12 dias até minha morte

Od faehrin

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Você já imaginou saber o dia de sua própria morte? É assim que começa a história de Lucas: um garoto de 16 an... Více

Prólogo
Dia 1
Dia 2
Dia 3
Dia 3.5
Dia 4
Dia 5 ou algo assim
Dia 6
Domingo a noite.
Dia 7
Dia 7, noite.
Dia 9
Dia 10
Dia 11.
Dia 12.
Dia 13.

Dia 8

89 6 47
Od faehrin

BOOM DIA, DIÁRIO!

São 06:21 da manhã, e eu sei que não dormi nadinha de nada mas...

NÃO TEM COMO NÃO ESTAR ANIMADO!

Depois de três, quatro dias desanimado e acordando totalmente acabado, hoje é definitivamente especial!

No final, tudo se resolveu do jeito mais incrível possível!

Bem, não se resolveu completamente, claro, mas eu fico muito mais tranquilo com a situação atual!

Ainda tem algumas coisinhas aqui e acolá que eu e a Let temos de resolver juntos (fiz questão de escrever juntos, meu Deus estou surtando), mas isso vai se resolvendo ao longo dos...

Dos dias?

Faltam só...
Quatro dias?

Espera, eu pensei que ainda tinha mais tempo! Como esses oito dias se passaram tão rápido?

Eu sequer consegui fazer mais de duas ou três coisas realmente memoráveis com a Let. Nem no cinema conseguimos ir!

Ainda tem tanta coisa. Sabe, cinema, parque de diversões, andar de bicicleta juntos, um jantar romântico, piquenique no parque da cidade, comer pizza juntos em um lugar bem simples, assistir desenho animado enquanto fazemos guerra de cosquinha, segurar sua mochila na escola, ter um tempo nosso com meus pais, com os pais dela.

Sabe, viver?

Eu vou mesmo conseguir fazer isso em quatro dias apenas? Hoje a gente tem que ir à escola, que consome praticamente 70% do nosso dia, e ainda tem amanhã e sexta! Os únicos dias livres seriam no final de semana, que é exatamente quando eu vou morrer!

Merda, eu fiquei tanto tempo preocupado com outras coisas que nem reparei que o tempo continua sendo meu maior inimigo!

Ai ai, como eu odeio pensar demais nas coisas. Até dois segundos atrás estava tudo zen e tranquilo!

Tá, calma, vamos focar no que devemos focar! Concentra, Lucas, concentra!

Se eu não tenho muito tempo sobrando, o jeito é usar ao máximo o que eu ainda tenho!

Hoje eu tenho aula mas... Talvez, se eu conseguir um motivo para matar as últimas duas, três, e arrastar a Let comigo, a gente consiga ir ao cinema e depois aproveitar o resto do dia!

Pode ser que dê certo, só preciso de uma desculpa boa!

Humm...

Qual desculpa você já usou para fugir da escola, leitor? Eu to precisando de umas dicas!

A última vez não foi muito bem né, não quero sair com a testa toda machucada de novo!

Na verdade, para mim não seria tanto problema "fugir" da escola. Meus pais deixariam eu sair mais cedo numa boa, ainda mais se eu dissesse que iria sair com a Let. Eles sempre ficam igual uma torcida de futebol maluca quando eu digo algo sobre ela.

Ah, e, falando com os meus pais, lá vem eles. Já escutei uns sussurros atrás da porta. Hoje é quinta feira, por que raios eles vão fazer festa no meu quarto? Normalmente não é de segunda?

Enfim, já volto diário, vou bagunçar meu quarto com meus pais.

6:51

Como eu disse, foi uma bagunça, mas um tanto diferente do normal.

Como eu já sabia que alguma coisa iria acontecer, resolvi tentar participar da brincadeira e dar um susto neles! Eles sempre me assustam, então estava mais do que na hora de revidar!

Como meu quarto não é muuuito grande, mas também não é minúsculo, consegui me esconder dentro do banheiro (sem fechar a porta para poder dar um pulão, claro) de um jeito que eu conseguisse vê-los quando entrassem, mas eles não poderiam me ver!

Genial, né?

Enfim, entrei ali o mais rápido que consegui, joguei o diário na cama e esperei o momento certo.

Como o esperado, meu pai pulou com tudo para dentro do quarto, fazendo a algazarra de sempre:

— BOOOOOOOOOOOM DIA DORMINHOCO! — Berrou o coitado, que instantaneamente percebeu que eu não estava no quarto — — Uai! Luquinhas? Cadê tu?

Percebi que era a hora PERFEITA de assustar o coitado! Ele tinha ficado de costas para mim!

Pulei com todas as minhas forças e caí do lado dele, berrando:

— BOM DIA CABEÇUDOOO!

— CREINDEUSPAI! — Gritou, enquanto tentou pular, assustado, para frente, escorregando no meu lençol, derrubando minha luminária e caindo de bunda logo em seguida.

Comecei a rir desesperadamente, foi simplesmente hilário. Como alguém consegue ser tão desastrado (já sei de quem eu puxei)!? Sério, meu corpo todo começou a doer de tanto rir, meu pulmão já não aguentava mais puxar tanto ar!

