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365 DIAS HAVIAM SE PASSADO. Uma volta completa da terra ao redor do sol — Peter insistia que deviam contar as seis horas, mas Valerie não dava a mínima —, um ano inteiro, quatro estações. Era o início de um novo 31 de Dezembro, data que marcava o início do relacionamento de Peter Parker e Valerie Bradshaw, e o casal tinha muitos planos para comemorar o primeiro — de muitos, os dois torciam — aniversário de namoro.
Um ano não parecia muito tempo, mas naquele período, Valerie e Peter haviam vivenciado mais coisas juntos do que qualquer um poderia imaginar: haviam combatido o crime, é claro, mas também haviam assistido seis temporadas de Game of Thrones juntos, pensado sobre adotar um cachorro, ficado presos em um elevador — foi quando Peter (e Valerie!) descobriu que Valerie era claustrofóbica —, acidentalmente iniciado um pequeno incêndio em um laboratório e, é claro, comprado alianças, já que Peter não se lembrou desse detalhe ao fazer o pedido no aeroporto.
Agora, Valerie encarava o pequeno anel brilhante em seu dedo com um pequeno sorriso bobo, ignorando por completo o livro aberto à sua frente, que ela havia fingido ler pelos últimos minutos, enquanto deixava Violet e Vidya procurarem por algo decente em seu guarda-roupa para vestir no encontro que teria com Peter mais tarde. Ela costumava pedir ajuda para Victoire — ela era boa em tudo, até em moda! — mas agora se contentava com o senso fashion de uma criança de onze anos que tinha a ajuda de uma adolescente gótica.
━ Você precisa comprar umas roupas ━ falou Vidya, fazendo uma careta ao passar as mãos por um vestido que Valerie nunca havia usado na vida. ━ Onde estão as roupas brilhantes, os unicórnios?!
━ Você tá louca? ━ indagou Violet, indignada. ━ Você acha que a Valerie é o quê? Uma boneca Polly?!
━ Ah, fica quieta, Wandinha Adams! ━ retrucou a mais jovem, fazendo Valerie cair em gargalhadas. ━ Você, sua Barbie Profissões desempregada, para de rir e ajuda a gente! Pra onde você vai com o Peter?
Seria difícil explicar para as duas que ela e Peter iriam ter um jantar romântico no topo do Empire State Building sem entregar por completo a identidade do Homem-Aranha para Violet, a única presente naquele quarto que ainda não sabia sobre o vigilante. Então, Valerie disse a primeira coisa que veio à sua cabeça:
━ Nós… Nós vamos passear na Balsa de Staten Island!
━ Isso é coisa de turista ━ observou Violet, franzindo o cenho. ━ Sério, você mora em Nova Iorque desde que nasceu!
━ É, mas eu nunca fui na Balsa ━ mentiu a mais velha, revirando os olhos. ━ Então Peter vai me levar. Nova Iorque não é uma cidade muito romântica, tá bom?! Não é como se a gente tivesse muita opção do que fazer, ainda mais na véspera do Ano Novo!
━ Verdade, vocês escolheram um dia péssimo pra começar a namorar! ━ exclamou Vidya, antes de arregalar os olhos horrorizada. ━ O ANIVERSÁRIO DE VOCÊS SE EMBOLA COM O NATAL E VOCÊS GANHAM UM PRESENTE SÓ?!
Fazendo uma careta ao ouvir o grito da irmã caçula, Valerie se levantou da cama e caminhou até o guarda-roupa, tomando os cabides das mãos das mais jovens e os pendurando novamente. Depois, apontou para a porta para que as duas saíssem, afinal, estavam fazendo perguntas demais e Valerie não tinha criatividade suficiente para inventar tantas respostas.
━ Vão lá pra sala receber o Peter quando ele chegar, tá bom? Eu mesma decido o que vestir!
Então, com resmungos e reclamações, as duas irmãs saíram do quarto, deixando Valerie sozinha com seus pensamentos. Encarando as roupas penduradas, Bradshaw esperou que sua mente se iluminasse e ela magicamente soubesse qual era a melhor escolha de roupa para a ocasião, mas Valerie nunca havia comemorado um aniversário de namoro antes! Como deveria saber o que vestir?!
