A ida até sua casa foi certamente desconfortável e silenciosa, não surpreendentemente.
Sina e eu parecemos perturbados e extremamente amedrontados. O fato de poder ouvir a respiração dela me deixa pensativo.
Podemos voltar a ser inimigos?
Não somos mais inimigos?
Vamos fingir que o sexo nunca aconteceu?
Vamos fazer sexo de novo?
- Chegamos.- Minha mãe diz olhando no retrovisor - Vocês estão bem?
- Sim, claro. - Dizemos em uníssono, fazendo que nos encaremos.
Céus, isso é ruim. Ela tem um olhar que nunca vi antes. Um assustado, confuso. Diferente daquele confiante e desafiador que ela sempre tem.
Rapidamente desvio para entrar em sua casa.
- Oi Jason... - Digo com aquela entonação do tipo "Fez merda, colega".
- Oi Urrea. - Ele me responde com um abraço.
Minha mãe passa direto por ele, tentando demonstrar sua desaprovação, mas não aguenta e volta para o dar um abraço desleixado.
- Você é péssimo. - Luce diz.
Sina é a que o encara com os braços cruzados e as sobrancelhas cruzadas.
- Filha, olha... O pai achou que você ia demorar mais.
- Não importa? É meio que assim... O meu aniversário hoje.
- Eu sei, eu sei... Foi mancada, não devia ter feito aquilo.
- Ela te satisfez pelo menos?
- Sina! - Minha mãe diz, tentando a chamar atenção enquanto segurava uma risada.
Eu explodo em risos. Sensacional.
- O que?! Não sei o que perguntar. Não vai casar com ela, certo?
- Não... - Jason a responde um tanto chocado com Sina.
- Pois então, espero que fazer sexo com uma aleatória no aniversário da sua filha tenha valido a pena.
- Sina Deinert! - Minha mãe ri.
- Você é sensacional! - Eu rio, levantando a mão para um high-five.
Ela ri também e no momento que nossas mãos se tocam, voltamos ao desconforto. Legal.
- O-okay... Já ouvi o que eu devia ouvir. - Jason diz brevemente antes de se sentar na mesa.
Nos momentos seguintes, todos nós apenas comemos. Sina e eu às vezes nós pegávamos espiando um ao outro pelo canto do olho, e no segundo que fazíamos, voltávamos a olhar o prato de comida. Foi um almoço normal com um bolinho de parabéns no final.
Assim que minha mãe tira o celular do bolso, soube que uma foto nossa iria ser tirada.
- Vai do lado dela Noah, quero uma foto.
Dito e feito.
Sina arregala um pouco os olhos antes de se ajeitar desconfortavelmente.
Vou até as costas da cadeira que ela está, e antes que minha mãe tirasse a foto, puxo o cabelo que escorria pelas suas costas para frente do seu pescoço. Seus chupões estavam quase aparentes.
Vejo que o simples ato de roçar os dedos pelo seu pescoço a faz cruzar as pernas.
Mordo os lábios para depois sorrir para a câmera como se nada tivesse acontecido.
- Awn!! Lindos de mais! - Ela põe a mão no peito.- Vem aqui ver, Jason!
Assim que ambos ficam vidrados no celular, agacho até sua orelha e ponho seu cabelo para trás.
- Seu quarto, agora. - Sussurro.
Ela chega poucos segundos depois de mim, após agradecer pelo almoço.
Primeiro nos olhamos vastamente, depois ela senta em sua cama e olha para baixo.
- Não sei o que dizer.
- O que fazemos?
- Não sei, Noah. Só sei que erm...- Ela limpa a garganta. - Eu gostei do sexo.
- Eu também, loirinha.
- Mas eu não vou largar o Cooper. Não posso.
- Não estou surpreso. - Reviro os olhos.
- Desculpa, Noah. - Sina me olha agora, genuinamente.
- Não preciso que se desculpe. Só queria que se valorizasse, Sina. - Viro as costas.