Minha mãe, que estava na porta, ria tanto quanto eu. Olhei de relance e vi que ela estava ROXA de tanto dar risada! Mais um pouquinho e a coitada ia desmaiar!

— Muito engraçado, muito engraçado! — Contestava meu pai, que também ria envergonhado — Acordou cedo hein baixinho.

Acariciou meu cabelo enquanto eu me acalmava das risadas. Olha, se meu humor tivesse dado uma queda depois de lembrar do meu tempo, ele tinha conseguido melhorar tudo!

— Você tinha que ter visto essa cena — disse minha mãe, ainda recuperando o fôlego — Como consegue ser tão desastrado?

— Hunf, foi só um sustinho! E vocês dois, nem para perguntarem se eu estou bem né! — contestou meu pai, emburrado, enquanto passava a mão nas costas e na testa.

— Aí aí, você está bem pai? — Disse, brincando, enquanto olhava para minha mãe rindo.

— Não, não estou. Minha moral está abalada! — Exclamou, enquanto saia do quarto de cara amarrada e braços cruzados — Venham comer vocês dois, tenho que trabalhar! Seus chatos!

Ainda entre risadas, catei meu diário (vocês), um lápis, um par de meia e fui saltitando em direção à cozinha, junto com minha mãe.

— Tá animadinho hoje hein! O quê aconteceu? — Perguntou, me olhando com olhos desconfiados.

Conhecendo ela, eu tenho certeza que ela já sabia que era sobre a Letícia. Mães têm um poder sobrenatural de saber de tudo da sua vida, antes mesmo de você dizer a elas!

— Ah, sabe como é, acho que dormi bem! — Menti, testando as habilidades de dedução da minha mãe.

Olhei para ela como se estivesse falando a verdade, e recebi a encarada mais desconfiada que qualquer ser humano poderia ter recebido desde o início dos tempos.

— Uhum! Dormiu bem sim... — Disse baixinho, quase sussurrando, enquanto parava de caminhar e me observava de cima a baixo.

Tenho que admitir uma coisa: eu nunca senti medo da minha mãe. Claro, ela nunca tinha me batido ou algo do tipo, apenas tinha dado aquelas broncas mais ou menos, sabe?

Então, nunca tive motivo para ter medo dela, afinal, eu sabia que ela nunca faria nada de mais, além de um leve "para com isso seu bobo!".

Mas vou ser sincero.

Tenta esconder uma namoradinha de uma mãe fofoqueira.

Enquanto ela me encarava com aqueles olhos verdes escuros desconfiados, quase descobrindo os segredos mais profundos guardados na minha alma, a aura do corredor todo ia mudando. Nunca pensei que tinha como sentir pressão e medo só num olhar, mas naquele momento passava a sensação de que tudo que eu pensava estava sendo lido com aqueles olhos julgadores.

— Ahh entendi! É a Letícia? — Disse minha mãe, de forma EXTREMAMENTE carinhosa, passando a mão no meu cabelo e mudando seu olhar — Ela é uma boa garota, faz sentido você ser tão bobo por ela.

COMO É QUE É?!

Cara, eu nunca vou entender essa magia materna. Sério mesmo.

— Mas, como que... Como que você? — Questionei, gaguejando impressionado com sua habilidade de dedução (ou de fuçar em tudo que pode).

— Deixa 'pra' lá vai! Vamos comer antes que você se atrase! — Exclamou, me dando "empurrõezinhos", me fazendo apressar o passo.

— Tá, tá! Só não empurra que eu vou acabar caindo igual o Papai! — Me defendi, dando alguns passos rápidos à frente, tentando ficar fora do alcance dela, enquanto dava risadas e mostrava a língua.

Chegando à mesa de café, que estava praticamente toda posta, com exceção da xícara de café escrita "beSt Dad" com a logo do Superman, a preferida do meu pai, sentei no mesmo lugar de sempre e...

Inclusive, agora me veio uma pergunta:

Vocês também têm uma cadeira definida na mesa? Tipo, ninguém mais tem o DIREITO de sentar alí, além de você?

Eu considero crime de guerra caso a pessoa sente no MEU lugar na mesa! Fala sério, tem "meu" no nome por um motivo, certo?

Enfim de volta ao tópico central:

Sentei no mesmo lugar de sempre, apanhei a xícara mais próxima, me servi de café e dei a primeira mordida em um waffle enorme.

Enquanto me deliciava pelo waffle e ouvia uma conversa dos meus pais sobre "pinguins em extinção", resolvi atualizar tudo que conseguia no diário, para, sabe, não deixar muita coisa para mais tarde.

E, bem... Aqui estamos!

Aliás, aproveitei esses poucos, mas longos, minutos que estou tendo livre para escrever algumas coisinhas, seria um tipo de "lista" do que posso fazer hoje, para tentar tornar o dia da Let inesquecível!

