Arte dos seus olhos - LS ✔️

By simply_lua

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Harry nunca tocou no amor. E o amor destruiu Louis. Ambos estavam perdidos, e não esperavam encontrar um ao o... More

Sinopse
Avisos
Dedicatória.
Prólogo.
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capitulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capitulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Avisos ⚠️
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Capítulo 51
Capítulo 52
Capítulo 53
Capítulo 54
Capítulo 55
Capítulo 56
Capítulo 57
Capítulo 58
Capítulo 59
Capítulo 60
Capítulo 61
Capítulo 62
Capítulo 63
Capítulo 64
Capítulo 65
Capítulo 66
Capítulo 67
Capítulo 68
Capítulo 68,5
Capítulo 69
Capítulo 70
Capítulo 71
Capítulo 71,5
Capítulo 72
Capítulo 73
Capítulo 74
Capítulo 75
Capítulo 76
Capítulo 77
Capítulo 78
Capítulo 79
Capítulo 80
Capítulo 81
Capítulo 82
Capítulo 83
Capítulo 84
Epílogo
Curiosidades
Lua
Extra 1
Extra 2

Capítulo 36

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By simply_lua

Alerta capítulo ENORME ⚠️
(eu amo essa mídia🗣️)

Capítulo 36: Pensar positivo

“A negação não é uma poça d’água. É um oceano. E como podemos fazer para não nos afogarmos?”

Louis

Harry se levantou da mesa totalmente estranho, e por mais que ele dissesse que iria apenas ao banheiro, meu coração sabia que tinha algo errado. Podia parecer estranho, mas conseguia sentir a angústia dele de longe, ele não estava bem e eu sabia.

- O Harry está bem? Ele ficou estranho com a pergunta. – Cindy perguntou.

- Ele está bem, ele só não gosta de falar sobre isso. – Respondi a primeira coisa que veio à minha mente.

Esperei o máximo que pude, mas tive que ir atrás dele, eu não conseguia pensar positivo, ou apenas pensar que ele realmente estava usando o banheiro. Tinha algo errado, e eu tinha a necessidade de saber se ele estava verdadeiramente bem. Eu podia escutar ele me chamando, mesmo que realmente não tivesse.

Levantei da mesa, e fui a sua procura. A cada passo que eu dava tinha certeza que estava chegando perto dele. Meu coração estava disparado, mil por segundos. 

Quando cheguei na porta do banheiro, estava com medo do que veria por trás dela. Por sorte não precisei bater, ele abriu antes que eu fizesse algo.

Harry.

Seus olhos estavam escuros e vermelhos, e ele estava chorando, chorando muito. Sua respiração estava desregulada e ele respirava com certa dificuldade.

- Harry, o que aconteceu? – Perguntei, tentando manter a calma e o tom de voz baixo.

Eu não podia me desesperar, contei mentalmente até três, esperando sua resposta.

- Me leva para o quarto, e traz o Sky... Eu preciso dele e preciso de você. Por favor. – Pediu entre soluços. 

Eu não sabia o que tinha acontecido, mas o abracei forte e o levei para quarto e depois busquei Sky que estava na sala de estar inquieto, ele também sentia. - Sky sentia Harry, como se os dois fossem um só.

Assim que entramos no quarto ele foi calmamente até Harry, que estava sentado na poltrona com as mãos no rosto. Ele continuava a chorar baixinho.

Sky apoiou a cabeça na perna dele e fechou os olhos esperando ele fazer o mesmo e juntar as cabeças.

A cena era muito linda, assim que eles ficaram juntos, Harry parou de chorar e apenas ficou soluçando e fungando baixinho.

Sky foi como um calmante, eu já tinha lido que cachorros afastavam a angústia. Era provado cientificamente, que brincar ou acariciar um cachorro aumentava os níveis do hormônio da felicidade e diminuía os níveis de cortisol, responsável por sentimentos de estresse, levando a um melhor humor. Animais como os cachorros detectavam mudanças no estado emocional e na linguagem corporal de seus donos. Assim, um bom abraço nos fazia sentir menos ansiosos.

Mas eu nunca tinha visto pessoalmente a ligação entre eles. Era algo silencioso, e acontecia como mágica.

Apenas fiquei ao seu lado passando a mão em seus lindos cachos, lhe fazendo companhia sem dizer nada. Eu não estava mais tão preocupado, ver ele se acalmar aos poucos me relaxou. 

- Tive uma crise de choro, simplesmente não consegui controlar. – Harry falou depois de um tempo sem silêncio.

Chorar sem motivos? Eu não estava compreendendo. Eu tinha pesquisado todos os sintomas dele, mas chorar descontroladamente sem motivo não era um dos efeitos colaterais. - Até aquele momento.

Ele não gostava de me ver preocupado, tentei disfarçar o máximo minha cara de choro. Eu iria procurar saber sobre quando ele não estivesse por perto.

- Está se sentindo melhor? – Analisei seu rosto, tocando sua bochecha que não estava mais vermelha, seus olhos tinham voltado a cor normal. Verdes brilhantes. Ele parecia novinho em folha, como se não tivesse derramado nenhuma lágrima.

Era estranho, ele tinha desabado em menos de dez minutos, e estava bem. Como se nada tivesse acontecido.

- Eu estava com raiva, mas não estou mais. – Falou normalmente. 

- Raiva? – Arqueei as sobrancelhas.

- Eu só não sei por que isso aconteceu. E não saber das coisas me deixa confuso e nervoso. Você não vai querer ver esse meu lado. – Ele falou brincando, mas eu sabia que estava falando sério.

- Eu não me importo de ver esse seu lado, Sun – Levantei seu rosto. – Olha para mim. Você é forte, não sei porque estou te dizendo isso, mas tenho essa necessidade de dizer. Você é forte, a pessoa mais forte que conheço. – Eu senti a necessidade de falar aquilo para ele. Às vezes Harry se sentia fraco. Ele não enxergava o tanto que era forte. Mas eu enxergava.

Harry me mostrava um lado de um relacionamento que eu nunca tive, e eu o mostrava o quanto ele era capaz e forte. Ele me ensinava muita coisa, mas eu também fazia o máximo para lhe ensinar tudo que eu sabia.

Ele pareceu feliz com a minha resposta, eu fazia questão de deixar claro que não tinha medo dele. 

- Eu quero comer a sobremesa. – Levantou, arrumando seu blazer.

- Tem certeza que quer descer? - Ajustei sua camiseta.

- Tenho certeza, Louis. Eu não sei o que aconteceu. Não sei por quê eu estava chorando. Mas eu estou bem. Só quero que o Sky fique essa noite com a gente. – Ele estava falando a verdade.

Continuei a procurar algo de errado em sua expressão mas não tinha, ele estava realmente bem.

Chorar sem motivos era um dia sintomas da ansiedade, mas eu tinha quase certeza que eram efeitos colaterais dos remédios.

- Ele pode dormir aqui, eu estava com saudades dele dormindo nos nossos pés. – Beijei seus lábios calmamente transmitindo segurança. - Estou com você. Até o fim. – Sussurrei. 

Não queria falar sobre os novos exames naquele momento, e sabia que Harry também não. 

Eu só tinha certeza que ele deveria fazer os exames o mais rápido possível.

☕︎

Durante o resto do jantar dado pela minha família, Harry não passou mal, ao contrário. Ele se divertiu bastante, foi nosso primeiro Natal. E meu primeiro aniversário com meu amor. Nós estávamos tão felizes que não conseguimos parar de rir.

Quando finalmente a noite terminou, estávamos todos exaustos. A “festinha” dada pela minha família, tinha acabado tarde, mas Niall e Cindy resolveram ir há um after.

Então resolvemos nos trocar e ir juntos.