- E me valorizar significa estar com você?
Eu paro.
- Nunca disse que devíamos estar juntos. - Eu respondo, virando de novo.
- Então o que quer de mim?
- Eu não sei! Porra, eu não sei! O que você quer de mim? Você que me beijou hoje!
- Você que me fodeu no banheiro!
- Porque você detestou que eu te comesse no banheiro, não é Sina?!
Ambos nos calamos, encarando um ao outro. Isso é ridículo.
- Eu cansei de você. - Ela diz.
- Isso é mentira.
- Não, não é.
- Não suporta ficar longe de mim. - Me aproximo.
- Porque você me persegue, cigarrinhos.
- E você ama que aumentem seu ego, loirinha. - Meu tom vai abaixando a medida que chego cada vez mais próximo e suas bochechas vão avermelhando. - Tenho certeza que vi suas pernas cruzando pra mim á alguns minutos atrás.
- Vai se foder.
- Eu gostaria mais se você me fodesse. - Eu sorrio. - Não vai se livrar disso tão fácil.
{...}
Não, nada consegue me fazer parar de pensar nisso. Mas Mason? Mason só piora.
- Sexo... - Ele diz pela vigésima vez no dia. - Sexo.
- É, Mason, sexo.
- Sexo no banheiro.
- Pode só parar?
- Sexo do lado de uma janela.
- Mason.
- Você chupou Sina Deinert.
- Chupei. Com essa mesma língua que está te implorando para parar de falar dessa porra de dia.
- Porra de dia. Porra durante o dia. - Ele ri.
- Céus!
- Foi o que ela disse. - Ele ri ainda mais alto.
- Caralho, você não consegue continuar com mais?
Ele fica quieto por alguns segundos com aquele olhar de "você está fazendo isso com você mesmo."
- Foi o que ela disse quando você gozou.
Dessa vez, eu ri.
- Vai se foder, mané. - O dou um empurrão antes de entrar na sala de matemática, onde nos separamos.
- Okay classe, matéria nova.
Posso basicamente ouvir os olhos da sala toda revirando, e como o esperado, a aula passa tão devagar quanto uma tartaruga atravessando uma ponte longa.
Na saída, dou de cara com Maya.
Maya.
Meu deus.
Maya existe.
- Oi, Noah! - Ela sorri suavemente, me deixando um beijo na bochecha.
- Oi Maya. - Respondo um tanto desconfortável.
- Minha casa hoje?
Estava prestes á a dar um enorme fora, antes de ver Sina, que não havia visto o dia todo, com o braço ao entorno do de Cameron.
- Quer saber... Pode ser. - Meus olhos a acompanham até que ela notasse minha presença. - O que acha de um filme?
- Perfeito. Traga algo alcoólico, também. - Ela pisca.
- Certo. - Dou uma última olhada nela, que nos olhava de cara feia. - Estarei lá.
Eu menti. Não fui.
Não propositalmente... Eu acho. Mas eu tinha coisas melhores para fazer, como pegar num livro da escola, algo que não faço regularmente.
Não sou um bom aluno e nunca fui. Também nunca fui extremamente mal em tudo. Já tive uma recuperação aqui e outra ali mas nada fora do comum. E agora que estou no time, minhas médias podem ser ainda menores, mas pretendo aumentar isso um pouco de maneira que na faculdade, eu me destaque.
O plano tem dado trabalho. Mais trabalho que eu gostaria que desse. Nada contra os nerds mas porra, como vocês conseguem?! Ter determinação o suficiente para ser bom o suficiente em um pouco de tudo é difícil para caralho, e ainda mais com a minha entrada recente no time, tenho estado 40x pior.
Meu primeiro treino oficial começa amanhã, e de verdade, não sei nem se tenho cabeça para me preocupar. Vou fazer o que sei fazer e foda-se, certo?
Meu celular vibra na mesa, me tirando do transe.
Loirinha
Boa sorte amanhã.
Me espera nos armários depois.