Os dedos de Hermione roçaram a base de seu pescoço e sentiram o lugar onde os incisivos de Draco haviam afundado em sua pele sobre a glândula de cheiro esquerda.
Ela ficou tão surpresa que nem sabia o que dizer.
A ideia de Draco mordê-la havia se tornado um monumento em sua mente, ela mal podia acreditar que aquilo realmente tinha acontecido.
— Eu pensei... eu pensei que tinha tudo sob controle. — As mãos de Draco tremiam. — Eu juro, pensei que conseguiria. Eu sinto muito.
Hermione pressionou contra a mordida até que doeu novamente. Ela olhou para baixo e encontrou um pequeno rastro de sangue fluindo de seu ombro até o seio e caindo na água.
Ela olhou para Draco.
— Bem, acho que isso responde a uma pergunta que eu tinha.
Ela se descobriu mais lúcida do que havia estado desde que embarcara no Expresso de Hogwarts. Ela estendeu a mão e roçou suavemente os dedos contra as glândulas de cheiro dele e, em seguida, inclinou a cabeça para beijá-la.
Ele ergueu a boca para fora de alcance.
— Eu sinto muitíssimo. Eu jurei várias vezes que nunca deixaria ninguém te morder... eu nem te pedi, eu só...
Hermione franziu as sobrancelhas e puxou o rosto dele para baixo para que ela pudesse ver seus olhos.
— Draco... eu disse que queria que você me mordesse.
Seus olhos estavam arregalados.
— No sentido geral. Não na próxima vez em que transássemos. Uma conversa completa, quando você não estivesse atordoada com meus feromônios, teria sido o ponto de partida apropriado.
Ele estava tão pálido que parecia estar à beira de desmaiar ou tremer.
Em todas as muitas fantasias que Hermione tivera sobre Draco a mordendo, nenhuma havia sido exatamente daquela forma. Ela encolheu os ombros.
— Sim. Bem, de modo geral, nosso relacionamento tem sido bastante retrógrado, eu diria.
Ginny estava rindo em algum lugar, Hermione tinha certeza.
As palavras não pareceram consolar Draco nem um pouco.
— Draco, está tudo bem. Eu não estou chateada. Acalme-se.
— Bem, eu estou chateado. Eu jurei para você...
Era muito estranho estar calma. Hermione pressionou os polegares com firmeza contra a base do pescoço dele, sobre as glândulas de cheiro.
— Alfa — ela disse em uma voz muito baixa e tranquila. — A voz de Draco se interrompeu e ele congelou como se estivesse petrificado. — Você é meu Alfa. Meu. Você me pediu para dizer o que eu queria e eu te disse. Escolhi você para cuidar de mim porque confio em você.
As palavras pareceram acordá-lo.
— Isso foi claramente um erro, considerando que eu não conseguia nem me controlar o suficiente para não te morder quando você não estava no cio. Eu pretendia falar com McGonagall sobre selar minha boca durante o seu cio porque eu estava com medo de te morder então. Eu não considerei...
O canto da boca de Hermione se contraiu.
— Draco — ela disse, interrompendo-o novamente. — Já estabelecemos que posso dizer não. Você está programado para me reivindicar e me agradar; e eu disse que o que eu queria era que você me mordesse. Eu disse isso novamente enquanto estávamos fazendo sexo. Era... praticamente inevitável.
— Isso não significa que está tudo bem — ele disse com uma voz firme, olhando para longe dela. — Porra. Eu sinto muito.
Ela puxou o rosto dele para que seus olhos se encontrassem e percebesse com uma pontada que ele estava arrasado. Ele quisera e resistira ao desejo de mordê-la durante meses; e agora ele tinha feito isso e sentia que era uma falha de sua parte.
O coração dela disparou. Ela segurou o rosto dele entre as mãos e puxou sua cabeça para baixo até que suas testas se encontrassem, acariciando-o com o nariz.
— Sinto muito, Draco. Isto é minha culpa.
Ele bufou e ela sentiu o ar contra o rosto.
— Sério? Você me mordeu? Oh, espere, você não o fez. — Ele ergueu a cabeça, enterrou o rosto nas mãos e respirou fundo. — Eu estive com você quando estava chorando depois que Goldstein te atacou e eu jurei que ninguém iria te morder e então fui eu que o fiz. Porra! Porra. Porra.