Vamos lá:

* Tentar fugir com a Let para ir ao cinema, parque, andar de bicicleta e/ou correr na chuva (Essa última opção é algo mais simbólico, porque duvido MUITO que vá chover hoje, então pensei de só ligar uma mangueira e correr em volta dela);

* Perguntar sobre o que rolou com ela e com a Sofia (Isso é mais curiosidade mesmo, vamos ser sinceros, vocês também estão curiosos);

* Marcar alguma coisa especial para sexta— feira (hehehe);

* Evitar qualquer contato visual com o Gabriel, não quero apanhar por ser irresistível!

E...

É isso, acho que é tudo!

Ah, deveria ter "estudar" ou coisas do tipo, né?

Pois é, além de irresistível, eu sou irresponsável, quem precisa estudar?

Ah, e tem o fato de que eu vou morrer né? Será que o Enem, vai fazer vestibular de dia dos finados?

Enfim, já está quase na hora da aula e nesses últimos dias eu pretendo utilizar de 100% das horas disponíveis, já que, né, elas vão acabar logo...

01:21 da madrugada

MEU DEUS O QUE FORAM AS ÚLTIMAS 14 HORAS EU NÃO SEI NEM POR ONDE COMEÇAR!

DIÁRIO DO CÉU, ACONTECEU MUITA COISA!!!!

Tá, vamos lá, deixa eu tentar explicar tudo!! Caramba foi tanta coisa! Cada segundinho que eu lembro agora parece mais e mais lindo EU TO SURTANDO!

Respira! Vamos lá!

Caro leitor, eu tenho certeza que você tem muitas dúvidas na sua cabeça agora!

E, sim, eu passei o dia inteiro sem conseguir escrever o quê estava rolando, então só tive essa oportunidade agora, UMA DA MANHÃ!

Para vocês terem ideia!

Humm, por onde eu começo? Ah, beleza!

No momento em que terminei de escrever "elas vão acabar logo" (inclusive, que frase triste né? Devia ter posto uma piada no final, em algum momento eu faço isso), a campainha começou a tocar freneticamente, como se alguém tentasse explodir!

Meu pai tem uma certa sensibilidade com sons meio agudos ou altos, então logo abaixou a cabeça, forçou as pálpebras nos olhos e levou as duas mãos nas orelhas, berrando:

— Quem diabos aparece essa hora na frente de casa 'pra' socar a campainha????

— Aí como você é dramático! — Exclamou minha mãe, que não tinha sensibilidade alguma com sons altos ou agudos (inclusive, nem tem como ela ser sensível a isso, ela ronca parecendo que está sufocada com uma clarineta!) — JÁ VAI, JÁ VAI! — Berrava, mas a pessoa na porta parecia ignorar, continuando a socar a bendita campainha.

Minha mãe olhou para mim, olhou para meu pai, respirou, e disse:

— Vai lá atender Lucas, deve ser cobranca! Diz que eu não tô em casa!!

Tudo bem que ela tinha acabado de berrar igual uma doida para seja lá quem estivesse na porta, mas tudo bem né, fazer o quê?

Levantei acompanhado de "ding's dong's" e fui correndo até a porta, já não suportava mais aquele negócio apitando no meu ouvido! Sério, quem ainda tem campainha no século 21??

Abri a porta de vez, calibrando o maior berro possível:

— MEU DEUS NÃO DÁ PRA APERTAR SÓ UMA V... Oie Letícia!!!!

MEU DEUS QUE VERGONHA EU SENTI!!!

Eu simplesmente abri a porta na maior força que eu poderia, respirei o mais fundo que podia e BERREI COM A MULHER DA MINHA VIDA!!!!

Cara eu nem sei descrever a vontade que eu tive de enfiar minha cara no chão naquele momento.

— Bom dia estressadinho! Vocês demoram pra caramba pra atender a porta hein? Ave maria! Exclamou, sorrindo. Meu deus que sorriso bonito...

Onde eu estava mesmo? Ah, calma.

— Estressadinho não! Estressada é a doida que estava apertando a campainha como se fosse botão de jogo de videogame! 'Cê' quase matou meu pai viu... — Brinquei, retribuindo o sorriso e flertando com os olhos.

Pera, acabei de lembrar, eu FLERTEI com os olhos?????

Eu nem sabia que eu conseguia fazer isso! Será que ficou estranho para ela na hora? Será que eu, sei lá, a encarei até o fundo da alma ou coisa do tipo? Aí Deus...

Ela retribuiu com um sorriso meio bobo e arrumou o cabelo para trás da orelha... Será que isso significa que ela se sentiu desconfortável ou algo do tipo? Eu devia ter pensado nisso na hora, droga!

Aí, vou parar de pensar antes que comece a ficar neurótico...

— Ah, deixa de ser exagerado vá! — Brincou, me dando um empurrãozinho — Então, eu sei que tá cedo 'pra' vir aqui mas...

— É verdade, agora que eu reparei! — interrompi, percebendo que ela estava na porta da minha casa às 6 da manhã — Eu achei que seu cérebro só funcionava de tarde, e olhe lá!

— Durrr, se lascar ó! — Riu enquanto arrumava os cabelos, de novo — Mas então, eu queria falar com seus pais! Posso?

Falar com meus pais?

Na hora, não fez nem um pouco de sentido.