Nós pedimos um motorista e fomos para festa que estava rolando em uma casa privada. No começo fiquei meio na defensiva em ir há um local tão lotado com Harry. Mas quando chegamos a casa era enorme e bem aberta e ele disse que não tinha problema, ele queria ir, e que se ele não se sentisse bem avisaria.

No começo eu só estava tomando algumas cervejas. Harry não podia beber mais não me deixou o acompanhar no suco ou coquetel. Então aproveitei, eu gostava de beber com meus amigos.

Eu estava enfrentando tantos problemas, que beber era o que eu precisava para me tirar um pouco da realidade cansativa que estava vivendo.

No começo, pensei que Harry ficaria bem na dele como sempre, mas ele estava em uma festa. Com sua linda camiseta preta de botões meio aberta e seu cabelo ousado incrivelmente sexy.  Ele se soltou e dançou comigo, não muito perto da multidão de corpos suados. Mas nós ficamos juntos e nossos corpos colados já causavam grande efeito.

Cindy havia dado um chá de sumiço logo no começo, ela provavelmente estava afogando as mágoas do fora que levou da Becky em uma boca qualquer. Por mais que Harry não admitisse, ele estava de olho no Niall, que apenas dançava na pista. Ele já estava louco com poucos shots e alguns baseados.

Eu estava com uma garrafa de vodka de melancia na mão, e decidia mentalmente se bebia ou não.

Eu poderia escolher se ficaria muito louco, ou louco... 

Estava em uma discussão interna com a garrafa, eu costumava dar um pouco de trabalho bêbado. E não queria estragar a noite.

- Pode beber Louis, aproveita. Eu não vou sair de perto de você. – Harry leu meus pensamentos e falou em meu ouvido. A música estava alta.

Estávamos juntos do lado de fora da casa, encostados em uma imensa árvores de carvalho branco.

- Quando fico bêbado, eu fico sem noção.

Me lembrei das festas do passado...

- Relaxa, aproveita que eu estou me divertindo vendo você se esfregar em mim. – Tranquilizou, deixando uma marca no meu pescoço. – Não vou tirar os olhos de você.

Não era tão mal, eu merecia um pouco de festa. Ele estaria ali comigo.

Abri a garrafa e tomei um gole do líquido rosa. No primeiro gole eu já senti uma energia invadindo meu corpo. 

Eu adorava o efeito do álcool.

Virei de frente para Harry, e beijei seus lábios fortemente. Eu sabia que o gosto de melancia ainda estava em minha língua. Ele poderia sentir enquanto enrolava minha língua na sua.

- Pode se esfregar em mim. – Apertou meu quadril me virando de costas. Obedeci. – Mais. – Falou rouco. – Você é tão sexy. – Sussurrou em minha orelha. – Dançando desse jeito, em público... Só para mim.

- Harry. – Gemi, ele me deixava muito louco. Mais que o álcool.

- Se divirta. – Me deu um leve tapa na bunda e sorriu.

Depois de beber a garrafa sozinho, eu não me lembrava como tinha ido parar em cima de uma mesa dançando sexualmente, com outra garrafa de vodka, de morango na mão.

Eu sentia o olhar do Harry sobre mim. Ele estava encostado no batente da porta a menos de quatro metros de distância.

Continua” ele sibilou olhando diretamente para mim.

Pensar era a última coisa que eu estava fazendo, concordei com um sorriso safado e ao som da música que tocava no fundo fixei meu olhar nele.

Senti que a camiseta estava me deixando preso e tirei ela,  jogando em sua direção, e ele se inclinou e pegou.

Algo me dizia que ele não estava acreditando no que eu estava fazendo. E aquilo me deixou ainda mais na vontade de dançar para ele.

Movia meus quadris de acordo com a batida da música, minhas mãos passavam por todo meu corpo de uma forma atraente.

Virei o resto da vodka que havia na garrafa, e comecei a dançar eroticamente em cima da mesa, algumas garotas subiram e fizeram o mesmo. 

A música alta, os gritos, os corpos suados eram a combinação perfeita. 

Até uma morena quebrar meu contato visual com Harry.

Ela estava dando em cima do meu namorado, na minha frente?

- Oferecida. – Exclamei. Desci da mesa, bravo por estraguem meu show particular.

Andei manchando até os dois. O jeito que ela mexia na ponta do cabelo e inclinava lentamente o pescoço de girafa. Ela estava dando mole!

Harry dava aquele sorriso simpático não muito interessado. Mas o projeto de modelo não pareceu se tocar.

- Amor. - Chamei ele. Harry sorriu porque sabia meus pensamentos.

A morena me olhou de cima a baixo, ela estava se perguntando quem era eu.

- Gosta do que vê? – Perguntei diretamente para ela.

- Não muito. Quem é você? – Respondeu ironicamente.

Revirei de olhos. – Nojenta.

-  Você deveria se preocupar realmente com quem eu sou. Queria dizer que é um prazer, mas não é. Louis Tomlinson. – E a menina se assustou levemente. Eu não costumava usar meu nome daquela maneira. Mas o álcool falava mais alto. – Já que você não gosta do que vê, ele gosta né, amor? – Me virei para encará-lo, Harry passou os braços na minha cintura. – Eu acho muito bom você me beijar muito agora. – Falei em seu ouvido, puxando levemente o cabelo atrás da sua nuca.

- Com todo prazer. – Ele respondeu rindo antes de me beijar.

Sua língua de primeira pediu passagem, seu beijo era erótico, e desesperado. Sua mão apertava descaradamente minha bunda.

Em algum lugar da minha mente, escutei a menina bufar e se afastar pisando duro.  - Sorri satisfeito no meio do beijo. 

Meus dedos abriram o resto da camiseta dele, nós estávamos em público mas ninguém pareceu perceber o que estávamos fazendo. E nem eu, nem ele estávamos realmente ligando.

Eu poderia estar bêbado, mas Harry parecia estar bem mais. 

- Eu quero te comer, agora. – Mordeu meu lábio inferior. 

- Onde? – Perguntei olhando em volta, era impossível achar um quarto disponível.

- Eu faria isso aqui. – Me virou e prensou meu corpo na parede. – Mas não posso. – Mordiscou meu pescoço. – Você me provocou, sabe quantos olhares tinha sobre você? Eu tive que me segurar para não socar muitos rostos hoje. - Ah! Harry Styles era a perdição em pessoa. - Seu corpo é perfeito para mim. – Murmurou distribuindo beijos em meu pescoço – Sabe, ciúmes era uma coisa que eu não sentia, até conhecer você. E imaginar outras pessoas te tocando... - Pressionou sua ereção na minha barriga.

Gemi baixinho. Ele estava me deixando excitado. Belisquei de leve seu mamilo.

- Só você pode me tocar, eu sou seu – Tentei me concentrar em não gritar.

- Eu sei. Mas não posso fazer o que eu quero com você. – Sussurrou em meu ouvido.

Eu não conseguia raciocinar direito. Mas as palavras dele ficaram ecoando na minha cabeça.

Por que ele ficava tão na defensiva comigo? 

Balancei minha cabeça, eu o queria muito. 

- Hoje você não vai me deixar na vontade, Harry. – O puxei para as escadas, nós tínhamos que dar a sorte de encontrar um quarto vazio.

Estava quente, muito quente.

Entramos no primeiro quarto, estava vazio por algum milagre. Estava escuro e com uma cama enorme de casal. Eu não iria transar na cama de qualquer um. Olhei para uma cadeira no canto do quarto.

Ia ser ali.

- Eu deixo você me punir outro dia. – Tranquei a porta. – Mas hoje você vai me foder, do jeito que só você sabe. 

Harry não precisou pensar antes de avançar em mim.

- Você tem certeza? está bêbado... – Perguntou ainda me beijando.

