Rei Do Desastre

By clarice_fp

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Spin Off do romance Os Namorados Fictícios De Alessa Jones. DeLuca e Vanessa sempre tiveram amigos em comum... More

Avisos importantes
Epígrafe
Prólogo
DeLuca
Vanessa
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Epílogo

29.

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By clarice_fp

29|BOM GAROTO
Vanessa Pov

Tomo o terceiro copo vermelho da sua mão desde que chegamos – o que não faz nem quinze minutos – e a puxo pelo ombro. Ela cambaleia e embola em seus passos, o que me faz segurar seu cotovelo com mais força ainda.

— Vem, vamos sair daqui, agora.

Eu rosnei? Talvez tenha rosnado.

— Sabe o que eu mais odeio em Kendrick Evans?

Alessa tira os cachos do rosto quando a deixo sentada em um sofá vazio da segunda sala da casa de Hillary. A casa está completamente amontoada de gente bêbada e fantasiada, mas este cômodo em especial, está vazio.

— Ele é tão bonito que eu não poderia chamar ele de feio, porque estaria na cara pra todo mundo que é uma tremenda de uma mentira!

— Diga isso pra ele, mais tarde — zombo, pegando o celular do bolso interno da jaqueta roxa que estou usando.

Ela não faz parte da fantasia de Daphne – nem meus coturnos lilás, nem o resto das minhas roupas –, mas eu nunca iríamos ganhar o concurso de melhor fantasia se eu vestisse aquele crime de roupa estranha. Eu troquei tudo por um vestido lilás, da cor dos coturnos que Am me emprestou, e meias brancas 7/8 com um lenço de seda no pescoço.

Não era tão igual, mas...ao menos não estou mais ridícula do que estaria se não tivesse um senso de moda muito bom.

Ao contrário de mim, Alessa adorou a dela, tanto que não mudou absolutamente nada, apenas a peruca, já que ela não trocava seus cachos crespos por nada naquele mundo.

O moletom laranja lhe caiu muito bem junto com a saia de couro vermelho escuro, talvez um pouco mais curta do que imaginas, mas muito, muito bem bestida. Ela deixou o cabelo solto e decidiu usar os óculos de armação quadrada junto com os saltos bombas robustas de plataforma.

— Eu não vou voltar a falar com Kendrick Evans! — soltou, largada no sofá espaçoso.

— Ah! Porque ele roubou sua lista de namorados fictícios e leu sobre cada um deles apenas pra conquistar você — bufo, teatralmente — Poxa! Kendrick Evans é o pior cara de todos!

Ela faz careta, agora se encolhendo ali, entre as almofadas.

Eu odeio ele — murmurou, parecendo triste, de repente — Odeio porque ele não deveria ter fingido ser um babaca por esses anos.

Ponho as mãos na cintura, soltando o ar pela boca. É óbvio que essa raiva toda é apenas um escudo – como ela sempre faz – para não notarem o quanto ela está quebrada.

— Está gostando dele, não está, coração? — mexo em seus cachinhos com cuidado para não desmancharem. Ela apenas balança a cabeça minimamente, então se encolhe mais um pouco — Vou pegar uma água pra você.

E me levanto.

O corredor até a cozinha está completamente aglomerado de pessoas barulhentas, outras apenas fumavam algo que deixava o odor do lugar deplorável.

Salto quando meu ombro vai de encontro à outro bem no arco que levava para o meu destino. Ao invés de me dar espaço para passar, ele dá um passo para trás e me puxa com delicadeza para dentro do cômodo.

— Você fica bem de Daphne, Daphne — Lerroy se senta no banquinho baixo no canto. Sorrio para ele, indo procurar por um copo nos armários.

— E você está bêbado, não está... — o analiso de cima abaixo tentando decifrar sua fantasia — Desculpe, mas o que você está vestindo? Mecânico?

É o quê? Michael Myers! O assassino do Halloween, Nessa — me encarou com uma surpresa óbvia, como se estivesse muito na cara, e estendeu a máscara branca assustadora com um tufo de cabelo emaranhado no topo.

— É o cara da serra elétrica?

— Você é uma vergonha para a indústria cinematográfica de terror.

Comecei a rir, enchendo o copo de água que encontrei. Mais pessoas entraram na cozinha, e uma delas – uma Cleópatra completamente chapada – me empurra nas costas, quase me fazendo desequilibrar, talvez tenha me desequilibrado mesmo porque fui parar bem no colo de Lennon Robbs.

— Desculpe! — tento me levantar no mesmo instante, porém, mais pessoas chegam e me empurram de volta para
o mesmo lugar.

Acho que estou da cor de um tomate porque Lennon joga a cabeça para trás a encostando na parede de tanto rir. Percebo que estou fazendo o mesmo.

— Fique o tempo que precisar, ou até o seu namorado chegar, ou melhor, antes dele chegar, não quero levar um soco no rosto — diz, quando consigo finalmente consigo levantar.

— Se você levar um soco por eu ter caído no seu colo, ele leva um soco por ser tão ciumento — deixo o copo em cima do balcão enquanto espero o fluxo de pessoas que impedem a passagem do corredor diminuir — E você, Michael Myers, se lembre de não beber tanto. Você não é como os caras do seu time, esqueceu? Ou voltar a andar com eles fez seu cérebro diminuir de novo?