Sério, pensem comigo: o quê raios levaria minha "crush" (meu deus, não acredito que usei esse termo) a aparecer na porta da minha casa às 6 da manhã desta quarta-feira?

Não demorou muito para pensar que só havia um motivo:

Ela contaria aos meus pais sobre minha morte.

(Sendo sincero, agora, no "futuro", até que eu consigo pensar em outras alternativas para ela aparecer por lá, mas minha neurose diária acabou me prendendo à este pensamento burro)

Nessa hora, todos os pelos do meu corpo arrepiaram, e senti um frio na espinha, como se estivesse prestes a congelar.

Olha, até o momento eu ainda considero um erro ter comentado que vou morrer para a Let, mas foi um tanto quanto necessário, considerando as circunstâncias e que foi uma "explosão" de sentimentos que eu estava precisando.

CONTUDO, contar para os meus pais?

Contar para meus pais que o único filho deles, a única coisa que eles entregam a vida (é sério, eu sou muito privilegiado em questão parental. Mesmo sendo mais fechado antes da Let, eles nunca desistiram de mim, e sempre entendiam que eu não queria ou podia conversar em certos momentos), vai simplesmente MORRER em quatro dias, e eles não conseguem fazer nada para impedir? E outra, às seis da manhã?

Eu vejo minha morte de uma forma diferente. Tenho certeza que cada um vê a morte de forma diferente. É algo único, individual.

Mas a morte de um filho?

Eu sei que vou sofrer no dia que morrer. E nem mesmo por como eu vou morrer, seja lá como for, mas porque eu não tenho escolhas. Eu vou sofrer, e não tem muita coisa que possa fazer, a não ser garantir que todos tenham uma memória confortável de mim.

Mas, olha, eu me sinto desconfortável só de imaginar como meus pais vão ficar. Sofrer não é a palavra certa para o que acho que eles hão de sentir, e nem sei se tem alguma palavra que consiga descrever. Ninguém deveria enterrar o próprio filho.

Com tudo isso na minha cabeça, apenas dois segundos tinham se passado. Quando voltei a reparar no mundo, percebi que estava encarando Letícia de um jeito bem estranho, então balancei a cabeça, sorrindo disfarçadamente, e começando:

–Ãhn, f-falar com meus pais? Sério, não tinha outro momento para conhecer a sogra? — brinquei, tentando evitar mostrar nervosismo ou qualquer outro sentimento confuso. Não sei, eu estava apenas agindo no desespero.

— Para de graça vai! É sério, eu preciso conversar com eles, posso entrar rapidinho? — Questionou, me olhando de um jeito muito meigo, com os olhos bem abertos e um sorrisinho de lado, acompanhados de alguns fios de cabelo que caíam nos olhos.

Ok! Não tinha tempo para pensar! O que eu poderia fazer para evitar que ela entrasse, até arranjar alguma desculpa boa para evitar qualquer coisa?

— Minha mãe ta peladona! — defendi, sem nem pensar no que estava dizendo.

— Que?

— É, ela tá sem roupa! Acabou de sair do banho, tá pelada sem roupa zero totalmente desnuda!!

— Tá maluquinho Lucas? Ela tá bem atrás de você!

Cara, eu só poderia estar em algum filme de comédia romântica. Sério roteirista, você é muito clichê!!!

Olhei para trás bem devagar, imaginando que não tinha nada mais engraçadinho que o universo.

E lá estava ela, bem vestida, com uma panqueca na mão, me encarando com a sobrancelha levantada, como quem diz:

— Peladona? Tá de sacanagem, Lucas? — Questionou, me olhando de maneira furiosa. Como eu ia explicar aquilo depois, meu pai do céu?

— Ah, oi Tia S! Bom dia! — Cumprimentou Let, com um olhar dócil, dando um "tchauzinho" com a mão direita.

Aliás, esqueci de comentar isso aqui!

Eu não pretendo, em momento algum, colocar o nome dos meus pais por aqui. Sabe, caso você, leitor, não seja a Letícia ou alguém que eu conheça, tenho certeza que você já tem informação suficiente para encontrar onde moro e tudo mais!

Claro, por mim, não tem problema saber dessas coisas, mas depois que eu morrer, quem sabe quantas pessoas vão querer conversar com meus pais?

Então, prefiro poupá-los dessas perguntas e tudo mais, sabe? Não acho que eles vão estar muito afim de encontrar gente perguntando sobre o filho morto.

Enfim, voltando ao assunto: lascou!

Sinceramente, nem sei como descrever a cena que vem agora, e o tão estúpido que eu me senti no momento:

— Bom dia Letícia! Como vão seus pais? O que te traz aqui tão cedo querida? — respondeu minha mãe, que parecia ter perdido o foco sobre o "peladona".

— Eles vão bem, obrigado! Então tia, eu queria perguntar uma coisa pra você!

Hum? Isso estava ficando meio diferente...

— O Lucas pode matar aula comigo hoje? A gente tava a fim de ir ao cinema e não sei se vai dar no fim de semana...

