Ocean Eyes β€’ BNHA

Por anacarolinarac

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Por anacarolinarac

PUPETMASTER

Dor. Tudo o que eu conseguia sentir era dor; uma dor que ressoava por todos os meus ossos, passava por todos os meus músculos e meus nervosos, atingindo todo o meu corpo e me impedindo de fazer qualquer coisa. Era até mesmo difícil de respirar, e eu sabia que aquilo era efeito das garras mentais daquele homem na minha mente. Eu sabia, pois se eu quisesse, também poderia fazer a mesma coisa que ele estava fazendo comigo com outras pessoas. Com horror, percebi que tinha acabado de cair no meio de uma rede a qual eu não sabia se conseguiria escapar.

Um grito escapou pelos meus lábios, meus braços fraquejando enquanto eu tentava me colocar de pé, mas tudo o que eu conseguia fazer, era me arrastar pelo asfalto. Eu nunca tinha sentido uma dor tão forte assim antes, algo que estava aos poucos me quebrando. Eu não conseguia focar o suficiente para me livrar daquilo, todos os meus sentidos estavam começando a falhar. Enfrentei diversas coisas e diversos vilões, mas eu jamais tinha me sentido tão impotente antes, tão fraca, tão patética. Tão minúscula e insignificante. Meu corpo não respondia aos meus comandos, e eu conseguia ouvir a risada de Dabi e de Ichiro Fumiko.

Meu pai.

-Achei que depois de tantos anos com essa individualidade, você saberia usar ela, querida. Acho que superestimei você. - a voz dele chegou até mim, aquela falsa inocência e preocupação. Ele estalou a língua, se agachando na minha frente e colocando a mão no meu queixo, erguendo meu rosto para que eu pudesse o fitar. Seus olhos castanhos se fixaram em mim, me analisando completamente.

Durante anos, eu chorei pela morte dele. Carreguei no meu coração a memória de um pai bom, de um herói em quem eu tinha me espelhado. Eu temi um dia esquecer daqueles olhos, e eu sofri por não ter tido meu pai ao meu lado nos meus momentos mais importantes.

Mas agora, era como se tivessem tirado de mim tudo o que eu acreditava e me mostrado que tudo não passou de uma grande ilusão que eu mesma criei dentro de mim. Porque ele estava bem ali, vivo, aqueles olhos que eu jamais seria capaz de esquecer fixos em mim.

-Você é igualzinha sua mãe, sabia? Mesmos olhos, mesmo cabelo. Mas seu rosto é bem parecido com o meu, não acha? - ele disse com um sorriso com uma espécie de carinho e bondade que ele não possuía. -Nossa, olha só para todo esse sangue, Atsuko! Você é tão inexperiente. - ele suspirou, como se a falta de habilidade que ele estivesse vendo em mim fosse sua culpa. -O que fez esse tempo todo que não aprendeu a controlar sua individualidade sem destruir seu cérebro no processo?

-Corta esse papo. - Dabi rosnou. -Aquele velho está lutando com o Noumu, mas não ache que a polícia não vai aparecer logo.

-Então eu derreto a mente deles, simples assim, Dabi. - ele retrucou, se virando o suficiente para fitar Toya. A maldade que senti em suas palavras fez algo ruim tomar conta de mim, pois eu sabia que ele acabaria com a mente de pessoas inocentes em um piscar de olhos. Olha o que ele tinha feito com minha mãe! O que estava fazendo comigo, sua própria filha! Ele era um vilão; um dos quais era um saco de lidar. -Achei que você tivesse dito que ela era uma boa telepata. Mas a Atsuko não consegue nem se livrar da dor que causei nela, como isso pode ser considerado bom? Atsuko, não te criei para ser assim. Você nasceu com duas individualidades poderosas justamente para dominar o mundo.

