Pov's Nyx
Minha tia estava viva.
Eu e o restante do grupo pareciam não acreditar direito nisso.
Como seria possível se meu pai havia recebido a cabeça dela e de minha avó em uma caixa a anos atrás?! Se Primrose estivesse blefando, se aquilo fosse uma armadilha, estávamos caído feito patinhos.
O choque que todos sentiam naquele momento, a esperança que sentíamos...
E e minha parceira andávamos lado a lado, atrás de Prim, seguidos pelo restante do grupo. Podia sentir a tenção no corpo de Selene e seus olhos buscando qualquer sinal de perigo.
A floresta ficava mais densa a cada passo que dávamos e meu nervosismo também aumentava. Eu não queria acabar como minha avó e, supostamente, minha tia...
E então a floresta se abriu mais um pouco e chegamos ao jardim " abandonado" , o qual Prim disse que havia passagem para a cela de Adhara. E lá estava ele. Passamos pelo portão, sempre alertas a qualquer sinal de aproximação.
Andamos por cerca de dois quilômetros até avisarmos uma porta de madeira, o apenas os restos dela. Haviam marcas de patas, algumas maiores do que as outras, supostamente de Tamlin e Primrose. Mas, nenhum sinal de magia. Nenhum sinal de minha tia.
A não ser... Pelo cheiro.
Um cheiro levemente parecido com o de meu pai, mascarado pelo cheiro de umidade, musgo e folhas podres.
Entrei no pequeno cômodo. Constatei que a única fonte de luz era uma pequena janela, não muito maior do que a altura de um pequeno livro e o cumprimento de uma flauta. O chão era de pedra e suas paredes e teto também. Subterrâneo. Era um quarto subterrâneo. O único indício de que alguém já havia pisado ali eram as marcas nas paredes... Os anos que ela havia passado ali.
- Para onde ele a levou? - perguntei me virando na direção de Prim que lançava um olhar triste para o quarto.
- Sinto muito, mas não faço ideia. - suspirei.- Não deve haver apenas um como este, talvez vários. E meu pai não seria tão burro ao ponto de levá-la para algum lugar aberto. E mata-la, daria o direito a seu pai, a sua corte, de convocar uma guerra contra nós. E não desejo isso.
- Tem certeza que ninguém mais sabe de algum lugar que ele possa a esconder?- Lynae perguntou e Prim pareceu pensativa.
- Temos apenas duas pessoas que talvez saibam... - sua expressão era meio confusa e seus olhos expressão insegurança.- Mais talvez, isso envolva mais uma corte no processo...
- Quem são as pessoas?- Selene tinha a voz firme quando a pressionou a falar.
- Minha mãe e Lucien.
- Nayla estaria mesmo disposta a revelar os esconderijos do marido? - Pólux coçou a cabeça.
- Eles nunca se gostaram mesmo. Isso só seria mais um pretexto positivo para minha mãe deixar Tamlin.- Prim disse balançando os ombros com indiferença. - Sugiro que os Grão- Senhores da Corte Noturna se façam presentes quando falarem. Eu autorizo a entrada, pacífica, deles e de sua corte em minhas terras. Estarei esperando por vocês na entrada de minha casa. - ofereceu um leve sorriso a nós antes de sair.
Olhei para meu círculo íntimo, todos pareciam prestes a desabar.
- Chamamos Rhys?- Lynae foi a primeira a quebrar o silêncio.
- Chamamos todos. - Hakon afirmou.- Não é uma questão a ser tratada por uma só pessoa, principalmente quando se trata de alguém de sua família que você pensava estar morta.
- Nyx, às suas ordens.- Lily falou.
Mais eu não sabia o que fazer. Não sei se alguém algum dia já se sentiu como me senti naquele momento. Vazio. Minha mente estava vazia. Não fazia ideia se seria melhor voltarmos para o acampamento, permanecer ali ou retornar de imediato para Velaris.
Eu também não saberia contar isso a meu pai e a meus tios.
Meu olhar foi diretamente para minha parceira, que se encostava no batente da velha porta. Não precisei dizer nada, nem mentalmente, para que ela me entendesse. A mesma franziu as sobrancelhas quando afirmei levemente.