Lennon deu de ombros.

— Talvez eu tenha passado do ponto — esfregou os olhos com as costas da mão — Tô percebendo que ficar assim me faz questionar um monte de coisa que eu não quero lembrar, então minha cabeça está a mil por hora, no momento.

Balanço a cabeça, sorrindo de lado para ele. Acho que chegou nosso momento de conversa estranha em momentos aleatórios e não-planejados da semana. Percebi que gosto da dinâmica da minha amizade com Lennon.

Trombamos por aí, acabamos conversamos sobre nossos problemas e tentamos nos ajudar de alguma forma.

— No que está pensando, Lerroy?

— Promete não levar isso a sério? Porque estou bem bêbado, então não vou lembrar o que vou falar agora.

— Prometo.

— No que estou pensando, certo? Bom...resumidamente, em você — acho que estou segurando o copo com muita força, agora. Lennon percebe isso, e desvia o olhar, reprimindo os lábios — Desculpa, a gente estava bem e eu acabei...estragando. Desculpa mesmo, Nessa. Olha, eu tô bêbado pra caramba, tá legal? Nem vou lembrar disso, então se você ignorar os últimos quinze segundos e fingir que eles nunca aconteceram, podemos ficar de boa, e...

Suspiro, antes de interrompê-lo.

— No que, exatamente, você anda pensando sobre mim, Lennon?

Lennon me encarou por um tempinho antes de voltar a baixar o olhar e respirar pesado, parecendo exausto. Mentalmente exausto.

— Eu só tenho me sentido perdido. Acho que todo veterano pronto para enfrentar algo novo com a faculdade se sente assim, e muita coisa vem acontecendo desde que o verão acabou — a máscara de Michael Myers cai em seu colo, o rosto fantasmagórico não parecendo mais tão assustador como antes — E uma dessas coisas foi ter me aproximado de você. Foi algo bom no meio de tanta merda, entende? É difícil superar algo bom, como Vanessa Winston, e ter estragado tudo.

— Lennon, mas não foi você que estragou. Eu confundi as coisas. Eu que procurei você para conversar sobre outro garoto. Quem deveria levar um soco sou eu — nós acabamos rindo um pouco da última parte — Não fique de culpando, ou tentando encontrar um erro seu nisso tufo. Não foi culpa sua.

— Talvez não tenha sido, mas ainda é difícil superar você. Caralho, é muito difícil superar você — piscou com os olhos bem abertos, parecendo espantado com seu próprio pensamento — O que você é? Uma sereia ou algo do tipo?

Apenas dou de ombros, sorrindo.

— Já que entramos nesse assunto, eu posso fazer mais perguntas idiotas? Lembra? Eu ainda estou bêbado.

Fecho a cara para ele, repreendendo. Lennon ri mais um pouco, a risada baixa meio arranhada na garganta, como se estivesse tossindo.

— Vamos acabar logo com isso — pego o copo de volta, quase esquecendo que tenho uma Velma encolhida no sofá da segunda sala de estar tendo uma crise de amor-ódio pelo vizinho espetando para ser hidratada — Me acompanha e você faz as perguntas. Gosto da dinâmica da nossa amizade, não quero perder isso por mais complicado que seja, a não ser que você seja um perigo para o meu relacionamento. Você é?

— De forma alguma — se levanta, acompanhando meus passos pelo corredor embaçado de fumaça e pessoas bêbadas — Eu sou um verdadeiro torcedor de "DelNessa".

Quase me tropeço entre os pares de pés espalhados pelo carpete.

— "DelNessa"?

— É o seu shipp com o DeLuca — me encarou como se fosse uma pergunta boba — Todos falam assim.

— Todos, quem?!

— A escola, ué! — deu de ombros — Você é a filha do prefeito da cidade, até o começo das aulas, ninguém nunca foi pátio para você, já que nunca foi vista com nenhum garoto. Então, não fique surpresa com o fato do seu namoro estar na boca do povo. Você conhece essa cidade e nossa escola. Ninguém perde a chance de espalhar fofocas.

— Eu odeio aquela escola! E agora estou lembrando que preciso conversar com meu pai sobre essa onda de fofocas, a baixa qualidade dos alimentos e aquela idiota transfóbica da diretora Sanderson!

— Ei, calma aí, as aulas só voltam amanhã — deu batidinhas no meu ombro — Que tal deixar pra surtar na escola quando subir em cima de uma das mesas do refeitório e começar uma revolução? Seria irado pra cacete — aconselhou, sorrindo, mas parecia estar falando sério quando à revolução.

— Você tem razão — assinto, chegando na sala de estar e encontrando Alessa dormindo no sofá.

Olhamos o corpo pequeno até Lennon encontrar um cobertor no armário do corredor dos fundos e a cobrir. Ele aceitou me fazer companhia enquanto vigiava ela até Kendrick ou Deluca me ligaram para avisar que já chegaram. Até agora, nenhum dos dois deu sinal de vida mesmo com minhas várias mensagens.

— Voltando naquele assunto... — me viro para ele, nós dois acomodados nas duas poltronas dali — No que mais você tem pensado sobre mim?