(Admito, na hora, fiquei de queixo caído. Primeiro porque não esperava ela ser tão direta, e, segundo, eu devia ter imaginado que poderia ser outra coisa além dela chegar contando tudo pros meus pais né? Aí que burrice...)

Olhei para baixo, para cima, para um lado, para o outro, respirei, fechei os olhos e: QUE?

— Ah, claro Letícia! Eu e o pai dele fazíamos isso o tempo todo, não vejo muito problema! Seus pais sabem disso?

— Bem, eles sabem. Ter concordado é outra história... — balbuciou Letícia, olhando para baixo, com um rosto meio irritado.

Minha mãe sorriu, soltando um riso tímido, enquanto sussurrou algo como "esse Lucas" ou "Mousse de Lucas".

— Bom, se você não disser para ela que eu deixei, então tudo bem! Só não quero problemas! — Exclamou, enquanto mordia mais um pedaço de sua panqueca.

— Muito obrigado Tia!! Te compro um chocolate para agradecer! — Prometeu Letícia, que pulava, ansiosa, com os dois pés, enquanto balançava os braços.

Ainda sem entender bem, apenas olhei para minha mãe, que já parecia mais calma em relação ao peladona, e fiz algo que sempre funciona para qualquer situação: um joinha. Assim, ela contribuiu com um outro joinha, enquanto fechava a porta da frente, com um rosto meio envergonhado.

— Cara, isso foi muito estranho. — comentei, quando a porta já estava fechada — Você podia ter avisado que íamos sair né? Já estou até arrumado para a escola!

— Ah, para vai! Eu sei que você ama surpresas... — Observou, enquanto levava sua mão à minha.

— Hum, tá bom. — Aceitei, sabendo que ela tinha um ótimo argumento: eu realmente amo surpresas — E então, para onde vamos?

– Só fica quieto e me segue! — Segurou minha mão com força, e me puxou com tudo que podia, descendo a rua.

Engraçado, eu comecei este diário como uma forma de "memorial" sobre tudo que iria fazer para agradar a Let nesses últimos dias. E, naquele momento, era ela quem estava organizando alguma coisa para nós. Uau.

Descemos a rua, viramos uma esquina aqui, outra ali, continuamos andando mais um pouco até chegarmos próximo ao lugar que ela queria me levar: o bosque da cidade!

Onde eu moro tem vários lugares abertos e com contato da natureza, como o parque da cidade, a mini floresta, alguns parques aqui e ali espalhados dentro das quadras, mas o bosque era especialmente bonito por um motivo: Tinha um laguinho cheio de patinhos mais para o centro, junto com algumas árvores que davam flores lindas nessa época do ano. Além disso, era um ótimo lugar para um encontro.

Admito, na metade do caminho, eu já havia descoberto que estávamos indo lá (afinal, moro nessa cidade também né), mas quis fingir que não tinha nenhuma ideia. Vamos ser sinceros, é chato quando alguém já sabe a surpresa que você vai fazer.

Além disso, ela também estava super animada com tudo aquilo. Pulava igual um coelhinho enquanto falava rapidamente tudo que vinha na cabeça. Era muito, mas muito fofo.

— Fiquei um 'tempãaaoo' preparando isso! Tenho certeza que você vai amar! — Exclamava, toda entusiasmada e alegre, enquanto balançava os braços segurando minha mão.

— Ficou um tempão? Mas agora não são nem 8 horas ainda!

— Bem, eu acordei um pouco mais cedo hoje. Não consegui dormir muito bem, então quis adiantar isto aqui!

Ela não tinha dormido? Aí Deus. Será que foi pelo o quê eu disse ontem?

– Você n.. Caramba!

Juro que eu até tentei ficar preocupado ou bravo pelo fato de ela ter acordado mais cedo só para fazer uma surpresa, mas não teve jeito.

Era um piquenique!

Como eu havia dito, o lugar em si já é extremamente bonito!

As árvores cercavam o pequeno lago, oferecendo ótimas sombras aos patinhos e peixes que viviam ali, enquanto as flores, que se mostravam presentes no chão e nos galhos, decoravam o ambiente com suas diversas cores e adicionam ainda mais com sua perfeita fragrância. Tudo isso, acompanhado dos feixes de luz solar, que passavam dentre as folhas e flores, deixava o ambiente com um tom mágico! Realmente, eu tenho certeza que vivo num filme...

E além de tudo, lá estava a surpresa.

Um belo piquenique, do estilo daqueles descritos em livros, com um tom romancista e exagerado: uma toalha xadrez vermelha e branca, estendida sobre a grama verdinha, com uma cesta de vime pequena, alguns pratos plásticos espalhados, um Guaraná Antártica de 2 litros (não podia faltar a brasileirisse) e dois copos de plástico. Ah, e, é claro, um balão escrito "Happy Birthday", que por algum motivo estava ali.

— Você arrumou isso tudo sozinha?! — Questionei, olhando para trás, extremamente surpreso.

— Magina! Fui eu e meus dois brações aqui! — Brincou, enquanto mostrava os braços fazendo um "muque" e dava risadas baixas e tímidas — — Você gostou?!

— Gostar? Eu amei! Sério, eu amei demais! Mas, porque tudo isso?

