Um Retorno Inesperado | ✓

By abewrite

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Lauren Anderson tinha quinze anos quando teve que se mudar de sua cidade natal para morar em Londres e assim... More

Acervo
Capítulo 1
Capítulo 2
capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capitulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Agradecimentos
SUR-PRE-SA!

Epílogo

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By abewrite

A campainha tocou e eu me levantei do sofá como um raio para abrir a porta. Ajeitei meu cabelo, meu vestido e respirei fundo.

Minha mãe soltou uma risadinha.

- Olá, senhor e senhora Campbell. - Sorri, nervosa ao abrir a porta.

- Oi, Lauren. - A mãe do Daniel sorriu passando por mim o Sr. Campbell fez o mesmo depois de  apertar a minha mão.

- Está nervosa? - Daniel sorriu ao meu lado.

Ele estava vestido com roupas casuais, mas ainda sim permanecia lindo.

- Claro. - Disse óbvia. - Eu conheço seus pais há anos, mas essa situação é diferente.

Ele riu e me pegou pela cintura.

- Relaxa, amor. - Beijou minha bochecha e senti meu coração borbulhar pela forma que ele me chamou. - Meus pais já gostam de você, é só pensar que é um jantar como qualquer outro. - Sorriu, me encorajando.

Assenti, entrelaçando nossas mãos.

Fomos até a sala de jantar onde toda a mesa estava preparada. Meus pais já estavam sentados com os pais de Daniel conversando sobre como estavam felizes de finalmente oficializarmos o namoro.

Daniel puxou a cadeira para que eu me sentasse e depois sentou ao meu lado.

Olhei para os quatro que conversavam enquanto colocavam seus pratos, distraídos e sorridentes como ótimos amigos, e voltei-me para o moreno.

- Que bom que conseguimos encaixar um dia para que esse jantar acontecesse. - Sussurrei.

- Era o único dia vago que meus pais tinham no mês. Tivemos sorte. - Ele riu e eu concordei. - Isso, também, por que era a sua família. Se fosse qualquer outra, duvido que eles abririam uma vaga na agenda sempre cheia deles.

Ri.

- Isso é bom?! - Arqueei as sobrancelhas e ele assentiu.

- É espetacular vindo deles. - Riu com um riso afetado.

Nós colocamos nossa comida e nos sentamos novamente.

- O Peter, mais do que ninguém, era fã desse casal. - Minha mãe falou e meu pai revirou os olhos.

- Assim como ele era fã de vocês. - William zombou falando do relacionamento dele e de minha mãe. - Mas, as brigas camuflavam isso.

Essa era uma das poucas vezes que o vi ser mais informal e menos sério com alguém.

- Vocês também não gostavam um do outro? - Perguntei para minha mãe, surpresa, que riu.

- Não gostar é pouco. Eles eram piores do que você e o Daniel quando crianças. - Anne falou dando uma garfada no brócolis de seu prato.

- Sério? - Daniel arregalou os olhos e riu. - Eu nunca imaginaria isso.

- A Diana já deu um ótimo gancho de esquerda nele. - William riu.

Fiquei boquiaberta.

- Mãe, por que você nunca me contou isso? - Disse indignada e ela apenas deu de ombros.

- O que o senhor fez para ganhar um soco? - Daniel perguntou curioso para o meu pai.

- A Diana morre de medo de aranhas... - Meu pai começou a contar mas minha mãe o interrompeu colocando sua mão em seu braço. - Ah e nada de senhor aqui, Daniel. Por você eu aceito ser chamado de Peter. - Sorriu cortês e o moreno concordou.

O meu pai era o maior baba ovo do Daniel. Está aí a prova.

- O Peter teve a brilhante e magnífica idéia de colocar uma em cima de mim. - Minha mãe o olhou séria, mostrando o quanto ela tinha rancor do episódio. - Era uma aranha enorme e peluda, quando eu vi aquilo eu gritei e saí correndo. Depois eu descobri que ele que tinha colocado enquanto eu conversava com as meninas e dei um soco nele. - Ela deu de ombros. - Merecido. - Murmurou cortando um pedaço de seu bife.

Gargalhei.

- Eu e Gerard avisamos para ele não fazer, mas ele insistiu e disse que seria legal. -  William olhou para o amigo divertido que apenas suspirou pesadamente.

