Ocean Eyes • BNHA

By anacarolinarac

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𝐀𝐓𝐒𝐔𝐊𝐎 não tinha família. Ao menos, não uma família a qual se lembrasse. Quando tinha quatro anos, perd... More

𖤍𖡼 𝐈𝐍𝐓𝐑𝐎𝐃𝐔𝐂𝐓𝐈𝐎𝐍 𖡼𖤍
𖤍𖡼 𝐎𝐂𝐄𝐀𝐍 𝐄𝐘𝐄𝐒 𖡼𖤍
𖤍𖡼 𝐄𝐏𝐈𝐆𝐑𝐀𝐏𝐇 𖡼𖤍
𖤍𖡼↷ 𝐏𝐑𝐄𝐒𝐄𝐍𝐓𝐈𝐍𝐆: 𝐏𝐒𝐈𝐐𝐔𝐄
𖤍𖡼↷ 𝐏𝐑𝐎𝐋𝐎𝐆𝐔𝐄
𖤍𖡼↷ 𝐎𝐍𝐄
𖤍𖡼↷ 𝐓𝐖𝐎
𖤍𖡼↷ 𝐓𝐇𝐑𝐄𝐄
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𖤍𖡼↷ 𝐄𝐋𝐄𝐕𝐄𝐍
𖤍𖡼↷ 𝐓𝐖𝐄𝐋𝐕𝐄
𖤍𖡼↷ 𝐓𝐇𝐈𝐑𝐓𝐄𝐄𝐍
𖤍𖡼↷ 𝐂𝐔𝐑𝐈𝐎𝐒𝐈𝐃𝐀𝐃𝐄𝐒
𖤍𖡼↷ 𝐅𝐎𝐔𝐑𝐓𝐄𝐄𝐍
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By anacarolinarac

PESADELO

Katsuki estava visivelmente puto, mas nem por isso deixei de dizer a ele o como sua atitude tinha sido imbecil e estúpida. Ele ficou ainda mais irritado, mas eu não me importei com isso, afinal, Katsuki bem que precisava escutar umas verdades, talvez assim ele começasse a pensar antes de cometer os erros que cometia. E provavelmente ele só estava com mais vontade ainda de surtar já que tinha passado o dia inteiro com Midoriya faxinando a casa toda sozinho. O que, sinceramente, era um bem feito para ele, de verdade mesmo. Agora, Katsuki estava jogado no sofá com cara feia depois de ter terminado tudo, vendo Kirishima e Kaminari jogarem videogame já que ele estava tão puto que não conseguia fazer isso.

-Me diz o que eu perdi, Jean Grey. - ele implorou, os olhos vermelhos me olhando de soslaio. Eu apenas dei risada, batendo uma almofada contra o colo dele antes de me deitar, me largando no sofá. Katsuki resmungou, mas não me explodiu para longe dele, apesar de seu humor estar um lixo do cacete.

-Ah, bem que eu queria poder te contar, mas Aizawa sensei nos proibiu. Você entende, né? Teve umas coisas bem interessantes, uma pena mesmo eu não poder contar pra você, biribinha! - falei com cinismo e Katsuki me olhou tão torto que me fez rir mais ainda. Ele sabia muito bem que mesmo que eu não tivesse sido proibida, eu não o contaria apenas para dar uma lição de moral nele. -Vai, Katsuki, melhora essa cara de cú. Foi você que foi caçar briga com o Midoriya sabendo que iam existir consequências para suas ações. Agora aguenta o rojão, foi você que buscou por isso, não foi? - eu o olhei seriamente e Katsuki apenas fez um tsc antes de fitar a televisão, mesmo sabendo que eu não estava errada.

-Tanto faz, Atsuko. - ele reclamou, cruzando os braços na frente do peito. Eu apenas dei de ombros, não disposta a entrar em uma discussão com ele naquele momento. Minha cabeça estava doendo e eu estava morrendo de sono depois de um dia exaustivo pra caramba. Os pensamentos de todos estavam tão eufóricos e agitados que tinha feito minha mente doer por um bom tempo, mesmo que eu tivesse aprendido a controlar essa parte da minha telepatia. Agora eu só queria cinco minutos de paz e fechar os olhos por um instante que fosse.

Dormi ali mesmo, com a cabeça no colo de Bakugo enquanto ele tentava não xingar Kaminari por jogar tão mal assim ou atirar a almofada contra Kirishima quando ele fazia algum comentário idiota. Mas eu estava tão cansada que nem mesmo toda a movimentação caótica na sala foi o suficiente para me acordar.

Só fui entender depois que não foi por causa do meu cansaço que não acordei com o barulho dos meninos, mas sim porque fui puxada para tão fundo dentro de minha mente que foi quase impossível sair daquele lugar.

