_SEIS MIL ANOS, todo esse tempo presa naquela coisinha minúscula...
Preciso da sua ajuda... precisamos impedir Ammit
_Tudo bem velhote...
Conheça meu avatar, Mark Spector
Meus olhos alcançaram a lua uma última vez, enquanto meu corpo afundava sem esperanças o frio tomava conta do meu ser, pequenos cristais de gelo se formavam em volta do meu corpo, e uma última vez eu ouvi aquela voz...
Durma...
Eu não queria, eu não podia, mas meu corpo já não tinha forças, em uma tentativa desesperada de retomar o controle, minha mente sussurrava cada vez mais alto: acorde...acorde... acorde... Acorde ... ACORDE... ACORDE...
_Acorda aí, já ta na hora...
Meu corpo saltou na cama me fazendo chutar o nada, demorei alguns segundos para assimilar o que estava acontecendo, um sonho, ou melhor, uma lembrança.
_Viu... você assustou ela.
A voz calma e meiga que veio do outro lado do quarto chamou a minha atenção, me virei naquela direção e vi a imagem de Mark refletida no espelho, um reflexo? mas eu ouvi a voz vir de lá, virei o rosto na outra direção e vi o avatar segurando uma xícara de café e com uma postura completamente diferente da anterior, O que!?!? ele não tava segurando uma xícara.
_Você tá bem? - Ele perguntou franzindo as sobrancelhas.
_Eu... você... aaaa esquece - falo encolhendo os ombros, estava sonolenta demais para lidar com isso agora. - por que me acordou?
_Vamos sair, eu consegui uma informação mas preciso ir até um amigo primeiro. aqui, pega - ele fala depois de pegar um par de roupas e jogar na minha cama - veste isso, os sapatos estão aí embaixo e tem um boné pra cobrir suas orelhas, a gente pode amarrar a sua cauda e...
_Sabe que eu faço sumir não é? as orelhas e a cauda?
Ele parece pensar por um momento antes de se virar em direção a cozinha, me levanto e visto as roupas (uma calça marrom escura e uma camisa amarela) esse homem definitivamente não entende nada de roupas, mas pelo menos não estou mais com os trajes sacerdotais que Khonshu me deu, pego as botas de cano alto que ele me arranjou e vou em direção a cozinha lutando para calçar um lado.
_Por Rá... quem usa isso... - resmungo terminando de amarrar o cadarço - seria mais fácil queimar meus pés nas areias escaldantes...
_Que bom que gostou.
Levanto a cabeça apenas o suficiente para ver Mark em pé com um aparelhinho estranho nas mãos, acho que é o que eles chamam de "celular", o Homem tem um sorriso sarcástico em seu rosto e parece se divertir com a minha irritação.
_Adorei - respondo no mesmo tom - não imaginava que a tortura tinha evoluído tanto com o tempo.
_Estamos atrasados, precisamos encontrar com o Francês ele tem novidades sobre a tumba de Ammit e o Sarcófago de Senful...
Mark continua falando sobre o tal francês e nosso encontro com ele, não demora até que ele se levante e caminhe até a porta.
_Beleza, vam'bora.
_E-espera - falo terminando de por o sapato - não vamos tomar café? Mark, espera...
Q.D.T
Andamos rapidamente pelas ruas do Cairo, o movimento caótico e o barulho frenético do lugar me deixa um pouco tonta, é como se eu nunca tivesse estado ali, e de certa forma eu realmente nunca estive, parei em frente a uma barraca com bijuterias quando um colar chama a minha atenção, um pequeno e simples pingente com uma pedra verde presa em uma estrutura metálica que se assimilava a um gato.
_إنه يسمى حجر القط (se chama pedra do gato) - diz o vendedor alegre.
_جميل... (é linda...) - respondo levantando os olhos em sua direção.
O homem me encara por um momento e sorri simpático, ele está prestes a falar algo quando uma voz nos interrompe.
_Dá pra focar no que a gente tá fazendo? - Mark fala com aquele jeito grosseiro-educado dele.
_Eu tô focada, só tava olhando.
