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By lantsovz

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๐—ฃ๐—ฅ๐—œ๐— ๐—”๐—ฉ๐—˜๐—ฅ๐—”โ”ƒโ Assim como as flores na primavera, o amor de Meadow por Daryl continuava florescendo. โž ... More

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By lantsovz

CAPÍTULO CINCO
CAMINHOS CRUZADOS







aviso: menções à violência doméstica.












O MUNDO PARECIA PERTENCER AOS MORTOS AGORA, mas, ainda assim, apesar de estar cercada pela morte a todo momento, a perda era um sentimento que ela nunca iria se acostumar. Um sentimento que, talvez, ela nunca conseguiria suportar.

O sangue ainda fresco escorria pelo piso, indo de encontro com suas mãos. O vermelho preenchia suas palmas, as chamas que haviam sido acesas para iluminar o local se apagavam lentamente e sua perna, ainda machucada, irradiava dor pelo seu corpo. Mas ela não se importava. Ela não sentia nada. Apenas um vazio que crescia cada dia mais em seu peito.

Ela queria gritar, ela queria chorar, ela queria sair daquele lugar. Mas sua voz parecia ter sumido, suas lágrimas pareciam ter secado e seu corpo não seguia seus comandos. Tudo que Meadow conseguia fazer era continuar ali, caída, sob a poça de sangue deixada por Reg Monroe.

O tempo parecia ter parado, mesmo que ela conseguisse ver todo o mundo se movendo à sua volta. O corpo do patriarca dos Monroe já havia sido levado e, tudo que restava naquele espaço, eram as vozes dos moradores de Alexandria relatando os eventos que levaram a morte trágica de Reg. Comentários que Meadow repassava repetidamente em seus pensamentos. De novo e de novo.

Durante sua ausência, a verdadeira face do renomado Dr. Pete havia sido revelada. O tão competente cirurgião se escondia atrás de uma máscara de bom vizinho e o profissional que sempre estava disposto a ajudar, quando, dentro de sua casa, machucava sua esposa. Machucava seus filhos.

Rick Grimes havia descoberto e não poderia permitir que aquilo continuasse acontecendo. O xerife tentou fazer justiça com as próprias mãos e, consequentemente, Deanna convocou uma reunião para decidir se o Grimes deveria permanecer na comunidade.

Mas, durante a conversa entre os residentes, Pete chegou segurando a espada de Michonne e, bêbado e atordoado por ter perdido o controle sobre sua família, acidentalmente cortou o pescoço de Reg e, em seguida, teve sua vida terminada por um tiro vindo do xerife.

E, agora, a Hart havia perdido a única figura paterna que teve na vida. Meadow se torturava por não ter percebido os sinais. Como ela não havia conseguido ver o que Jessie e seus filhos estavam enfrentando? Talvez, se ela tivesse prestado mais atenção, aquilo não teria acontecido. Talvez Reg ainda estaria ali. Talvez ela não estaria sentindo como se tivesse chegado tarde demais mais uma vez.

Daryl estava parado a alguns metros de distância. Suas roupas ainda sujas de sangue, o cigarro acesso entre seus lábios, os fios de cabelo caindo em cima de seus olhos. Sua visão estava fixada em Meadow, que se encontrava parada no mesmo lugar há horas, em choque, carregando um vazio em seu olhar.

Ele queria ir até ela, ele queria ajudá-la, ele queria dizer que sentia muito, queria carregá-la até a enfermaria para que cuidassem de seu ferimento, mas ele continuava ali, parado, apenas sendo capaz de olhá-la de longe. Seus pés não queriam se mover e seu cérebro parecia ter esquecido as palavras que ele tanto buscava para dizer à Hart.

Quando, finalmente, suas pernas pareciam estar atendendo aos seus chamados e, lentamente, ele começou a se aproximar de Meadow, Spencer Monroe passou correndo ao seu lado, ficando de joelhos ao lado de sua noiva, envolvendo seus braços em volta da mesma, fazendo com que o Dixon cessasse seus passos.

