Grávida do Príncipe

By OrquideaNegra21

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Uma simples jovem enfrenta vários dilemas em sua - antes pacata - vida. Uma série de acontecimentos em sua v... More

Capítulo 01
Capítulo 02
Capítulo 03
Capítulo 04
Capítulo 05
Capítulo 06
Capítulo 07
Capítulo 08
Capítulo 09
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19

Capítulo 15

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By OrquideaNegra21

POV. FELIPE

Mesmo após uma pequena pausa, que Kristal insistiu em chamar de "café da manhã", ela continuou revirando toda a cozinha. O barulho acordou Willian, que veio em nossa direção.

   — Pensei que estava tendo um terremoto... — ele murmurou.

    — Oi, Willian, bom dia. Vai lavar a cara e vem tomar um copo de café. Não vai te fazer mal escovar os dentes mais tarde. Eu estou dando um trato nessa cozinha, já que certa pessoa não sabe ajeitar as coisas nos lugares certos.

    — Eu avisei ele. Mas não me escutou. — Willian concordou, sorrindo e saindo da cozinha.

    — Ele não presta nem pra me defender... — resmunguei, cruzando os braços. Kristal ficou quieta por uns minutos e me encarou. — Que foi? Tá tudo bem?

    — Claro que sim. Dá uma olhada na geladeira pra mim? Eu nem vi como ela estava...

Abri a porta da geladeira e encarei tudo. Parecia normal, por isso dei de ombros.

   — Tá cheia de comida. — falei. — Tem até sorvete...

Kristal se aproximou. Ao dar um tapa na testa, ela suspirou, cansada. Deve ter alguma coisa muito errada.

    — Foi você quem arrumou isso?

    — Mais ou menos. Por quê?

    — Isso aqui tá pior que as panelas, pratos, copos e...

Bufei. Nada do que eu fiz estava certo.

     — Olha, me ajuda com isso aqui primeiro. A gente arruma a geladeira depois disso... Ah, e me lembra que temos que arrumar as roupas no guarda-roupa. E tem a despensas e outros armários de comida aqui da cozinha pra arrumar.

     — Tudo isso?! Ainda hoje?

     — Sim. Dá pra fazer tudo numa boa e ainda sobra tempo. Somos em dois, Lipe. A gente consegue.

    — Vai me dar um beijinho depois?

    — Se fizer tudo direitinho, dou até dois. — ela disse e me animei.

    — Okay. Onde começamos?

    — Me ajuda a colocar uma panela dentro da outra. A maior embaixo e vai diminuindo até a menorzinha. — ela disse.

Me distraí fazendo o que ela me pediu que nem vi a hora em que Willian chegou. Ele se alimentou rapidamente e já estava ajudando.

     — Kristal, já que o Willian tá ajudando, vai sentar e ficar quietin...

Olhei em volta e não encontrei Krista, mas vi uma escada de alumínio aberta ali com Willian segurando dois copos/taças de vidro. Olhei para a pessoa que estava na escada e neguei. Não era possível...

Ou eu estava vendo coisas, ou Kristal estava no topo da escada, toda sorridente, de pé e colocando umas taças de vidro organizadamente dentro do armário suspenso.

    — TÁ LOUCA, PORRA?! — gritei. Vi que ela se assustou, pois colocou dois copos de qualquer jeito e levou as mãos no coração.

    — Ai, m-minha alma q-quase saiu do corpo! Quer me matar do c-coração, idiota?! — ela resmungou, gaguejando.

Ela me pareceu séria enquanto me encarava. Mas se sentou em um degrau e vi lágrimas cair em seu rosto.

     — Ei, ei... — murmurei, preocupado.

    — Você me assustou... — ela choramingou, secando as lágrimas.

Olhei para Willian, pedindo socorro pelo olhar. Eu não sabia o que fazer e, pelo visto, ele também, já que fez um "deve ser os hor-mô-nios da gravidez" sem emitir som algum.

     — Eu fiquei preocupado por você estar nessa escada. Não pode estar aí. É perigoso... — contei, tentando acalma-la.

Segurei seus tornozelos e ela me encarou.

     — Mas não pode gritar comigo! — ela me encarou, ainda chorando.

     — Okay, minha linda. Okay... — falei, vendo que estava dando efeito.

    — D-da próxima v-vez que... — ela fez uma pausa dramática pra tomar ar. — Que você m-me a-assustar, eu... Eu vou matar você... Eu juro... Vou jogar a primeira coisa que eu estiver em minhas mãos...

Eu quis rir de sua ameaça boba, mas mudei de ideia ao ver que ela estava com uma taça em mãos.