Espero ele recobrar a linha de pensamento, então começar a falar, brincando com a franja da capa do travesseiro em seu colo — Nos motivos que levaram você a escolher...ele. Eu tento não pensar nisso, juro que tento, mas, as vezes, é inevitável. Eu queria uma explicação concreta. Sei que não é da minha conta, e não precisa contar se não quiser, mas, tem hora que seria bom uma resposta vinda diretamente de você...ao menos pra acabar com essas perguntas idiotas.

Penso bem no que dizer.

É fácil pensar no Deluca. Qualquer momento que vier a mente me traz um sentimento aconchegando no peito, até os mais estranhos como na primeira vez que entrei em seu quarto ou quando o encontrei no hospital. Mas a maior parte das minha lembranças são inexplicáveis boas. Agora estou percebendo que nunca disse algo do tipo sobre ele em voz alta, mas estou prestes a tentar.

— O Deluca, ele...ele me faz feliz — dou de ombros, tirando os coturnos e cruzando as pernas — feliz de uma forma genuína. Você me faz sorrir, e eu amo isso de coração, mas com o Deluca, não sei...nunca é momentâneo.

É como se esse resquício de felicidade fosse constante sempre que penso nele ou lembro dele. Que saber que sou o motivo para ele se sentir bem é gratificante, porque ele também é meu motivo pra ser feliz.

— Ele precisa, especialmente, de você pra ser feliz? — Lennon, pergunta depois de um tempo pensando.

— Ele que me disse, então...sim? — faço careta — Mas ele não quer que eu pense que não posso me afastar. Que não importa o que ele sinta ou o quanto ele estará quebrado, eu preciso me permitir ir embora, se eu decidir.

— Ele não quer prender você por um motivo egoísta.

Concordo, voltando a sorrir.

— Mas já pensou que seria mais saudável se ele aprendesse a não precisar de você pra ser feliz? Tipo, ele gosta de você, mas não ficaria tão quebrado se caso, um dia, vocês se afastarem — começo a pensar sobre isso — Você ficaria mal se vocês se afastrem, não ficaria?

— Sim — concordo, me encostando mais na poltrona — Ficaria despedaçada, mas tentaria seguir em frente. É o que meu pai sempre me ensinou: se te machuca, não vale a pena tomar tanto tempo da sua dor. Você deve seguir sempre em frente, por mais que não esteja disposto a seguir.

— Vou aderir à isso — riu, em tom de brincadeira autodepreciativa — Acha que o Deluca conseguiria seguir em frente e gostar de outra pessoa, no futuro?

Pensar no garoto que eu gosto superando seu sentimentos por mim e os substituindo com outra garota me faz querer vomitar. Mas, se caso – eu espero muito que não –, nós decidíssemos nos afastar, eu desejaria à ele, toda felicidade que ele me causou. Deluca merece todo o amor do mundo, e quero estar disposta a dar tudo isso à ele, e se não for pra acontecer, espero que outra pessoa o faça tão bem quanto eu.

— Deluca aprendeu a lidar com muita coisa. Muita coisa para um garoto de dezessete anos suportar — brinco com meus dedos — Eu confio nele pra decidir o que é melhor pra vida dele.

— Caramba, vocês são bons juntos. Estou entrando em um estado deplorável agora — fez beicinho, fingindo chorar.

O choro falso foi substituído por nossas risadas e o som abafado de uma música agitada do outro lado do corredor. E logo, em seguida, foi substituído pelas reclamações de Alessa sobre estar entrando em um novo estágio de adrenalina por conta daquela maldita bebida rosa que Hillary passou servindo para os convidados.

— Sabe, Lennon, o motivo de eu odiar tanto atletas, é que nenhum deles tem um cérebro inteligente — começou a conversar com ele — Pensa comigo, se o que eles são bons é esporte, então eles usam mais o corpo do que a mente, e não adianta conversar alguém que só exercita o corpo!

— Acho que você tá generalizando os atletas, Jones — rebateu — Nem todo atleta é burro.

— É claro que não — ajeitou os óculos decorativos — Há sempre uma exceção, e só há um único e maior exemplo de atleta perfeito, e se chama Axl Russel. Que provavelmente está sendo perseguido por dois adolescente loucos, agora. Espero que Cory dê uma dura neles...

Então, ambos – dois bêbados com problemas amorosos – começaram uma discussão sobre atletas e cérebro que não me dei mais o trabalho de assistir porque meu celular vibrou, e eu vibrei junto na possibilidade de ser um dos garotos.

[19:05]Luca
Chamando Daphne e Velma
pra turma do Scooby ficar completa

[19:05]Luca
Quero beijar minha garota!!
Preciso de beijinho, abraço, até aquela
mordida deliciosa sua!!!!

[19:06]Luca
sabe que a gente vai se pegar
no milharal, né? Sempre foi meu sonho desde criança :)

Brincadeira
mas se vc quiser, eu quero

Começo a rir sozinha, aleia aos dois ali na minha frente, ainda discutindo. Digito que ainda estamos na festa da Hillary, mas vou dar um jeito de transportar uma Alessa triste e bêbada até o festival da Caça perto do milharal, onde deve estar cheia de pessoas e barracas de comida e brincadeira para entreter todo mundo enquanto a Corrida não começa.

