O Renegado de Einsengurst

jessehgomes tarafından

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Ninguém sabe ao certo de onde ele veio, quem ele é, e qual o seu objetivo em Einsengurst. A única coisa que s... Daha Fazla

Capítulo 1 - A encomenda
Capítulo 2 - Nossa própria forma de fazer negócios

Capítulo 3 - A Fuga

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jessehgomes tarafından


         No banho, uma das meninas de Verônica Cabañas auxiliava o forasteiro a se assear no ofurô, lavando suas costas e fazendo-lhe massagem nos ombros. Aos poucos, o forasteiro se recompunha dos ferimentos que havia sofrido e um sentimento de segurança e tranquilidade começavam a se assentar em seu espírito. O estabelecimento de Verônica era uma construção modesta, mas muito bem organizada. A peça em que o forasteiro se encontrava era bem espaçosa e arejada, as paredes de madeira eram altas e reforçadas e, em seu desenho, durante a manhã, deixava transpassar a luz solar por entre pequenas brechas.

— Olha, menina - começou o forasteiro. — Já disse para sua senhora que não sei como vou pagar pela hospitalidade. — Disse sorrindo. — Vou dizer a ela que a massagem não foi como eu gostaria e por isso vou pedir ressarcimento...

Em resposta ao cortejo descarado, a moça apenas deu um sorrisinho tímido.

— Pegue meu baralho que está ali. — Disse ele apontando, como se lhe houvesse uma ideia repentina. - Vou lhe mostrar uma coisa.

A moça assim o fez.

Com as cartas em mãos, o forasteiro misturou-as por um tempo e pediu a moça que pegasse uma carta. Ele afirmou que adivinharia qual seria e, aceitando o desafio, ela cortou.

— Um às de copas! — Disse ele, imediatamente.

A mocinha não conseguiu segurar a expressão de surpresa. Realmente o forasteiro havia acertado. E foi neste momento que Verônica surgiu.

- Não pense que vai levar uma de minhas meninas para cama com esses seus truques. — Disse Verônica, contornando a lateral do ofurô. — Aqui estão as suas roupas. Em seguida, ela olhou para a moça e a dispensou.

Enquanto a mocinha saia, o forasteiro precipitou-se em olhar para Verônica e abrir os braços, elevando-os, tal como o fazem as pessoas que ficam desapontadas.

— Eu nem tinha começado meus truques ainda. — Disse.

— E talvez nem consiga terminar, Camacho. - Retorquiu ela.

De forma mais preocupada, Verônica deu uma rápida olhadela pela porta.

— Parece que Cliffe está desconfiado que esteja aqui e em algumas horas aparecerá. Tem de ir.

— Droga... é difícil para um pobre homem permanecer por alguns instantes no paraíso. — arrematou o forasteiro, com bom humor.

— Onde estão minhas coisas?

Verônica prontamente entregou as roupas e os outros pertences do forasteiro, incluindo a bolsa, e ele vestiu-se rápido.

— Para ajudá-lo, preparei um cavalo que poderá usar na fuga.

— Olha moça...

— Me chame de Verônica.

— Olha, Verônica, realmente não sei como vou pagar por tudo isso...

— Já pagou. - Disse ela, de imediato, lançando um olhar imponente.

— Como assim? - Perguntou ele.

— Veja a sua bolsa.

Ao ouvir isso, o homem ficou pálido, e imediatamente se pôs a abrir o acessório.

— Só três gemas?! - Gritou ele. — Você me roubou!

— Não o roubei. Foi seu pagamento!

— Não pedi para que me ajudasse. - Retorquiu o forasteiro.

— Como já lhe disse, camacho, aqui em Einsengurst nós temos nossa própria forma de fazer negócios.

— Pare de falar essa merda, por favor! — berrou. — Desculpe-me, minha senhora, mas eu preciso que me devolva. Essas gemas são muito importantes para o meu contratante.

— Pegue o cavalo que lhe emprestei, encontre a outra gema restante e, quando voltar, se tiver com o dinheiro para me pagar, lhe devolvo as outras três.