    — Vamos voltar ao trabalho, vamos? — ela disse, secando as lágrimas. — Aliás, alguém coloca umas músicas pra gente? Trabalhar com música é muito melhor do que trabalhar sem nada. E eu não me assusto com o grito de certas pessoas.

Suspirei enquanto Willian ri e pega o celular mais próximo para colocar música. Vi meu trabalho com as panelas e resolvi mudar de assunto.

     — Assim está bom? — perguntei.

Kristal deu uma olhada que eu já sabia que tinha errado e feito.

      — Não. Tá péssimo. Horrível. Tira as panelas menores de dentro da panela de pressão...

     — "Panela de pressão"? Quê? — ela bateu a mão na testa.

     — Essa aqui, Felipe. — Willian me mostrou. Peguei a mesma e tirei todas as panelas que couberam dentro.

     — Isso. Agora coloca as menores panelas dentro das maiores sem ser a de pressão... — consegui fazer isso. — Ótimo, agora guarda. Willian, não pare de me dar as taças. Tem muito lugar aqui ainda.

    — Tá, e o que faz com essas aqui? — mostrei outras panelas lisas, sem lugar para segurar. Ela olhou rapidamente e continuou a trabalhar.

    — Ah, as formas de bolo. Pode colocar no forno.

     — "No forno"? — estranhei.

     — Você sabe onde fica o forno, não sabe?

     — Sei, mas é que... É estranho. Não tem nada aqui pra botar no forno e...

     — Exatamente. E ninguém vai ligar o forno se não tem nada dentro. — ela me encarou. — Só guarda isso dentro do forno.

Me rendi às ordens dela e continuei tirando minhas dúvidas.

***

    Em algum momento tinhamos arrumado toda aquela bagunça. Vi que tudo ficou de um jeito diferente e bem mais fácil de achar as coisas.

    — Felipe, presta atenção. Se eu te pedir um copo de água, o que você vai fazer?

    — Pegar um copo na gaveta do meio do gabinete da pia. — falei, como um aluno bem treinado.

    — Certo. Se você quer comer um bolo? Qual prato você vai pegar e onde?

     — O prato menorzinho para sobremesas. Se for sorvete ou gelatina, naqueles potinhos no armário de cima e se for pipoca nos potes plásticos grandes no armário de cima.

    — Ótimo, aprendeu tudo. — ela se sentou, colocando a mão nas costas, com uma cara de alívio. — Minha nossa! Já sai 13h15! Vocês não estão com fome? Me ajudem a preparar algo.

    — Bem, eu tenho que ir. Vocês podem segurar as pontas sem mim, não podem? — Willian falou, se levantando repentinamente.

    — Sim, conseguimos. Não quer ficar pra comer? Faz mal dirigir de barriga vazia e...

    — Vai ficar muito tarde se eu me demorar. Sem contar que tenho que dar um relatório.

     — Pra quem? Eu estou aqui?! — estranhei.

     — Pra amiga da Kristal.

Kristal e eu trocamos um olhar rápido. Eu estava em dúvida e ela parecia saber de tudo.

    — Okay. Só espera eu pegar umas bolachas e sucos pra você. É algo rápido e dá pra comer durante a viagem. — ela disse e abriu os armários de comida. — Eita bagunça... Deixe-me ver...

Em um piscar de olhos, ela pegou algumas e entregou para ele, sorrindo.

    — Da próxima vez, espero que fique um pouco mais de tempo. E sem trabalho não remunerado, hehe. Só pra curtir algumas horinhas...

    — Ceeerto. Vou ver o que faço. — contou e saiu.

O segui e me despedi dele, o agradecendo por nos ajudar com a cozinha. Ele foi embora e encontrei Kristal tirando tudo de dentro dos armários de novo.

     — Lipe, pode tirar tudo pra mim, estou muito cansada... — ela pediu.

Puxei uma cadeira pra ela que se sentou, calmamente, alisando o ventre.

    — Está com fome? — perguntei. — Eu não sei fazer comidas de chefe, mas sei fazer miojo de microondas. Quer algum? Temos vários sabores.

Ela riu, negando com a cabeça.

    — Tem um banheiro aqui embaixo, não tem?

    — Tem. Deixa eu te levar até lá. É do outro lado da sal...

    — Não vai dar tempo. — ela disse e só virou de lado, abrindo as pernas e vomitando.

Ela tossiu um pouco e suspirou, secando a testa suada. Peguei um copo de água pra ela.

    — Eu falei pra não se esforçar muito... — comentei. — Enxagua a boca. Pode cuspir aí mesmo. Eu limpo.