-Você nem mesmo me criou. Você deveria estar morto. - eu grunhi com irritação, meu corpo tremendo pela dor e por todo o esforço que eu fazia para me manter firme. Cuspi diretamente no rosto de meu pai, o fazendo sorrir. -Endeavor me criou.

Ichiro, o Pupetmaster, estalou a língua. Uma sombra negra cruzou seus olhos, raiva crescendo ali pela simples menção daquele nome, por aquele incrível fato: Enji era mais meu pai do que Ichiro era.

-Sabe, eu passei esses anos todos trancado no Tartarus graças ao Endeavor. Sabia disso? Endeavor descobriu meu esquema criminoso e me mandou para lá, conseguindo se livrar do meu controle mental e dar um jeito de anular minha individualidade por anos. Ele ajudou a comissão a esconder do mundo todo que eu era, na verdade, um vilão. Me apagaram de tudo e a sociedade comprou a história que eu tinha morrido, deixando minha adorável filha orfã, já que tinha sido abandonada pela mãe. Ele mentiu pra você esses anos todos, mon cherry. Mas está tudo bem agora, porque eu estou aqui para cuidar de você.

Raiva cresceu dentro de mim, mas não só isso. Tristeza também. Porque durante toda minha existência, achei que tivesse tido um pai carinhoso e bondoso. Do dia para noite, essa realidade havia sido arrancada de mim. Do dia para noite, descubro que ele nunca esteve morto. E agora, estava ali, junto com Dabi. As duas pessoas que eu mais tinha amado e respeitado na minha vida eram vilões. E estavam preparados para me matarem como se eu fosse nada, como se eu jamais tivesse significado algo para eles, tudo isso porque eu não era tão podre quanto eles eram. Durante toda minha existência, fui iludida com a ideia de que eles eram boas pessoas e eu dei todo meu coração para ambos. E agora, eu via o quão equivocada eu sempre estive.

-Você é um mentiroso. - grunhi, as lágrimas caindo e pingando no asfalto.

Não podia deixar eles me vencerem ou machucarem as pessoas que estavam ali. Todos estavam dando seu melhor! Eu tinha certeza que Enji acabaria com aquele Noumu e seria lembrado por muitos anos daquilo, era Plus Ultra. Eu não podia dar menos de mim mesma. Foda se que eu sou apenas uma estudante, que estou com dois membros da Liga dos Vilões no meu pé. Eu era Psique, eu acabaria com eles.

Eu não morreria naquele lugar. Eu tinha feito uma promessa a Shoto, de nunca o deixar, e eu não iria descomprir minha promessa. Eu não ia deixar ele preocupado comigo de novo, eu não queria ver mais uma vez lágrimas nos olhos dele por minha causa.

Eu me apeguei a aquela raiva e a aquela tristeza. Deixei isso fluir através de mim. E então, soltei. Minha individualidade explodiu de dentro de mim.

Ichiro e Dabi levitaram por um segundo, em choque, assim como tudo ao nosso redor começou a levitar. Fixei meu pé direito no chão, me libertando daquela dor. E então, tudo explodiu com a força psíquica do meu poder.

Vidros das lojas e casas deixadas para trás se estilhaçaram e vento atingiu meu rosto com força, levando consigo destroços. Me mantive firme no chão para não sair voando para longe como tinha acontecido com os dois vilões que atingiram um muro de concreto com força o suficiente para matar alguém normal. Mas claro que eu precisaria bem mais do que isso para me livrar daqueles dois.

Cambaleando, consegui me levantar, limpando o sangue no meu rosto com força.

-Minha mãe nunca me abandonou. - eu falei, lançando uma chuva de destroços na direção de ambos, fazendo Dabi atacar com fogo. -Você embaralhou a mente dela! Isso foi você!