[19:07]Eu:
Vou te dar todos os beijos e
mordidas que puder

Só preciso acalmar os
ânimos da Lessa.

Ah, e Kendrick está com
problemas. Ela descobriu sobre
a lista.

[19:08]Luca:
KENDRICK VAI ME MATAR

Sendo assim, eu já soube que a noite seria uma série de bombas e reviravoltas.

E foi.

Assim que anunciei nossa saída, Alessa voltou a entrar naquela espécie de transe caótica que o álcool que ainda circulava em seu organismo lhe causou. Lennon se despediu quando encontrou uma Meghan, sua parceira de liderança de time, sentada em um dos degraus da escada larga da casa, e ela parecia um pouco emburrada.

Gil nos deixou rapidamente no local onde acontecia a Caça. Em Greendale, vários grupos se organizam e iniciam uma Caça aos tesouro cheio de pistas espalhadas em casas abandonadas da cidade, aqui em Middway, os grupos participam da Corrida do Espantalho.

Uma quantidade de pessoas os levam carregados, como os vocalistas de banda fazem, se jogando na multidão, e  deixam cada grupo espalhados em partes diferentes do milharal, no meio do escuro. Normalmente, telefones não funcionam naquela área da cidade, então ou você encontra um jeito de sair de lá ou consegue sobreviver por dois dias até a polícia te encontrar morrendo de fome ou desidratação.

Enfim, nem mesmo meu pai – o prefeito da cidade – tem controle sobre os habitantes de Middway. É bizarro.

— Não brinca! — Alessa disparou ao chegarmos enquanto eu tento a segurar pelo braço — Um carrossel, Nessa! Conseguiram um carrossel!

— Como conseguiram trazer isso até aqui? A estrada não é ruim? -

Em meu momento de dúvida, me descuidei com meu aperto, então Alessa se soltou e correu até a cabine giratória com tipos diferentes de cavalinhos e unicórnios dando voltas. As luzes coloridas do carrossel deixam o lugar mais bonito além das luminárias amareladas em algumas árvores ao longe.

Segui Alessa e tive que pagar sua entrada e a minha para o brinquedo já que ela simplesmente correu e montou um dos cavalinhos com as outras crianças e alguns casais.

Comecei a odiar irreversívelmente o estado embriagado da minha melhor amiga quando pulei para a base do carrossel em movimento, quase me desequilibrando se não fosse pela barra de metal vertical que se encaixava em cada cavalinho próxima à mim. Me segurei nela como apoio com tanta força que a lateral do meu rosto estava grudado nela para garantir que eu não caia.

— Que carrossel é essa que gira rápido assim? — penso alto, andando entre os unicórnios e cavalos que se movem para cima e para baixo constantemente  — Tão bonitinhos... — penso comigo mesma, começando a ficar tonta — giram tão rápido...

Vou me segurando de barra em barra até chegar a Alessa que estava se divertindo muito em seu unicórnio roxo. Abaixo sua saia vermelha que subiu com sua animação, fazendo os olhares desnecessários se fixarem nela.

— Vamos sair daqui, Alessa! — ordeno, com a musiquinha de carrossel me enjoando ainda mais.

— Eu vou ficar quietinha, prometo! — sorriu, se abraçando com o pescoço do unicórnio que montava — Deixe apenas os dez minutos de carrossel passarem, por favorzinho.

Não a ouço mais.

Meus olhos se prendem nos cachos escuros familiares e no dono daquela camisa verde de botões por cima da minha provável regata branca favorita.

— O Deluca chegou! — aviso, me afastando desengoncadamente, mas de repente, me lembro da garota sem limites que ainda abraçava seu unicórnio.

Me viro, apontando o indicador na sua direção.

Dez minutos, me ouviu? Dez. Minutos.

— Vá ver seu namorado, coração! — mandou um beijo no ar.

Deluca me viu quando acenei para ele do carrossel. Nunca fui tão cautelosa em me desviar dos obstáculos de quatro patas que iam pra cima e pra baixo. Pulei para o gramado mesmo com a base girando e fiquei feliz por não ter caído na frente de todos.

Minha visão ainda está turva quando me choco contra o corpo macio de Deluca, o abraçando com força. Ele me abraça também, rodeando seus braços ao meu redor e me tirando um pouco do chão.

Inspiro o ar com parte do rosto escondido na curva do seu pescoço e fecho os olhos quando seu cheiro suave de madeira e livro novo penetra em minhas narinas. Rapidamente, faz meu coração se acalmar e não bater tão fortemente como estava a alguns segundos atrás.

O momento acabou quando ele mordeu o espaço entre meu ombro e pescoço, me fazendo o afastar.

— Luca! — o empurro, mas ele está sorrindo.

— Desculpa, é assim que eu demonstro carinho — me puxou de volta para me abraçar — E você tambémsussurrou discretamente.

Quero devolver com outra provocação, mas lembro que, antes de termos um momento só nosso como queremos, temos certas prioridades envolvendo minha melhor amiga bêbada, o fato de eu ter acabado contando sobre a lista de namorados fictícios que Kendrick roubou dela, o plano dele de conquistá-la, e o assustador fato de que estou vendo ela, agora mesmo, se inscrevendo na corrida do Espantalho.