Soltando um suspiro, ela rapidamente levou a mão direita ao bolso da calça jeans que vestia, pegando o celular e o desbloqueando rapidamente. Abrindo o aplicativo de mensagens, Valerie buscou pelo contato da amiga que acreditava ter todas as respostas corretas quando o assunto era moda e relacionamentos: Mary Jane Watson.
━ Oi, Val ━ ela atendeu após o segundo toque.
━ E aí, Marijuana?
━ Eu detesto esse apelido ridículo ━ a ruiva respondeu, mas Valerie sabia que ela estava sorrindo. ━ A que devo a honra da sua ligação?
━ Eu preciso de ajuda. Hoje eu completo um ano com o Peter, a gente vai sair e eu não sei o que vestir.
Por alguns segundos, Mary Jane não disse nada. Valerie supôs que ela estava pensando em alguma roupa que fosse se adequar a qualquer situação.
━ Ué, não veste nada.
━ Isso é atentado ao pudor! ━ exclamou a loira, desacreditada. ━ Sério, o que eu visto? Pervertida.
━ Ah, para! Você é a pessoa mais despudorada que eu conheço, Valerie Bradshaw ━ a ruiva retrucou. ━ Você ainda tem aquele vestido off-white?
━ Off-white, isso é ridículo. Fala cor de creme logo.
━ Tá bom! Então, seu vestido cor de creme com aqueles saltos baixinhos e aquele brinco ridículo que o Peter te deu com formato de átomo ━ decidiu rapidamente, e quando Valerie estava prestes a questionar a escolha dos brincos, já que MJ os odiava, ela completou: ━ Pro tigrão ficar feliz.
Após mais algumas palavras e risadas, as duas desligaram e Valerie seguiu os conselhos de Mary Jane. Deixou os cabelos soltos, porque não sabia fazer muitas coisas com ele, e então gritou por Violet para que a ajudasse com a maquiagem, porque durante a pré-adolescência, Valerie tinha decidido que queria ser diferente das outras meninas e agora era incapaz de fazer coisas básicas que todas as outras sabiam.
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Enquanto isso, no Queens, Peter Parker tinha uma das mãos na maçaneta da porta de entrada, e olhava para o relógio na parede de cinco em com o segundos, apressado e ansioso ao mesmo tempo em que tia May ajeitava a gola de sua camisa, ajudando-o a se preparar para o primeiro aniversário de namoro.
━ Aquela sua camisa branca ia ficar melhor, mas parece que alguém lavou a bandeira dos Estados Unidos de novo ━ disse a tia, levantando uma sobrancelha. ━ Manchou de azul e vermelho.
━ Ótimo! Tie-dye tá na moda ━ ele retrucou, lembrando-se de uma das blusas manchadas de Vidya e o que a garotinha havia dito sobre elas. A tia sorriu, balançando a cabeça novamente. ━ Tia May, você sabe que eu te adoro, mas eu não posso me atrasar!
Assim, Peter se desvencilhou das mãos da tia em movimentos rápidos, deu um beijo em sua testa e disparou para fora, mas não sem antes pegar um buquê de flores — cujo nome ele não sabia — que ele havia deixado sobre o sofá. Olhou para os dois lados da rua já um pouco escura e então se aproveitou da solidão para lançar uma teia no prédio mais próximo, indo em direção ao prédio no qual Valerie residia.
Em questão de poucos minutos, Peter estava parado na escada de incêndio que dava na janela do quarto de Valerie. Ele ajeitou os cabelos com uma mão e respirou fundo, antes de dar dois toques no vidro, vendo a loira já pronta se virar num pulo, fazendo com que as luzes de seu quarto piscassem. Ao ver que se tratava de Parker, Valerie caminhou apressada até a janela, abrindo-a rapidamente.
━ Oi ━ o moreno cumprimentou, antes de se inclinar e depositar um beijo rápido nos lábios da mais nova. ━ Feliz aniversário de namoro, Valerie Adeline Bradshaw.
━ Feliz aniversário de namoro, Peter Parker ━ ela respondeu, abrindo um sorriso. Quando o namorado fez menção de adentrar o quarto pela janela, ela o impediu. ━ Vidya e Violet tão na sala, esperando pra te receber. A Violet não sabe que você é o Homem-Aranha, escala parede e coisa do tipo, então é melhor você entrar pela porta da frente antes que todos os Bradshaw descubram sua identidade.