- Aquele soco doeu mesmo... - Murmurou e todos riram.

- Você mereceu, pai. - Dei batidinhas em seus ombros, em conforto.

- Eu não sabia que ela tinha tanto medo... - Tentou se defender mas minha mãe beliscou  seu braço. 

- Para de mentir, Peter. - Revirou os olhos.

Gargalhamos outra vez.

A noite passou rápido enquanto conversávamos e tomávamos sorvete de creme com cobertura de caramelo e logo os Campbell foram embora, mais cedo do que de costume, pois teríamos um dia bem agitado amanhã.

Minha mãe terminou de fazer meu rosto e logo soltou os bobs do meu cabelo, agora brilhante e hidratado, digno de uma cerimônia de formatura.

Assim que cheguei em casa, corri para o banho e vesti o lindo vestido que minha mãe tinha comprado a duas semanas atrás justamente para essa ocasião. Ele era lilás com um decote V e seu tule cheio de purpurina se estendia até a metade da minha canela.

Pedi para me ajudar a amarrá-lo na parte de trás e me olhei no espelho.

- Você está muito linda. - Minha mãe sorriu de orelha a orelha.

Ela também já estava arrumada: com um corte de cabelo novo, saltos dourados e um vestido preto com apenas uma manga do lado direito em um dos ombros e uma fenda na perna esquerda.

- Estou nervosa. - Agitei minhas mãos tentando extravasar.

- Você vai de sair bem. - Minha mãe aconselhou com um sorriso.

- Estão prontas? - Meu pai apareceu na porta com um terno preto. - Olha, se não são as mulheres mais lindas desse mundo. - Abriu um sorriso.

Nós descemos as escadas e entramos dentro do carro. Não demorou muito para que chegássemos até a escola. Me separei dos meus pais e fui para onde a turma estava reunida, atrás do auditório.

Acenei para algumas pessoas que conhecia até achar Melissa e Julie que rodopiavam com suas becas vermelhas, super animadas.

- Até que enfim você chegou! - Julie correu até mim. - A Sra. Golden pediu para entregar a sua beca. Aqui. - Entregou um saco branco com um cabide na ponta e zíper.

Abri a o saco e tirei da beca vermelha, passando pelos meus braços e ajeitando ao meu corpo.

- Agora só falta o chapéu. - Ela sorriu e saiu me puxando até uma penteadeira no canto dos bastidores.

Ela pegou o chapéu, também vermelho, pendurado no cabide ao lado e colocou na minha cabeça.

- Finalmente iremos nos formar. - Ela suspirou com um sorriso imenso e brilhante no rosto.

Peguei em suas mãos e sorri.

- Eu estaria mais emocionada se eu nunca mais fosse te ver depois daqui, mas sei que não vai ser assim. - Ri e ela me acompanhou.

- Com certeza. Vou te encher o saco por muito tempo. - Piscou.

- E eu? Não conto? - Melissa apareceu ao nosso lado de beca e chapéu e com os braços cruzados.

- Você também, ciumenta. - A abracei de lado e ela sorriu.

- Acho bom mesmo. - Sorriu de satisfação.

- Aliás, onde estão os meninos? - Perguntei ao perceber que não via nenhum homem naquele recinto.

- Estão do outro lado. A professora de teatro disse que seria legal entrar assim. - Julie deu de ombros.

- Pessoal, venham todos aqui. - Sra. Witz pediu a atenção de todo mundo que se aproximou dela para ouvir o que tinha a dizer.

Ela nos explicou que entraríamos no palco e depois, desceriamos as escadas para sentarmos nas cadeiras reservadas para os formandos. Ficaríamos lá até que chamassem nossos respectivos nomes. Então, ela nos colocou na ordem em que sentariamos e infelizmente tive que me separar das meninas.

Uma música instrumental animada começou a tocar e a diretora nos mandou entrar.

Respirei fundo e quando vi a fila andar me apressei para acompanhar quem estava a minha frente. Quando apareci no palco, as luzes do auditório quase me cegaram e me senti obrigada a olhar para baixo, assim não tendo a oportunidade de procurar por nenhum dos meninos que, por sua vez, entravam pelo outro lado.