— Eu disse dez minutos e ela não levou nem três segundo para sair e fazer alguma merda — solto, parecendo irônica — Enfim, lhes apresento Alessa Jones completamente bêbada.

Aceno para longe, vendo que Kendrick, Kristian e até mesmo Katrina – a irmã mais velha deles que estava de viagem por meses – também estavam ali, onde Alessa ria e conversava com algum grupo de conhecidos da escola.

— Temos um problema.

— Ela está bêbada? — Kendrick pergunta, desacreditado.

— Ela disse para eu mantê-la longe dos ponches na festa da Hills, mas não disse nada sobre coquetéis de morango que eu não sabia que tinham álcool! — conto, com raiva — Ela me fez quase vomitar naquele carrossel e quando vi, ela não estava mais lá! Vocês precisam me ajudar a controlar a Alessa antes ela faça uma besteira.

Para minha total descrença, ela nos viu e se aproximou.

— Vocês já chegaram? — se surpreendeu, se aproximando do grupo — Oi, Kristian! — beijou a bochecha do Evans do meio — Aaah, Katrina! — fez o mesmo pulando para Evans mais velha — Deluquinha! — beijou a bochecha dele, e quando chegou até Kendrick, parou — Você não. Não quero falar com você — E pulou para mim — Vanessa! 

— Eu estava com você, amiga. Não precisava me cumprimentar — suspiro, dando batidinhas em seu ombro — A noite já deu pra você, Alessa Jones. Vamos pra casa.

— Nem pensar — se desvencilhou de mim, ajeitando os cachos para as costas — Vamos para...pasmem! A corrida do espantalho!

Ergueu os braços, comemorando sozinha.

— Eu inscrevi o quarteto fantástico aqui — voltou a se encostar em mim — Não vai ser o máximo? Imagina a gente ficando desaparecido por uma semana? Vai ser incrível, confia.

Kendrick deu um passo a frente.

— Você vai pra casa, Alessa.

— Já disse que não quero falar com você! — apontou o indicador para seu rosto. As orbes castanhas dilatadas, brilhando para as cinzas do garoto alto bem a sua frente.

— O que deu nela? — DeLuca reclamou, então ficou estranhamente nervoso, cutucando o ombro de Kendrick e apontando discretamente para algo acima do meu ombro.

Então Cory aparece em meu campo de visão, e tudo fica mais claro em minha mente. Eles descobriram que Cory é filho do Axl Russel, e talvez tenham contado tudo para ele.

— Tire ela daqui — Kendrick pede à nós dois, se afastando e indo na direção do ruivo.

Me aproximo mais de Deluca, entrelaçando seu braço no meu enquanto encaramos os dois garotos conversando assim como o resto do grupo. Ambos parecem bem sérios.

— Luca, Cory contou a vocês sobre o pai dele, não contou?

Deluca, de repente, parece surpreso com minha pergunta.

— Então, quer dizer que a senhorita sabia esse tempo todo que a doida da Alessa gosta de passar o rodo em pais e filhos e não me disse nada?

— Eu não entendia bem a história, tá legal? Alessa me contou quando descobriu sobre a lis...opa.

Ele arregala os olhos.

— Princesa, não brinca com coisa séria.

Me cocei para dizer que ele não pode me chamar por esse nome, mas estamos em um situação bem pior que apelidos.

— Tudo deu errado, tá bom? Acabou escapulindo...

— Vou te contar, você é péssima em guardar segredo.

— Tá! Tá bom! Eu sou péssima mesmo, mas agora temos que...

— Olha, é o Cory!

Fui interrompida por Alessa se apoiando em mim pela milésima vez.

— É. E ele quer falar com você — DeLuca resmungou, se pondo a sua frente como um muro que dividia a garota do ruivo.

— Ele quer? — seu sorriso enlargueceu, e acho que ouvi Kristian engasgar com o canudo do milkshake que tomava — Será que finalmente ele entendeu meu flerte? Essa é a melhor noite da minha vida!

Quando Alessa fez menção para ir em direção aos dois, Deluca a ergueu pela cintura, tirando seus pés do chão e a levando para longe. O acompanho ouvindo a reclamação da garota.

— O que está fazendo? Vanessa, diga ao seu namorado para me pôr no chão!

— Você não pode falar com o Cory ainda, amiga — digo, cúmplice.

— Por que estamos escondendo a Alessa do Cory mesmo? — Kristian questionou. Ele é Katrina nos acompanhavam, confusos com o que estava acontecendo.

— Por que não posso ver o Cory?! — Alessa se revoltou, começando a debater as pernas — O que está...que...merda é essa?

Ela paralisa fazendo todos pararem e virarem na direção em que ela arregala os olhos pequenos, ainda carregada por Deluca. Todos fazem um giro de 180° com os calcanhares e vimos.

— Mas que...porra está acontecendo?! — Kristian solta, franzindo a testa.

— Irmão, essa...essa é uma boa pergunta — Katrina diz, sem fôlego para aquela imagem — É agora que as câmeras aparecem e um apresentador fala pra gente é uma pegadinha?

Ninguém conseguiu respondê-la.

Kendrick está beirando Cory. Ou melhor, Cory está com as mãos segurando as bochechas de Kendrick e o beijando. O gesto dura apenas uns meros segundos fazendo o grupo ficar hipnotizado. Em seguida, eles se afastam, conversam mais um pouco e um Kendrick animado volta para nós, deixando tudo ainda mais confuso.