-Ah! Você descobriu. Não sabe o como me deixa feliz ver você usar nossa individualidade com inteligência. - ele riu, os olhos brilhando em diversão enquanto ele indicava o estrago que eu tinha acabado de causar. -Olhe para isso, Atsuko! A combinação perfeita de força psíquica com caos. Me diga, você conseguiu desfazer meus nós na mente de Mahina? Não coloquei os mais difíceis, justamente para você treinar um pouco. Posso te mostrar como lidar com as partes mais difíceis da telepatia!

-Você é louco! - eu gritei, apertando meus punhos com força. -Eu quero que você volte para o inferno de onde nunca devia ter saído e leve o Toya com você!

-Nossa, como os filhos de hoje em dia são ingratos! - ele riu, se virando para Toya. -Tá vendo, Dabi? Você odiando seu pai porque ele não te dá atenção, e ela me odiando sendo que tô fazendo isso só por ela, vai entender, né?

-Vai para o inferno! - gritei, atirando uma onda do meu poder na direção deles, forte o suficiente para os cortar no meio.

Mas era claro que meu pai daria um jeito de parar aquele ataque. No final das contas... Ele era um telepata mil vezes melhor e mais forte que eu. E todos os meus esforços eram em vão. Ele estava apenas se divertindo, ele estava apenas brincando comigo e me deixando cansada.

Ainda assim, não parei de lançar minha força telecinética na direção deles, não parei de atirar destroços atrás de destroços, não abrindo brecha para que eles bolassem um plano. Não abrindo brechas para Ichiro entrar em minha mente.

Eu precisava de Endeavor.

Ou de Hawks.

Ou eu definitivamente ia morrer.

Ou pior que isso.

-Hm? Eita, Dabi. O babaca flamejante vai derrotar seu bichinho de estimação logo, logo, viu? - Ichiro riu e Dabi grunhiu, os olhos turquesa fixos em mim.

-Faça ela entrar na liga de uma vez por todas e para de enrolar, Pupetmaster. - Dabi disse. -Foda se a forma como vai fazer isso. Ela recusou minha oferta. É uma heroinazinha de merda!

-Ah, mas eu não vou forçar ela a entrar na liga. Que graça vai ter? Tem que fazer ela querer entrar, seu imbecil.

Aproveitei que eles estavam brigando para atacar. Mas era como se Ichiro estivesse lendo perfeitamente cada movimento meu, e no segundo que estendi meu punho, ele agarrou meu braço e me lançou contra o chão, uma força absurdamente alta para alguém que tinha ficado tantos anos preso.

Dor me invadiu quando minhas costas atingiram o concreto. Ele pressionou o pé no meu pescoço, fazendo o ar faltar dos meus pulmões enquanto eu engasgava, pedindo por oxigênio.

-Não seja tão fácil de ler, Atsuko. Não preciso nem entrar nessa sua mentezinha pra saber como vai atacar. - ele disse com uma careta. -E se ela fosse fraca, Dabi, você não teria quase sido derrotado por ela. Só podia ser uma telepata melhor, não? Acho que é culpa minha por não ter ensinado melhor. A primeira aula, vamos lá, Atsuko: se quer usar seus poderes, precisa ter foco. Use uma lembrança de algo que te dê raiva mas também te deixe triste. Pronto! A fonte perfeita para pessoas como nós, é se apegar a negatividade. Aí você vira uma bomba relógio incapaz de ser contida.

O ar estava acabando cada vez mais e mais, minha visão começando a ficar turva. Eu apenas consegui estender minha mão, escutando as vozes das pessoas gritando desesperadas ali perto. Escutando uma repórter gritando para a câmera que me filmava que algum herói precisava vir ao meu resgate, ou eu morreria ali mesmo, na mão de dois vilões da Liga. Filmando, provavelmente mostrando aquela cena na televisão, ao vivo, onde todos poderiam ver.

Onde Shoto poderia me ver morrer.

Uma lembrança que te dê raiva e também te deixe triste.

Deixei aquele momento transbordar por mim.