Meu maior erro foi ter decidido dormir.

Primeiro, veio a escuridão. E não era a do tipo reconfortante, mas sim aquela gelada que machucava os seus ossos. Eu não conseguia entender o que estava acontecendo naquele sonho enquanto eu andava pela escuridão, meus pés em contato com uma água gelada que só crescia mais e mais, me deixando um tanto desesperada.

Não tinha saída. Era como a cela blindada dentro da mente de Dabi, mas não tão aterrorizante. Era mais como um terror psicológico com aquela sensação de algo fora do lugar prestes para te dar o bote quando você menos espera. O pior era que quanto mais eu andava em busca de uma luz que fosse, mais percebia que não existia final.

Então eu vi chamas azuis.

Elas cresceram ao meu redor, me prendendo dentro de um círculo perfeito de fogo. O calor daquele fogo me atingiu em cheio, fazendo minha garganta fechar.

Não, não e não! Eu não me queimaria de novo, não com o fogo de Toya. Fechei os olhos com força, desejando que aquilo se apagasse, que aquele sonho fosse embora. Era um sonho. Eu sabia que era um sonho, e eu podia acordar dele ou o mudar, aquela mente era minha! Eu era a única que tinha poder ali dentro, certo?

O calor foi embora, assim como as chamas azuis. E de repente, eu já não estava mais em uma sala escura e vazia e gelada.

Eu estava no meio da floresta mais uma vez, diante de Dabi. Seus olhos turquesa estavam fixos em mim enquanto nós lutavamos mais uma vez.

Dessa vez, Shoto apareceu no momento em que Dabi ia me machucar.

Shoto ergueu a mão na minha direção e eu estiquei minha mão para segurar a dele. Mas foi como se um fio invisível puxasse meu braço, me forçando a me afastar dele.

Mate ele, Atsuko. A voz de Dabi era como um comando.

Em um piscar de olhos, Shoto estava sangrando bem diante de mim, morrendo. Eu queria gritar e chorar e o ajudar, mas o que surgiu foi um sorriso em meus lábios enquanto ele me olhava como se eu tivesse acabado de o trair.

Tinha uma faca em minhas mãos, cheia de sangue.

A mão de Dabi em meu ombro, um sorriso cheio de crueldade e orgulho nos lábios, como se eu tivesse feito exatamente o que ele queria.

Sempre soube que você daria uma ótima vilã, irmãzinha.

Eu era uma marionete nas mãos de alguém, os fios eram puxados e eu fazia exatamente o que me era ordenado, sem conseguir fugir, sem conseguir escapar.

Você vai se juntar a liga dos vilões. Não adianta nada fugir disso. Dessa vez, a voz não era a de Dabi, mas uma voz que ao mesmo tempo que eu conhecia, não conseguia me lembrar de quem era.

Um sorriso, foi a única coisa que consegui ver daquela pessoa que puxava aqueles fios que me comandavam.

Mas aquele sonho era meu. Aquele era o meu reino.

Então, cortei aqueles fios que me prendiam e escapei.

Acordei em um pulo, meu coração batendo acelerado dentro do peito de uma forma que nunca tinha acontecido antes.

A primeira coisa que vi, foram os olhos heterocromáticos de Shoto me fitando com preocupação, suas mãos ao redor dos meus ombros, como se ele tivesse há bons minutos tentando me acordar.

Engoli em seco.

-Você estava tendo um pesadelo. - ele disse, baixinho. Não era uma pergunta, mas eu assenti mesmo assim, percebendo que todos estavam ao meu redor, me olhando com pura preocupação.

-Eu machuquei alguém enquanto estava dormindo? - perguntei um pouco desesperada. Eu sabia que às vezes quando estava tendo sonhos ruins, minha individualidade saia do controle. Já tinha acontecido antes e não foi algo lá muito agradável, mas isso não rolava desde que eu tinha oito anos.

-Não, mas tudo na sala começou a levitar. Literalmente tudo, inclusive a gente. - Yao-Momo disse, as sobrancelhas franzidas em preocupação. Isso explicava o motivo de meu nariz estar sangrando.

-Sinto muito. - falei meio sem graça, querendo apenas me esconder. Bakugo estava me olhando com tanta preocupação quanto Shoto, e eu só queria fugir dos olhares dos dois. -Foi só um pesadelo. Eu tô bem.

-Como isso foi só um pesadelo? Você levantou até o sofá só com a sua mente adormecida. - Katsuki disse, os braços cruzados, me lançando um olhar perfurante. Eu balancei a cabeça, enfiando os dedos entre meus cabelos e os bagunçando por um instante.

