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KANG SUNWOO
Jae-Heon. O cara por quem Ryu deu a vida, acabou de morrer. Isso significa que se ela estiver mesmo morta, nada disso valeu a pena. Significa que eu a perdi por nada.
Eu sempre fui o mais velho. É estranho pensar isso, já que eu fui o único de nós três que um dia foi adotado. Mas ficou claro o motivo por aquela família me querer depois que eu cheguei naquela casa. Mesmo assim, meus melhores amigos nunca me deixaram. Eles sempre me defendiam, não importava o que acontecesse. Ishida e Ryu nunca ligaram para as consequências dos seus atos, desde que eles estivessem ajudando um de nós com aquilo. Por isso, eles sempre fugiam do orfanato para me visitar, mesmo sabendo que receberiam mais um castigo quando voltassem.
Ishida não se importou de dar sua vida por Ryu.
Ryu não se importou de dar sua vida por mim, Hyun-su, e todos os sobrevivente no primeiro andar.
Mas e eu? Eu sou o mais velho. Deveria ter dado a minha vida por eles.
O irmão mais velho não pode ser o que vê os mais novos morrerem!
Eles não podiam morrer antes de mim!
Caminhei pelo corredor, a tristeza me consumia lentamente a cada vez que eu voltava a pensar nisso. De qualquer forma, seria impossível não pensar.
Ainda me lembro de como fiquei com a morte de Ishida. Foram meses terríveis, que duram até hoje. Não posso negar que Ryu ficou muito pior - ela se culpava demais por isso -, mas isso não significa que não sofremos da mesma forma pela morte de Ishida. Nós apenas tratamos essa dor de formas diferentes. Talvez seja porquê de um dia para o outro, o apartamento que ela dividia com o melhor amigo se tornou vazio, como o nosso apartamento estava quando voltei pela primeira vez para procurá-la, depois de fugir do laboratório.
Agora eu entendo.
É muito pior quando cada canto de que você olha te lembra ele.
Arrumei a alça da mochila nas minhas costas. A mochila de Ryu, cheia de roupas suas e algumas fotos, as mesmas que ela prendia no pequeno varal que fez na parede ao lado da cama. Haviam algumas roupas minhas na bolsa, mas imaginei que fossem para Hyun-su, então as deixei dobradas sobre a cômoda na sala onde dormimos.
Hyun-su.
Não o vejo a algumas horas. Na verdade, eu não vi ninguém até agora. Todos passaram a manhã no enterro de Jae-heon e Ryu, mesmo que não tivessem o corpo dela. Não sei se Hyun-su foi, mas ele não estava no quarto quando acordei. Peguei no sono por quase três horas, logo depois do amanhecer. Acho que foi o tempo em que ele saiu do quarto. Hyun-su não dormiu essa noite.
Acredito que assim como eu, Hyun-su não ache que Ryu esteja morta. Mas também sei que ontem, quando ele pediu para desligarem o elevador, uma parte da sua esperança nisso se foi. Mesmo assim, talvez ele se ofereça para me acompanhar na ida até o décimo quinto andar, de volta para o meu apartamento com Ryu. Se isso acontecer, não vou deixa-lo ir comigo. Ryu quis mantê-lo no primeiro andar por um motivo. Não sou eu quem vai levá-lo comigo para descumprir a única coisa que ela desejava de verdade. Espero que Eun Hyuk também não faça isso.
Entrei no salão onde o meu maior pesadelo se concretizou, na noite anterior. Onde eu a perdi. Hyun-su estava ali, em frente ao elevador, parado. Queria saber o que ele estava pensando. No fim das contas, Hyun-su perdeu não só a namorada, como a melhor amiga.
- Vou voltar para o nosso apartamento. - sussurrei, chamando sua atenção.
Ele se virou para mim com pressa, um pouco assustado pelo silêncio ter sido cortado de repente. Suas bochechas estavam molhadas. Os cílios grudavam uns nos outros. Os olhos pareciam ter acabado de descarregar a quantidade de lágrimas prevista para a primeira parte do dia. A noite, eles estariam cheios de novo. Eu sei como é.
- Sabe, o apartamento que eu dividia com ela.
- Por que? Acha que ela pode ter ido pra lá?
Dei de ombros, não querendo admitir a verdade. Parte de mim acreditava que sim, a outra já tinha desistido.
- Aquele era o nosso lugar. Mas, se ela estiver lá, prometo trazê-la de volta, para que você possa vê-la de novo.
Ele balançou a cabeça, assentindo.
- Vou ficar. Aqui é o nosso lugar. Foi aqui que tudo começou entre nós. - ele deu um sorriso triste, abaixando a cabeça e sussurrando algo que quase não consegui ouvir. - Acho que no fim, nunca vou saber o prêmio de dez sorrisos da nossa aposta.
- Você ganhou?
- É. Dez sorrisos. Talvez mais alguns, eu não contei todos. Acabei me distraindo.
- Obrigado. - murmurei.
- O que?