Sua voz estava áspera.
Hermione envolveu os braços com força ao redor do pescoço dele e sentiu o peito dele contra seu corpo enquanto ele tentava respirar. Ela não sabia como acalmá-lo. Era ele quem a confortava; ela não tinha certeza exatamente de como fazer isso.
— Draco, me escute. Eu te disse para me morder. Talvez tivesse sido melhor se tivéssemos conversado mais primeiro, mas sempre estive lúcida o suficiente para dizer não quando queria dizer isso. Temos interferido com a magia do vínculo porque tenho tentado tanto ser cuidadosa e é provavelmente essaa razão pela qual você cresceu novamente e porque eu tenho estado em uma destruição emocional ultimamente. A biologia normalmente não precisa ser forçada. Você cuidou de mim durante meu cio sem me morder... isso é totalmente sem precedentes. Provavelmente, eu deveria ter te pedido que você me mordesse quando começamos a namorar, mas temia que fosse um compromisso exagerado. Por favor, não fique chateado.
Ela tentou tirar as mãos dele do rosto e, após um momento de resistência, ele permitiu.
— Granger. — Draco colocou a mão no topo da cabeça dela como se a estivesse acariciando. — Eu sei que você tem boas intenções, mas não vou me sentir melhor sobre isso. Eu não quero que você faça com que eu me sinta melhor agora.
A boca de Hermione se franziu e ela escondeu o rosto em seu peito.
— Bem, eu não estou chateada com isso. Então, quando você se sentir pronto para deixar de ficar chateado com isso, podemos conversar.
Draco apenas passou os braços ao redor dela e a segurou com força por um longo tempo.
Hermione esperou em silêncio, na esperança de que ele relaxasse ou dissesse algo, mas conforme os minutos se passavam, ela se resignou e fechou os olhos, ouvindo o batimento cardíaco dele e catalogando mentalmente como se sentia no momento. Havia uma sensação de latejamento em seu ombro; era um tanto doloroso, mas sua mente registrava como sendo maravilhoso.
Ele não precisaria mais marcá-la diariamente. Quando os dentes dele romperam a pele de suas glândulas de cheiro, sua saliva havia penetrado na glândula e o cheiro dela refletia o dele por conta própria. Dependendo de quão forte ele a mordera e de quanto seus dentes danificaram a glândula, o efeito duraria semanas ou meses antes de se curar e desaparecer.
Hermione suspeitava que a mordida duraria apenas algumas semanas, no máximo. Estava bastante claro que ele não pretendia mordê-la; ele provavelmente estava apenas a beliscando do jeito que sempre fazia e então fez com mais força do que o pretendido.
Seu subconsciente Ômega tinha desaparecido inteiramente no momento. Hermione não se sentia com tesão ou não-reivindicada. Hermione possuía o seu cérebro por completo novamente.
Ela olhou para Draco por entre os cílios. A expressão dele estava distante, mas seus dedos traçavam padrões nos ombros dela enquanto a segurava. Ele parecia traumatizado.
Ele realmente tivera um dia bastante emocionante.
— Draco?
— Hum? — Ele olhou para ela. Sua expressão se fechou cuidadosamente.
— Essa é apenas uma pergunta, então você não precisa dizer sim, mas... você quer fazer um vínculo de alma comigo na próxima semana?
Draco piscou e olhou para ela com uma expressão de completa incompreensão. No entanto, seus olhos se iluminaram na escuridão.
— O quê? — Sua voz era um rosnado.
A espinha de Hermione formigou, mas a voz não corroeu sua razão como normalmente acontecia. Ela se mexeu e se aproximou dele, o canto de sua boca se curvando para cima.
— Vou entrar no cio em cinco dias. Você estaria interessado em me morder de novo então? Podemos conversar sobre isso o quanto você quiser. Obviamente... — Ela correu os dedos nervosamente pelo peitoral dele. — ...é um pouco cedo, mas eu estava falando com Ginny e neste ponto nós duas estamos preocupadas que a magia do vínculo possa machucar nós dois se continuarmos fazendo o que estamos fazendo sem um vínculo de almas. Quero dizer, você está prestes a não conseguir passar confortavelmente por uma porta.