— Ah, eu achei que você merecia sabe... Depois de ontem eu fiquei pensativa e... sei lá...

Olha, posso não ser um especialista, mas eu tenho quase certeza que a pergunta não deixou ela muito confortável.

Sendo visível que alguma coisa não estava certa, só havia uma coisa que eu poderia fazer para salvar a pátria:

Como ainda segurávamos as mãos, puxei-a até minha direção (um pouco nervoso, admito, cruzei os braços por sua cintura e dei-lhe o abraço mais forte que poderia. Ela devolveu o abraço de forma carinhosa, tornando os braços pelo meu pescoço.

Não sei nem como descrever a confusão de sentimentos que passavam por mim. Alegria, dúvida, bastante carinho, amor, talvez um pouco de tristeza, enfim, emoção. Por algum motivo, comecei a ficar tenso. Sentia meu coração batendo mais rápido e, por conta da proximidade, o da Let, por acaso, também acelerava. Minha respiração ficava mais forte e impaciente à medida que os poucos segundos daquele abraço se passavam. Aquela sensação de calor, que já havia sentido em momentos similares a este, voltava, como se chamas atravessassem todo meu corpo, rápidas e inquietas, pelas minhas veias.

Afastamos o rosto, ainda abraçados, muito próximos um do outro. Tirei um dos braços de sua cintura e levei a mão em direção ao seu rosto. Ela, como sempre né, estava simplesmente perfeita. Um delineado leve e não muito chamativo, mas que decorava seu rosto, acompanhava os lindos olhos castanhos, na hora mais voltados para o âmbar por conta dos feixes de luz que antes mencionei. Acariciava, com o polegar, sua bochecha, que era exageradamente fofa e macia.

Ficamos assim, nos olhando, por alguns poucos momentos, até que alguma coisa falou lá no fundo da minha cabeça:

"Beija ela"

E eu obedeci.

Tornei minha cabeça um pouco mais para o lado e comecei a aproximar meus lábios. Vendo que ela fazia o mesmo, e ainda me puxava para mais perto, fechei os olhos, esperando o primeiro contato.

Eu nunca tinha beijado, então não sabia muito bem o que deveria fazer, algo que me deixaria bem nervoso normal, mas meus instintos meio que me levaram naturalmente até essa situação.

Quando estava bem próximo, já sentindo o primeiro toque dos seus lábios, que por sinal, eram tão macios quanto suas bochechas, só uma coisa passava pela minha cabeça: Eu tinha conseguido beijar o amor da minha vida.

— QUAC QUAC QUAC!!!!

— CREINDEUSPAI!

Sério, na hora, NA HORINHA, que íamos nos beijar, um PATO APARECEU E COMEÇOU A BICAR MINHA PERNA!!! COM FORÇA!!!

Primeiro, foi só um susto, mas logo em seguida virou um pesadelo. Não sei o que aquele inferno de galinha aquática viu em mim, que começou a bicar tudo que podia, subir no meu pé, sujar meus sapatos, TUDO!

E a Letícia né, como sempre, MORRENDO DE RIR!

E não foram bicadas fracas não! Eu tive que correr em torno do laguinho várias vezes para o maldito parar de vir atrás de mim!

Foram tantas voltas que eu acho que o bicho ficou tonto e simplesmente voltou para a água como se NADA tivesse acontecido!

Eu tenho 100% de certeza que faço parte de uma comédia romântica, não é possível!!!!

É LÓGICO que, depois dessa perseguição implacável, o clima amoroso tinha acabado e nós caímos em risadas. A coitada da Let quase INFARTAR de tanto rir!

— V-você saiu correndo e o pato BERRANDO atrás de ti! Pufff — Falava, e começava a rir de novo, pela milésima vez!

— Já entendi que foi engraçado! Podemos comer por favor? — Disse, enquanto me sentava, abrindo a cesta e apanhando um bocado de bolachas.

Depois disso, ficamos conversando por mais algumas boas horas, enquanto comíamos e afugentávamos um pato aqui e acolá. Ah, e demos risadas sobre o que aconteceu mais uma quinze vezes.

Mais tarde, perto da hora do almoço, estávamos sem fome alguma e cansados de ficar ali. Então, começamos a decidir o que fazer à tarde:

— Olha, eu tenho uma ideia bacana — comentei, atirando uma pedra no meio das árvores.

— Diga — Disse Let, fazendo o mesmo.

— Que tal irmos ao cinema, a tarde todinha?! Você escolheu o que faríamos de manhã, agora é minha vez né?

— Hummm, boa escolha! O que veríamos Luquinhas? — Questionou, me olhando de jeito carinhoso, mas, estranhamente, mordendo o lábio inferior, enquanto sorria (o quê isso significa meu deus?).

— Lembra que a gente ia ver o novo Star Wars? Daquela trilogia nova?

— Lógico que eu lembro, você quase arrebentou essa sua testa imensa! Brincou, enquanto ria.

— Haha, sim, nesse dia mesmo. Que tal passar o dia no cinema? A gente vê Star Wars e depois algum outro filme que esteja passando!