Acenei para Bryan assim que o vi sentar na terceira cadeira e ele me retribuiu com um piscar de olho. Depois de mais quatro cadeiras, vi o Daniel que sorriu e moveu seus lábios para dizer "Está linda". Sorri e soltei, sem som, um "Você também" antes de prosseguir com a caminhada.

Claro que nem tinha dado tempo de ter reparado nele, mas ele não precisava saber.

Logo após, vi Jack se sentar e ao lado dele, Julie e Jonathan que conversavam entusiasmados. Diego por sua vez, tinha ficado ao lado de Bryan. Depois de mais dez cadeiras, eu pude sentar no meu lugar, Kate sentou ao meu lado, Lia, novo lance sério do Jack, veio em seguida e Melissa, dois bancos depois.

Quando todo mundo se sentou e a salva de palmas cessou, a diretora foi até o microfone no púlpito e iniciou a cerimônia com um sorriso imbatível no rosto. Ela fez um discurso e chamou Kate, oradora da turma, para proferir o discurso de agradecimento a escola, aos professores e aos pais.

Toda aquela gratidão durou cerca de uma hora e alguns minutos e já estava começando a ficar cansada de estar sentada. Quando Kate se sentou ao meu lado, sorri e aproveitei para elogiar suas palavras que, apesar de longas, foram muito bonitas.

A diretora voltou ao palco e anunciou que agora seria a entrega dos canudos. Ela chamou um por um que levantou de seu lugar, pegou o canudo de formação na mão dela, a abraçou e seguiu fazendo o mesmo gesto com todos os professores que estavam presentes enquanto a platéia aplaudia em admiração.

Eu não estava nervosa, mas quando o meu nome foi dito no microfone, senti um nervosismo invadir meu ser e um frio se instalar na minha barriga.

Respirei fundo e levantei, novas palmas soaram e eu andei com certo cuidado até o palco. Subi as escadas e sorri nervosamente para a diretora que me entregou o canudo vermelho com detalhes dourados.

- Parabéns, Lauren. Uma nova etapa da sua vida começa a partir daqui. - Ela sorriu e apertou minha mão.

Agradeci e segui apertando as mãos dos meus professores que me parabenizavam e me incentivavam com palavras motivadoras.

Andei até ao lado de Kate que colocou a mão em meu ombro e me parabenizou.

- Obrigada, para você também. - Sorri e ela concordou.

A diretora continuou a chamar os alunos até que o último canudo fosse entregue. Quando isso foi feito uma nova salva de palmas surgiu, dessa vez mais alta e mais eufórica. Todos ficaram de pé e então a melhor tradição foi posta em prática.

- Os chapéus, no três. - Alguma voz masculina berrou e todos colocaram as mãos no chapéu. - Um...dois... TRÊS!

E todos os chapéus foram jogados para cima de uma só vez. Todos se abraçaram, gritaram, comemoraram e bateram palmas ao ciclo que tinha se encerrado e ao novo que logo logo começaria.

Fui até meus amigos e abracei cada um, parabenizando a todos pela nossa conquista e me senti grata por ter tido a oportunidade de voltar e terminar o ensino médio com eles.

- Abraço em grupo! - Melissa gritou e nós nos juntamos em um abraço desengonçado e grande.

Quando nos separamos, ouvimos Jack dizer:

- Cara, eu amo vocês.

Gargalhamos.

- Nós também te amamos. - Dissemos em unissono.

- Ah, que bom que já estão todos reunidos. - Reynald, pai de Melissa, apareceu e logo atrás vinha os outros pais.

Minha mãe e meu pai vieram até mim e eu os abracei.

- Minha menina 'tá crescendo. - Meu pai sorriu emocionado.

Eu ri.

- Uma hora isso ia acontecer, né, Peter. - Minhas mãe disse óbvia e riu.

Todos os outros pais me abraçaram, assim como fizeram com os outros, e me parabenizaram pela conquista.

- Agora, vamos? Eu estou morrendo de fome. - Paul, pai do Jack, comentou quebrando o momento emocionante.

- Vamos para onde? - Bryan perguntou.

- Os Campbell nos reservou um jantar em um restaurante muito chique, novo na cidade. Vamos comemorar lá. -  Lucy, mãe de Julie, sorriu.

- Sério? - Todos se animaram.

- Nem eu sabia disso. - Daniel apareceu ao meu lado e eu ri.