Draco se mexeu e ficou tão tenso que enviou ondas pela banheira.
— Granger... Hermione, se você está dizendo isso apenas para fazer com que eu me sinta melhor agora, é realmente incrivelmente inútil.
Sua voz estava tão tensa que parecia estar à beira de se quebrar.
Ela balançou a cabeça.
— Eu não estou. Tenho pensado muito nisso. Muito... basicamente sem parar nas últimas semanas. Essa realmente não é uma ideia nova que estou considerando repentinamente. Eu quero fazer um vínculo de alma com você. Eu quero você como meu Alfa para o resto da minha vida.
"Diga a Malfoy que você o ama, peça-lhe para fazer um vínculo de almas e diga que você quer ter filhos com ele. Eu garanto, ele ficará absolutamente emocionado".
Ela se endireitou e ergueu o rosto até que estivesse mais perto do dele.
— Eu amo você, Draco. Eu quero ter bebês com você algum dia.
Uma miríade de pensamentos e emoções apareceu no rosto de Draco.
— Hermione... porra, por favor, não diga esse tipo de coisa para mim.
As mãos dele nos ombros dela se apertaram e sua voz era quase um gemido baixo.
Hermione se inclinou para frente e arrastou a língua por sua garganta. O corpo inteiro dele tremeu.
— Você quer fazer um vínculo de almas comigo? — ela perguntou, sua voz bajuladora.
— Sim. — A palavra foi um grunhido prolongado que Hermione sentiu em cada nervo de seu corpo. Ela estremeceu na água.
— Bom — ela disse, sua voz saltando acentuadamente. — Então estamos de acordo.
A mão de Draco se enroscou possessivamente em seu cabelo e inclinou sua cabeça para trás até que seus olhos se encontraram.
— Você tem certeza? Você não deve dizer coisas assim se não tiver certeza. Eu não... por que você diz que quer algo... instintivamente, eu não consigo distinguir se você quer dizer isso ou não. Se você não quer dizer isso, você tem que voltar atrás para que eu saiba e não... não acabe fazendo algo que você só disse para me fazer sentir melhor.
Ela encontrou seu olhar com cuidado; seus olhos de mercúrio a estudavam atentamente, como se procurassem algum tipo de sinal em seu rosto.
— Eu não vou voltar atrás. Eu queria que você me mordesse e quero que faça isso de novo.
Draco ainda não parecia acreditar nela.
Ela ergueu as sobrancelhas e continuou encontrando seus olhos.
— Se você não me morder, eu provavelmente vou morder a próxima bruxa que te tocar ou te cobiçar. E talvez explodir o Salão Principal novamente. E provavelmente eu irei chorar.
Ela arregalou os olhos ao dizer as últimas palavras.
A mão de Draco se contraiu.
— Não chore. — Então seus olhos se estreitaram. — Deus, Granger, deixe um homem ficar em paz por dez minutos.
Hermione bufou e o abraçou.
— Eu deixaria, mas estou presa aqui atualmente. — Ela se contorceu ligeiramente e se apertou em torno de seu membro para enfatizar o ponto. — Além disso, eu não quero que você fique chateado com isso. Não estou chateada e sou o única a sangrar. Pare de ficar desanimado; Estou tentando falar sobre vínculo de almas e você está deprimido. Essa é a terceira coisa que te proponho que você fica mal-humorado e desanimado. É quase difícil para mim acreditar que você é o Alfa. Fui eu que iniciei o sexo, o namoro e agora... basicamente eu propus a você. Ainda bem que você disse que me amava primeiro e me mordeu ou eu estaria questionando sua capacidade de tomar qualquer tipo de iniciativa. — Ela ergueu o queixo. — Estou começando a pensar que eu sou o Alfa.
Draco fez um som sufocado.
Hermione deu uma risada baixa.
— Estou te provocando. — Ela colocou os braços ao redor dele. — Sinto muito, eu sei que isso não aconteceu da maneira que você queria. Eu não deveria ter esperado tanto antes de trazer tudo isso à tona. Não precisamos falar sobre vinculação de almas agora. Eu sei que você está chateado e este dia foi... demais, eu acho. Talvez possamos conversar sobre isso nos próximos dias e então ver. Se for muito cedo, sempre há março. Ou junho. — Ela olhou para baixo. — Se você quiser aguardar, podemos aguardar.