Ele grunhiu. Valerie estava na sua frente, apenas a alguns centímetros de distância, e ele havia esperado o dia todo para a encontrar; agora, ela estava o mandando entrar no prédio, pegar o elevador e bater na porta da frente, obrigando-o a ficar longe por mais alguns dolorosos minutos. Não estava sendo um dia fácil para Peter Parker, mas Bradshaw estava certa.
━ Tá bom, eu vou lá cumprimentar as cunhadinhas ━ ele cedeu.
Por alguns segundos, Valerie e Peter se encararam em silêncio.
━ Tá ━ disse a loira, cruzando os braços e franzindo o cenho ao perceber que o moreno ainda a encarava com um sorriso. ━ O que você tá esperando, Pete?
━ Você tá linda ━ ele respondeu simplesmente, antes de beijá-la mais uma vez e então desaparecer rapidamente escadaria abaixo, correndo para a entrada do prédio.
Valerie riu sozinha, levando os dedos aos lábios e pensando no quão sortuda era por ter Peter ao seu lado, sentando-se na cama para fingir que estava esperando o namorado e que ele não havia estado ali minutos antes.
Foi nítido quando Peter chegou, dessa vez pela porta da frente. Vidya sempre fazia uma festa ao encontrar seu professor de ciências particular favorito, e mesmo Violet, que sempre havia sido a mais quieta das irmãs, tinha dificuldade de prender as risadas quando o cunhado estava por perto. Valerie riu sozinha, brincando com a aliança em seu dedo e aguardando pelo momento que os três invadiriam seu quarto.
━ VALERIE! ━ ela ouviu a exclamação de Vidya, que logo abriu a porta de seu quarto. ━ O Peter chegou!
━ É, eu tô vendo ele atrás de você ━ a mais velha riu, acenando para o namorado. ━ Oi, gatinho.
Peter fez menção de responder, mas não conseguiu:
━ Pera aí ━ Violet o cortou, com a voz calma, e apontou para a cama da irmã. ━ Se o Peter só chegou agora, por que tem um buquê de flores na sua cama?
Por um momento, Valerie congelou. Peter quis dar um tapa em si mesmo por ter sido tão esquecido a ponto de deixar o buquê quando decidiu entrar pela porta da frente. Vidya tentou pensar numa solução.
━ A Valerie tem outro namorado?! Ah, é por isso que você tá passando tanto tempo no celular!
Não foi uma solução muito boa. Ainda assim, a caçula lançou uma piscadela pra irmã, como se estivesse a ajudando.
━ O quê?! ━ a mais velha indagou, arregalando os olhos. ━ Eu não…
━ É por isso que você tem agido estranho ultimamente? ━ Peter a interrompeu, tentando prender a risada e se manter sério. ━ Sabe, é muito difícil descobrir que você não é o único na vida da sua namorada logo no aniversário de namoro!
Violet balançou a cabeça para os lados negativamente, incrédula, antes de se aproximar de Valerie.
━ Vally, isso é verdade? Como você pôde fazer isso com o Peter?!
━ Eu não tenho outro namorado! Eu… ━ ela começou a inventar uma desculpa para o buquê estar ali, lançando um olhar mortal para Peter, que se divertia com o problema que havia causado. ━ Eu comprei esse buquê pro Peter!
Então, rapidamente pegou o buquê na cama, caminhando até o namorado e o entregando as flores levemente desarrumadas.
━ Ah, certo. Tudo bem então ━ disse Violet, aliviada. Ela então franziu o cenho, olhando para Peter. ━ Seria mais comum você dar um buquê pra ela, né?
Vidya se intrometeu mais uma vez.
━ O Peter tem outra namorada e deu o buquê da Valerie pra ela!
Foi a vez de Peter arregalar os olhos e abrir a boca para responder, mas Valerie bufou, impaciente, e agarrou um dos braços do rapaz, o puxando pelo apartamento apressadamente.
━ NÓS ESTAMOS INDO ━ avisou para as irmãs, enquanto abria a porta. ━ NÃO ABRAM A PORTA PRA NINGUÉM E NÃO SE MATEM. E NÃO LIGUEM O FOGÃO!