- Eu estava bêbado para caralho, mas agora estou sóbrio. Aquela oferecida cortou o efeito do álcool. – Abri seu zíper, pegando seu membro ereto em minha mão. – Eu nunca vou entender como isso cabe em mim. – Falei me referindo ao seu tamanho.

Talvez eu estivesse um pouco bêbado.

- Você só aguentou um olhar em mim. Tinha um paredão de caras te olhando e te comendo com os olhos.  – Tirou a própria camiseta.

- Não, eu só interferir um olhar em você. Tinha várias pessoas te secando. – Avisei.

Empurrei ele, até se sentar na cadeira. 

Harry sem camisa, sentado na cadeira de frente para mim. Era a coisa mais sexy que já tinha visto. Passei o olhar pelo seu corpo, guardando cada detalhe.

- Então faz algo que eles não podem fazer. Me come. – Ajoelhei em sua frente, sem desviar o olhar. Seu membro jorrava pré gozo, chupei lentamente sua glande rosa inchada. 

- Você ainda vai acabar comigo, meu amor. – Grunhiu roucamente.   

☕︎

Acordei com uma imensa dor de cabeça, abri meus olhos me acostumando com a claridade do quarto. Eu estava deitado no peito nu do Harry. No chão.

Onde nós estávamos?

Olhei ao redor tentando reconhecer o quarto. Nós não tínhamos voltado para casa?

- Merda! – Reclamei me sentando. Eu iria ouvir muito da Elisa. 

Era para nos mantermos seguros e sem chamar atenção. Mas pareceu que fizemos totalmente o contrário. Estávamos semi- nus em um quarto onde eu não fazia ideia onde era.

Harry dormia tranquilamente, ele estava somente de cueca e seus cabelos estavam uma bagunça.

- Harry, acorda. – O chamei balançando seu ombro – Onde nós estamos? - Eu não me recordava de muita coisa. Mas aquele definitivamente não era o quarto onde tínhamos entrado. - Vamos amor, acorda. – O chamei novamente. Ele resmungou e começou a acordar.

- Bom dia, meu bem – Sorriu. - Como consegue ser tão lindo?

O canalha era lindo até acordando com a voz rouca, e seus flertes que me faziam corar.

- Onde nós estamos? – Perguntei.

- No chão de um quarto?  - Respondeu o óbvio.

Revirei os olhos.

- Como viemos parar aqui? 

- Você se lembra do que exatamente? – Sentou.

- Me lembro da garota dando em cima de você... Nós entramos em um quarto, e transamos loucamente... Ai meu deus? – Comecei a ter alguns flashes -  Três vezes? – Tampei a boca com a mão. Eu estava surpreso.

Não costumava transar tanto a muito tempo, era coisa do antigo Louis.

- Seis vezes. – Corrigiu – Nós nem tínhamos mais gozo. – Gargalhou.

Não contive o riso e comecei a rir junto. Rir da própria desgraça fazia bem.

- Mas e esse quarto? – Eu não me lembrava de ter voltado para festa.

- Quando estávamos na quarta rodada, um grupo entrou no quarto. A cena foi bem... Constrangedora para eles, porque nós gostamos da pequena plateia. – Empurrei seu ombro, Harry não tinha um pingo de vergonha na cara quando o assunto era sexo. –  Era os donos do quarto, por incrível que pareça eles agradeceram por usarmos a cadeira. E nos deram a chave desse quarto, e terminamos o que tínhamos começado aqui.

- E nossas roupas? – O quarto estava vazio, havia somente uma cama de solteiro, e um enorme guarda roupa de madeira. Nada mais. E eu não estava localizando nossas roupas.

- Bom... Eu perdi sua camiseta, sua calça ficou no outro quarto. Só temos a minha camiseta e calça bem ali. – Apontou para a porta, onde nossas coisas estavam penduradas na maçaneta.

- Nós mudamos de quarto, pelados?  - Arregalei os olhos.

Elisa vai me matar de várias formas diferentes. - Pensei.

- Não basicamente. Quase.

- Harry! Como vamos sair daqui? Nossos celulares ficaram no carro. E estamos praticamente com uma peça de roupa para duas pessoas. – Comecei a me desesperar.

Por que ele estava tão calmo? 

- Você usa minha camiseta, e eu uso a calça. – Falou como se fosse a coisa mais simples a se fazer – Nós pedimos um celular emprestado e ligamos para o motorista.

- Por que você tem que sair de calça? – Indignei.

- Se você quiser nós trocamos, mas minha camiseta fica grande em você, já em mim... Ou não me importo de sair só de box se você quiser usar os dois. - Deu os ombros.

- Não, nem pensa nisso. Usa a calça. Deve ter várias pessoas lá embaixo, e já vão olhar pra você sem camisa. Imagina se tiver só de cueca? - Ele riu.

Idiota!

- Vão olhar para você também meu bem, você é sexy com minha camiseta. Só me deixa andar atrás de você. Por precaução? - Foi minha vez de dar risada.

- Vamos logo. Precisamos sair daqui. – Levantei indo até a porta e colocando a camiseta, logo joguei a calça em sua direção.

Sua camiseta ficava cinco dedos acima do meus joelhos, por mais que fosse estranho, eu estava adorando a ideia de sair somente com ela pela casa. 

Olhei para meus pés... Mas que merda?

- Nossos sapatos? – Perguntei, eu já iria começar a chorar.

- Está ali, achei que não gostaria de perder algo caro. – Apontou para o chão ao meu lado, como ele achou que eu não gostaria de perder somente os tênis? E minha calça? Minha camiseta? Harry só podia ser uma piada. - E Niall e Cindy? – Perguntou vestido a calça. 

- Estávamos em pares, o trabalho do Niall era cuidar da Cindy. E o seu era o cuidar de mim. Nós fizemos essa regra, para quando estivéssemos em uma festa. Eles vão ficar bem. – Dei os ombros.

- Tem certeza? – Preocupação se estampou em seu rosto. 

- Confiamos um no outro, sempre deu certo. Fica tranquilo. Temos que nos preocupar com a bronca que vamos levar da Elisa ao chegar em casa assim. 

Como pensei, tinha algumas pessoas acordadas jogadas no chão e no sofá. Harry como disse saiu andando atrás de mim, dando olhares assustadores para pessoas que ousavam olhar para mim. Eu estava achando a maior graça, sua mão apertava minha cintura me guiando para fora da casa. Eu realmente não me lembrava de nada.

Encontramos um jovem que estava começando a limpar o jardim, e pedimos o celular emprestado. Liguei para Rose que atendeu preocupada, falando que meus pais estavam preocupados com nosso sumiço. Mandamos nossa localização e ficamos esperando Robin chegar.

O clima estava me matando mesmo dentro de casa. Abracei Harry para nos manter aquecidos mas era a mesma coisa de nada. 

- Eu nunca mais vou beber! – Reclamei, com a demora. 

- Você falou isso da última vez. – Apoio a cabeça em meu ombro.

- Odeio esperar, não é tão longe assim! 

- Calma, não faz nem dez minutos que ligamos. – O jeito dele de fazer tudo parecer de boa me irritava.

- Eu estou congelando. - Protestei pela milésima vez.

- Me espera aqui, e por favor não levanta os braços. – Apertou  minha bunda.

Não tive tempo de responder, ele se afastou indo em direção ao corredor, sumindo da minha vista.

- Ah claro, não bastava ter que esperar e passar frio. Agora eu não tenho nada para me apoiar. – Falei sozinho. – E depois vou ter que escutar o maior discurso da minha vida. E ainda tenho que arrumar as coisas para conhecer os pais do meu namorado. E tenho mais uma droga de reunião, eu estou precisando de mais uma assistente!  – Continuei a reclamar. Falar sozinho me ajudava a organizar meus pensamentos.