Ela esperava que ele não quisesse aguardar. Ela realmente não tinha certeza se seria capaz de lidar com isso, mas tentaria. Ele sempre esperara por ela.
Ele ergueu o rosto dela em sua direção.
— Hermione, se você tem certeza, a resposta é sim. — Seus olhos prateados estavam arregalados e quando ela olhou para eles, seu estômago se revirou com a onda inebriante de emoções que a inundou. — Nunca vai haver ninguém além de você.
Hermione sorriu e sentiu que seu coração estava prestes a explodir. Sua garganta se apertou e ela engoliu o impulso de começar a chorar.
— Bom. Isso é bom, porque nunca haverá mais ninguém para mim também.
.
A temperatura da água era quase suportável, de acordo com Draco, quando eles pararam de se beijar e se abraçar e realmente saíram da água.
— Isso foi... bem, isso foi definitivamente uma bagunça para os livros dos recordes — disse Hermione com um sorriso malicioso enquanto se secava. — Foi um excelente presente de Natal.
Draco revirou os olhos.
— Isso não foi o seu presente de Natal. Foi apenas uma realização de fantasia pessoal.
Hermione deu de ombros enquanto começava a se vestir.
— Bem, se fosse meu presente, eu não teria me importado. — Ela avistou a Firebolt de Ginny perto da porta. — Eu deveria devolver a vassoura a Ginny e pedir desculpas a McGonagall por explodir os vidros essa manhã. Acho que devo dizer a ela que estamos pensando em fazer um vínculo de almas neste Natal; não sei se existem formulários de consentimento ou algo que terei de assinar. Tudo bem, se eu contar a ela?
Draco vestiu sua camisa e assentiu.
Ela olhou para ele. O coração dela estava disparado com uma sensação de excitação vertiginosa.
— Então, estamos realmente fazendo isso. Sinto um pouco de medo de piscar e descobrir que é um sonho.
Draco ergueu uma sobrancelha enquanto abotoava suas vestes.
— Se for, por favor, me diga tudo o que você disse hoje.
— Certo. Vou sentar na cama em um minuto e descobrir que você está de ressaca e dormindo; e vou mandar você se levantar e me morder.
Draco sorriu afetadamente.
— Se você fizesse isso, eu superaria minha ressaca sem uma poção.
Hermione deu uma risada baixa e embrulhou todos os seus moletons extras dentro de sua capa.
— Eu posso levá-los de volta para o nosso quarto. — Draco estendeu a mão para pegá-los.
Hermione encolheu os ombros.
— Está bem. Posso tentar escolhê-los e colocá-los na minha bolsa.
Draco ergueu uma sobrancelha e estendeu a mão novamente.
— Eu vou lá de qualquer maneira. Você não precisa arrastá-los pelo castelo com você.
— Tudo bem. Vejo você em breve.
Hermione fez seu caminho através do castelo e parou no escritório dos monitores, deixando a vassoura de Ginny na mesa. Enquanto se dirigia ao escritório da diretora, ela avistou Neville no corredor. Ele imediatamente girou nos calcanhares e disparou na direção oposta. Hermione o viu desaparecer na esquina e estendeu a mão para pressionar levemente o corte em seu ombro.
A gárgula começou a se mover assim que a viu. Hermione subiu as escadas e bateu de leve na porta no topo da escada.
— Entre — a voz nítida de McGonagall a chamou.
Hermione ergueu o queixo e abriu a porta.
McGonagall ergueu os olhos e acenou para que ela avançasse.
— Srta. Granger, por favor, sente-se. Eu esperava te ver hoje.
Hermione se sentou na ponta de uma cadeira e agarrou a bainha das mangas.
— Diretora, eu queria me desculpar pela explosão no Salão Principal essa manhã.
O canto da boca de McGonagall se contraiu.
— Bem, eu previ várias explosões após sua apresentação; se você limitar a uma, terei poucas reclamações.
Hermione sentiu seu rosto esquentar.