— Ele é gay! — riu alto — Dá pra acreditar? — seus olhos acinzentados fixaram em Alessa — Por isso seu flerte não deu certo. Ele pensava que você sabia que ele era gay! Porque estava óbvio, mas você é lenta para receber flerte e não-flerte, pelo visto — voltou a rir, deixando-a ainda mais enfurecida.

— CALA A BOCA! — rebate, se soltando de DeLuca — Você sempre estraga tudo!

Ela se afasta, indo até um dos banquinhos a alguns metros de distância.

— Eu falo com ela — Katrina tocou meu ombro, carinhosamente — Curta com seu namorado. Não acredito que está saindo com o Deluquinha! Estou feliz! — beija mimha bochecha, contendo-se de animação antes de se afastar.

Kendrick foi se sentar em outro banco não muito próximo parecendo frustrado com as coisas. Alessa o deixava nervoso, e isso o fazia falar algo que a deixa com raiva.

Mas as coisas não podem piorar mais do que já estão.

Kristian sumiu em meio o tumulto, então me vi sozinha até braços rodearam minha cintura por trás e o queixo de Deluca se apoiar em meu ombro.

— Será que a Katrina vai pôr juízo na cabeça dela? Eu realmente já não sei mais o que fazer — me escoro em seu corpo, gostando de ficar aconchegada assim à ele.

— Ela está dando o soro da ressaca para ela — ele avisa, e eu vejo Katrina entregar um copo para Alessa — Isso ajuda com a embriaguez. E você sabe, a Trina tem esse dom de consertar as coisas.

— Ela tem mesmo. Demos sorte por ela ter voltado — concordo, sorrindo para a mulher mais velha, conversando com minha amiga — Como foi a viagem?

— Uma loucura. Como foi a festa de Hills?

Devo falar sobre Lennon?
Obviamente, não.

— Com Alessa bêbada? Uma loucura também — me viro, ficando de frente para ele — Você fica bem de Salsicha.

— E você é a Daphne mais linda que já vi. Nunca shippei tanto ela com o Salsicha na vida — sorriu, brincalhão, então me abraçou mais apertado.

Me aproximo, pronta para beijá-lo, mas algo me impede. Seus dedos estão batucando minha costas, em um ritmo nervoso, o mesmo ritmo que faz quando quer pegar o spinner no bolso.

— Você está bem? — acaricio sua bochecha — O que está te deixando ansioso?

Um vislumbre de surpresa ocorre quando ele franze a testa, mas tenta disfarçar com um sorriso.

— A-Ansioso? E-Eu estou bem, eu... — arqueio a sobrancelha para sua tentativa, e seus olhos se fecham quando suspira — Eu gaguejei, não foi?

— Claro que gaguejou. Você gagueja quando mente — belisco seu braço — São as pessoas? Aqui está muito cheio pra você? É o barulho? Eu acho que trouxe os buds, só preciso ver na bols...

— Ei.

Suas mãos sobem para as laterais do meu pescoço, me fazendo encará-lo enquanto buscava os fones na bolsa pequena em meu ombro.

— Tá tudo bem — confirmou, segurando minha mão — Eu tô com fome, você quer aquelas bombas de chocolate? Eu juro que posso começar umas cinco seguidas.

Ele me guiou até uma das barracas de comida, distorcendo o assunto. Deixei pra lá, mesmo sabendo que poderia ser algo preocupante. Qualquer que fosse o motivo dele estar tão nervoso, não parece ter a ver com a Caça aos horrores, as pessoas ou o barulho, o que me deixa um pouco mais aliviada. Só um pouquinho.

Compramos as bombas de chocolate mas já estava tão enjoada do carrossel que dei a minha para ele. O dragão que eu chamo de namorado — falso? Tanto faz — comeu a sua bomba em segundos e estava prestes e começar a devorar a minha quando ouvimos a sirene e os gritos.

— A corrida começou? — Deluca indagou entre uma mordida e outra — As pessoas estão começando a serem levadas. Vai começar a baderna.

Semicerro os olhos para as pessoas que estão sendo erguidas para o alto pela multidão e vejo uma cabeleira familiar.

— Aquela é a...

Alessa xingava as pessoas que a carregavam por todo o caminho. Deluca  xingou de boca cheia.

Puta merda.

Eu e ele saímos correndo atrás do amontoado de pessoas que gritavam uma espécie de hino de caça bizarro bem alto. Kendrick se juntou à nós, chamando pelo nome da garota.

Tudo aconteceu muito rápido.

Quando percebemos, estavam nos erguendo também, cantando e urrando como ceifadores nos levando para a morte. Kendrick ainda ordenava para pararem, Deluca fazia várias ameaças de morte contra Alessa por ter nos metido nessa, com a bomba de chocolate ainda nas mãos, e eu apenas aceitei nosso fim até sermos abandonados no escuro e tenebroso milharal, o grupo que nos ergueu se espalhando tão rápido que nem percebemos quando saíram.

Me desesperei quando fomos deixamos separados. Só conseguia ver a plantação alta e o breu ao meu redor. As rajadas de vento me trazendo um arrepio na espinha como naqueles filmes de terror assustadores.