Agora eu pude reparar melhor nele. Estava com um terno todo preto comum, um Vans  preto e o cabelo continuava o mesmo: castanho e com um topete propositalmente bagunçado. Estava simples, mas era o suficiente para que me fizesse sentir vontade de beijá-lo alí mesmo.

- O que foi? - Arqueou as sobrancelhas ao perceber que o olhava por muito tempo.

Limpei a garganta e pisquei algumas vezes.

- Nada... - Sorri.

Ele me analisou por alguns instantes.

- Estava me admirando, é?! - Sorriu zombeteiro.

Revirei os olhos e não pude conter uma risada.

- Por que eu estaria fazendo isso? Me poupe. - Bufei.

- Vamos. - Ouvi alguém chamar e todos começaram a se distanciar.

- Não tem problema admitir, não. - Falou assim que começamos a seguir os que estavam a nossa frente. - Pode admirar. Na verdade...deve! - Alargou o sorriso.

Ri com o nariz, ainda olhando para frente e revirei os olhos.

Como ele podia ser tão exibido?

Chegamos ao restaurante que tinha um estilo rústico misturado com o moderno. Um garçom nos levou a uma mesa redonda, mais distante das demais, com um lugar para cada pessoa.

Daniel puxou uma cadeira para que eu sentasse e depois sentou-se ao meu lado.

Um garçom nos trouxe os cardápios e saiu dizendo que estava a disposição. Levou um bom tempo para decidir o que cada um ia comer e quando finalmente todos se decidiram, chamamos o garçom para anotar os pedidos.

- Então, as cartas das faculdades já chegaram? - Meu pai perguntou quando o garçom se distanciou.

- Não, devem chegar na semana que vem ou eles irão mandar um e-mail. - Julie disse.

- E-mail é bem melhor, né?! Ninguém usa mais carta. - A mãe dela comentou.

- As universidades mais tradicionais preferem mandar cartas. Harvard, por exemplo, até pouco tempo, mandava cartas. - Diana, mãe do Daniel, ponderou.

- Lembra quando nos encontrávamos toda vez que a carta de alguém chegava? - Minha mãe perguntou aos amigos que concordaram.

- A primeira foi a minha. - Disse Susan, mãe de Bryan. - Lembro que não passei para Yale, mas consegui ir para Cambridge. - Sorriu.

- Nos encontramos em uma sorveteria quando a carta de Yale veio. Todo mundo deixou de tomar o sorvete depois da notícia. - Paul riu.

- Por que vocês não fazem isso também? - Sarah, mãe de Jack, comentou. - É divertido.

- Eu também acho. - Jack concordou. - Quer dizer, mas só se todos esperarem para abrirmos juntos.

- Mas íamos morrer de curiosidade. Teríamos que esperar até que a última carta venha. - Melissa protestou com os olhos arregalados.

Gargalhamos.

O garçom voltou trazendo nossos pratos enquanto o outro colocava vinho em nossos copos. Quando se distanciaram, a mãe da Melissa, Judith, ergueu a taça com um sorriso no rosto.

- Um brinde aos formandos.

Todos ergueram as taças e brindamos ao mesmo tempo, em comemoração.

Uma semana depois...

As cartas e e-mails da faculdade começaram a chegar a partir de sábado. Nós tínhamos combinado de fazer como nossos pais falaram e prometemos de dedinho um ao outro que jamais abriríamos antes que todos tivessem a notícia que tanto esperavam em mãos.

A primeira a receber o e-mail foi Julie e ela fez questão de nos ligar avisando. Ela quase abriu, mas a sua mãe prometeu que vigiaria ela o tempo todo. Logo depois, a carta de Yale do Bryan chegou e ele fez questão de guardar no fundo do guarda-roupa para resistir a tentação de olhar. Alguns dias depois, os e-mails de Melissa e as cartas de Jack e Daniel chegaram, exceto a de Harvard. Um dia após, a Brown me mandou a carta mas faltava o veredito da Stanford que, assim como Harvard, parecia gostar de um suspense.

Estava na casa do Daniel vendo Top Gun quando uma notificação diferente do habitual veio do meu celular. Olhei para ele e lá estava o símbolo do e-mail escrito "Universidade de Stanford".