— Bem, essa é... na verdade a principal razão pela qual eu queria falar com você. Draco e eu conversamos sobre isso e nós... queremos fazer uma vínculo de almas na próxima semana. Eu sei que é breve, especialmente considerando nossa história, mas... eu... eu não tenho certeza se meus hormônios vão me dar muito mais tempo para avaliar as opções.
A expressão de McGonagall era indecifrável.
Hermione engoliu em seco e se apressou.
— Não quero que você pense que essa é uma escolha que fiz de maneira descuidada ou irresponsável. Tenho pensado muito sobre isso e elaborado algumas pesquisas durante as últimas semanas para que você possa dar uma olhada... — ela enfiou a mão na bolsa de contas e, depois de remexer um pouco, tirou dois braços cheios de rolos grossos bem enrolados. Ela colocou todos eles em uma pilha na mesa de McGonagall e os endireitou nervosamente.
— Posso entender que pode haver reservas sobre isso. No entanto, acredito que, com base em minha análise, que Draco e eu temos um relacionamento legítimo e não apenas biológico. — Ela olhou para cima, tentando avaliar a reação de McGonagall. — Em minha pesquisa, tentei controlar as preconcepções tanto quanto possível. Claro, eu percebo que, como um dos assuntos em questão, minha interpretação não é objetiva, mas eu trabalhei para explicar isso tanto quanto possível e Ginny revisou tudo. Eu gostaria que fosse revisado por magi-biólogos com conhecimentos mais extensos da dinâmica do Alfa-Ômega, no entanto, dado que estou desvinculada, há muito poucos precedentes sobre como minha pesquisa seria protegida como um sujeito Ômega.
Ela engoliu em seco e se recostoue, torcendo a manga e correndo os polegares sobre as glândulas dos pulsos enquanto tentava ficar parada.
— Estou preocupada, com base na forma como meus hormônios têm aumentado recentemente e na forma como Draco teve um recentemente um surto de crescimento secundário, que atrasar o vínculo de almas até março ou junho possa ter consequências negativas para nós a longo prazo.
Ela parou e esperou pela reação de McGonagall.
— Você é adulta, Srta. Granger — McGonagall disse, examinando a montanha de pergaminhos entre eles. — Não precisa da minha permissão para fazer um vínculo de almas.
Hermione ficou inquieta.
— Eu sei. Mas gostaria de sua aprovação, porque quero que fique registrado que essa foi uma decisão que tomei. Eu não quero que o Ministério acuse Draco de fazer um vínculo de almas comigo sem permissão ou tentar penalizá-lo por isso se e quando minha apresentação for descoberta.
McGonagall arqueou uma sobrancelha e deu um breve aceno de cabeça.
— Estou aliviada em saber que você pensou muito sobre isso. Eu pretendia conversar com você sobre seus planos essa semana, a fim de planejar de acordo.
Hermione sentiu as cavidades de suas bochechas corarem.
— Eu deveria ter vindo antes, mas estava preocupada que minhas conclusões pudessem ser erradas devido aos viés pessoais ou que meus níveis hormonais pudessem estar afetando meu julgamento. No entanto, Ginny concordou que atrasar está interferindo no processo natural de vínculo e tem riscos.
McGonagall inclinou a cabeça para o lado e pressionou os dedos contra a têmpora enquanto erguia os olhos dos pergaminhos de análise de Hermione.
— Estou inclinada a concordar. A situação entre você e o Sr. Malfoy tem sido pouco convencional, para dizer o mínimo. — Ela olhou para Hermione. — Você pretende informar a seus amigos sobre essa decisão com antecedência? Você recebeu notícias recentes sobre seus pais?
Hermione apertou os lábios.
— Eu acho que deveria escrever uma carta à Harry e Rony, mas eu preferiria que eles descobrissem quando não puderem... interferir. Se entrarmos em uma briga sobre isso com minha magia elevada do jeito que está, algo pode... explodir. Quanto aos meus pais, eles... suas memórias estão voltando, mas eles atualmente acreditam que tenho oito anos, então não acho que eles devam ser avisados até que eu possa deixar Hogwarts e visitá-los.
— O Sr. Malfoy pretende informar aos pais dele?
A boca de Hermione se contraiu.
— Eu acho que a mãe dele está desconfiada, se é que não está ciente. Não acredito que ele tenha tido contato com o pai desde que voltou para a escola.