— Alessa! — grito, chamando por ela e pelos outros sem saber em que direção andar.

— Vanessa! Kendrick! DeLuca!

Consigo ouvir a voz dela ao longe. Quando disse que me pegar com Deluca no milharal era uma boa ideia, eu estava errada.

Com medo se apossando de todos os meus movimentos e pensamentos, começo a correr tropeçando entre milhos caídos e folhas macias dos milheiros. Corro até me esbarrar com alguém, reconhecendo os cachos crespos rapidamente.

— Alessa! — nos abraçamos com força por uns instantes até eu dar um tapa em seu braço — Eu vou matar você!

— Me desculpa! — choramingou, voltando a me abraçar. Fico maia aliviada por ela não parecer mais tão bêbada como antes.

Os meninos conseguiram nos encontrar depois. Deluca e Kendrick apareceram vindo da nossa esquerda.

— Se sobrevivemos a isso, eu juro que mato você por não comprar um óculos! — Kendrick resmunga, o puxando pela gola da camisa, o impedindo de tropeçar outra vez.

— Eu fico ridículo de óculos! 

— Chega! — os interrompo antes que comecem a discutir — Vamos nos acalmar e descobrir como saímos daqui!

— A única opção é andar — Kendrick propôs — Um grupo do ano passado encontrou a saída seguindo para o norte. Se tivermos sorte, sairemos daqui antes do amanhecer.

Então começamos a andar sem uma direção específica, o que ficou difícil a cada segundo de andar em linhas retas. Quando começo a pensar que estamos andando em círculo por quinze minutos, Alessa quebra o silêncio.

— Precisamos fazer escadinha.

Nos viramos para ela.

— Como não pensamos nisso antes? Vanessa e Kendrick. — apontou para nós — Vocês são os mais altos. Ken pode erguer a Nessa e talvez ela consiga enxergar algo. Podemos estar perto dos limites do milharal.

— Pode funcionar — Kendrick me encara — Vamos, Vanessa — se agacha, e eu me ajeito em seus ombros rapidamente.

— Só pra constar, eu tenho a mesma altura que a Nessa — DeLuca, resmunga com os olhos semicerrados para o alto na tentativa de enxergar melhor.

— Sim, mas a Nessa é mais leve. Não enche, DeLuca — Alessa empurra seu ombro — Conseguiram?

— Está escuro demais! — aviso, enxergando não muito mais que a plantação e o céu estrelado — Não consigo ver nada! Droga.

Kendrick me põe de volta no chão.

— Não dá. Mas pelo visto, estamos bem longe dos limites. Aí meu Deus! — começo a surtar — Estamos perdidos. O meu pai vai chamar a guarda nacional! Ele vai ficar louco se souber que desapareci.

— Minha mãe vai me por de castigo — Alessz voltou a choramingar.

— Sorte a sua — Kendrick rebateu, se sentando na terra mesmo — A minha vai me dar umas palmadas.

Só DeLuca sorria.

— Meus pais nem sabem onde eu estou — soltou risada — Se ficarmos parados, aí mesmo que estamos fodidos.

Voltou a andar com a ajuda de Kendrick em seu encalço, e mesmo assim, dificilmente conseguia se desviar dos milheiros.

Perdi a conta por mais tanto tempo que andamos pelo local. Só sei que meu cabelo deve estar um zona, Alessa está fazendo barulhos estranhos como se fosse vomitar, e eu acho que estou tendo alucinações quando me deparo com uma espécie de...casa?

— O que é aquilo? — chamo a atenção deles.

— Isso é uma...casa? — DeLuca apressou o passo.

Há um esqueleto de algo que já foi uma casa. Tem quatro paredes, muros prestes a cair e algo que já foi um teto. Um casa com um compartimento só. Os milheiros invadiram a parte de dentro também, assim como ao seu redor.

— Construíram uma casa no meio do milharal? 

— Não. Construíram uma casa e plantaram um milharal com ela bem no meio, literalmente — Alessa explicou apoiando as costas em uma das paredes.

— Fiquem aí. Vamos dar a volta —aviso, a procura de algo que pudesse nos fazer subir. O esqueleto da casa é mais alto que minha escadinha com Kendrick.

Deluca me acompanha, segurando meu pulso como guia. Eu sinceramente, fico chocada com o quão grave é seu problema de vista.

— Vamos deixar os dois terminarem de se matar — digo, começando a ouvir uma discussão quando chegamos do outro lado — Por mim, que se engalfinhem até caírem duros no chão.

— É como naquela música: "O que é um arranhão pra quem já tá fodido" — Deluca deu de ombros, se chocando contra minhas costas quando paro de repente — O quê?

— Você ouviu?

Ele fica em silêncio, reparando ao redor.

— Não estou ouvindo nada — sussurrou, se aproximando com medo — É uma cobra? Jacaré?

— Não, Luca! — sussurro-exclamo estendendo o indicador no ar. Ficamos em silêncio por mais alguns segundos até nos sobressaltarmos com a voz de Kendrick.

Que porra, Alessa!

— Aconteceu alguma coisa com a Less — começo a andar apressada pelo caminho que vimos — Precisamos aju...

— Espera, Vanessa — Deluca me segurou, e ficamos em silêncio reparando que Kendrick não estava falando mais.