— Como é que é? Outra restante? Do que está falando?

Neste ponto, Verônica observou fixamente a expressão do homem, e notou que ele não mentia e que realmente ignorava o valor do conteúdo que transportava.

— Não me diga que não conhece a história sobre os Cristais Sagrados de Viracocha?... - peguntou ela.

— A única coisa que sei, minha senhora, é que me encomendaram para que entregasse essa sacola com essas seis gemas que tinham dentro, e você me roubou metade.

— Quem lhe contratou? — Perguntou Verônica, demonstrando genuína curiosidade.

— Não revelo meus clientes — protestou.

— Me diga o nome! — insistiu ela.

O forasteiro então soltou um riso nervoso, ficando em silêncio, e, em seguida, pôs-se a andar de um lado para o outro com a cabeça olhando para o chão, pensativo.

— Agora tudo faz sentido. — disse finalmente. — Essas porcarias e toda essa obsessão em torno dessas... dessas bolinhas. Me contrataram para fazer algo realmente arriscado... Que pode significar minha cabeça... Parece que todos, incluindo você, estão atrás dessas tais gemas...

Cristais Sagrados de Viracocha — disse Verônica.

— Fui tolo em acreditar que me ajudaria sem nenhum interesse.

Agora tudo fazia sentido para o forasteiro, a hospitalidade, o banho...

— Tudo porque vocês querem esses... esses... sei lá o quê!

Cristais Sagrados de Viracocha.

— Isso!

— São muito valiosos — completou ela.

— Que seja. Essas porcarias aí — Gritou ele. — Mas que se dane! Vou pegar os três e vendê-los mesmo assim.

— Vendê-los? — Perguntou Verônica, atônita, correndo em volta do forasteiro, como se suplicasse que ele não fizesse aquilo que acabara de dizer.

— Não pode vendê-los. Valem muito mais do que dinheiro...

O homem afastou-a com as mãos, indiferente.

— Olha, moça, você pode me dizer o que quiser. Que esses tais cristais aí tem poder — disse de modo irônico. — Pode dizer que tornam você uma deusa, fazem você dominar o mundo, o que quer que seja. A única coisa que importa para mim é o dinheiro, entende?

Houve silêncio. Verônica se precipitou até uma das frestas para espiar a rua, depois voltou a se recostar na porta e encarar o homem.

O forasteiro, parecendo mais conformado, tratava de vestir as botas enquanto, sentando-se, encontou-se desafiadoramente em um sofá.

— Sabe — inicou ele. — Eu acho que você talvez não entenda, mas eu realmente simpatizei com você e vou lhe explicar: o que importa é o dinheiro... e talvez você devesse entender porque pessoas como nós, que vivem à margem, não podem passar a perna uns nos outros, a gente precisa se ajudar, entende? Que merda! O dinheiro, o maldito dinheiro que irei receber com a venda deles é o que garante o meu rango. Esse é o meu trabalho. E quer saber mais? — Disse, olhando fixamente para Verônica, o olhar sério. — A senhora está certa: me ajudou muito, e digo mais, me salvou a vida, e por isso é justo que fique com parte das gemas. Pois eu não tenho dinheiro para pagar a senhora. Mas, de qualquer forma, confesso que fiquei decepcionado pela forma como foi feito...

Verônica o observava, atenta às palavras daquele homem que, embora ladrão, resolvia, ali, aplicar-lhe lições morais.

— Podíamos ter negociado em vez de tomar o que era meu à força. - Continuava ele. — Tá me entendendo? Não vou revidar, não vou me zangar, mas podíamos ter negociado, isso sim... Não espere que eu volte para lhe pagar. Se quiser a última gema, pois são sete cristais, certo? Se quiser a última, terá de tomá-la do homem que me contratou. Sabe o motivo? Porque vocês é que se matem por essas porcarias!

Durante todo o sermão do forasteiro, Verônica havia apenas o observado, em silêncio. Seus pés agitados não deixavam de evidenciar que estava preocupada com a chegada de Cliffe. Mas ela ainda acreditava que havia tempo para tentar uma última negociação.