-Não fode. Isso não é algo incomum quando seu psicológico é um lixo. - eu disse irritada, me levantando. -Querem colocar mais problemas em mim só porque eu tive um pesadelo? Problema de vocês. Boa noite.

Me virei para dar o fora dali, tudo o que eu menos queria era atenção demais. Não quando eu estava tremendo de tanto nervoso. Eles não precisavam saber que aquele sonho tinha sido bem mais estranho do que os que eu geralmente tenho, e que tinha feito um sentimento muito ruim crescer dentro de mim.

-Atsuko, pelo menos janta! - Yao-Momo chamou, mas eu não ia conseguir comer nada. Não ia conseguir fazer mais nada naquele dia, nem mesmo dormir.

Estava no corredor, chegando no meu lindo quarto, quando senti uma mão segurar meu pulso. Nem mesmo precisava me virar para saber que era Shoto, mas o fiz mesmo assim, soltando um suspiro pesado antes de apenas afundar o rosto contra o peito dele.

Shoto não disse nada, apenas deslizou os dedos lentamente pelo meu cabelo, sabendo que se eu quisesse falar sobre o que tinha acontecido, eu falaria.

-Eu te matei. No sonho, eu tinha me juntando a Dabi e matei você. - eu disse sem me afastar para o olhar, tão, tão baixo que não sabia se ele sequer tinha escutado. Mas o aperto dele ao redor da minha cintura me dizia o suficiente sobre o quanto Shoto tinha escutado e entendido.

-Foi só um pesadelo, Atsuko. Sei que você nunca faria isso. - ele disse, me puxando até que eu estivesse olhando em seus olhos. Por um segundo, apenas permanecemos assim, nos fitando.

-Esse é o problema, Shoto. - eu disse, segurando o rosto dele nas minhas mãos, sentindo algo ruim pesando dentro de mim. -Sim, eu jamais faria isso, mas no sonho, era como se alguém tivesse me controlando. Como se fosse o controle mental que eu uso, mas pior.

Shoto apenas franziu as sobrancelhas antes de puxar e segurar minhas mãos com carinho.

-Você já parou pra pensar que é forte o suficiente pra impedir qualquer um que tente te controlar? Não se subestime. - ele falou. Eu apenas consegui assentir, cansada demais para entrar em qualquer discussão que fosse.

Passei meus braços ao redor do pescoço dele e o abracei, e Shoto nem mesmo hesitou antes de me abraçar de volta. Não precisávamos dizer nada um para o outro pois aquele silêncio confortável já bastava.

Não fica brava com o outros, eles só estavam preocupados. Revirei os olhos, me afastando um pouco dele para o encarar.

Eu sei, mas acho que tenho o direito de me revoltar um pouco, né? Mesmo se eu não tiver, eu quero. Shoto apenas franziu as sobrancelhas para mim antes de balançar a cabeça lentamente e dar um passo na minha direção, me deixando presa entre a parede e ele. Meu coração foi parar na garganta, e não acho que ele tenha muita consciência do impacto que tem sobre mim.

Você pode, só não acho que deveria gastar tempo com isso. Shoto retrucou, olhando fixamente para mim. Eu apenas arqueei a sobrancelha para ele, tentando fingir que meu coração não estava prestes a sair pra fora naquele momento.

E eu deveria gastar o tempo com o que, então? Eu sabia o que ele ia fazer antes que o fizesse, mas ainda assim senti meu estômago revirar quando ele se aproximou ainda mais de mim e acabou com o espaço que ainda existia entre nós dois.

Segurei o rosto de Shoto em minhas mãos quando ele me beijou de forma lenta e carinhosa, sua boca macia contra a minha. Eu poderia facilmente me acostumar a aquilo e passar todos os dias o beijando daquela forma.

Senti todos os meus pelos arrepiando quando as mãos dele seguraram minha cintura, me trazendo mais para perto, mesmo que isso fosse quase que impossível já que estávamos grudados um ao outro.

Toda vez que Shoto me beijava daquele jeito, sentia como se nada além disso importasse, e todo meu corpo parecia virar geleia. Era como se eu fosse derreter a qualquer instante ali, nos braços dele.

-Com isso. - ele respondeu, se afastando de mim, me fazendo até piscar os olhos. Então, eu ri, fazendo ele franzir as sobrancelhas em confusão, se perguntando o porquê eu estava rindo.

-Nada, é que... É engraçado ver você tomar atitude assim. - falei, deslizando os dedos pelo cabelo dele. Shoto apenas deu de ombros, como se não fosse nada demais.

-É porque é com você. - ele falou como se fosse óbvio. Não consegui conter meu sorriso, e estava prestes a dizer algo que soaria bem meloso quando escutei meu celular tocando. Franzi o cenho ao ver que era uma chamada de vídeo de Fuyumi, e não pensei muito antes de abrir a porta do meu quarto e arrastar Shoto para dentro para atender.