— Olha, eu topo, mas da onde a gente vai arrumar dinheiro para ver dois ou mais filmes e ainda comprar pipoca e refri? Não consigo ver um filme sem uma pipoquinha e meu naná!

— Olha, eu tenho uma boa grana guardada aqui comigo, você acha que dá? — Perguntei, enquanto tirava a carteira do bolso e abria, mostrando tudo que tinha.

— Se dá? Dá e sobra! Da onde você arranjou tudo isso? — Questionou, surpresa por ver as notinhas de 20 e 10 reais acumuladas.

— Tenho meus contatos... — brinquei, enquanto levantava e arrumava tudo — 'Vambora' que não podemos enrolar demais, já são quase 14 hrs!

Eu tinha bastante dinheiro acumulado da semana toda sem comprar lanche ou almoço na escola, e agora que eu sabia que a meia entrada estava relativamente barata em relação à grana que eu tinha na hora, ia valer bastante a pena gastar tudo com ela no cinema.

Depois de organizar tudo, corremos ao cinema o mais rápido possível, compramos duas pipocas enormes e um refri de um litro para cada, e entramos na sessão das 14:20, que por sorte, estava quase vazia!

O filme em si, é bem mais ou menos, gostei bastante das cenas de cgi e tudo mais, mas sabe, não sou muito chegado em filmes de ficção. Já a Letícia, vocês tinham de ver, ela estava doidinha! Pulava na cadeira, me abraçava, chorou igual uma condenada quando o Luke morreu (spoilerrr), tanto que tive de abanar ela com as mãos depois que o filme terminou.

Em seguida, foi mais choro ainda, mas agora, de ambos. Vimos um filme chamado "Extraordinário", que, meu deus, ACABOU com a gente. Prefiro nem falar sobre, só posso dizer que desidratei muito com aquele filme!

Quando terminamos o cinema todinho, já eram praticamente 19hrs da noite. Cansados, com sono e sobrecarregados de tantas emoções, decidimos terminar o dia com a melhor coisa de todas: um belo sorvete!

— Hum, hoje foi incrível né? — Perguntou Let, enquanto enfiava um belo pedaço de sorvete de chiclete na boca.

— Incrível? Foi perfeito! Sério, você sempre faz meus dias melhores! — Exclamei, totalmente animado de lembrar de um momento específico.

Ela pareceu um pouco envergonhada com o que eu disse, mas ainda me olhava, colocando mais um pedaço enorme na boca.

— Foi sim. Você também fa...

E, antes que ela pudesse terminar a frase, uma grande presença apareceu!

Cara, o roteirista da minha vida é bem babaca...

— Oiee! Tudo bem com vocês? — Perguntou Sofia, que chegava animada ao lado da mesa.

— Ah, oi Sofia! — Exclamou Let, que, antes de virar para olhá-la, me encarou de forma beeem agressiva.

— Oie Sofia, tudo bem sim! — Exclamei, olhando, devagar e com medo do que estaria por vir, para Sofia.

— Vocês sumiram da aula hoje hein, aconteceu alguma coisa? — Perguntou, delicada, enquanto me olhava, evitando olhar para Let.

— Não, só tiramos um dia para pôr as coisas em dia. Sabe, o ano está acabando, um dia a menos não faz mal. — Disse Letícia, com um tom um pouco enfezado na voz, mas disfarçado com um rosto dócil (e talvez irônico).

Nem quis responder. Não sou maluco, a Let me matava depois. Pelo menos, é o que eu achava na hora.

— Ah, saquei! — Sussurrou, com a voz entristecida por algum motivo — Bem, eu estava só de passagem e quis cumprimentar vocês! Vão para a aula amanhã?

Olhei para a Let, que já parecia enraivecida por conta do número de perguntas, e resolvi agir por mim.

— É, sim, vamos sim. Amanhã a gente se vê.

— Beleza. Boa noite então, até amanhã! Tchau Letícia, tchau Luquinhas! — Despediu, seguindo a rua e virando à direita.

Luquinhas... Eu já tinha certeza que isso iria dar ruim para mim.

— Luquinhas é? Bom saber... — Sussurrou Letícia, enfezada.

Eu disse que ia dar ruim para mim.

— Olha, é a primeira vez que ela me chama assim. E-Eu 'num' dei essa liberdade! — Me defendi, levantando as mãos ao alto e usando um tom confuso na voz.

— Hum. Sei.

— Afinal, por que vocês duas brigaram? Eu lembro de ver vocês uma ou duas vezes juntas pela escola até uns meses atrás! — Talvez essa não tenha sido a pergunta certa.

— Aí, é complicado. Você é muito tonto mesmo! — Exclamou, colocando o maior pedaço de sorvete que eu já vi na terra dentro da boca, fazendo bico.

— Eu sou tonto? Que é que eu tenho haver com isso?!

— Aí Lucas, nada! Vamos mudar de assunto por favor?!

— Tá, foi mal...

É, perguntar sobre a Sofia ainda não é um espaço muito confortável pelo jeito. Mas eu ainda vou descobrir o que rolou, nem que eu morra tentando!

