim a melhor Cinderela seria você. Mesmo se fosses uma sem-talento como a Emma. - Lucca disse e eu sorri.
- Obrigada.
O telefone de Lucca vibrou na mesa e ele abriu a tela do celular sorridente.
- Alguma coisa? - Perguntei.
- Não, apenas é a notificação da loja onde compro livros, avisando que os meus livros já chegaram a minha casa. - Ele disse.
- Livros? Compraste quantos? - Quis saber.
- Comprei três, orgulho e preconceito, pequeno príncipe e o como era antes de você. Porque você falou muito bem do livro naquele dia.
- Não vais te arrepender. - Eu disse e ele riu para mim. A sua risada era estranhamente atraente.
- Se tu o dizes. - O garçom parou em frente a mesa e o Lucca pediu dos capuccino's.
- A minha mãe comprou-me um livro ontem. Dom Casmurro.
- Nunca li, mas vou comprar da próxima vez.
- Foi um presente inesperado. A minha mãe quando descobriu que eu sou louca por livros, ela passou a comprar-me dois ou um a cada trimestre do ano.
- Deve ser interessante, ter uma mãe assim.
- A sua mãe tem cara de ser legal.
- Eu nunca a conheci. - Lucca disse eu arregalei os olhos.
- A Nicole?
- Ah, Nicole é minha madrasta. - Lucca confessou.
- E tu sabes ao menos onde a tua mãe biológica mora?
- Não e já perdi o interesse de tanto procurar e não conseguir resultados positivos.
- Tens alguma coisa, tipo, uma peça de roupa, ou fotos? - Perguntei e Lucca tamborilou os dedos na mesa.
- O meu pai me deu um baú pequeno com cartas e uma foto da minha mãe, pois eu insisti tanto em conhecer ela, mas ele me disse que ela está morta e só lhe restava aquilo. Mas eu não acredito.
- Está bem. Agora, podes acompanhar-me até a minha casa?
- Sim. Vamos.
- Muito obrigada Lucca, até a próxima. - Lucca sorriu de canto com as mãos no bolso da calça. Eu entrei na minha casa.
A cada dia que passava, eu sentia que estava conhecendo melhor o Lucca. Eu pensei que a Nicole Roberts fosse a sua mãe. Somos cada vez mais parecidos. Eu tinha um padrasto e ele uma madrasta. A minha relação com o meu padrasto era maravilhosa. E a sua relação com a Nicole é. Ou eu apenas penso dessa maneira.