Ele assistiu a forma que, no momento em que o Monroe a tocou, Meadow desabou pela primeira vez, se aconchegando no peito de Spencer, enquanto lágrimas começavam a escorrer pela face do filho mais novo de Reg. Ambos compartilhavam o mesmo luto, ambos encontravam conforto um no outro. Era evidente o que um significava para o outro. Era evidente o laço que os unia.

Daryl olhou mais uma vez para Meadow e, em seguida, para a ferida em sua perna que era coberta pelo pedaço de sua camiseta. Ele se lembrou de como haviam sido os últimos dias com ela. E, então, abaixou seu olhar,  jogando seu cigarro no chão e dando às costas para o casal, caminhando de volta para a casa de seu grupo.

SPENCER HAVIA A CARREGADO EM SEUS BRAÇOS até a enfermaria, abrindo a porta bruscamente, assustando Denise e repousando Meadow na primeira maca que encontrou. ─ O que aconteceu?! ─ A psiquiatra perguntou, largando o livro médico que tinha em suas mãos, ajeitando seu óculos e parando ao lado da Hart.

─ Não é nada. ─ Meadow respondeu, tranquilizando Denise, começando a retirar o pedaço de tecido que recobria seu machucado, tentando esconder a feição de dor que se formou em seu rosto. A ferida parecia ter piorado e, apesar do sangue não escorrer mais, a lesão estava bem exposta. ─ Não foi tão profundo. ─ A Hart relatou, analisando o corte. ─ Só preciso de pontos, Denise.

A loira concordou, indo na direção dos materiais que utilizaria. Spencer colocou sua mão em Meadow, notando pela primeira vez o estado em que sua noiva se encontrava. O ferimento, as roupas com sangue, a face exausta. ─ O que aconteceu lá fora? ─ Ele pediu.

─ Eu... ─ Ela começou, soltando um suspiro. ─ ... Eu cometi alguns erros. Nós acabamos ficando presos com vários caminhantes. ─ Meadow admitiu, notando o olhar de preocupação do Monroe. ─ O Daryl e o cara novo, o Morgan... eles me salvaram. ─ Ela contou. ─ Não antes de eu conseguir machucar minha perna. ─ Meadow sorriu de canto, tentando rir de como, em apenas dois dias, ela havia quase perdido sua vida diversas vezes.

─ Eu sabia que você não deveria ter ido. ─ Spencer afirmou, sua feição não escondia sua mágoa. ─ Não depois do Aiden. ─ Ele continuou. ─ E agora você 'tá machucada e o meu pai... ─ Spencer segurou suas lágrimas, fechando seus punhos, incapaz de terminar sua frase.

─ Você precisa ir. ─ Meadow disse, afastando o toque do Monroe. ─ Precisa ficar com a sua mãe. ─ Ela confessou, voltando seu olhar para Denise que retornava em sua direção. ─ Eu 'tô bem. ─ Ela assegurou seu noivo, sabendo que suas palavras não eram verdadeiras. ─ Eu vou ficar bem. ─ A Hart garantiu.

Spencer assentiu, mesmo relutante. Depositou um beijo na testa de Meadow, se despedindo de Denise e voltando para seu lar. A loira parou na frente da Hart, mexendo sua perna com cuidado. ─ Eu posso fazer isso, Denise. ─ Meadow declarou, a morena já era acostumada a fazer suturas.

─ Não! ─ A loira exclamou. ─ Eu posso fazer... eu preciso fazer. ─ Denise confessou, ajeitando seus materiais. ─ Preciso treinar agora que o Dr. Pete morreu e você 'tá sempre do lado de fora... ─ Ela começou, mas cessou suas palavras assim que se lembrou da perda da Hart. ─ Me desculpa. ─ Ela pediu, constrangida.

─ 'Tá tudo bem. ─ Meadow respondeu, notando a mão trêmula de Denise. Apesar de médica, a loira havia seguido o ramo da psiquiatria e há anos não havia contato com o lado cirúrgico e, então, Pete nunca havia aceitado sua ajuda e Denise, em razão de sua ansiedade, perdeu a confiança em suas habilidades. ─ Não precisa ficar nervosa. ─ Meadow a confortou, segurando a mão da loira. ─ Você sabe fazer isso.