McGonagall assentiu.
— Bem, ele é um adulto também. Vou tentar organizar tudo. Estou assumindo que você ainda vai querer uma poção anticoncepcional?
— Sim — Hermione disse com firmeza. Ela se levantou e hesitou: — Quer dar uma olhada na minha análise?
O canto da boca de McGonagall se contraiu e ela olhou para os pergaminhos novamente.
— Se você está convencida, Srta. Granger, tenho certeza de que a conclusão é válida.
Hermione sentiu seu rosto ficar quente, juntou os pergaminhos e os enfiou de volta em sua bolsa.
— Certo. Bem. Tudo bem, então. Obrigada, diretora.
Hermione voltou para o quarto e encontrou uma enorme árvore de Natal no meio dele. Havia canções de Natal tocando em um gramofone. Draco estava parado ao lado de uma grande caixa que passava de seus joelhos e estava amarrada com uma grande fita verde.
— Parece que vamos comemorar o Natal hoje — ele disse ao vê-la.
Ela deu a ele um pequeno sorriso enquanto jogava a bolsa no sofá.
— McGonagall está bem com nosso vínculo.
Draco ergueu uma sobrancelha e bufou.
—Isso dificilmente é da conta dela.
— Bem. Ela é a diretora e está supervisionando sua condicional enquanto você está aqui, então acho importante que ela considere isso uma escolha responsável e não apenas nossa biologia nos guiando.
A boca de Draco se contraiu quando ele deu de ombros.
— Certo. Bem, contanto que você não esteja esperando que Potter e Weasley fiquem bem com isso também.
Hermione balançou a cabeça.
— Eu direi a eles depois, para que não tenham escolha a não ser aceitar. — Ela puxou as vestes de Draco até ele se inclinar em sua direção e esfregar seus narizes. — Você não vai sair dessa, Draco Malfoy. Você disse que me morderia de novo, eu vou te cobrar.
Draco bufou e recuou.
—Eu disse desde o início que queria te morder. Isso não é algo que tenha mudado em algum momento para mim.
Os olhos dela caíram.
— Eu sei. Intuitivamente eu realmente... quanto mais eu queria, mais temia que isso significasse que tudo era falso. Eu deveria ter te pedido que me mordesse quando começamos a namorar. Eu me sinto muito melhor agora, sentia que metade da minha energia mental ultimamente estava obcecada em querer isso e tentando me conter.
— Eu queria que você tivesse certeza. Não queria que você sentisse que não tinha uma escolha.
Os dedos de Draco roçaram levemente o lado esquerdo do pescoço dela e seus olhos ficaram um pouco culpados quando ele olhou para ela.
Hermione pegou a mão dele e a segurou ali. O calor de sua mão penetrou tanto que ela estremeceu.
— Foi uma escolha. Você sempre foi quem eu escolhi, Draco. Agora... me dê meu presente de Natal.
Draco se enrijeceu e deu a ela um olhar avaliador, seus olhos brilhando divertidos. — Mandona.
Ela ergueu o queixo e lhe deu um sorriso atrevido.
— Muito. Como você acha que mantive Harry e Rony vivos por sete anos?
Ele balançou a cabeça e riu.
— Talvez você seja o Alfa.
Hermione bufou quando ele se virou para olhar a caixa ao lado deles.
— Certo, presente de Natal. Eu tenho que dizer, você é um pesadelo para dar presentes.
Hermione revirou os olhos.
— Eu sou a pessoa mais fácil de se presentear. Tudo o que você precisa fazer é me dar um livro que não seja sobre Adivinhação ou Quadribol.
Draco fez uma careta e balançou a cabeça.
— Certo. Dar a você um livro não seria nada previsível.
— Então... você me deu uma caixa de livros? — Ela tentou não se contorcer de excitação com o pensamento enquanto olhava a caixa ao lado de Draco.
Draco bufou e se ergueu, de forma que pairava sobre ela.
— Eu não comprei um livro para você.
— Oh ...
Seu coração afundou ligeiramente. Ela não conseguia pensar em mais nada que quisesse tanto quanto uma caixa de livros. Ela empurrou a decepção de lado. Estava decidida a ficar animada com o que quer que ele tivesse comprado para ela.