- Por ter cuidado dela quando eu não estava por perto. Por fazê-la feliz quando eu não pude. Por mantê-la viva.
- Não deveria me agradecer por essas coisas. Foi Ryu quem fez tudo isso por mim.
Balancei a cabeça, negando com uma risada.
- Escuta, Hyun-su. Ryu nunca mais sorriu para ninguém além de mim, depois que Ishida morreu. Chegar a dez sorrisos é uma grande conquista. Querendo ou não, você cuidou dela. Tenho medo de pensar o que poderia ter acontecido se ela tivesse ficado todo esse tempo sozinha naquele apartamento.
- Acho que deveria ficar. Ela gostaria que ficasse.
- Talvez eu volte. Mas agora, preciso passar um tempo com o que me restou dela.
Me aproximei dele, lhe dando um abraço. Acho que nós dois precisávamos daquilo, por isso, durou mais tempo do que o esperado. Nos separamos, os olhos fixos um no outro.
- Não desista, Sunwoo.
- Não vou. Por ela. Espero que faça o mesmo.
- Por ela. - ele repetiu.
Sorri em despedida, me virando e indo em direção a escada. Não entraria naquele elevador depois de tudo que aconteceu, por mais que ele ainda funcionasse.
Enquanto subia as escadas, certifiquei de ir atrás de cada barulho estranho que ouvisse, para ter certeza de que não era ela. Os monstros que encontrei pelo caminho pareciam, de alguma forma, perdidos, como se eles não soubessem mais o que deveriam fazer. Por um segundo, achei que tivesse me tornado um monstro. Estou tão perdido quanto eles. O último por quem eu passei nem ao menos me atacou. Ele me olhou por alguns segundos, virou as costas e continuou andando, a procura de alguma coisa.
Na verdade, todos eles pareciam estar procurando por algo. Eles não paravam de bater nas portas, fazer barulhos altos como se estivessem gritando por alguém e alguns corriam de um lado para o outro, aparecendo e sumindo da minha visão de repente. Algo parecia ter agitado todos eles. Me pergunto se isso é mais um sinal de que minha melhor amiga realmente morreu. Acho que os monstros também conseguem sentir isso.
Continuei subindo, atento as coisas mais simples possíveis. Mas, em um certo momento, me peguei pensando na minha antiga vida. Não sei como cheguei a essa lembrança, mas sei que não quero sair daqui. O antigo mundo, de dois anos atrás... nunca pensei que aquele pudesse ser o último ano com o trio completo.
Eu não deveria ter dito que minha vida com aquela família era horrível. É claro que era, mas eu ainda tinha eles. Parando para pensar agora, se eu estivesse sozinho naquela casa dois anos atrás, sem meus melhores amigos, eu teria me matado. Eu não suportaria viver todos aqueles anos terríveis se eles não tivessem me apoiado por tanto tempo.
Acho que no fim, eu não podia ter pessoas melhores que eles na minha vida. Ishida e Ryu sempre foram e sempre vão ser as melhores partes de mim. Agora que eles se foram, só restou uma única parte, e tenho a impressão de que essa parte não sabe viver sem eles por perto.
Então, isso significa que sem eles aqui, eu não sei o que fazer.
Estou perdido.
Completamente e verdadeiramente perdido.
Queria poder voltar no tempo. Para uma das nossas melhores memórias juntos. As noites de filmes - meus dias favoritos -, as comemorações de aniversários - simples, porém memoráveis -, os piqueniques em dias ensolarados no parque da cidade - Ishida adorava esse passatempo - e observar as estrelas no telhado da casa dos meus pais adotivos sem que eles soubessem - Ryu aprendeu o nome das mais importantes só para nos contar.
"Eu posso dar o nome a uma estrela?" - perguntou Ishida, apoiando o braço atrás do pescoço, como um travesseiro.
"Acho que sim." - eu respondi, lançando um olhar a Ryu. Ela era a única que teria certeza da resposta. A garota balançou os ombros.
"Bom, cientificamente, não. Mas, entre nós, podemos chamá-las do que quiser."
"Onde estão as Três Marias que você tinha dito?" - ele perguntou, observando em silencio a garota apontando para o céu.
"Ali."
"Agora elas se chamam, Ishida, Sunwoo e Ryu."
"Você é tão clichê, Ishida." - a garota brincou, me fazendo rir.
"Tudo bem. Então elas se chamam Ishida, Sunwoo e Maria"
Ryu cruzou os braços, se afastando de Ishida. O garoto riu, a puxando de volta para um abraço, que ela fez esforço para desfazer, mas desistiu no caminho.
Desconhecidos achariam que eles fossem namorados. Os dois fariam um belo casal, para ser sincero, mas tenho certeza que a visão de irmãos que um tem sobre o outro nunca vai mudar.
Se eu imaginar com toda minha força de vontade, talvez Ryu esteja e encontrando com Ishida agora e eu vou poder vê-los quando olhar para o céu, nas estrelas que Ishida nomeou.
Eu deveria me juntar a eles?
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