— Enfim. Eu estou pesquisando sobre esse negócio aí que você tem. Tentando, sabe, achar uma resposta. — Disse Letícia, ainda um pouco irritada, mas com a voz um tanto emotiva.

Ela pesquisou sobre isso? Para tentar... me ajudar?

— Pesquisando? Mas eu procurei por tanto quanto é lugar da internet, e não encontrei na...

— Você pesquisou errado. — Afirmou, me interrompendo — Pelo o quê você me disse, não é algo que dê para encontrar tão fácil na internet. Fui procurar na biblioteca da cidade, aquela grandona sabe?

— Tem tudo na internet! — Exclamei, irritado por não ter pensado em procurar em livros físicos — Achou alguma coisa?

–Ainda não, mas tenho uma ideia de onde procurar. Vou ver isso aman...

— Calma, você procurou por isso, que horas? Te deixei bem tarde na sua casa!

— De madrugada, lógico! E nem vem me dar bronca, eu não quero ouvir seus pitis agora. Tenho que achar um jeito de te ajudar. Ai que raiva — Lançou Let, que agora parecia nervosa, com as mãos trêmulas e os olhos focados no centro da mesa, como se estivesse imaginando alguma coisa.

Eu não sabia muito bem o que dizer, afinal, ela tinha dado tudo de si para tentar me ajudar. Aposto que sequer dormiu à noite!

Mas, ainda assim, tentei o melhor que pude para acalmá-la.

— Tudo bem, não vou brigar! Você tá cansada não? Ficou a noite toda acordada! Vem, vamos para casa.

Levantei, oferecendo-lhe a mão. Quieta, minha rainha levantou, segurou minha mão, e concordou:

— Tudo bem. Eu 'to' com sono mesmo. — Afirmou, de cabeça baixa.

Segurei sua mão com força, mas não muita para não machucá–la. Pela primeira vez, tínhamos trocado os lados. Eu estava calmo e seguro, e ela confusa. Nem sei dizer o porquê da minha segurança, sinceramente. Por algum motivo, só estava calmo. Talvez, ela estar abalada me deixou mais focado nela, e menos em mim mesmo.

Andamos pelas poucas quadras em silêncio, lado a lado. Às vezes, parava para acariciar seus cabelos e dar um leve sorriso, para atenuar a situação.

Quando finalmente chegamos à porta de sua casa, ela já aparentava estar extremamente cansada e sonolenta.

— Até amanhã, meu rei! Você tem que voltar a me chamar de rainha ou princesa viu! Eu gosto...

— Tudo bem princesinha, vou voltar. Mas ainda vou te chamar de fedorenta! — Brinquei, dando risadas leves.

Ela riu um pouco, mas parou logo, me encarando.

— Sabe, eu queria que você tivesse me beijado naquela hora. — Disse, enquanto arrumava o cabelo para trás.

Eu simplesmente travei. Senti-me corar por todo o rosto, tenho certeza que pareci um pimentão! Massageava os cabelos, nervoso, enquanto formulava as palavras certas para responder.

— A-Ah, s-sério? E-eu também queria t-ter te...

Ela se aproximou, ainda me olhando nos olhos. Sorria, de forma leve e atraente. Meu Deus, esse sorriso me deixa doidinho...

— Quem sabe amanhã a gente tenta de novo? Boa noite, Luquinhas.

Beijou-me no rosto, garantindo que iria deixar a marca de seu batom. Eu continuei travado.

— B-boa N-noite Let! — Me despedi, acenando com a mão direita, enquanto me recuperava do choque.

Ela entrou em casa, acenou de volta e fechou a porta.

Fiquei mais uns poucos segundos travado, até perceber o que tinha acontecido...

A LET QUERIA ME BEIJAR! EU, EUZINHO, MAIS NINGUEM!

YAAAAAAHUUUUUUUU!!!

Gritei de felicidade na frente da casa, pulando de um lado para o outro enquanto subia a rua. ELA DISSE QUE QUER ME BEIJAR.

BEIJAR! B E I J A R!

Eu disse que não tinha um segundo para escrever durante o dia, lembra? TA AÍ O PORQUE!!!!

Nunca estive tão feliz não sei nem o quê escrever não sei nem detalhar meu sentimento na hora, eu simplesmente não reagi eu só sei que eu to explodindo de felicidade ai meu Deus, eu AMO A LETÍCIA!

Amanhã vai ser simplesmente INCRÍVEL!

Eu estou extremamente cansado de escrever tanto (hoje foi o dia com mais coisa né? Parabéns para quem leu tudo isso!), e simplesmente morrendo de felicidade!

Quer dizer, não morrendo, morrendo. Pelo menos não ainda!

Nossa, que dia perfeito! Perfeito!

E amanhã vai ser ainda melhor!

Boa noite leitor, Boa noite Letícia! Já são quase 3 da manhã! Vou tentar dormir um pouco!

Ah, e, claro, amanhã eu pretendo dar uma pesquisada sobre essa minha coisa esquisita com a Letícia! Quem sabe ainda tenha uma solução! É melhor tentar né?

Até amanhã!

EU AMO A LETÍCIIAAAAA!!!!

Pokračovat ve čtení

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