— Na verdade, seu presente não é tão grande quanto essa caixa parece. — Draco a empurrou em sua direção com o pé.
Hermione caiu de joelhos, puxou a fita amarrada em torno dela e levantou a tampa. Dentro da caixa havia dezenas e dezenas de caixas longas e estreitas.
Hermione olhou incrédula.
— Eu odeio aquela varinha que você usa — Draco disse enquanto ela continuava olhando. — Eu odeio. Sempre que vejo isso, penso em você na minha sala e odeio que você esteja presa com uma varinha que te torturou. Eu sei que você a odeia, apesar de alegar que está tudo bem. O fato de você não possuir a fidelidade dela está impactando sua magia; é por isso que seus feitiços de aquecimento se desgastam tão rapidamente e prejudica seus feitiços em várias de suas classes. Eu compartilho aulas com você há anos e nunca te vi lutar para lançar um feitiço até este ano.
As mãos de Hermione começaram a tremer enquanto ela agarrava as laterais da caixa e continuava olhando para as caixas de varinhas dentro.
Draco se ajoelhou ao lado dela e tocou levemente sua mão.
— Você deve ter uma varinha que funcione; você merece estar neste mundo mais do que ninguém.
— Draco... — Ela conseguiu engasgar o nome dele, sentindo-se muito sobrecarregada e atordoada para dizer qualquer outra coisa.
— A falta de varinhas não é um problema neste momento. Escrevi a Olivaras perguntando se havia alguma maneira de obter uma varinha sem ir à loja. Infelizmente, ele não estava interessado em negociar comigo.
Hermione olhou para cima e Draco lhe deu um sorriso fraco e pegou uma das caixas.
— Escrevi para ele novamente e expliquei que não estava perguntando para mim. Eu estava perguntando porque alguém que eu conhecia havia perdido a varinha dela durante a guerra e, devido a circunstâncias particulares, não era seguro para ela visitar sua loja e comprar uma nova varinha e eu estava preocupado que algum dia alguém pudesse tentar machucá-la e a porra da varinha que ela tinha não funcionaria, embora ela fosse uma das bruxas mais brilhantes que eu já conheci.
Ele puxou a tampa da caixa e a inclinou em sua direção.
— Eu tive que esperar alguns dias, mas então Olivaras escreveu de volta e disse que "a varinha escolhe a bruxa" e me pediu para lhe dizer que tipo de bruxa você é.
Ele deu uma risada baixa.
— Eu escrevi... um ensaio em resposta, contendo cada coisa sobre você que pensei que poderia ser uma referência útil. Acabou tendo cerca de sessenta centímetros de comprimento e isso porque deixei de fora todas as partes de como você é sexy. — Seu sorriso se transformou em um sorriso malicioso. — Olivaras enviou esta caixa de varinhas e me disse para testá-las e que, se nenhuma delas funcionasse, eu deveria enviar todas de volta e ele enviaria outra caixa.
— Draco... — Hermione mal conseguia respirar. — Este... — Sua garganta fechou, e ela deu um pequeno soluço. — Meu Deus, eu nem sei o que dizer.
Ele apertou a caixa que estava estendendo para ela.
— Não diga nada ainda, não sei se alguma dessas vai funcionar para você. Posso ter feito um trabalho péssimo te descrevendo.
Ela deu uma risada incrédula.
— Eu nem pensei em perguntar a Olivaras se seria possível enviar varinhas para cá.
Ele sorriu novamente e acenou com a mão preguiçosamente como se estivesse se curvando.
— Você não é tão presunçosa quanto os Malfoys.
Ela deu uma risada sufocada. Suas mãos tremiam ligeiramente de excitação. Uma longa varinha de madeira cinza estava na caixa.
Ela a pegou e acenou com a varinha. Um enfeite na árvore explodiu.
Ela encolheu os ombros.
— Bem, não essa.
Ela a colocou de volta na caixa e puxou outra varinha. Era de madeira de videira com núcleo de coração de dragão, como sua primeira varinha.
— Eu odeio a varinha de Bellatrix — ela disse enquanto acenava com a varinha de madeira de videira. A reação foi nula; ela a colocou de volta na caixa. — Pensei que seria capaz de visitar o Beco Diagonal durante a primeira visita a Hogsmeade este ano... mas depois que eu me apresentei, não poderia deixar o terreno do castelo, então desisti da ideia de conseguir uma nova até ... bem, até que eu pudesse sair.