— Me traga a última gema, camacho, que lhe pago o que for necessário. —disse.

O forasteiro ajeitou as botas.

— Desculpe-me, senhora. Não posso fazer isso. Mentiu para mim. E deve existir ética até mesmo entre pessoas como nós.

Novamente houve um silêncio entre os dois, que só foi quebrado quando Armond, um dos serviçais de Verônica, entrou ofegante no recinto:

— Senhora, parece que tem uns vagabundos querendo entrar à força na Dulce de La Chambre.

Com uma calma admirável, a mulher virou-se para Armond e disse:

— Estão atrás dele, Armond. — Verônica lançou um olhar interrogativo ao forasteiro. — Vou lá falar com estes homens para que não ousem pisar no Dulce de La Chambre. Enquanto isso, ajude este homem a fugir o mais rápido possível. Há um cavalo preparado para ele lá fora. Este senhor tem uma dívida conosco e tenho certeza que, no momento certo, ele voltará para nos pagar.

Por um instante, os olhos de Verônica continuaram a encarar o forasteiro de uma forma que ele jamais vira antes, como se tacitamente houvesse firmado ali uma espécie de acordo inquebrável.

Sem nada mais a dizer, e sobretudo, sem qualquer tempo para outro sermão, o forasteiro seguiu o ajudante.

— Por aqui, senhor. — Disse Armond. — Temos uma saída secreta pelos fundos. às vezes as esposas de alguns clientes aparecem por aqui e somos obrigados a usar esse recurso.

O forasteiro seguiu-o.

Esgueirando-se por um caminho parecido com as vielas e pulando alguns cercados, o homem finalmente se viu contornando pequenos casebres.

De repente, os dois ouviram um grito de um homem do outro lado da rua.

- Ei, vocês, parem aí! - disse um homem, que começou a correr em direção a eles.

— Merda! — Disse Armond. — Nos encontraram, camacho. Precisamos correr.

O forasteiro e o homem se puseram a correr ainda mais rápido, com o homem estranho em seu encalço, que corria muito rápido, mas tanto o forasteiro quanto Armond corriam por caminhos mais estreitos, ganhando tempo e se afastando do algoz.

—Ele está armado. Abaixe-se — Disse Armond, olhando para trás, enquanto empurrava o forasteiro por um viela.

Ouviu-se um tiro quebrar um vaso de flores de um dos casebres por onde corriam, e a perseguição se acirrava cada vez mais. Após alguns instantes, os perseguidos conseguiram acessar a parte norte do Mercado de Carnes e a aglomeração de pessoas permitiu que os dois homens se camuflassem em meio à multidão. Mas a camuflagem não durou muito e logo voltaram a ser vistos, e uma nova perseguição se iniciou.

Os dois correram o máximo que puderam e até conseguiram se distanciar do homem estranho. No momento em que Armond e o forasteiro já pareciam ter chegado no limite da exaustão, finalmente puderam avistar o cavalo que Verônica havia emprestado.

— É este o animal. — Gritou Armond, auxiliando o forasteiro a montar animal. — Vá! Va!

Mas, subitamente, enquanto Armond ajudava o forasteiro a fugir com o cavalo, o jovem rapaz capanga de Cliffe reapareceu e ambos viram o rapaz sacar o revólver em direção a eles.

Houve um disparo.

Um salpico de sangue se fixou na altura da canela do forasteiro que, perplexo, olhou para baixo: o tiro havia acertado em cheio as costas de Armond. Mesmo ferido, o velho andou alguns passos e gritou. — Vá! Vá! — e açoitou a traseira do cavalo, que disparou a galope.

Enquanto o animal corria e se afastava pela estrada, o forasteiro observava em choque à cena, olhando para o velho que caía na rua com os olhos abertos a encará-lo. As mãos de Armond espalmadas. Os olhos esbugalhados como se manifestassem a despedida do forasteiro. E confirmassem a famosa frase de que não existe amor em Einsengurst.

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