Denise começou a limpar o machucado, tomando todo o cuidado para não machucar a Hart. Em seguida, preparou sua linha e, delicadamente, começou a perfurar a pele de Meadow, iniciando os pontos. Para tentar ignorar a dor e não assustar Denise, ela olhou para a paciente que se encontrava dormindo na maca ao lado.

─ Como ela está? ─ Meadow perguntou, ainda olhando para Tara, que havia batido sua cabeça no mesmo incidente que tirou a vida de Aiden.

─ Ela acordou há algumas horas. ─ Denise contou, mantendo sua atenção no procedimento. ─ Ela vai melhorar logo. ─ A loira assegurou, pegando a tesoura e finalizando seu trabalho. ─ Pronto. ─ Denise avisou.

Meadow tentou colocar sua perna no chão e, no momento que seu pé encostou no piso, uma dor se espalhou pelo seu corpo, fazendo com que ela gemesse de dor e retornasse para a maca. ─ Droga. ─ A Hart resmungou.

Denise caminhou até a outra sala e retornou com um par de muletas, vendo a feição de Meadow ficar ainda mais desanimada. ─ Você não vai conseguir andar sem elas. ─ A loira confessou. ─ Por um bom tempo.

Meadow suspirou. Ela havia temido que isso acontecesse. Ela odiava se sentir incapaz. Odiava se sentir como um fardo. E agora não seria nem capaz de caminhar sozinha. Denise a ajudou a ajeitar as muletas e ela caminhou em direção à porta. ─ Obrigada, Denise. ─ Meadow afirmou, antes de sair. ─ Você 'tá fazendo um bom trabalho aqui. ─ Ela disse, notando o sorriso que se formou na face da médica.

O COLAR QUE CARREGAVA O NOME DE AIDEN MONROE repousava na cruz que continha os mesmos dizeres, marcando seu túmulo. Meadow havia colocado o pertence do Monroe mais velho no lugar que o enterraram simbolicamente, no cemitério de Alexandria.

Seus braços repousavam sobre as muletas, seus cabelos úmidos ─ em razão do recente banho ─ iam de encontro com o vento gélido. Ela estava há algum tempo analisando o lugar de descanso de Aiden, enquanto um morador da comunidade, Tobin, e o padre Gabriel cavavam dois buracos para as recentes mortes.

─ O que estão fazendo? ─ Ela escutou a voz de Rick ao seu lado, voltando sua atenção para ele, que falava com os dois homens.

─ Estamos... ─ Gabriel começou. ─ Bom, eu só queria ajudar. ─ Ele confessou, enquanto Tobin continuava a cavar.

─ Nós só precisamos de um. ─ Rick afirmou, seu tom demonstrava sua raiva.

─ Nós temos dois homens aqui. ─ Tobin debateu, se referindo ao Dr. Pete e à Reg Monroe.

─ Não vamos enterrar assassinos aqui dentro. ─ Rick disse, suas palavras pareciam uma ordem.

─ Os filhos dele moram aqui. ─ Meadow se manifestou pela primeira vez, fazendo que todos os olhares se voltassem para ela. ─ Eles merecem ter um lugar para se despedir do pai deles. ─ Ela argumentou, mesmo também não gostando da ideia de Pete ser enterrado no mesmo lugar que sua figura paterna.

─ Os filhos que ele machucava? ─ Rick a respondeu e a Hart sentiu seus dedos tremerem. A história de Pete não traziam memórias boas à morena.

─ Confie em mim, Rick... ─ Meadow declarou. ─ Isso não quer dizer que eles não vão sofrer pela morte do pai. ─ A Hart confessou, tentando afastar as memórias que invadiam seus pensamentos. ─ E não é sua decisão para tomar. ─ Ela afirmou, se refirando ao fato de Deanna ser a líder de Alexandria.