Hanna, ela era uma ótima assistente, mas eu precisava dela mais perto e não em Nova York. Só em uma tela de computador não me ajudava o suficiente, ela não podia simplesmente assumir minha vida por dez dias? 

Continuei a xingar baixinho. Onde o Harry tinha ido?

- Está falando sozinho, Tomlinson? – Uma voz familiar me assustou.

- Mas que porra! –  Virei um pouco irritado, pronto para xingar, mas meus olhos captaram alguém que eu não via fazia anos. - Michael?

A parte boa do meu passado estava na minha frente? Só poderia ser presente de natal!

Eu estava parado sem reação, eu não sabia o que dizer ou o que falar, mas senti minhas bochechas queimarem, e de repente quis correr, ou me esconder, eu estava envergonhado.

- Não faz tanto tempo, Louis! – Ele sorriu. Continuava um gostoso, incrível.

Michael usava uma calça preta, e um moletom branco de alguma banda britânica. Ele tinha um piercing no nariz e usava brincos que davam um charme em seu visual. Sua barba estava rala. E sua pele estava mais escura, ele tinha tomado sol? Talvez férias em algum lugar que estivesse verão, Nova Zelândia, Austrália ou até o Brasil.

Fazia anos que eu não o via, depois que terminei com Nate, Michael foi uma boa distração e um bom amigo, ele foi a parte boa do término, nos divertimos bastante juntos.

- Não estou acreditando! O que está fazendo aqui? – Perguntei rindo para disfarçar meu nervosismo.

- Não vai nem me abraçar? Que eu me lembre você sumiu! - Ele zombou me ajudando a cortar o clima.

Da última vez que eu o tinha visto, ele estava sem roupas na cama, era uma visão dos céus, eu me lembrava perfeitamente.

Louis de concentra! - Briguei comigo internamente.

O abracei brevemente, ele era uma pessoa incrível. Me ajudou em momentos de crise, me fez rir em dias que eu só queria chorar, ele simplesmente desviou meus pensamentos da culpa. Mas seus sentimentos por mim começaram a ficar maiores e eu tinha acabado de sofrer um impacto grande na minha vida. - Brandon.

- Me desculpe, me desculpe por sumir, eu estava passando por um momento difícil. – Falei me distanciando, eu estava envergonhado por vários motivos. E o principal foi ter sumido da vida dele sem dar explicações. - Eu estou totalmente sem graça. - Confessei.

Ele sorriu com conforto, eu não o conhecia como antes, ele poderia estar disfarçando, mas no fundo eu também sabia que ele ainda era o cara que eu passei alguns meses, eu sabia que ele ainda era o Michael.

- Não tem problema, eu entendo, você teve seus motivos. - Passou a língua nos lábios. - Nós mudamos… Como está sua vida, e como veio parar aqui? – Perguntou curioso, seus olhos ainda eram escuros marcantes. E ele ainda tinha um sorriso encantador.

Michael era galanteador, sexy e charmoso. Tudo ao mesmo tempo, eu estava encantado como ele tinha ficado mais gostoso e malhado.

- Eu nem sei como vim parar aqui, realmente minha vida mudou muito… - Arrumei a camiseta que resolveu ficar menor em mim.

- Na verdade, sei muito sobre você. - Me cortou. - Não é difícil não saber dos Tomlinson. Você conseguiu! Faz fotografia na Yale! E feliz aniversário! Foi ontem né?. – Se animou mudando o clima pesado entre nós.

- Foi sim, muito obrigado. - Puxei a camiseta ainda tentando cobrir minhas coxas. - E eu consegui, estou na Yale! Mas e você? 

Eu queria saber tudo sobre ele, eu pensava bastante nele, e como sua vida estava indo.

- Eu jogo no time de Harvard, sou co-capitão. E faço administração. – Respondeu contente.

- Não acredito! - O abracei por instinto, era o sonho dele e fiquei feliz por ele realizado. - Me desculpe! - Afastei sentindo minha bochecha corar. -  Estou feliz por ter conseguido. Isso é fantástico. – Uma das maiores metas dele era jogar no time de Harvard, estava feliz em saber que ele tinha conseguido, que nem me dei conta do que fiz, e ele pareceu mais surpreso que eu.

Por mais que tenhamos seguidos caminhos diferentes, eu sempre tive a curiosidade de saber como ele estava na vida. E fiquei tranquilo em saber que Michael estava aparentemente bem.

- Não tem problema, já fizemos mais que isso. - Piscou, se a intenção era me deixar constrangido, ele tinha conseguido. - Eu te vi ontem dançando em cima da mesa, eu até pensei em falar com você, mas você parecia ocupado demais... – Ele falava e eu estava a ponto de explodir de vergonha, eu pensei que não tinha ninguém prestando atenção na minha pouca vergonha. – Não está muito frio para estar só de camiseta? – Perguntou passando os olhos pelo meu corpo. – Se quiser eu empresto meu moletom. 

Corei, era uma droga estar somente de camiseta e um tênis na mão. Provavelmente ele estava pensando que eu não tinha mudado nada, e estava perdido como antigamente.

- É..  não precisa, longa história. Não estou sozinho, meu namorado foi não sei aonde buscar não sei o que. – Respondi procurando Harry com o olhar. - Só, não se preocupe, estou bem. - Sorri amarelo.

- Está namorando? – Levantou as sobrancelhas surpreso? Era tão estranho o fato de eu estar com alguém? 

- Está. - Não fui eu que respondi, era incrível a capacidade dele surgir do nada.

Harry apareceu atrás de mim, tinha um cobertor lilás em  sua mão, eu quis beijar sua boca maravilhosa por chegar no momento certo. Ele me cobriu e abraçou meu quadril predatoriamente, apertando seus braços em minha volta.

Canalha!

- Sim, estou. - Respondi o óbvio. - Michael, esse é o Harry Styles. Amor, esse é o Michael Ross, nós éramos... Amigos no colégio. –  Envergonhado poderia virar meu sobrenome. Pela cara que Harry fez ela já sabia que Michael não era só um amigo.

- Muito prazer em te conhecer – Michael foi simpático, estendendo sua mão para cumprimentar Harry.

- O prazer é todo meu! – Harry respondeu, aceitando o cumprimento.

Ambos se encararam por breves segundos. 

 - Como está o Zayn? Faz tempo que não o vejo. – Michael perguntou, ele não parecia sem graça ou intimidado, ele parecia interessado.

- Ele está bem, estávamos falando de você outro dia. Zayn mora comigo, também estuda na Yale, mas você deve saber. Se quiser eu passo seu número para ele. – Senti meu rosto voltar a coloração normal, eu estava me aquecendo.

Zayn era bem amigo do Michael, com o tempo os dois perderam o contato, mas era bom reencontrar rostos antigos que não eram da parte ruim do meu passado.

Eu me diverti bastante com Michael, na época sua companhia me fez bem. Não durou muito, mas foi divertido enquanto durou. Ele me fez feliz enquanto pode.

- Eu ficaria feliz, nós podíamos marcar de sair, casa da praia, quem sabe? – Sugeriu.

Nossas famílias tinham casas em Montauk, nós costumávamos ir nas férias de verão.

Sorri com a lembrança, eu queria muito levar Harry para ver o sol se pôr no farol. Era um dos meus desejos, e eu gostaria de realizar com ele.

- Estou sem meu celular agora, posso anotar o meu no seu? – Perguntei 

Michael olhou para Harry como se estivesse esperando alguma resposta dele. Mas Harry nem sequer estava prestando atenção na nossa conversa. - Ou estava disfarçando muito bem.

Talvez Michael pensasse que Harry era uma versão mais alta e mais bonita do Nate.

- Claro! – Me deu o celular. – Você está indo muito bem nas galerias, fiquei sabendo da notícia. Isabel Sherman é maravilhosa, Louis.