_لديك زوجة جميلة يا سيدي ، يجب أن تشتري لها سوارًا ذهبيًا يناسب عينيها الجميلتين. ( tem uma bela esposa senhor, deveria comprar uma pulseira pra ela, uma dourada pra combinar com os belos olhos)
Mark olha o vendedor um pouco antes de agradecer e dizer que não somos casados, ainda estou olhando para o homem na banca quando sinto uma mão segurar a minha e me puxar dali, olho para frente e posso ver as costas de Mark que estava impaciente com a nossa demora. Caminhamos por alguns minutos antes que eu me perdesse novamente admirando as ruas do Cairo.
_Dá pra andar mais rápido - Mark fala me puxando pela mão - nunca viu não?
_Pra falar a verdade... não.
Mark desacelera o passo antes de olhar pra mim com descrença e soltar a minha mão.
_Nunca esteve no Cairo? como é possível? - fala continuando a caminhar.
_Eu já estive no Cairo, mas eu só saia a noite quando as ruas estavam vazias e quase sempre a pedido da senhora Bastet.
_Eu lembro de Khonshu ter mencionado algo quando voltávamos pro hotel ontem - disse se virando brevemente pra mim - você era uma gata e virou uma serva...
_Exatamente... - sorri me lembrando daqueles tempos. - a senhora Bastet me trouxe de volta a vida e fez de mim sua serva, eu nunca soube ao certo o porquê...
_Como era ser a serva de uma Deusa?
A pergunta me pega um pouco de surpresa, ele realmente estava interessado ou apenas jogando conversa fora? bem, quem se importa, essa é a primeira conversa fiada que eu tenho em séculos.
_Bem - começo um pouco animada - eu era encarregada de preservar seu templo, organizar os papiros com orações, cuidar dos visitantes, catalogar os pedidos, papiros e artefatos... essas coisas.
_Você não saia do templo? - ele pergunta sem me olhar.
_Não com a permissão da senhora Bastet - falei sorrindo divertida.
_Você fugia do templo? - Mark parecia surpreso.
_As vezes, a senhora Bastet quase me pegou uma dúzia de vezes - sorri abertamente - mas eu sabia me desviar de suas broncas... a verdade é que eu era a mais próxima dela, quase uma amiga...
Mark sorriu minimamente com a minha confissão, ele era um homem muito sério então era a primeira vez que eu o via sorrir, por um segundo aquele gesto me fez ignorar tudo ao meu redor, não faço ideia do porque mas senti meu coração acelerar quando ele sorrio, desejei que o tempo parasse naquele momento, mas infelizmente não parou.
_Então vocês eram quase amigas... ela não deve ter gostado quando te prenderam naquele pote.
Meu coração afundou dentro de mim quando ouvi aquelas palavras, imediatamente as lembranças daquele fatídico dia voltaram, a vergonha, a dor, a decepção, cada um dos sentimentos que eu evitava voltaram com tudo, senti uma ardência surgir atrás dos meus olhos e um nó apertar em minha garganta, limpei a garganta e forcei minha voz a sair.
_Na verdade, foi... foi a senhora Bastet que me pôs lá...
Mark P.D.V
Me virei na direção de Amaris e pude ver seu rosto cair, ela mantinha uma expressão nublada, fria, um vazio tomou conta de seus olhos fazendo uma pontada de arrependimento me atingir como uma facada. Desejei nunca ter feito aquela pergunta, me preparei para pedir desculpas mas antes que qualquer palavra pudesse sair da minha boca, Amaris me respondeu.
_Na verdade, foi... foi a senhora Bastet que me pôs lá... - respondeu com um sorriso melancólico.
Senti meu coração afundar, ao mesmo tempo que uma dúvida se aflorava em meu interior me instigando a querer saber mais, uma sensação estranha me dizia para parar, fugir daquele assunto o mais rápido possível e nunca mais tocar nele, o rosto triste de Amaris acertou meu peito de uma forma que eu desejei nunca mais vê-la assim.
_Agora é minha vez de perguntar - A morena falou mudando de assunto - Quem é o cara do espelho?
_Que? - Perguntei ainda tentando entender o que ela havia falado.
_Quando me libertou achei ter visto alguém no seu reflexo, hoje de manhã também, tentei sentir a sua aura e era estranha... uma mistura energias, um verdadeiro caos. - ela fez uma pausa como se buscasse as palavras corretas - eu sei que tem alguém a mais dentro de você... só não sei como.
