10:00 / 01 de novembro, domingo.
Ana Liz on
Hoje mais cedo, recebi uma mensagem de Olívia, perguntando se eu estava livre para a entrevista. Óbvio que eu disse sim, então me arrumei, imprimi meu currículo que estava salvo no computador e fui até a casa dela, pois a entrevista é as 10:30.
Olívia: Bom dia!- disse sorrindo ao abrir a porta.
Liz: Bom dia!- retribuí o sorriso simpático.
Olívia: Entre, por favor.- deu espaço e eu entrei.
Nos sentamos na sala, ela serviu chá para nós duas e começou a fazer algumas perguntas.
Olívia: Me conte, tem experiência com crianças?- me olhou e tomou um gole de chá.
Liz: Tenho sim, mas nada profissional.- entrelacei meus dedos e endireitei minha postura.- Eu ajudava meu amigo a cuidar da irmã mais nova quando ela era menor. Sempre amei crianças!- sorri.
Olívia: É estudante?- assenti.
Liz: Estou cursando o último ano do ensino médio.- ela olhou alguns papéis
Olívia: Então teria somente a partir do horário da tarde disponível?- me olhou.
Liz: Sim, mas caso precise, também tenho a parte da noite.
Olívia: Nunca contratei ninguém sem experiência profissional antes, mas meus sobrinhos me falaram muito de você.- sorriu.- Me contaram como cuidou do meu bebê, e como ele ficou a vontade com você.- olhou mais alguns papéis e respirou fundo.- Por que quer o trabalho?
Liz: Como eu disse, amo crianças... Mas o real motivo é porque meu pai está doente, e eu queria ajudar com a dívida do hospital...- respirei fundo.- Sem contar que moro sozinha e preciso pagar meu aluguel.- ri fraco.
Olívia: Sinto muito pelo seu pai.- colocou sua mão sobre a minha e eu sorri.- Bom, vamos fazer um teste de como você passa o dia amanhã, e se tudo ocorrer bem, o emprego é seu!- sorriu e eu senti meus olhos brilharem de alegria.
Agradeci a mesma, ela me passou algumas regras e após sair de lá, fui até o hospital para visitar meu paizinho.
Liz: Toc toc!- disse sorrindo assim que apareci na porta.
Phillip: Ô minha querida! Que visita boa!- sorriu e eu o abracei.- Como você está, filha?
Liz: Estou bem paizinho, e o senhor?- me sentei na poltrona ao lado de sua cama.
Phillip: Ah, estou na mesma...- sorriu fraco.- Tão me enchendo de remédio, a químio está me derrubando... Mas pelo menos estou aqui.- segurei sua mão.
Liz: O senhor vai vencer isso tudo!- beijei sua mão.
Phillip: Posso perguntar uma coisa?- assenti.- Caso eu não vencesse... Você ficaria brava comigo?- sua voz embargou e seus olhos se encheram de lágrimas.
Liz: Claro que não, pai! Da onde tirou isso?
Phillip: É que eu vejo vocês pedindo tanto pra eu ficar... Tenho medo de ficarem decepcionados se eu não conseguir.- lágrimas escorreram de deu rosto e eu senti minha garganta doer.
Liz: Você é o meu maior orgulho, pai. Nunca nos decepcionaria.- fiz carinho em seu rosto e ele fechou os olhos para tentar conter as lágrimas que insistiam em sair.- Eu te amo, e sei que vai doer, sei que nunca mais vai ser a mesma coisa sem o senhor aqui...- senti meu coração apertar.- Mas se o senhor um dia não aguentar mais... - lágrimas escorreram quase que imediatamente de meu rosto.- Descansa paizinho, pode descansar.- ele apertou minha mão.
Phillip: Obrigado, meu amor.- o abracei.- Mas eu prometi que não vou embora antes de te ver de noiva, lembra?- sorri em meio as lágrimas.- É esse sorriso que eu amo.- secou meu rosto.- Te amo batatinha, nunca se esqueça disso, viu?- assenti e beijei sua testa.- Agora me conte, tem alguma novidade?- se ajeitou na cama.
Liz: Acho que consegui um emprego!- vi um sorriso se formar em seu rosto.- Não é algo grandioso, mas creio que vou me dar bem.- sorri.
Phillip: E vai trabalhar com o que?
Liz: Vou cuidar de um menininho, primo do Connor, lembra dele?
Phillip: Claro que lembro!- sorriu.- E vocês? Já deixaram de bobeira pra assumir que se gostam?- meu rosto corou levemente.
Liz: Pra sua informação, senhor Rodrigues.- o olhei.- Sim! Bom... Mais ou menos.
Phillip: Como assim?- franziu a testa.
Liz: Nos beijamos a alguns dias, estamos mais próximos de um "algo a mais"... Mas ontem ele falou algumas coisas que me deixaram um pouco chateada e não nos falamos ainda.- me joguei para trás logo me afundando na cadeira.
Phillip: Vocês são adolescentes, meu anjo.- riu.- Faz parte falar baboseiras que acabam chateando.
Liz: Mas do jeito que ele falou, parece que não confia em mim.- conto enquanto brinco com uma mecha de cabelo.
Phillip: Ele tava com uma menina antes, não tava?- concordei.- As vezes ela fez algo que o deixou inseguro. Não é culpa dele, só está com medo de que algo possa acontecer como no passado.