- Obrigado, eu não esperava que a notícia viesse a público tão cedo. Houve alguns problemas – Devolvi o celular. – Mas obrigado Mit.

- Entendo, bom eu preciso ir, foi muito bom te ver, Louis. – Me deu um abração rápido. - Foi bom te conhecer Harry. Espero que tenhamos mais tempo para nos conhecermos .

- Digo o mesmo. – Harry respondeu com um sorriso carinhoso.

- Até mais Michael, e desculpas novamente, eu realmente não fiz por querer. Feliz Natal. – Acenei.

- Fica tranquilo, você teve seus motivos, eu não compreendo agora, mas sei que se me explicar eu vou entender. Me paga uma cerveja e tudo fica bem. - Sorriu. - Feliz Natal. – Disse se afastando.

Eu me sentia um pouco mal por desaparecer da vida de Michael sem dar explicações. Mas depois do Brandon tudo começou a dar errado e eu precisava me afastar do meu passado para seguir em frente. Eu sabia que Michael não tinha culpa, ele nem sabia do acontecido, e preferi não contar, eu só sumi. 

Acreditei ser o melhor no momento e realmente foi.

- Quem é ele? Por que pediu desculpas? – Harry colocou a cabeça na curvatura do meu pescoço.

Era óbvio que ele estava curioso, mas se manteve em silêncio enquanto pode.

- Michael, ele jogava no time da escola, éramos amigos, depois viramos mais que amigos, e menos que namorados, ficamos por um tempo… mas aconteceu tudo um o Brandon e eu larguei ele sem dar explicação... Ele é uma pessoa muito maravilhosa, Harry, ele me fez feliz, e com ele eu me senti muito confortável. Mas eu não estava no meu melhor momento. – A melhor parte do meu relacionamento com Harry, era bom contar tudo para ele sem medo. - Então, eu só desapareci. Ele tinha sentimentos por mim, e eu sabia e simplesmente sumi.

- Entendi, eu percebi ele te olhando ontem, ele é bem gato, e parece legal – Uma coisa ninguém podia negar, Michael Ross era impressionante, bonito era um apelido para ele. - Não precisa de sentir assim, ele gosta de você.

- Ele é incrível. – Comentei baixo. - Não sei, fui completo idiota?

- Não, você fez o que achou certo, por você. Você se escolheu, não se preocupe, ele entendeu seu lado. E eu gostei dele. – Me confortou deixando um beijo no topo da minha cabeça. - Está tudo bem agora.

- Como? Como sabe que ele é legal? Nem conversou com ele. – Virei para olhá-lo, tirei o cobertor do meu corpo e passei pelo dele, cobrindo nós dois. Abracei sua cintura apoiando minha cabeça em seu peito quente. - Obrigado, por ser assim.

- Você é lindo, sabe disso? - Beijou minha testa. - Nós trocamos olhares, ele não queria nada demais com você, não nesse momento. Realmente se preocupou com sua vida. E me analisou para ter certeza que você não está com uma versão pior do Nate. E por último quando você falou de passar seu número, ele me encarou esperando uma reação minha. Acho que ele estava me testando, mas não sei. – Terminou pensativo.

Se fosse um teste com certeza ele passou.

Cada segundo que eu passava com ele, eu descobria algo diferente para amar, eu amava cada conforto que ele me proporcionava, era encantador, era diferente, era como se eu tivesse um príncipe encantado ao meu lado, me dando toda a estabilidade possível.

- E você chegou a essa conclusão com um olhar? - Arqueei as sobrancelhas.

Ele negou com um sorriso diferente no rosto, como se fosse óbvio que ele tinha o analisado a noite toda antes de me levar para o quarto, e me fazer zerar minha bateria.

- Ele estava bem atento ontem, desconfiei que vocês se conheciam, ele não parecia surpreso pelo que estava vendo, mas por estar vendo você. Confesso que me gabei por te beijar e te ter só para mim. - Zombou. - Ah, e Hayley com toda certeza não era apenas uma amiga mandando mensagem. 

- O que? – Fiquei confuso.

- Quando você estava digitando seu número, chegou duas mensagens no celular dele. Ambas da Hayley. A essa hora da manhã no Natal, não é apenas um contato. – Ele falava tudo como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. - Mas também não deve ser nada sério, apenas alguém de momento. - Acrescentou..

- Você me assusta. - Apoiei a cabeça na curvatura do seu pescoço, ele tinha um cheiro somente dele, era bem marcante, um amadeirado com menta que sem perceber se tornou meu cheiro favorito, ele me fazia sentir seguro.

- Eu gosto de saber com quem meu namorado troca mensagens. – Sorriu de lado.

A palavra "namorado" era sexy quando saia da sua boca, principalmente quando se referia diretamente para mim.

Escutei seu coração bater no ritmo perfeito, e de repente, fiquei pensativo e meu corpo arrepiou.  Eu tive uma má lembrança, e um nó formou em minha garganta.

- O que foi, Louis? – Ele perguntou assim que percebeu minha reação.

- Foi com ele que eu estava conversando quando Nate pegou meu celular. Não era não demais, mas ele achou que era... Então depois acabou sendo. Acho que fiquei com Michael porque era muito satisfatório ver Nate se mordendo de raiva, claro que também fiquei porque gostava da companhia dele. Mas se for pensar, eu usei ele. – Confessei, não me orgulhava mas senti que Harry precisava saber.  - Michael tinha sentimentos por mim, eu sabia. E mesmo assim usei ele.

Ele passou os dedos pela minha cicatriz na costela. O ato arrepiou meu corpo. Ele não gostava de falar sobre Nate ou Brandon, acho que doía nele saber que não pode de certa forma não poderia me proteger. 

- Você fez o que achou ser certo. Não vou te julgar. E não gosto de falar sobre isso Louis, não gosto que fique lembrando, por mais que tenha marcas para recordar. – Levantou meu rosto. – Eu nunca vou machucar você. Sinto muito por tudo que passou, eu arrancaria suas más memórias se fosse possível. 

Eu trocaria de lugar se fosse possível. - Escutei ele falar, mas sua boca não se mexeu.

- Eu sei Sun. Me sinto seguro ao seu lado. – Beijei seu queixo. - Só acho que fui um babaca. - Forcei um sorriso. - Obrigado.

Logo ouvimos uma buzina, finalmente o motorista chegou.

Ao chegar em casa, tentamos não chamar atenção, mas tudo foi em vão, meus pais estavam nos esperando no hall de entrada, como em cenas de filme, fomos pegos em flagrante. Eu ainda estava enrolado no cobertor, mas Harry estava sem camiseta.

Na minha cabeça a cena não ia ser tão constrangedora como realmente foi.

- Mãe, pai, eu posso explicar! – Comecei a dizer.

Na verdade, eu não sabia como explicar

- Então me explique, começando o por que os dois estão quase sem roupas? – Meu pai perguntou nos encarando de cima a baixo.

Harry se segurava para não rir, e eu procurava uma justificativa que valesse a pena.

- N-nós... Fomos para um after e depois... – Gaguejei, eu não me lembrava quase de nada.

- Nós fomos para festa, Louis bebeu muito, mas eu não. Perdemos algumas peças de roupa porque estávamos atrapalhados demais brincando... Não se preocupem, o que mais tinha era preservativo. Dormimos em um quarto, e agora estamos aqui. – Harry resumiu sem hesitar. Ele parecia tranquilo.

Meu pai ficou boquiaberto, teve a mesma reação que eu.

- Não esperava que me dissesse a verdade. – Minha mãe ficou surpresa. – Vão tomar banho, Louis, temos uma reunião em duas horas. - Avisou.

Revirei os olhos cansado.