Então, empurrou Peter para o lado de fora e saiu em seguida, fechando a porta. Ela soltou um suspiro.
━ São pra você ━ disse o moreno, após alguns segundos de silêncio, estendendo as flores para Valerie. Ela soltou uma risada, as aceitando. ━ Eu já entreguei as da minha outra namorada mais cedo.
━ Tá bom. Eu já recebi um buquê do meu outro namorado mais cedo ━ ela assegurou, e os dois começaram a caminhar pelo corredor. ━ Sério, como a Vidya achou que isso ia ajudar?!
━ Aquilo foi ela tentando ajudar?! Eu pensei que ela só queria que a gente terminasse ━ ele contou, com uma risada. ━ Essa Vidya…
Ao se aproximarem do elevador, os dois trocaram um olhar cúmplice, optando por descer as escadas. Quando chegaram ao térreo, Peter agarrou uma das mãos da namorada e entrelaçou seus dedos, sorrindo sozinho ao sentir a aliança da mesma e a guiando para fora do prédio. Graças ao ano novo, as ruas estavam parcialmente vazias, uma vez que a maior parte das pessoas estavam reunidas em festas e na Times Square.
━ A senhorita aceita uma carona?
Valerie sabia o que estava prestes a acontecer.
━ Não.
Peter levantou as sobrancelhas, com um sorriso ladino, antes de abraçar a namorada. Valerie revirou os olhos, bufando ao passar os braços ao redor do pescoço do rapaz.
━ Na volta, eu vou trazer a gente! ━ ela avisou, quando a primeira teia foi lançada e seus corpos foram levantados. ━ Algum dia, eu ainda escondo esse seu lançador de teia…
Os próximos minutos foram momentos extremamente românticos e uma ótima forma de passar o aniversário de namoro. Valerie proferiu muitos xingamentos durante o percurso, especialmente quando Peter quase provocou um acidente envolvendo um ninho de passarinhos; Peter gritou muito, temendo causar qualquer dano ao ninho de passarinhos; Valerie sentiu que não iria jantar mais tarde, porque já havia comido cabelo demais; Peter concordava, porque boa parte do cabelo da namorada havia entrado em sua boca.
Quando chegaram ao topo do Empire State Building — finalmente! —, Valerie sentiu as pernas trêmulas tocarem o chão e suspirou aliviada. Peter ainda estava ofegante devido ao incidente com o ninho de passarinhos. Ao direcionar o olhar para o namorado, Valerie não conseguiu segurar o ímpeto de soltar uma gargalhada, se aproximando do mesmo e passando uma das mãos por seu cabelo escuro.
━ A tia May passou tanto gel no seu cabelo que não saiu um fio do lugar ━ ela disse, e Peter sorriu envergonhado. ━ Eu não quero nem ver o estado do meu cabelo, acho que tem mais na minha boca do que na cabeça.
Peter sacudiu a cabeça para os lados devagar, cuidadosamente passando os dedos pelos fios desordenados de Valerie e os afastando de seu rosto.
━ Não, você ainda é a mulher mais linda do mundo ━ garantiu, olhando no fundo de seus olhos.
Valerie não acreditava naquilo, mas sabia que Peter sim. Ela sabia que ele realmente pensava daquela forma e era nítido em seus olhos. Valerie gostava de sentir os olhos de Peter sobre ela quando ela não estava olhando. Todos os sentimentos bonitos que já haviam sido escritos em poesias eram pouco para descrever o que a loira sentia por ele.
━ É, você também não é de se jogar fora, gatinho.
Infelizmente, Bradshaw não era uma romântica. Mas ela era engraçada, o que compensava sua falta de romantismo, e fazia Parker rir o tempo todo. Ela gostava muito do som de sua risada e da forma que seus olhos quase se fechavam, como estava acontecendo naquele momento.
Quando a risada de Peter cessou, um sorriso quase bobo permaneceu em seu rosto. Valerie Bradshaw, no topo do Empire State Building, com alguns fogos de artifício iluminando o céu escuro atrás de si. Ele nunca havia visto nada tão bonito.