_Você conseguiu ver o Steven? Como?
_Foi nisso que você prestou atenção... - ela respondeu arqueando minimamente as sobrancelhas - mas sim, eu posso vê-lo, e ouvi-lo, os gatos possuem a habilidade de interagir com a alma, por isso consigo ver e ouvir o Steven...
_Os gatos fazem isso?
_Claro... nunca se perguntou o por que deles ficarem olhando pro nada por horas?
_Explica muita coisa...
Continuamos nossa conversa sobre gatos e o Steven e seguimos até chegar em um beco, sigo até uma porta nos fundos de um estabelecimento, Amaris está logo atrás de mim, ela me olha com curiosidade enquanto eu bato em uma porta enferrujada e espero até um pequeno compartimento se abrir, revelando um par de olhos questionadores.
_Avisa o Francês que eu trouxe o gato - Falo enquanto o homem me examina.
_Não temos ratos aqui, da o fora - o homem do outro lado fala sarcástico.
_O que? - Esse cara tá brincando? - só avisa o Francês que o Mark tá aqui.
_Aí, cai fora cara... - o Homem continua irredutível.
_Escuta aqui eu não tenho tempo pra brincadeira, cadê o Frances?
_Já mandei cair for-
_Sai da frent idiot, vai olhar o telhado - eu conhecia aquele sotaque - quem é, que cê quer?
Coloquei as mãos ao redor da cintura e inclinei a cabeça esperando o idiota me reconhecer. eu consigo ver seus olhos me varrendo de cima a baixo antes de voltar a falar.
_Sainte merde... você engordou, entra ae...
A porta se abre eu passo por ela puxando Amaris para dentro, Duchamp logo nota ela e cai em cima como o grande urubu mulherengo que é.
_Ora ora... se não é o Mark, e acompanhado de uma graciosa dama... não vai me apresentar? - reviro os olhos enquanto ele fala.
_Essa é Amaris, ela está me ajudando em um trabalho, e esse pavão amostrado é o Duchamp, ele é um amigo que ajuda quando preciso de armas, um piloto de fuga, informações e coisas do tipo.
_Encantado mademoiselle... - ele diz beijando a mão de Amaris.
_Então você é o "Alfred" do Mark? interessante - Amaris responde recuperando sua mão.
Não posso deixar de me surpreender, aparentemente passar séculos presa dentro de uma relíquia não a impediu de aprender mais sobre as coisas aqui fora. Com as apresentações feitas Duchamp me leva a uma sala com vários livros um computador e algumas muambas, logo ele me explica sobre a Tumba de Ammit.
_Non adiata encontrar o local se non puder entrar nele uii? - ele explica passeando pela sala - existe uma maldição na entrada da tumba, pra que ninguem enter, pessoalment no acho que exista isso mais peu import... vai percisar das uma relique pra entrar.
_Que tipo de relíquia? - pergunto me apoiando na mesa.
_Um livro - ele diz e se aproxima do computador virando a tela em minha direção - O livro de Thoth.
Amaris que estava mexendo em alguns livros e papiros volta sua atenção para nós, ela repidamente se aproxima e começa a prestar uma atenção exagerada em cada palavra dita pelo Francês.
_As pessoas dizem que o livro tem o feitiço que quebra a maldição, pessoalment, acho que na verdade contem os segredos para as armadilhas e tradução dos hieroglifos... - Duchamp continuou sua explicação - mas existe um problema.
_Que seria? - Amaris toma a frente.
_Su localizaçon, mademoiselle... a lenda diz que o livro está em uma caixa de ferro contendo uma caixa de bronze, que por sua vez contém outra de madeira Kete, outra de marfim e ébano, uma caixa de prata e uma caixa de ouro em que o livro está protegido, no meio do rio Koptos. Dizem que ao redor da caixa de ferro há muitas cobras e escorpiões que nenhum homem pode matar.
_Ótimo - respondo irônicamente - fácil assim?
_Na verdade - Amaris começa a falar animada - a lenda está incompleta, A história afirma que um príncipe egípcio antigo, chamado Neferkaptah decidiu recuperá-lo e lutou contra cobras e escorpiões recebendo-o de volta, porém, é dito que sofreu, como castigo, a morte de sua esposa Ahwere e seu filho Meribe, portanto, Neferkaptah tirou sua vida e afirmam que ele foi enterrado junto com o livro.