- É Natal Elisa. - Reclamei, mesmo já sabendo do compromisso.

- Vai ser rápido, é com os novos investidores. 

Concordei puxando Harry para irmos para o quarto. Essa reunião “rápida” duraria no máximo três horas.

- Antes que comece a surtar, eu sempre falo a verdade para meus pais. Assim eles não tem motivos para enlouquecer. Funcionou com os seus. – Se defendeu assim que entramos no quarto.

- Primeiro que eu não ia surtar, segundo, foi legal ver a cara deles. E terceiro nós podíamos brincar no chuveiro? – Falei tirando o cobertor e a camiseta.

Harry conseguiu o cobertor com uma menina que morava na casa, ela foi simpática e deu o cobertor. Eu não achei que fosse simpatia, ele com certeza usou seu charme para conseguir, mas não ia reclamar, eu estava morrendo de frio.

- Eu aceitaria, mas não me recuperei da festa, estou um pouco cansado. Você não se lembra mas deu bastante trabalho. E preciso tomar meus remédios. Deixa para próxima. – Me deu um beijo na bochecha, e se jogou na cama.

- Droga, tudo bem dessa vez passa. Eu vou tomar banho e tomar um café reforçado, tenho uma reunião para enfrentar ainda hoje.  – Só de pensar que eu teria que me portar como se não estivesse de ressaca, minha vontade de transar tinha ido para bem longe.

- Se quiser, eu faço em você. – Sugeriu.

- Não precisa, babe, mas não vou recusar da próxima vez.

- Faço das suas palavras as minhas.

☕︎

Como imaginei, a reunião não foi nenhum pouco rápida, o acordo de trégua não durou nem duas semanas, com todas as coisas acontecendo, meus pais estavam com os nervos à flor da pele. Eu não os culpava, também estava na mesma.

Tivemos que repassar todo o planejamento da inauguração da galeria em Londres, e como já haviam vazados informações importantes teríamos que ter outra notícia bombástica para mídia trazer visibilidade na hora da verdadeira inauguração. Então eu tive uma ideia, diferente da galeria de Nova York, a de Londres precisava de um nome. Era para ser diferente, então não poderíamos colocar nosso nome, além disso precisávamos de outra celebridade além da Isabel, e também tive a ideia de colocarmos uma exposição surpresa.

A galeria de Londres era bem maior do que a de Nova York, tinha dois andares e era completamente feita de vidro fumê prateado, eu ainda não tinha visto pessoalmente, mas as fotos e o projeto estavam maravilhosos e eu não estava aguentando de ansiedade.  

Com todas as conversas, chegamos a conclusão que as parcerias seriam as mesmas, a lista de convidados não iriam ser alteradas e alguns nomes seriam acrescentados. Teríamos duas celebridades e uma exposição surpresa que ainda não tínhamos decidido qual era, mas me encarreguei de procurar algo diferente e raro, e um nome, a galeria de Londres teria um nome!

Quando terminamos a reunião com os investidores, minha mãe começou com o belo sermão. E acabamos discutindo novamente.

“...Você perdeu toda sua responsabilidade no dia no seu aniversário? Já pensou se tiram fotos suas naquele estado? Já não basta as últimas fofocas com o seu nome. Você estava esperando o que, Louis? Sem roupas? Você estava sem roupa! Eu não acredito, você quer me deixar louca. Se estiver pretendendo voltar no tempo que ia para as festas e voltava sem se lembrar do próprio nome, me fala antes. Se quer fumar maços de cigarros por dia me fala! Porque eu não posso ficar preocupada com você Louis. Eu preciso confiar em você...”

Foram tantos discursos que parei de ouvir quando Elisa voltou a falar do maldito jantar com os Lonexx

E agora tem mais essa? Não quer ir a um jantar com nossos amigos...

Eu tive que interromper.

Eu estava me divertindo Elisa, é natal! Você lembra disso? Estou de férias e deveria estar longe do trabalho! Eu não passei dos limites, eu estava acompanhando e não aconteceu nada. Me desculpe se sai na capa de uma droga de revista de fofoca por estar passeando pela cidade com meu namorado, me desculpe por voltar para casa quase sem roupas, eu deslizei, mas eu queria ter uma noite normal...  Pare de se preocupar comigo, eu sei o que eu faço. E já repeti inúmeras vezes. Eu.Não.Sou.O.Mesmo.De.Antes! Entendeu? E eu fumo o quanto eu quiser, eu pago, com o meu dinheiro! Que por acaso não é o seu. Não preciso porque eu trabalho. E você faz questão de me lembrar disso todos os dias! E enquanto o jantar com os Lonexx eu irei. A trabalho como sempre. E não, não somos amigos, estamos longe disso.”

Seria mais fácil se ela soubesse a verdadeira história, mas eu não estava preparado para ter aquela conversa. Principalmente com Elisa.

Nos costumávamos conversar sobre tudo Louis, me diz o que aconteceu filho. Eu não posso te ajudar se continuar me afastando”

Ela tinha razão, éramos mais próximos... 

Eu sentia falta de conversar com minha mãe, eu sentia falta dos seus conselhos, eu não gostava de conversar com Elisa, eu queria a minha mãe. 

Mas com todos os acontecimentos nós nos afastamos e criamos uma enorme barreira em nossa volta, ela era a mulher perfeita, e mãe perfeita para as gêmeas. Mas para mim era somente a Elisa, a mulher que trabalhava comigo.

Não era culpa dela, eu me afastei. Eu a mantinha longe porque era mais fácil do que mentir. Eu odiava mentir para pessoas que eu amava. 

Por isso manter a relação profissional era mais fácil, minha mãe costumava ser minha melhor amiga, ela me ajudou muito com o meu término com o Nate. Me aconselhou o máximo, e por mais que eu fizesse tudo o contrário, quando alguns dos meus amigos me deixavam bêbado em casa sem lembrar meu próprio nome, ela estava lá. 

Mas depois do Brandon, eu não podia mais continuar, os contratos com Lonexx surgiram e eu não queria atrapalhar, estava tudo dando certo. Então eu me afastei, afastei outra pessoa da minha vida.

Era o melhor a se fazer.

Eu amava ela e não a culpava por nada, mas a sua exigência me irritava, o trabalho era diferente das nossas vidas, ela sabia dividir os dois. E eu só estava aprendendo.

No fundo eu sabia que ela estava certa, e que deveria apenas escutar e obedecer. Mas eu estava só aproveitando os meus únicos dias de folga.

Eu estou cansado Elisa, depois nós conversamos. Eu preciso resolver muita coisa agora... Me desculpe por te afastar da minha vida mãe, eu ainda não estou pronto para falar.”

Terminei de dizer e fui caminhar no jardim, normalmente eu fumaria uns cinco cigarros de uma vez, mas eu não dava dez minutos para o Harry aparecer preocupado, e eu só queria um tempo sozinho.

As coisas com meu pai eram completamente diferentes, ele sabia que algo em mim tinha mudado, ele sempre me ligava e me dava brechas para contar mas eu preferia não dizer, e Jack sempre entendia, ele não me pressionava. Suas mensagens de boa noite sempre terminavam com  “Se quiser conversar sobre alguma coisa, estou aqui.”

Com Rose era diferente, eu não tinha toda certeza do mundo, mas algo me dizia que ela sabia o que tinha acontecido. Quando Zayn me levou para casa naquela noite, o efeito do álcool não era muito, Rose me ajudou enquanto eu não parava de tremer e chorar. Ela dormiu comigo, e conversou com Zayn que estava louco de raiva e queria voltar para festa e matar de maneiras diferentes o Brandon.

Rose nunca conversou sobre o acontecido comigo, mas eu sabia que a cada olhada dela era uma forma de me dizer que eu iria ficar bem.