─ Meadow. ─ A voz de Deanna fez com que ela olhasse para a direção que a Monroe se aproximava. ─ Rick têm razão. ─ Deanna se pronunciou, sem notar o olhar de indignação da Hart. ─ Levem ele daqui. ─ Ela ordenou os homens. ─ Vão para o oeste, pela estrada Brandon, alguns quilômetros depois da ponte. Nós nunca vamos para aqueles lados. ─ Deanna continuou. ─ Enterrem ele por lá. ─ Ela disse e eles assentiram.

A líder da comunidade começou a caminhar para longe do cemitério, sendo seguida por Meadow. ─ Você sabia?! ─ Meadow perguntou, seu tom raivoso, suas mãos trêmulas. Sua voz fez com que Deanna parasse, ainda sem coragem para encará-la. ─ Sabia o que ele fazia? Sabia que o Pete machucava eles?!

Deanna se virou lentamente, seu olhar não conseguia encontrar o de Meadow. ─ Sim. ─ Ela confessou, quase como um sussurro.

Meadow fechou seus punhos. Ela podia sentir a raiva que sempre parecia estar habitando em seu corpo, que sempre parecia estar implorando para sair. ─ Depois de tudo que aconteceu... Depois da Aria... Você deixou com que ele ficasse? ─ Ela a questionou, segurando suas lágrimas.

─ Ele era um cirurgião, Meadow. ─ Deanna tentou defender sua posição. ─ Ele salvou vidas.

─ E as vidas que ele destruiu?! ─ A Hart continuou. ─ Você me disse que construiria um mundo novo. Um mundo melhor. Um mundo sem pessoas como o meu pai. ─ Ela declarou, se sentindo traída, se sentindo enganada. ─ Eu acreditei em você.

─ O que você queria que eu fizesse? ─ Deanna aumentou seu tom. ─ As pessoas precisavam dele e você nunca quis ficar aqui dentro.

─ Então agora é minha culpa? ─ Meadow pediu, sorrindo sarcasticamente. ─ Ou vai me dizer que fez isso por mim? ─ Deanna abaixou seu olhar. ─ A pior parte é que você assistiu o que meu pai fez comigo. ─ A Hart confessou, sentindo a primeira lágrima escorrer pelo seu rosto. Não era um choro de tristeza. Era de raiva. ─ Com a Aria, com a minha mãe. E mesmo assim você conseguiu fechar seus olhos de novo.

─ Meadow... ─ Deanna chamou a Hart, seu choro não era contido e, ao tentar tocá-la, Meadow empurrou sua mão, negando com a cabeça e seguindo na direção oposta.

DARYL HAVIA ESTACIONADO SUA MOTO NA FRENTE da residência que dividia com seu grupo após buscá-la e, agora, fazia os reparos que o veículo precisava. Seu colete parecia absorver todo o calor emanado pelo Sol, fazendo com que as primeiras gotas de suor se formassem em sua face.

Rick caminhou em sua direção pela rua da comunidade, chamando sua atenção. ─ Daryl. ─ O Grimes o chamou, o cumprimentando. O rosto de Rick ainda estava repleto de curativos devido a briga que teve com o falecido Pete. ─ Spencer me contou o que aconteceu lá fora.

Daryl o encarou, pegando um pano que se encontrava em cima de sua moto, limpando suas mãos repletas de graxa. ─ Não quero que se arrisque por um deles. ─ Rick confessou e o Dixon desviou o olhar, resmungando como resposta. ─ Qual o problema? ─ O xerife pediu, notando que seu braço direito não apreciou sua fala.

─ Se vamos ficar aqui, ela é uma de nós agora. ─ Daryl afirmou. ─ Todos eles são.

Rick suspirou, analisando as palavras de Dixon. ─ Meadow é a que melhor sabe se virar lá fora e, mesmo assim, você quase morreu por ela. ─ Rick declarou, frustrado. ─ Eles são fracos e eu não acredito que eles podem mudar. Quando eles caírem, a gente não vai cair com eles.

Daryl assentiu. Ele confiava em Rick, o seguia, mas sabia que eles poderiam treinar Alexandria, poderiam ajudá-los, deixá-los mais fortes. Ele sabia que cometeria todos os riscos dos últimos dois dias de novo. ─ E sobre os "W" que vocês encontraram lá fora, nós precisamos de mais pontos de vigia. ─ Daryl balançou a cabeça, concordando. ─ E eu vou falar 'pra Deanna 'pra gente não procurar mais pessoas. ─ A feição de Daryl mudou, tornando mais evidente seu desconforto. ─ Que foi? Você discorda disso?