Era realmente impressionante ver Amaris falar, daquele jeito todo empolgado, as pupilas dilatadas e mexendo as mãozinhas frenéticamente, parecia até a Laila ou o Steven, ela estava tão fofa que não pude evitar sorrir, aquele vendedor realmente tinha razão, Amaris tinha belos olhos.
Olhei pro lado e vi o Francês me olhando com um sorriso acusador em seu rosto. Desviei os olhos rapidamente negando com a cabeça, o que esse idiota ta pensando?
_Então só precisamos achar a tumba do príncipe? por favor me diga que você sabe onde ela tá.
_Posso dar um jeito. - ela respondeu faceira.
Duchamp continuou me falando sobre o sarcófago de Sen ful e como acha-lo, eu teria que ir até um homem no centro para conseguir a informação. Saí dali com Amaris disposto a resolver a coisa do livro de Thoth.
_Como vai achar a tumba do príncipe? - perguntei enquanto chamavamos um taxi para nos levar até o hotel.
_Não vai ser tão difícil, no começo as pessoas não mumificavam os mortos, eles os enterravam em covas rasas no deserto e o clima seco acabava mumificando não intencionalmente, as pessoas começaram a associar isso com ritos de passagem e aí sim a mumificação passou a ser intencional.
_Como isso nos ajuda? - Pergunto abrindo a porta do carro pra que ela entre.
_Nos rituais os órgãos fora o coração eram retirados e guardados em jarros, من أجل فندق ساحر (para o glamour hotel) - disse fazendo uma pausa para falar com o motorista. - na cultura ocidental as múmias eram consideradas artefatos de decoração, foi assim que eu fui parar na prateleira de um ricaço excêntrico, como alguns desses objetos e artefatos possuem um certo grau de magia eu aprendi a senti-los e rastrea-los, assim eu posso absorver a magia deles enquanto aprendo através dela. posso usar isso pra achar a tumba do príncipe e o livro de Thoth enquanto você vai atrás da informação do sarcófago de Senful.
Eu estava completamente sem palavras, pior do que eu estava o Steven, refletido na janela do carro ele olhava pra Amaris com os olhos brilhando de admiração e algo a mais.
_Incrível - Steven disse depois de alguns segundos.
Amaris virou em sua direção e curvou a cabeça como um gatinho curioso, Steven pareceu se dar conta de que tinha falado em voz alta e corou.
_Obrigada - Amaris respondeu sorrindo docemente.
Steven cora ainda mais ao ver o sorriso da garota, sinto uma leve queimação ao ver aquilo, me contorço no meu assento e tento afastar aquilo, pff, que palhaçada é essa? virei um adolescente? eu precisava afastar aqueles pensamentos da minha cabeça, preciso me concentrar em achar o livro de Thoth e o sarcófago de Sen ful, Harrow estava em algum lugar procurando a tumba de Ammit e ele tinha a posse do escaravelho, não era hora de ficar impressionado com uma mulher, principalmente com uma entidade egípcia, ainda estava tentando me livrar da última que arranjei.
olhei pro lado mais uma vez e pude ver Amaris conversando sobre artefatos antigos com Steven, pensei em interrompe-los mas meu lado racional me impediu, Steven estava preso do lado de dentro e pela primeira vez estava se divertindo com uma garota, ainda que fosse uma serva dos deuses, já era um começo pra alguém como ele. Olhei para fora do taxi tentando pensar em qualquer outra coisa, precisava me concentrar no que estava por vir...
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Holla gatitos volteeeeeiiiii ~\(≧▽≦)/~
mais um capitulo aí pra v6, esse é meio chatinho pra algumas pessoas mas eu simplesmente amo a história do livro de Thoth e não pude deixar de por ela aqui, afinal de contas vai ser por esse livro que vocês vão conhecer os poderes da nossa querida gatinha <3
(Amaris: Acho melhor cê calar a boca ou vai estragar a surpresa...)
Ta certo, espero vocês no próximo capitulo amores, não esqueçam de votar e comentar, amo saber o que v6 tão achando, até mais seguigatos <3<3<3