Pulei do sofá e peguei meu celular na mesa de centro. Daniel, que permanecia com a cabeça encostada em meu ombro, também levantou em um susto e pausou o filme.

- O que foi, Lauren? - Ele me olhou atordoado.

- Chegou! - Coloquei o celular tão perto da cara dele que o fez se afastar um pouco para ver o que era.

Abriu um sorriso e riu.

- Droga, você venceu. - Ele colocou a mão no bolso pegando sua carteira.

- HÁ! - Levantei-me e comecei a fazer uma dança da vitória.

Ele pegou cinquenta pratas da sua carteira e estendeu para mim.

- Sortuda... - Murmurou.

- Foi uma bela aposta. - Peguei o dinheiro da sua mão e o beijei. - Devíamos apostar mais coisas assim. - Sorri.

- Não, obrigado. - Encostou-se no sofá de maneira relaxada.

- Agora só falta a sua chegar. - Me sentei ao seu lado. - Espero que não demore muito. - Bufei.

E demorou. Não muito. Mas para quem está ansioso, três dias parecem ser três anos.

Assim que todas as cartas que esperávamos chegou, marcamos de encontrarmo-nos no Duck's e todo mundo foi empático em não se atrasar nem por um segundo.

- Vamos logo com isso. - Julie se sentou com o celular em mãos.

- Todos abrem ao mesmo tempo? - Jack perguntou nos olhando.

Concordamos.

- No três, então. - Mel suspirou com um envelope do correio na mão.

- Um... - Bryan começou tambolilando seus dedos na mesa nervosamente.

- Dois... - Continuei abrindo o meu e-mail primeiro antes de abrir a carta da Brown.

- Três! - Julie falou mais alto do que deveria.

Esse momento ficará ausente de informações porque eu estava tão ansiosa que não reparei em nada ao meu redor.

Abri o e-mail e procurei pela palavra que eu procurava, mas não achei. Pelo contrário, eles recusaram a minha admissão. Antes que pudesse expressar meu descontentamento ouvi Bryan berrar, se levantar e quase tombar a mesa que estávamos.

O restaurante todo olhou para ele, mas ele estava contente demais para notar.

- Eu fui aceito na Yale! - Balançou o papel na mão.

Sorri com sua empolgação.

- Eu vou pra Yale! - Melissa sussurrou com lágrimas nos olhos. - Eu não acredito!

- E eu pro MIT! - Jack arregalou os olhos.

Ele e Melissa se abraçaram, comemorando, o que me fez rir.

Todos nós os parabenizamos, felizes pela conquista deles.

- Ei, e vocês três? - Melissa perguntou.

- Eu fui aceita nas duas. Agora basta decidir qual ir. - Ela suspirou, receosa.

- E isso é ruim? - Perguntei rindo.

- Não, mas eu sou muito indecisa. - Bufou.

- Faz mamãe mandou. - Bryan sugeriu.

Todos rimos.

- E vocês? - Julie olhou para mim e Daniel.

- Eu não passei em Stanford. - Suspirei.

- Eu também não passei em Harvard. - Daniel deu de ombros. - Por mim tanto faz, para meus pais...nem tanto.

- E as outras? - Jack perguntou.

- Falta abrir. - Balancei a carta e Daniel também balançou as duas na mão dele.

- Vocês preferem que a gente abra e diga? - Julie perguntou com uma expressão preocupada.

Estendi minha carta para ela que pegou e abriu sem nenhuma cerimônia. Daniel também entregou uma a Bryan e outra a Jack.

- Parabéns, você vai para Brown. - Julie me olhou sorrindo.

- Ah...legal. - Concordei. - Espera, o quê?

Pisquei recapitulando o que tinha ouvido.

Eles riram.

- Você vai para Brown. - Ela repetiu e um sorriso enorme surgiu em meus lábios.

Meu coração acelerou, mas eu continuava paralisada.

- Aparentemente, Daniel também. - Bryan colocou a carta na mesa.

- Ou para a Columbia, se ele quiser. - Jack balançou a outra carta.

Julie e Melissa comemoraram.

Olhei para Daniel rapidamente e quase quebrei meu pescoço.

Ele não expressou nenhuma reação.

- Sério? - Pegou as cartas e leu.

Depois colocou-as na mesa novamente e encostou suas costas na cadeira.