O Dixon o encarou em silêncio. ─ É, discordo. ─ Daryl afirmou, dando de ombros.

─ Quem tá lá fora tem que se virar sozinho. ─ Rick argumentou. ─ Como a gente fez. ─ O arqueiro assentiu e o xerife se afastou, seguindo para seus afazeres. Daryl apenas pensava que não desejava que pessoas boas passassem pelo o que seu grupo precisou passar.

O Dixon sentiu uma ardência em sua mão e notou o machucado que havia feito quando resgatou Meadow. Ele analisou o curativo, lembrando de como ela havia cuidado do ferimento, de como havia sido uma sensação estranha conhecer mais da Hart. Uma sensação que, apesar de desconhecida, ele queria sentir mais uma vez.

MEADOW SENTIA QUE SEUS BRAÇOS IMPLORAVAM por uma pausa. Depois de caminhar até a residência da família do Dr. Pete, ela podia sentir a dor que as muletas causavam em seus membros superiores. A Hart sabia que precisava descansar, sabia que precisava de repouso, mas toda vez que ela tentava fechar seus olhos, um novo pesadelo a assombrava.

Ron, o filho mais velho de Pete, estava parado na varanda e, assim que notou a presença da Hart, ele limpou as lágrimas que se formavam em seus olhos. Ron era um típico adolescente na visão de Meadow, ela se lembrava como o jovem podia ser irritante às vezes e de como ele gostava de Enid. ─ O que você quer? ─ Ele perguntou enquanto a morena subia com dificuldade os degraus que levavam até a varanda. ─ Se veio chamar meu pai de assassino como os outros... ─ Ele tentou continuar, mas a Hart o interrompeu.

─ Eu não vim por isso. ─ Ela declarou, o cortando e parando ao seu lado, mantendo seu olhar na comunidade. ─ Meu pai... ele não era um homem bom. ─ Meadow confessou, reunindo toda força que restava em si para falar as palavras que sabia que Ron precisava ouvir.

─ Minha irmã mais velha sempre tentava me proteger dele. ─ Ela contou, passando a mão pelo seu colar. ─ Mas muitas vezes não tinha como escapar. ─ Meadow disse, respirando fundo. ─ Eu me culpei por muito tempo. Me culpei por ele bater na minha mãe, na minha irmã. Me culpei por ele bater em mim. Eu pensava que se eu fosse quem ele queria, se eu fosse melhor, nós seríamos felizes. ─ A Hart continuou.

─ Mas nunca foi minha culpa. Nunca foi minha culpa ele ser um homem ruim. ─ Meadow afirmou. ─ E mesmo assim eu continuei com raiva, eu ainda tenho raiva. ─ Ela falou. ─ Eu fiquei com tanta raiva que, mesmo ele tendo feito tudo isso, eu ainda chorei quando ele morreu.

─ Por que 'tá me contando isso? ─ Ron pediu, suas mãos estavam fechadas, seu tom era nervoso.

Meadow o olhou. ─ Porque não tem problema se sentir como você 'tá se sentindo, Ron. ─ Ela afirmou, encostando a mão no ombro do adolescente. ─ Não é culpa sua. Nunca foi.

A Hart se surpreendeu quando o adolescente envolveu os braços ao redor dela, permitindo que suas lágrimas caíssem. Ela o abraçou de volta, passando a mão pelo seu cabelo, dizendo que tudo ia ficar bem. E, mesmo que ela quisesse desesperadamente acreditar em suas próprias palavras, ela sabia que elas não eram verdade. Ron era uma criança quebrada, assim como Meadow havia quebrado há muito tempo e os pedaços que ela conseguiu juntar de novo durante os anos que se passaram, se desfaziam lentamente.