Ela sorriu e o fez. Depois de limpar o lugar e jogar desinfetante, que deixou um leve cheiro de lavanda pelo lugar, arrumei as coisas conforme ela ia me orientando.

Comemos algumas besteiras enquanto eu arrumava as coisas por ela, que estava sentada. Suspirei ao terminar de arrumar tudo.

    — Ufaa... — comentei. Era uma sensação tão boa ver tudo organizadinho... Meu esforço valeu a pena.

Sorri feito um bobo enquanto dou uma olhada para todos os cantos, comemorando a situação e os detalhes.

    — Felipe. — ela me chamou, séria.

Encarei ela. Kristal estava com as duas mãos no ventre, séria.

    — Vem cá. — andei até ela, receoso.

    — O que houve? Aconteceu algo? — me preocupei, me ajoelhando em sua frente.

   — Me dá a mão. — ela pediu. Não entendi de pronto. — Me dá logo!

Estendi minha mão para ela. Kristal segurou minha mão e a colocou em uma região de sua barriga. Eu conseguia sentir o volume de seu ventre. Mas senti algo diferente. Algo me "empurrou". Foi algo rápido e suave. Mas entrei em desespero.

    — Meu Deus, meu Deus! Isso é péssimo, né? Você está sentindo dor? O bebê está agitado, não é? O que eu posso... — ela colocou o dedo sob meus lábios.

   — Você sentiu, não sentiu? — ela perguntou, mantendo minha mão em seu ventre e a outra em meu rosto.

   — Sim. Com toda certeza! Como não! É forte e preciso! E... — ela parecia calma, com um delicado sorriso no rosto.

    — ... utando. — ela murmurou, baixinho. Só captei o fim da frase. Acho que o desespero me deixou surdo por um momento.

    — Acho que não entendi...

    — O bebê está chutando. — ela repetiu, sorrindo.

Minha preocupação foi embora quando foquei em seu ventre. Senti outra palpitação e meu coração errou uma batida.

   — Oh, meu Deus... — me emocionei, sentindo lágrimas descerem de meu rosto. — Ele, esse... Digo, o bebê... Chutando...

   — Sim. Nosso filho está chutando... — ela chorou também, sorrindo. — Ele está forte e saudável.

Eu beijei o ventre dela enquanto nosso filho chuta em um intervalo pequeno. Encarei Kristal e ela secou suas lágrimas, rindo.

    — Isso é tão mágico... Tem uma vida dentro de mim... — ela riu, arrumando meu cabelo.

Sorri e segurei seu rosto, depositando um beijinho em seus lábios.

    — Ele já consegue nos ouvir, né? — perguntei, alisando seu ventre.

    — Acho que sim. Por que não tenta?

Me sentei apropriadamente e toquei seu ventre com as pontas dos dedos, bem na região dos chutes.

    — Oi, filho... — comecei, com voz suave e tímido. Kristal riu, secando algumas lágrimas que teimavam em cair. — Eu sou seu papai e... E sua mamãe é uma mulher incrível.

Ele ficou quieto por um tempo. Não sentimos os chutes dele e achei que ele tinha se cansado.

    — Mas saiba que nós te amamos muito. — murmurei, sincero. — Não foi planejado, mas nos moldamos à situação e... Você foi a melhor coisa que nos aconteceu nos últimos dias. Eu amo você e nem o conheço ainda. Digo, eu sei que você é sapequinha pois não deixou a Lissandra descobrir se você é meu rapazinho ou minha princesinha. E que você está causando umas mudanças de humor na mamãe que... — suspirei, encarando Kristal, que soltou uma risada com um revirar de olhos. — Só Deus na causa. Enfim, saiba que você sempre estará seguro em nossos braços. Seja bem vindo à nossa família maluca, criança.

Beijei o ventre dela e senti o bebê chutar de novo. Podem dizer que foi coincidência, mas eu digo que foi uma resposta, como um "ei, te escutei, papai".

Sorri e beijei Kristal de novo, feliz da vida.

***

      Depois de preparar um macarrão com carne moída, na qual Kristal quem fez a maior parte, e comermos, fomos tomar um banho e dormir.

O bebê ficou quietinho depois de tudo. Pareceu ser até um surto coletivo entre Kristal e eu. Me deitei ao lado dela e coloquei minha mão em sua barriga.

    — Boa noite, Kristal.

    — Boa noite. — ela me deu um selinho rápido e se virou de costa.

Não tive tempo de dizer muita coisa, mas sorri, bobo. Eu estava conquistando Kristal pouco a pouco...

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