Liz: Pego nem gripe.- soltei a mecha e olhei para cima.- Como vamos ter algo se ele nem confia em mim, pai?
Phillip: Isso leva tempo, Liz! Tenha paciência.- me olhou.- Ele gosta de você, eu sei disso. Mas se vocês dois se deixarem abalar por qualquer discussão que seja, nunca vão ter o relacionamento que querem!- prestei atenção.
Liz: Acha que vamos conseguir ter um relacionamento?
Phillip: Se continuarem assim, não.- deu de ombros.- Acorda, filha! Esperou tanto tempo pra estar com ele, e agora vai deixar uma insegurança abalar tudo? Um casal vai se moldando com o tempo.
Liz: Você e a mamãe foram assim?- riu.
Phillip: Claro, brigávamos por coisas fúteis, mas fomos aprendendo com o tempo.- sorriu e olhou sua aliança.- Um exemplo... Você namorou o Renato faz três anos. Conseguiu confiar fácil em alguém de novo?- neguei.- Não mesmo, tá encalhada desde lá.- riu.
Liz: Pai!- não contive o riso.
Phillip: Enfim, tenha paciência, amor.- sorriu.- Tudo vai dar certo.- beijou minha testa.
Conversei por um tempão com papai. Passei na casa da minha mãe para ajudar em algumas coisas na casa e no fim do dia, voltei para meu apartamento e fiz minhas lições.
Fiquei pensando o dia todo no que meu pai disse, e ele tem toda razão. Decidi mandar uma mensagem para Connor, mas o mesmo não estava online, então deixei meu celular carregando no quarto, e fui tomar um banho quente enquanto ele não via.
Lavei meu cabelo, esfoliei meu corpo e deixei a água cair nas minhas costas por um tempo. Foi um banho relaxante. Ao sair, me sequei, sequei meu cabelo com o secador e fui me trocar no quarto.
Coloquei um pijama quentinho, meias nos pés e calcei minha pantufa. Chequei o celular e não haviam mensagens, então suspirei e fui para a cozinha preparar um chocolate quente com aquele gostinho de Brasil.
Ouvi uma batidinha de leve na porta, e quando abri, vi Connor de terno, segurando um buquê enorme na porta. Só dava para ver um pouquinho de seu rosto.
Liz: Uau.- foi quase impossível não sorrir.
Connor: Oi.- disse um pouco sem graça e colocou o buquê no chão.- Eu estive pensando, e... Eu fui um pouco babaca ontem.- coçou a nuca.- É que... Você é tão linda, engraçada, gentil, e incrível! Sei que qualquer um mataria para ter uma Liz do lado, e tenho medo de que ache alguém melhor, ou se canse de mim e toda essa minha bagunça...- me olhou de um jeito fofinho.- Sei que errei em muita coisa ontem. Enchi a cara, fumei e acabei te tratando com grosseria o dia todo... Mas eu gosto de você de verdade, e quero ser melhor que isso, então... Me desculpa?- o olhei nos olhos e então beijei seus lábios.
Acho que esse foi um dos melhores beijos que já demos! Foi calmo, sincero... Realmente não tenho mais dúvidas do que sinto por esse garoto!
Separamos o beijo e sorrimos de orelha a orelha. Dei espaço para ele entrar e coloquei o buquê no meio da sala.
Liz: Quero pedir desculpas também.- voltei até a cozinha para desligar o fogo e ele me seguiu.- Fui um pouco infantil ao deixar você falando sozinho ontem.
Connor: Até que eu mereci.- riu.- E antes que pergunte da tipóia, mãe...- brincou.- Não seria muito bonito eu aparecer aqui assim com ela.- apontou para sua roupa.
Liz: Não combinava com o look, princesa?- sorri e ele negou. Coloquei chocolate quente em uma caneca para mim.- Quer?
Connor: Chocolate quente?- assenti.- Eu quero!- sorriu.
Servi a ele e então bebemos enquanto esclarecemos algumas coisas. Conversamos sobre tudo o que houve ontem, e assim fizemos as pazes de vez.
Connor tirou uma caixinha que parecia ser de colar que estava no meio do buquê, e ao abrir, vi que era o mesmo colar que havíamos visto a um bom tempo na vitrine de uma loja no shopping.
Fiquei com o coração quentinho ao ver que mesmo nesse tempo todo que passou, ele ainda lembrou daquele pequeno momento na frente da loja.
Pedi para ele colocar em mim, e lhe dei um selinho demorado.
Liz: Fez tudo isso sozinho?- sorri com os braços em volta de seu pescoço.
Connor: Mais ou menos.- riu.- Scott me ajudou.
Liz: Obrigada por isso.- sorri sem mostrar os dentes e ele beijou minha testa.
Nós nos despedimos, Connor foi pra casa e eu continuei na sala olhando pras flores e pensando alto.
Liz: Tá, agora aonde eu vou guardar isso tudo de flor?- coloquei as mãos na cintura e pensei.- Acho que deve ter sido o pedido de desculpas mais caro que já me fizeram...- ri e coloquei a mão no pingente do colar, o que me fez sorrir toda boba.
No fim, acabei deixando o buquê aonde estava, lavei a louça, escovei os dentes e fui dormir.
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@Scott: o último romântico