Depois de passar longos minutos esvaziando a mente eu precisava encontrar meu ponto de paz.

Procurei Harry pela casa inteira, e só o achei quando estava brincando de ‘chá da tarde’ com as meninas no quarto de brinquedos.

Harry estava com uma coroa de flores na cabeça, e um frufru rosa no pescoço. Ele estava sentado no chão com as pernas cruzadas de frente para uma mesa de brinquedo repleta de xícaras e bolos de plástico. Ao seu lado estava Sky que deveria estar fantasiado de ‘cavalo’. Emma e Ella estavam vestidas de princesas e corriam em volta da mesa jogando pétala de flores neles.

A cena era a calmaria no meio do furacão, Harry se dava bem com crianças e adorava brincar e conversar sobre desenhos animados. Olhar para ele fez todos meus problemas desaparecem.

Antes que eles notassem minha presença, me retirei do quarto em silêncio. Caminhei até o quarto da Rose e bati na porta três vezes.

Ela abriu com um sorriso carinhoso.

- Faz tempo que não vem aqui garoto. – Deu passagem para eu entrar

O quarto de Rose era todo em um tom de cinza claro, tinha um dois sofás no canto, uma enorme cama no centro e outros enfeites que ela adorava. Era um quarto do tamanho dos outros, com banheiro e closet. Um lugar onde eu costumava ir para pedir biscoitos.

- Rose, eu gostaria que você me desse uma bronca. – Sentei em um dos sofás preto de veludo.

- Como assim? – Pareceu confusa mas se sentou ao meu lado. 

- Eu preciso que me dê uma bronca Rô, eu sei que já está sabendo de tudo o que aconteceu. Então preciso que me dê um choque de realidade. Porque eu não tenho como rebater com você. Não tenho motivos. E eu estou tão cansado Rô. – Comecei a chorar mesmo sem querer. – Briga comigo, porque você é a única que não tem como eu discutir. 

Eu odiava chorar, eu parecia fraco e indefeso. Mas era praticamente impossível segurar as lágrimas.

- Não fica assim querido. – Rose passou a mão em meu rosto. – Louis Tomlinson, você foi totalmente irresponsável em ir para uma festa e se divertir e voltar somente no dia seguinte sem dar nenhuma notícia, e parecer só com a camiseta do seu namorado. Você foi irresponsável por correr o risco de ter seu lindo rosto estampado em outra revista de fofoca. Mas você precisa de uma noite de descanso, uma noite que você possa ser o Louis e não um Tomlinson. Seu sobrenome vai dificultar muito sua vida a partir de agora, mas também irá lhe dar momentos maravilhosos. Não precisa se sentir mal ou discutir com sua mãe. Os dois estão certos, só estão vendo o lado errado da situação. Você cresceu rápido demais Louis, você só tem vinte anos e tem sua própria fortuna e não depende de ninguém para isso, é tudo mérito seu. Você tem mais coisa para contar do que qualquer um na sua idade. Você faz um trabalho incrível que para muitos parece fácil. Você é uma força da natureza, Louis. Não deixe uma coisa que você ama ser um obstáculo na sua vida, eu te conheço. Esse trabalho é tudo pra você. Nunca deixe um conflito entrar no seu caminho.

Eu sabia que a última frase era sobre o jantar, Rose sabia que o meu nervosismo era todo por culpa daquilo. Sim, eu estava cansado e exausto com a correria das galerias. Mas ela tinha razão, era meu sonho a coisa que eu mais amava fazer, e eu estava deixando tudo complicado.

- Obrigado por isso, Rose. – A abracei forte. – Obrigado por sempre me ajudar.

- Acho que você deve desculpas a sua mãe garoto. – Ela me soltou e pegou a minha mão – A senhora Elisa se preocupa muito com você Louis, você a afastou sem explicação. Ela não tem culpa se o único jeito de falar com você seja através do trabalho.

Ele tinha razão, sempre teve.

- Eu sei, vou falar com ela. Mas não nesse momento. – Limpei as lágrimas.

Não estava mais chorando, me sentia mais leve pela lição de moral que tinha recebido.

- Não precisa contar tudo Louis, só tente deixar Elisa cuidar de você. Como ela sempre fez. – Ela falou 

Como imaginei Rose me ajudou. Conversar com alguém como ela me ajudava a entender o que estava acontecendo. Rose era uma voz mais velha, mais calma me fazia relaxar. 

Continuamos conversando por um tempo sobre coisas bobas do dia a dia.

- O que a senhora achou do Harry? – Perguntei. 

- O senhor que me perdoe Louis, mas que pedaço de mal caminho você arranjou. Ele é muito lindo, parece uma pintura ou um ator de Hollywood. – Rose riu ao falar. - Ele é educado, e aparenta se preocupar com você. Eu diria que ele é diferente.

- Ele com certeza é tudo isso, mas não fala para ele. Ele é muito convencido. - Brinquei.

Harry era o próprio sol em pessoa, brilhava muito e sabia disso.

- Você o ama?  - Era a pergunta mais fácil que alguém já havia me feito

- Amo. Mais do que deveria… - Confessei um tom mais baixo.

- Por que acha isso, Louis? 

- Eu o amo muito Rose, e não tenho medo porque sei que é mútuo. Mas as vezes acho que o amo tanto que chega a doer. - Minhas bochechas esquentaram. - Eu não consigo explicar meus sentimentos por ele.

- Que lindo querido, seus olhos brilham quando você fala dele. Tudo bem amar alguém com todo o coração, Louis. Você deveria se preocupar se não estivesse o amando dessa maneira. - Sorri feliz, Harry causava aquele efeito em mim. - Ele também te ama com todo coração. Eu nunca vi alguém olhar tão apaixonado para alguém igual ele olha pra você. Harry e caidinho por você Louis, é até engraçado de ver. Mas ele anda muito com a cara fechada, se eu não tivesse visto ele brincando com as gêmeas, diria que ele é um chato. 

Comecei a rir, eu já tinha avisado Harry sobre andar com a cara amarrada

- Ele é uma pessoa muito carinhosa, ele só tem a cara amarrada... É só não provocar ele. - Me lembrei que Harry tinha um lado bem ao contrário de fofo e carinhoso. Ele não gostava muito que as pessoas se metessem em sua vida, e não curtia muito conversar com o pessoal da faculdade. Por um lado Harry parecia um pouco misterioso, mas era só por um lado mesmo. – Ele é maravilhoso, Rose. Meu amor.

- Eu não duvido. Vocês formam um lindo casal.

Concordei um pouco tímido. De fato, nós formávamos um casal incrível. 

- Rose, eu já vou indo, acho que vou dormir um pouco. Estou cansado.

Me despedi dela, e fui para o quarto. No caminho escutei algumas risadas altas eles pareciam estar se divertindo bastante.

Entrei no quarto e me joguei na cama, eu precisava descansar um pouco depois de tudo que tinha acontecido em poucas horas do dia.

Com todos os acontecimentos, era difícil perceber que era Natal.

☕︎

- Meu bem? – Harry murmurou no meu pescoço.

Ele estava me acordando passando os dedos em minhas costas, e sussurrando coisas fofas.

Resmunguei abrindo os olhos lentamente, ainda estava de tarde a claridade entrava pela janela. O céu estava azul novamente e um sol fraco iluminava o quarto.

- Oi amor. – Murmurei virando para olhá-lo.

Harry estava deitado com uma calça de moletom preta, e seu cabelo úmido preso. 

Me aproximei e deitei em seu peito abraçando seu quadril, suspirando seu cheiro tranquilizante.

- Eu dormir muito? – Perguntei.

- Não sei dizer, mas acho que sim. – Acariciou minha pele. – Dormiu bem?

- Descansei o suficiente. Quer fazer alguma coisa? Sair para jantar... Algo assim?