Sem pensar muito — ele nunca pensava muito perto de Bradshaw —, Parker passou uma das mãos pela cintura da namorada e a outra usou para puxar seu rosto para perto, agora unindo seus lábios como havia desejado fazer desde o primeiro momento em que a encontrou naquela noite. Foi um beijo longo, lento e apaixonado, porque quando estavam juntos, não tinham pressa. Era como se tivessem todo o tempo do mundo.
E, naquela data, o universo parecia estar conspirando ao favo de Peter Parker e Valerie Bradshaw, porque a cidade estava surpreendente calma. Homem-Aranha e Raio-Branco tiveram seu trabalho duro recompensado com um único dia de tranquilidade. Vinte e quatro horas sem crimes que a polícia não pudesse resolver sem ajuda dos vigilantes. Parecia ser pouco tempo. Para eles, era tempo demais.
━ Eu amo você.
━ Eu amo você mais.
━ Duvido.
━ Quer decidir na queda de braço?
━ Melhor de três?
━ Claro.
Eles combinavam. Não faziam sentido juntos. Eram duas crianças quando estavam juntos, porque só podiam se permitir ser aquilo naqueles momentos. Peter Parker e Valerie Bradshaw eram seres-humanos falhos e reais como o Homem-Aranha e a Raio-Branco jamais poderiam se permitir ser. E eram felizes.
━ Eu ganhei da última vez.
Valerie riu.
━ Eu malhei hoje. Você vai perder.
Caminharam até a mesa que os dois haviam organizado lá mais cedo naquele dia. Afastaram um pouco os pratos, posicionaram os cotovelos e deram as mãos. Peter não se importava com o resultado da queda de braço; para ele, parecia impossível que alguém pudesse amar outro alguém tanto quanto ele amava Valerie.
━ O que temos pro jantar?
━ Temos macarrão penne à bolonhesa preparado pelo papai Bradshaw, comida japonesa e sanduíches de sorvete preparados pela tia May ━ respondeu Valerie, antes de levantar o buquê com a mão livre. ━ Ah, e flores pra enfeitar a mesa!
━ Esse buquê vai entrar pra história.
Com uma risada, Valerie concordou, ajeitando a postura na cadeira e acertando a posição de seu cotovelo.
━ Eu também tenho um presente pra você ━ ela contou, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha. Peter sorriu ao ver os brincos de átomo. ━ Você tá sempre me enchendo o saco porque eu tenho nome de poetisa e nunca te escrevi um versinho, né? Isso muda hoje!
━ Mentira! Eu vou ganhar uma poesia?
━ Depois da queda de braço. Você é meu muso inspirador, gatinho. Eu poderia escrever um livro completo de poemas sobre você e sobre como você é o elétron que completa minha camada de valência.
Ele riu, balançando a cabeça negativamente, e deram início à disputa de queda de braço. Elas nunca acabavam rápido, e aconteciam com uma frequência surpreendente; os dois vigilantes decidiam muitas coisas daquela forma.
━ Eu vou vencer. Você sabe que eu te amo mais.
━ Não.
Alguns minutos se passaram. Os dois tentavam prender a risada enquanto continuavam a competir como crianças. Após alguns segundos de tensão, chegaram a um resultado.
━ Eu venci! ━ exclamou Valerie, levantando os braços em comemoração. ━ Você perdeu!
━ Só dessa vez ━ retrucou Peter, com um revirar de olhos. ━ Agora, cadê meu poema?
Ainda com um sorriso radiante, Bradshaw tirou um pequeno caderno de dentro da bolsa e começou a folheá-lo tranquilamente, sob os olhos atentos de Peter. Ele abriu um sorriso pequeno enquanto a olhava, buscando por seu poema com os lábios curvados para cima e os olhos brilhantes que o levavam a pensar que Valerie se gabaria por ter vencido aquela queda de braço pelo resto de seus dias na terra.
Ele não se importava. Peter era competitivo, mas a deixaria vencer todas as quedas de braço dali em diante para vê-la sorrir.
olha quem voltou!!! peço mil desculpas pela demora nas atualizações da fic, acho que eu postei os dois atos em um espaço de tempo tão curto que acabei saturando um pouco de escrever, mas agora já tive meu descanso e tô de volta!
espero que tenham gostado desse especial, e em breve eu volto com o primeiro capítulo do terceiro ato! vejo vocês na próxima publicação!