Eu estava com raiva por Toya ter se tornado isso e por meu pai ser uma pessoa tão ruim, indo contra toda a imagem que eu tinha criado dele. Eu estava com raiva por eles estarem me atacando desse jeito, por estarem tentando me levar para a Liga dos Vilões a todo custo.

Mas também estava triste.

Triste porque as pessoas que eu amei com todo meu coração, não foram nem de perto bons exemplos. Porque as pessoas que amei com todo meu coração, não mereceram um pingo do meu afeto e atenção.

E assim, eu deixei aquele sentimento crescer mais e mais dentro de mim. Até sair com força total, mandando Ichiro para longe de mim, o fazendo voar tão, tão longe que eu nem consegui o ver depois disso.

Me curvei, respirando ofegante em busca de ar.

Dabi se aproximou, preparado para me chutar, mas eu agarrei sua perna, e enviei uma onda do meu poder passando por ele e atingindo seus nervos, o fazendo grunhir de dor enquanto caia, incapaz de se mover.

-Se eu não posso ter o Toya de volta, pelo menos posso te impedir de fazer mais merda! - eu disse, empurrando a mão dele para longe de mim quando Dabi tentou me queimar mais uma vez.

-Não faça eu cometer erros que vou me arrepender, pirralha! Aceita logo que você perdeu! - ele grunhiu, mas eu apenas agarrei a gola de sua camiseta, usando minha telecinese para apertar sua garganta mais uma vez.

-Agora estamos conversando, Atsuko! - Ichiro riu, e eu me virei para ele.

Não tinha como escapar daquilo. Tudo o que me restava, era lutar.

Por isso, atingi Dabi com toda minha força antes de soltar minha individualidade dele e correr na direção de Ichiro.

Ele passou pelas minhas barreiras mentais como se tivesse derrubando uma parede. Vi que ele ficou surpreso ao se dar conta que não tinha sido tão fácil quanto ele imaginou que seria. Nossa briga era tanto fora quanto dentro da mente, e eu não tinha tempo para pensar, apenas para chutar e socar e impedir que ele fritasse meu cérebro.

Você deveria ter feito um trabalho melhor aqui dentro. Ou achou que ninguém fosse ser melhor do que você, Atsuko?

Eu gritei quando ele me empurrou para dentro de um buraco escuro, aquela parte ruim que eu evitava entrar dentro de mim mesma, e então, eu estava caindo e caindo e caindo.

Todos estavam sempre dando o melhor de si, e eu estava perdendo para os vilões agora. Depois de tudo o que eu tinha enfrentado, eu seria derrotada por um telepata muito mais habilidoso do que eu.

Eu não podia me dar ao luxo de desistir. Não quando Ichiro estava na Liga dos Vilões. Se eles perdessem a única pessoa que poderia lutar com um pouco de igualdade contra ele que fosse, quem o venceria então?

Ninguém.

E aquela era minha mente. Apenas eu podia ditar o que acontecia lá dentro. Apenas eu poderia enfrentar os meus medos e sair daquele lugar.

Eu vi uma luz. Aquela luz que sempre tinha me tirado dos piores momentos. A memória boa que eu me apegava toda vez que precisava de forças. Shoto.

Ichiro tinha razão. As memórias negativas faziam meu poder explodir, mas as boas eram aquelas que me davam tudo o que eu precisava para continuar lutando.

Eu queria ver Shoto sorrir mais uma vez, eu queria continuar dormindo nos braços dele, queria o beijar e dizer que eu o amava.

Para isso, eu precisava sair daquele lugar.

No segundo seguinte, eu não estava mais caindo. Eu tinha total controle sobre minha mente e meus poderes, o que pegou Ichiro completamente de surpresa, pois ele havia achado que tinha me trancado dentro de mim mesma.

E eu o chutei para fora, o deixando completamente atordoado.

-Essa mente é minha! Você não tem poder aqui! - eu rugi, atingindo seu estômago com força. -Você é a porra de um monstro, e eu vou parar você!