No entanto, a voz zangada e frustrada foi substituído por barulhos arrastados, estalos e um baque surdo contra a parede do esqueleto da casa.

Sincronizados, eu e ele fomos andando devagar até o outro lado, e acho que ninguém estava preparado para o que vimos em seguida. A princípio, pensei que Alessa e Kendrick estavam brigando mais uma vez como o deixamos mais cedo, e talvez estivessem realmente se estapeando ou jogando pedras um no outro.

Em meio o breu do milharal, tive uma leve visão de que talvez estivessem entrando mesmo no tapa quando notei Alessa puxando o cabelo de um Kendrick muito perto dela, mas não era um puxão agressivo – ou ao menos, não um agressivo de quem estava entrando em uma briga física, mas um puxam do tipo "chegue mais perto, sua língua não está perto o suficiente".

— Você está vendo o mesmo que eu, certo? — Deluca estanca ao meu lado. Consigo o ouvir mesmo em transe.

— Estou.

— Somos muito bons.

— Somos mesmo — concordo, paralisada e, ao mesmo tempo, hipnotizada e encantada — Somos ótimos cupidos.

— Nós conseguimos, certo? Eles estão se pegando real na nossa frente — sussurrou, maliciosamente.

— Acho que conseguimos.

— Hora de passar na cara deles, então.

Deu um passo a minha frente, pondo as mãos em cada lado do corpo.

— Mas que pouca vergonha é essa aqui?!

O casal a nossa frente se afastou com tanta rapidez que Kendrick se desequilibrou e bateu o pé em uma pedra, remancheando de dor logo depois.

— Caralho, vocês querem nos matar de susto? — soltou, curvado para frente.

Alessa ofegava colada à parede. Suspeitei que suas pernas falhariam se desencostasse delas.

— Susto? Eu só estou questionando a falta de senso dos dois de se pegarem em uma ocasião como essa? Sério? No milharal? — revezou o olhar entre os dois, se divertindo com tudo aquilo. É o nosso sonho de realizando — E você não estava bêbada?

— Katrina me deu uma bebida pra isso — Alessa responde ainda se recuperando do momento — Uma tal de bebida da ressaca que quando se bebe tira toda a embriag... — sua mão tocou a barriga a fazendo franzir a testa.

— Alessa? — Kendrick se aproximou, pondo as mãos em suas bochechas — Alessa, você não está bem.

— E-Eu acho que vou...

Em segundos, Alessa vomitou todo o tênis do garoto a sua frente e quando não sobrou mais nada em seu estômago para pôr pra fora, ela caiu desacordada nos braços de Kendrick.

— A Trina não contou que a bebida da ressaca faz vomitar depois de um tempo?

Ele a ajeitou em seus braços segurando suas costas e pernas até o outro lado, onde estávamos.

— E se a gente subisse a casa? — Deluca aponta para o alto.

— Não acho que essa casa aguenta você, Deluca — aviso, analisando a estrutura fraca das paredes.

— A pessoa mais leve daqui é você — me encarou prendendo um sorriso nos lábios — Quer dar uma subidinha, amor?

Fecho a cara para ele.

— Cavalheiros, primeiro — forço um sorriso sem graça enquanto ele passa por mim, me dando um beijo rápido na bochecha e se preparando para subir — Toma cuidado. Não pisa no telhado, não parece seguro.

Não demorou muito para tudo dar errado e Deluca pisar em falso ao chegar no telhado velho e se desequilibrar. Quase caí quando tentei o ajudar a descer.

— Me diga que quase não quebrou uma perna apenas para não ter enxergado nada lá em cima — o ajudo a se levantar.

— Estamos perto! — comemorou — Vamos seguir em linha reta naquela direção e vamos chegar por trás do bosque da fazenda do velho Refrerd. Se ele estiver acordado e não chegar bem o suficiente pra atirar com a espingarda, vamos ficar bem.

Seguimos nosso caminho correndo esse risco. Alessa não acordou até choramingar quando Kendrick a colocou em sua camionete quando liguei para Gil me buscar.

— Como você vai aparecer com ela desacordada na fazenda? — Deluca lembra o amigo.

— É simples — a deitou cuidadosamente nos bancos de trás — Eu não vou levá-la pra casa. Vou levar ela pra casa Evans, minha mãe pode cuidar dela. Então amanhã, quando estiver acordada e sem álcool,
ela volta pra casa.

Deluca acenou pensativo.

— Você vai dormir lá em casa? — voltou a dizer, encarando-o com dúvida.

— Cara, essa é a melhor noite da sua vida até agora, apesar do pesares, então não vou estragar isso dormindo com você — sorriu, andando até o meu lado.

— Quer vir comigo? Eu levo você — sou eu que digo, entrelaçando seu braço com o meu.

De repente, seus dedos apertaram os meus, inquietos.

— Tá tudo bem. Eu tenho...que fazer u-umas coisas ainda — o sorriso apareceu em seus lábios, porém desapareceu rapidamente.

Nós dois sabemos que tem algo acontecendo aqui. Ele sabe que sei quando está mentindo, mas vamos conversar sobre isso mais tarde.

— Eu levo você pra casa, Luca — insisto, sentindo sua mão gelada — Você está suando...

— Estou bem.

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