-Finalmente! Tô tentando te ligar faz um tempão! - ela disse assim que eu apareci na tela e eu apenas dei um sorrisinho para minha irmã. Ela sorriu de forma animada antes de...

-Oi, mãe! - falei abrindo um sorriso quando Fuyumi passou o celular para Rei, que deu um sorriso caloroso pra mim. -Tô com saudades.

-Eu também, querida. - ela respondeu com carinho e eu realmente só queria poder estar com ela já que fazia um bom tempo que não nos víamos graças ao caos da escola.

-Te liguei porque mamãe quer ver seu namorado. - Fuyumi soltou, abrindo um sorrisinho. Eu pisquei os olhos.

Eu a odiava, a odiava principalmente por me colocar em situações como aquela já que ela claramente estava falando de Katsuki. Ou talvez eu que devesse ter deixado claro que não tinha mais um namorado.

Fiquei estática por um segundo, sem saber o que fazer exatamente. Mas Shoto pegou o celular da minha mão antes que eu pudesse tomar uma decisão.

-Ah! Você também tá ai, Shoto. - Fuyumi disse com uma careta enquanto ele apenas dava de ombros.

-Você queria mostrar o namorado da Atsuko pra mamãe? - ele disse e Fuyumi apenas piscou os olhos.

-Era o objetivo, né. Já que a gente nunca achou que alguém fosse querer namorar com ela. - Fuyumi brincou e eu dei um gritinho indignado, tentando pegar o celular de volta, mas Shoto não deixou.

-Só pra você saber, Fuyumi... - comecei, mas foi o que Shoto disse que fez todas as minhas palavras morrerem e eu quase entrar em um colapso.

-Você já tá olhando para o namorado dela. - como ele sequer podia dizer isso com tanta naturalidade assim, como se não fosse algo tão impactante? Uma parte de mim inclusive parou de funcionar por um instante, e acho que Fuyumi estava sentindo o mesmo, pois nem disse nada, olhando para Shoto pela tela do celular parecendo verdadeiramente desacreditada. Rei riu.

-Ah.

-"Ah"? Que tipo de reação é essa? - eu reclamei, empurrando Shoto para o lado para conseguir aparecer na tela. -Essa deveria ser a revelação do ano e você me solta um "ah"? Eu esperava mais, sinceramente.

-Isso não é nenhuma surpresa, Atsuko. - Fuyumi retrucou, arqueando a sobrancelha para mim. -A família toda sabia que vocês se gostavam. Só enrolaram demais pra perceber isso.

-Odeio vocês. - murmurei.

-Não fique brava, querida. Isso era algo que todos já esperavam. - Rei disse e eu apenas olhei para Shoto. Ele deu de ombros.

Eles continuaram conversando como se não fosse nada demais, mas tudo o que eu conseguia pensar era em Shoto dizendo tranquilamente que éramos namorados. Se eu soubesse que algo assim ia acontecer tão simples, que ninguém daria tanta importância assim, será que as coisas teriam sido diferentes?

Quem eu queria enganar? Meu medo nunca foi que Fuyumi ou Rei ou Natsuo soubessem o quanto eu era inegavelmente apaixonada por Shoto. Meu medo nunca foi que Shoto soubesse e não sentisse o mesmo. Meu medo sempre foi que ele sentisse o mesmo, que tivéssemos algo e que Enji não aceitasse, porque era claro que ele jamais aceitaria. Um medo que às vezes ainda me perseguia um pouco, mesmo eu tentando ignorar.

Quando Shoto desligou a chamada e se virou para mim, eu apenas arqueei a sobrancelha para ele. Shoto franziu o cenho em confusão.

-Namorado, é? Não me lembro de você ter me pedido. - eu falei. Shoto apenas deu de ombros, deitando na minha cama e fitando a tela do próprio celular. Dei um tapa na coxa dele para que me desse atenção. -Você não tem um pingo de romantismo dentro de você.

Ele estava com a típica expressão de "e você tem?" apesar de Shoto sequer ter expressão.

Resmungando, apenas deixei que Shoto me puxasse para perto dele. Apesar de não admitir, eu estava feliz por ele ter dito aquilo. Apenas deixei meus dedos entrelaçarem com os dele, mandando para longe todos os sonhos ruins. E toda a confusão que tinha vindo com eles.

Boa noite povo bonito! Tudo bem com vocês? Espero que sim!

Sim, um capítulo meio caoticozinho porque logo vem o caos verdadeiro RISOS
Tô dando refrescos pra vocês, aproveitem

Votem e comentem, isso ajuda demais e me deixa mais inspirada a continuar!

Espero que gostem <3
~Ana

Data: 17/08/22

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