- Uau.... - Murmurou perplexo. - Agora eu entendo o que a Julie quer dizer.

Como ele conseguia não surtar?

- Pois é, amigo. Teremos um trabalho difícil para fazer. - Ela riu.

Eu não sabia nem o que falar, nem o que expressar, nem o que sentir.

- Lauren, você não vai dizer nada? - Melissa arqueou as sobrancelhas e todos olharam para mim.

- Eu nem faço idéia do que dizer. Ainda to tentando assimilar. - Murmurei e todos gargalharam.

- É, parece que todos vamos para a faculdade. - Jack suspirou com um sorriso.

- Temos que arrumar uma estratégia para se ver quando as aulas começarem. - Julie falou.

- Por que? - Perguntei confusa.

- Nós estaremos em lugares diferentes?! - Ela disse óbvia.

Ela falar isso foi como uma faca no meu peito. Não estava preparada para me separar deles mais uma vez.

- Caramba...  - Bryan passou a mão no cabelo loiro. - Não tinha pensado nisso.

Todos concordaram.

- Nós podemos fazer vídeo chamada todo dia. - Jack deu de ombros.

- Eu acho uma boa. - Concordei. - E podemos passar as férias juntos. - Sorri.

Todos acharam interessante a idéia e então, para comemorar, pedimos uma torta de framboesa gigante para dividir.

Quando escureceu, todos foram para suas casas e eu fui para a casa do Daniel para maratonar Harry Potter.

- Vamos fazer pipoca primeiro. Filme sem pipoca não tem graça. - Daniel disse enquanto abria a porta.

- Você acabou de comer, meu bem. - Adverti e ele deu de ombros.

Acendeu a luz da sala e um miado surgiu do canto da porta quando eu a fechei.

- Oi, meu amor! - Peguei Batman no colo e o beijei. - Você é muito lindo, sabia?!

- Não mais que eu. - Ouvi Daniel falar enquanto tirava o casaco e jogava no sofá.

- Os dois são gatos. - Sorri travessa com a piada horrível que tinha feito.

Era uma coisa que fazíamos agora: competíamos para saber quem conseguia fazer a pior piada.  Era algo só nosso e eu amava isso.

Daniel balançou a cabeça e riu.

- Essa foi horrível num nível catastrófico. - Zombou e eu revirei os olhos.

Coloquei Batman no chão e tirei o casaco azul de zíper que, como não cabia mais nele, eu tomei a posse novamente.

Fomos até a cozinha e pegamos três pacotes de pipoca de diferentes sabores. Coloquei no microondas e alguns minutos para que estourasse tudo.

- Então, quer que eu esteja aqui quando falar com os seus pais sobre Harvard? - Perguntei me encostando no balcão ao seu lado.

- Seria melhor... - Concordou suspirando. - Mesmo que eles tenham deixado eu tentar outras, é explícito a pressão que fazem nessa.

Passei a mão em suas costas tentando confortá-lo.

- Um dia eles vão entender... - Murmurei o olhando.

Ele apenas assentiu brincando com os próprios dedos.

- Mas, não quero pensar sobre isso agora. - Ficou em minha frente e pegou minhas mãos.

- E no que quer pensar? - Sorri com seu toque sempre quente e macio.

- Sobre nós. - Limpou a garganta. - E a faculdade.

Arqueei as sobrancelhas.

- O que que tem?

- Eu quero ir para Brown. - Explicou. - Ficar com você, mas, a faculdade é um ambiente diferente. É um novo ciclo de vida e, bom, alguns casais não conseguem se manter juntos e...

- Você acha que a gente não conseguiria? - Perguntei.

- Não! - Quase gritou. - Não é isso. Mas, talvez você não esteja confiante e eu não quero te pressionar, sabe?! - Passou a mão no cabelo, inquieto.

Analisei seu rosto. Era quase cômico a forma que mesmo tentando, ele não conseguia esconder o pânico em seus olhos com a hipótese de eu dizer que sim. Vi o nervosismo aumentar quando ele percebeu que eu só fiquei o olhando ao invés de dizer algo.

Esbocei um sorriso para tranquiliza-lo.

- Eu estou bem assim... - Me aproximei dele entrelaçando nossas mãos.

Seus ombros, antes tensos, abaixaram em alívio.