Ela tentou uma varinha após a outra, até que estava no meio da caixa e Draco começava a parecer um pouco preocupado.
Ela puxou a tampa de outra caixa e encontrou uma longa varinha preta. Seus dedos formigaram quando ela a pegou e balançou. Houve uma explosão de luz da ponta que disparou e então se transformou em centenas de pequenas luzes brilhantes que caíram sobre ela e Draco como neve.
Ela olhou para a varinha em sua mão por vários segundos.
— Quase me esqueci de como pode ser fácil.
Draco inclinou a caixa e leu o rótulo.
— Ébano com coração de dragão, doze polegadas.
O canto de sua boca se curvou enquanto ela o estudava.
— Não é mais meu mês de nascimento.
— Ébano escolhe aqueles que se apegam às suas crenças, não importa a pressão externa — Draco disse em voz baixa. — Isso soa um pouco como você.
Hermione sorriu e olhou para ele, segurando a varinha com mais força.
— Acho que você me descreveu bem. Obrigada, Draco.
Ele lhe deu um sorriso irônico.
— Fiquei um pouco preocupado durante alguns minutos.
Ela sacudiu sua varinha e conjurou um pequeno bando de canários que voou em volta de suas cabeças.
Ela se aconchegou mais perto dele e encostou a cabeça em seu ombro.
— Eu não fui capaz de fazer esse feitiço desde que perdi minha varinha. Costumava encantá-los para cantar para mim quando estava triste.
Eles ficaram sentados olhando para os pássaros por um minuto antes de Draco estremecer.
— Então... eu menti.
Hermione olhou para ele.
— Eu comprei um livro para você — disse ele. — Estava paranóico que Olivaras recusasse ou que nenhuma das varinhas funcionasse. Então, eu tenho um livro para você como meu plano reserva. — Ele enfiou a mão na bolsa e tirou outro presente. — Feliz Natal, Hermione.
Hermione tentou pegá-lo, mas suas orelhas se esquentaram.
— Draco, você não precisava me dar dois presentes. Uma varinha é mais do que suficiente. Eu nem comprei nada para você.
Ele arqueou uma sobrancelha.
— Você subverteu um decreto da Suprema Corte para me dar um presente de Natal.
Ela sorriu para si mesma.
— Foi um presente muito bom, não foi?
Draco deu um beijo no topo da cabeça dela.
— Foi o melhor presente que já ganhei na vida... depois de você me pedir em namoro e para fazer um vínculo de almas com você.
Hermione olhou para baixo. Suas bochechas estavam começando a ficar doloridas com a quantidade de sorrisos que ela dera naquele dia.
Ela desembrulhou seu presente e encontrou um livro não-encadernado, embrulhado em couro.
"Hogwarts: Uma História" estava gravada na capa.
Draco passou a mão pelo couro.
— Esse é o manuscrito original de Bathilda Bagshot para Hogwarts: Uma História. A editora o leiloou para divulgar a edição atualizada que sairá nesta primavera. A mãe de Blaise conhecia alguém que conhecia alguém e eu consegui isso para você.
Hermione se sentia quase sem palavras.
— Draco... isso deve ter custado...
— A razão para eu tê-lo comprado para você foi porque tem um capítulo adicional que achei que você poderia ficar interessada. No manuscrito original de Batilda, há um capítulo sobre o uso do trabalho dos elfos domésticos para administrar Hogwarts que foi omitido por seus editores por ser considerado muito político. Eu pensei, com base nas contribuições dos elfos domésticos durante a guerra e na republicação do memorial de Hogwarts: Uma História, que você poderia usá-lo para promover uma reforma legal para os elfos domésticos, caso acabe trabalhando no Departamento de Criaturas mágicas. Você mencionou que esse era o principal motivo pelo qual queria trabalhar nesse departamento.
Hermione olhou para o livro durante um minuto em silêncio, seus dedos segurando as bordas do couro.
— Draco... — Ela virou a cabeça para olhar para ele. — Eu nem tenho palavras. Deus, eu amo você.