DARYL JÁ HAVIA PERDIDO A CONTA DE QUANTAS VEZES TINHA ENCARADO a porta à sua frente. Sua mão havia tentado tocar a maçaneta, mas seus pensamentos impediram essa ação diversas vezes. O Sol já estava se pondo, enquanto o Dixon se encontrava em frente a enfermaria.

Ele olhou para seu machucado, seu curativo estava manchado pelo sangue, ele sabia que poderia trocá-lo sozinho, ele sabia que aquele ferimento nem ao menos o incomodava, então por que ele havia procurado Meadow por toda a comunidade com a desculpa que precisava de um curativo novo? Por que ele havia ido até sua casa para vê-la, apenas para ser recebido por Enid, que avisou que a Hart se encontrava na enfermaria?

Daryl balançou a cabeça, se convencendo que o melhor seria ir embora e, quando deu às costas para o local, a porta foi aberta. ─ Daryl? ─ Meadow o chamou, seu olhar surpresa por vê-lo. Ele se virou, a encontrando com um par de muletas, sua feição tristonha, mas ainda sim ela formou um sorriso ao notar a presença do Dixon.

O arqueiro levantou sua mão, mostrando sua ferida e a Hart assentiu, dando espaço para que ele entrasse. ─ Pode se sentar ali. ─ Ela apontou para a maca vazia e o arqueiro se sentou. Ele olhou em volta, notando como Alexandria era bem equipada e que apenas os dois se encontravam no espaço médico.

Ele observou Meadow deixar suas muletas de lado e começar a andar com dificuldade pelo local, buscando os suprimentos que utilizaria. Ele se levantou para ajudá-la e, ao notar a movimentação do arqueiro, a médica se pronunciou. ─ Eu consigo. ─ Meadow declarou, reunindo os materiais. ─ É bom que eu caminhe um pouco. ─ Ela confessou, indo na direção de Daryl e se sentando a sua frente.

Meadow segurou a mão de Daryl, seus dedos tocando delicadamente a mão do arqueiro. Ela retirou com cuidado o curativo antigo, o jogando fora e em seguida começou a limpar a ferida. ─ Você... ─ Daryl disse, procurando as palavras que queria dizer. ─ Você 'tá bem? ─ Ele pediu, arrancando um sorriso de lado da Hart.

─ Eu vou ficar. ─ Meadow confessou, pela primeira vez, mantendo seus olhos no machucado. ─ Spencer me avisou sobre a decisão da Deanna. ─ Ela contou. ─ Sobre não procurar por mais pessoas. ─ Daryl assentiu. Meadow sabia que o arqueiro não havia ficado feliz com a nova regra. ─ Vai ser temporário. ─ A Hart assegurou. ─ Logo você vai estar lá fora de novo.

─ E você? ─ Ele perguntou, analisando os movimentos de Meadow.

Ela suspirou, terminando de limpar a ferida e se preparando para fazer o novo curativo. ─ Meu lugar é aqui agora. ─ Ela afirmou. ─ Sempre foi, na verdade. ─ Meadow declarou. ─ Eu nunca devia ter saído. ─ Ela continuou, enfaixando o machucado.

A Hart se levantou e seus olhares se encontraram. ─ É melhor assim. Eu não sou tão boa lá fora. Não como você. ─ Meadow admitiu, cortando o curativo. ─ E tenho certeza que seu novo parceiro não vai te colocar em tantas situações de morte como eu. ─ Ela disse, soltando uma leve risada, falhando em conseguir um sorriso do arqueiro. Meadow se virou, dando às costas para Daryl, indo guardar seus utensílios.

Ele queria dizer que ela estava errada. Ele queria dizer que ela havia sido uma boa parceira. Ele queria dizer que gostava de sua companhia. Ele queria dizer tanto, mas nenhuma palavra escapou de seus lábios.

Ele olhou para o machucado na perna de Meadow. Ele se lembrou dos dias que passaram juntos. E, então, ele se lembrou de quem ele era. Ele se lembrou de quem ela era. E, talvez, aquilo realmente seria o melhor. Talvez seria melhor que seus caminhos se tornassem opostos de novo. Talvez seria melhor que suas histórias não se cruzassem.

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