- então, nesse caso... - Pegou em minha cintura. - Eu também estou. - Sorriu aproximando seu rosto do meu até que nossas respirações viessem a misturar-se.

Seus olhos castanhos encontraram os meus com um brilho intenso de costume. Ficamos nos olhando pelo que pareceram horas e admito que poderia ficar assim pelo resto da minha vida.

Seus olhos saíram dos meus e exploraram todo o meu rosto antes de cair para os meus lábios. Ele subiu uma das mãos que estavam em minha cintura e a colocou em meu rosto, afastando meu cabelo. Seu dedão acariciou minha bochecha levemente e um sorriso apareceu em seu rosto. Seu toque era tão cheio de ternura que aqueceu o meu coração e uma energia alegre passou pelo meu corpo como se estivesse me emitindo o sinal de que ele era a pessoa certa. Ele era a minha pessoa.

Seus lábios tocaram os meus de forma mais suave e terna. Ele começou um beijo lento e cheio de carinho, puxando-me mais para si e colocando sua outra mão em meu rosto.

Minhas mãos, que estavam apoiadas em seu abdômen, envolveram seu pescoço em um abraço e senti ele sorrir.

Nos separamos do beijo por falta de ar, mas ele colou nossas testas. Continuei de olhos fechados, mesmo sentindo que me observava. Uma onda de paz me invadiu e não pude deixar de sorrir abertamente.

O microondas apitou nos despertando do momento e ele se afastou para colocar tudo em um balde vermelho com o adesivo da Grifinória.

Ele entrelaçou nossas mãos e me conduziu até o seu quarto. Enquanto eu colocava o filme novamente, ele desligou a luz, ligou o abajur para não ficar tão escuro e deitou ao meu lado junto com Batman que deitou em nossos pés. Eu me aconcheguei em seu peito e coloquei o filme para rodar. Ficamos assim por um bom tempo, comendo pipoca, abraçados e vendo Harry Potter. Então, ouvi ele sussurrar:

- Ei...

Olhei para ele.

- O quê? - Sussurrei de volta.

Ele brincou com uma mecha minha por um tempo sem dizer nada. Parecia receoso.

- Dani...? - Debrucei em meu cotovelo para olha-lo melhor. - O que foi?

Ele suspirou fundo e me olhou nos olhos.

- Eu... - Engoliu seco. - quero te dizer uma coisa faz um tempo, mas não quero que você se assuste. - Passou a mão no cabelo.

Me sentei na cama de frente para ele e ele fez o mesmo.

- Não vou. - Sorri. - Pode falar.

Ele assentiu. Pegou em minhas mãos e acariciou devagar.

- Muita gente confunde "estar apaixonado" com "amar alguém". Aos quinze anos eu também não fazia idéia da diferença, mas sabia que estava apaixonado. Depois que você foi embora, eu pude experimentar a angustia e a saudade de não te ter tão perto de mim e foi aí que eu comecei a entender a diferença:  paixão é um sentimento, um estado em que uma pessoa se encontra e por isso se vai com o tempo. O amor não. Ele é muito mais profundo e duradouro. São duas coisas que podem andar juntas, mas não é uma via de regra: você pode estar apaixonado, mas não amar aquela pessoa. - Suspirou. - O que eu estou tentando dizer é que... não faz sentido eu estar apaixonado por você.

Arregalei os olhos e quando cogitei em falar algo, ele continuou.

- Não faz sentido porque três anos longe de você teoricamente me fariam esquecer o que sinto, mas nada disso aconteceu. Esses sentimentos continuaram aqui, crescendo e tomando conta do meu corpo e alma. - Respirou fundo e olhou em meus olhos. - Eu te amo, Lauren Anderson. - Ele segurou o meu rosto. - Eu te amo, eu te amo, eu te amo e te amo! - Repetiu.

Pisquei algumas vezes, paralisada, me perguntando se estava ouvindo errado ou algo do tipo.

- Você é o meu primeiro amor e se me permitir, também quero que seja o último. - Sorriu lindamente.

Abri minha boca completamente surpresa e fiquei longos segundos sem dizer nada.

Coloquei minhas mãos sob as suas que continuavam no meu rosto, controlando a vontade de pular em cima dele e beijá-lo.

- Eu também te amo. - Sussurrei.

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