- Eu quero ficar com você. Do jeito que estamos aqui. – Beijou minha cabeça.

- Tudo bem então.

- Como foi a reunião? – Perguntou.

- Ah, teve os pontos positivos e negativos. Tive outra discussão com Elisa. – Comentei por cima.

- De novo, Louis? O que aconteceu agora? – Ficou preocupado, era aquela reação que eu estava adiando.

- Ela fala demais, não se preocupe. Mas falando sobre boas notícias... A galeria de Londres precisa de um nome! Eu preciso de uma nova peça surpresa para exposição. E vamos ter outra celebridade para a inauguração. – Com a discussão, eu nem tive tempo de ficar animado com as novidades.

Mas Harry pareceu preocupado, me sentei na cama de frente para, para podermos conversar frente a frente.

- Brigou com sua mãe por causa da festa ou por causa do jantar? – Perguntou.

- Ambos. – Respondi

- Me desculpe, nós deveríamos ter voltado para cá. Eu deveria ter cuidado de você.

Ah, ele tinha cuidado muito bem de mim.

- Ei não é culpa sua Sun, a briga real não foi exatamente por isso. - Sorri deixando um selinho em seus lábios. - Eu sei que vacilei mesmo, ela não estava totalmente errada. – Admiti, ele me olhou surpreso, eu não gostava de admitir que estava errado.

- E enquanto ao jantar presumo que não quer conversar sobre né. – Falou balançando os ombros de um modo fofo. Harry estava sério, e eu sabia que não poderia evitar aquela conversa por muito tempo. Mas eu sentia que se conversássemos sobre iríamos brigar, e eu não queria brigar com ele. Principalmente se o motivo fosse o Brandon.

- Não, e vejo que não mudou de ideia. – Brinquei com os dedos. 

Depois da viajem eu vou falar com ele” – Pensei comigo mesmo. 

Nós íamos conversar, só que aquele não era o momento ideal. 

- Não mudei, e não vou mudar. – Falou firme, sem perceber revirei os olhos.

Resmunguei um “teimoso” baixinho e ele escutou e cutucou minha barriga me fazendo rir.

- Não sou teimoso, eu me preocupo com você. – Beijou minha bochecha. – Enfim, qual o nome que tem em mente?

- Não parei para pensar exatamente nisso, estou focado em achar uma nova peça para expor. Preciso de algo diferente e raro. – Me deitei novamente em seu peito 

- Já pensou em colocar suas fotografias? 

- Não, nem penso em colocar. Minhas fotografias são muito pessoais. – Era verdade.

Todas as minhas fotos mostravam uma parte de mim, e não queria que outras pessoas ficassem sabendo da minha história triste e deprimente com o final de contos de fadas, onde eu encontro meu príncipe encantado de cabelos castanhos cacheados. E lindos olhos verdes. Era como se minha vida fosse uma novela mexicana. E eu não queria mostrar aquilo para o público, não naquele momento.

- Isso faria com que fosse algo diferente e raro. Eu simplesmente amo suas fotografias, elas mostram quem você é. Você pode montar uma coleção contando uma pequena parte da sua vida, ou apenas alguns meses.

A ideia não era ruim, eu poderia montar uma pequena coleção baseada nele e nos meus amigos. Cindy iria pirar. Mas eu não estava cem por cento pronto para ter minhas fotografias expostas.

- Você colocaria suas telas para expor? – Perguntei sabendo a resposta.

- Está jogando verde, não vale.  – Resmungou.

- Responde.

- Não.

Bingo! Harry pintava telas incríveis, eu super colocaria na exposição se ele deixasse. Mas isso estava bem longe de acontecer

- Porque são muito pessoais né. – Ele concordou – Viu é a mesma coisa.

- Parece mais não é, pensa sobre isso. 

Não era tecnicamente a mesma coisa, mas parecia. Nas telas do Harry ele contava sua vida. Nas minhas fotografias eu colocava meus dias. 

Harry contava história, eu mostrava momentos.

- Quer ir para Londres comigo? – Perguntei de repente – Eu preciso ir para conhecer a nova galeria. Não tenho uma data, só gostaria que você fosse comigo.

- Londres?  - Pareceu perplexo.

- Sim, você tem o desejo de conhecer o Big Ben. Quando me contou uma parte de mim queria ser a pessoa que tivesse com você para ver sua reação. E agora eu posso.

- Eu preciso pensar sobre isso, meu bem. – Riu fazendo círculos nas minhas costas.

- Poxa Harry, por favor. Não vamos ficar muito tempo, temos a faculdade, no máximo um final de semana... Nós vamos no jatinho. Por favor amor. – Implorei fazendo biquinho.

Eu queria muito que ele fosse comigo.

- Você não tem uma data, nós podemos conversar sobre isso. 

- É um “sim”?

- É um “não sei”

- Tem tantos lugares que eu quero te levar, você não pode recusar todos. – Bufei.

- Lugares? 

- Um deles é a casa na praia em Montauk, nós podíamos ir nas férias de verão, passar alguns dias sozinhos sem ninguém, apenas com o barulho do mar.

- Eu adoraria passar uns dias na praia com você. - Sorriu.

- Nós podemos conversar com nossos amigos, eles também poderiam ir... Depois que nós já tenhamos passado pelo menos um mês isolados. – Gargalhei.

Eu precisava de umas férias longas e sem trabalho e pressão por perto, Montauk era perfeito.

- Então nós marcamos para as férias de verão. E enquanto a Londres eu vou pensar sobre isso.

Resmunguei baixinho algumas coisas. Harry era tão chato quando o assunto era viajar. Parecia uma idosa com dez gatos para cuidar. 

- Vamos assistir um filme? – Liguei a tv.

- Shrek. – Se animou.

- Ah, Harry não acredito nisso, de novo?

- É tradição de Natal meu bem, você tem que assistir comigo! - A tradição dele era assistir todos os dias o mesmo filme. 

- Eu já te falei que você só tem tamanho? Parece uma criança. 

- Já me falou isso uma vez, eu sou a criança que você adora montar né. – Ironizou.

- Você é insuportável! Não sei como eu te aguento.

- Me faço essa pergunta todos os dias com você. – Falou me enchendo de beijos

- Você acabou de me chamar de insuportável? – Mordi seu ombro.

- Olha, estou vendo que você é bom em interpretação. – Respondeu puxando meu corpo para ficar sobre o dele. – Eu amo você, e amo seu jeitinho de ser. 

- Acho bom, porque eu também amo seu jeitinho de ser. E amo você. – Beijei seus lábios calmamente. – Mas não começa a cantar! 

- Somebody once told me, The world is gonna roll me,I ain't the sharpest tool in the shed... – Ele começou a cantar.

Eu fingia não gostar, mas eu amava sua voz e sua animação pela musiquinha chata do filme. Harry assistia com tanto amor que vê-lo prestando atenção, era uma das minhas coisas favoritas.

Naquela tarde deitados assistindo Shrek, eu me lembrei do nosso primeiro beijo, e de como tudo tinha ido muito bem no nosso relacionamento.

Foi tudo tão natural que quando me dei conta já estava amando cada detalhe dele.

Eu percebi que nunca tinha amado ninguém, do jeito que eu amava ele. Tudo o que senti antes não chegava nem aos pés do meu amor por ele. 

Harry Styles era o meu verdadeiro amor, e por mais que nossa jornada tivesse apenas começando, eu tinha certeza que ele era o meu final feliz.

☕︎

Mil desculpas pelo capítulo enorme, eu deveria ter dividido ele, mas não tive tempo...

Enfim, espero que tenham gostado, e podem confiar no Michael, ele é de longe um dos melhores personagens que eu já escrevi.

Pergunta aleatória, tirando os larry, qual é seu personagem favorito?

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