-Ah, que adorável! - ele riu, maldade saindo daquela risada. -Minha menininha querendo bancar de heroína! Como isso é ridículo!

-Você é ridículo! Se chama Pupetmaster, mas nem consegue controlar minha mente? Que piada. - eu zombei, dando um sorriso cruel antes de o lançar para longe com minha telecinese.

Ichiro caiu de forma graciosa, se recompondo mais rápido do que eu gostaria que tivesse.

Eu me sentia cansada. Estava chegando ao meu limite, e sangue escorria do meu nariz, dos olhos, dos ouvidos. Eu não conseguia usar mais minha individualidade. Aquela era uma batalha contra alguém cinquenta vezes mais forte que eu. Eu não podia vencer.

Eu preciso de ajuda. Um pedido desesperado que eu apenas desejava que fosse atendido.

-É, eu não consigo controlar sua mente, você tem razão sobre isso. Mas eu posso zoar ela de um jeito incrível. - ele riu.

Ele não podia, não quando eu estava tão em alerta.

Ichiro se preparou para atacar, mas aquilo era um blefe. O ataque tinha vindo diretamente de Dabi, e eu só consegui bloquear suas chamas e as mandar de volta para ele antes que me atingissem.

Um grito rasgou minha garganta quando usei o que restava das minhas forças para lançar destroços e cacos de vidro na direção de ambos, os jogando contra a parede de um dos prédios.

Cai de joelhos, respirando ofegante, meu coração batendo com força dentro do peito.

Eu tinha um corte gigante na perna esquerda que nem mesmo sabia de onde tinha vindo, e estava perdendo muito sangue. Minha visão estava começando a me atrapalhar.

A única coisa que acalmava meu coração, era ver que Dabi estava tão fodido quanto eu, e que meus ataques tinham surtido efeito nele.

Mas onde estava Ichiro?

-Já chega dessas merdas. - dei um grito quando mãos puxaram meu cabelo, me forçando a levantar. Senti o gelado de uma lâmina bem na minha garganta. -Agora você me irritou com essa onda de poder. Tá querendo fazer a gente ficar mal na mídia? Onde já se viu, dois membros da Liga dos Vilões serem derrotados por uma estudante? Me poupe. Vamos, Dabi. O que devo fazer com ela?

Meu coração começou a bater de forma acelerada dentro do meu peito enquanto eu tentava me soltar das garras do meu pai que afundavam cada vez mais na minha mente, me trazendo uma dor que rasgava todo meu corpo. Toya riu, um sorriso cruel pra valer crescendo nos lábios.

-Sei exatamente o como ela vai implorar para deixarmos ela entrar na Liga. - Toya disse. -Tem uma única coisa que precisa tirar dela.

Arregalei os olhos. Ichiro riu, afundando suas garras na minha mente e a puxando para ele.

-Não! - eu gritei.

Aquela mesma dor de antes me atingiu em cheio e percorreu meu corpo, mas dessa vez, eu já estava acostumada com ela. Quando cai de joelhos, também mandei os dois voando para bem longe de mim.

Foi nesse momento que Hawks apareceu. Se ele conseguisse lidar com Dabi e Ichiro, os distrair, talvez eu pudesse entrar nas mentes deles e fazer algo, eu tinha que arriscar, mesmo que...

Durma, Atsuko.

Os olhos dourados de Hawks se fixaram nos meus por um instante. E essa foi a última coisa que eu vi antes de apagar completamente.

Boa tarde povo bonito! Tudo bem com vocês? Espero que sim!

Sim, esse virou meu capítulo favorito até agora, porque é o começo de uma das parres mais caóticas da vida da Atsuko
Sem muito a comentar aqui pra não dar spoiler, mas eu amo o quão caótico tudo vai ser rsrsrs

Votem e comentem, isso ajuda demais e me deixa mais inspirada a continuar!

Espero que gostem <3
~Ana

Data: 26/08/22

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