Agora ela comandaria até que eu voltasse a conseguir pensar novamente.
- Hakon, Meissa e Nyx. Vocês três permaneçam aqui. Busquem pistas, evidências de qualquer coisa. -sua voz era firme e mantinha o queixo erguido ao dar ordens.- Isa, chame seus pais e peça que venham até o acampamento. - minha irmã assentiu. - Lily e Pólux voltam comigo para lá e depois os traremos até aqui e depois a mansão de Tamlin. Teremos muito pela frente.
Minha Lua lançou apenas um olhar doce para mim, sua voz soou em minha mente " Se cuida. Te amo, meu morcego abusado." Sorri de volta para ela que jogou um beijo no ar antes de sair.
- Cara, olha isso... - a voz de Hakon ecoou de um canto da sela.
Minha irmã e eu nós aproximamos, e por um instante achei que aquilo fosse água, pois brilhava como tal contra o chão escuro. Mais tinha cheiro fraco de sangue e era espeça e negra.
- Que porra é essa?- Meissa tocou o líquido negro com o indicador, era grudento também.
- Isso não é sangue. Mais também não algo... Normal.- falei enquanto seguia o rastro do líquido, que se estendia até a metade da parede, que se encontrava chamuscada.- Isso é...
- Fogo. - Hakon disse mostrando a mão, depois de passá-la na parede e ficar coberta de fuligem.
- Fogo? Como? O ar aqui dentro é tão úmido que chega a ser... Doentio. E como Adhara poderia fazer fogo se não podia sair? - Falei ainda olhando incrédulo para a parede.
- Repara aqui.- Meissa apontou para uma parte da parede.- Acaba aqui. Simplesmente acaba. E é um término regular, reto. Não tem curvas ou qualquer indícios de fogo ou desse líquido daqui para cima...
- Isso é... - Hakon começou calmante mais foi bruscamente interrompido.
- Cadê ela?! Onde está Adhara?! -meu pai quase cai ao se chocar contra o batente da porta. Seu desespero é evidente.
Minha mãe e Nair aparecem logo em seguida. Seguidas de Mor, Azriel e Cassian que atravessam ofegantes em nossa direção. Dahlia surgiu logo em seguida.
Eles foram mais rápidos do que pensei que seriam.
Chamo Selene de volta, e ela se surpreende achando que eles iriam até o acampamento primeiro.
- Eu tentei fazer ele se acalmar, e não deu muito certo...- Nair dá de ombros.
- E como acha que irei manter a calma em um momento desses, garota?! - ele esbravejou para minha prima.
Cassian pareceu irritado e prestes a falar algo, quando Nair endireitou o corpo, cruzou os braços e empinou o nariz. Igual a Nestha.
- E acha que falando comigo desse jeito, sair gritando desesperado vai adiantar de algo, garoto?- Seu ênfase no "garoto" fez a frase parecer ainda mais seca. Seus olhos brilhavam levemente.- Agradeça a mim por tudo isso. EU descobri o que e quem causava isso. Sem mim todos vocês ainda estariam empacados naquele acampamento. Sem mim, eles não teriam acreditado em uma palavra sequer do que Primrose havia dito. Então creio que o senhor deve parar de gritar e aprender a se controlar. Se gritos resolvessem todos os problemas, ninguém teria mais voz em parte alguma desse mundo.
As palavras, dificilmente, causariam efeito em alguém. Mas ela sabia que as fazia sair como uma lâmina com aquele tom calmo e os olhos brilhando de poder.
- Tem alguma ideia de onde ela pode estar agora?- minha mãe quebrou o gelo.
- Prim nos deu autorização para irmos até sua mansão, e ela acha que Nayla e Lucien podem saber de mais algum lugar como este, caso Tamlin a tenha escondido novamente. -Hakon respondeu
- Apenas esperamos os outros voltarem, eles já devem estar chegando.- Meissa disse.
Observei minha família. Todos tinham a mesma expressão que eu e meus primos tivemos quando ficamos sabendo disso.
Em questão de poucos minutos, Lynae, Pólux e Selene já estavam de volta.
- Como sabiam onde estávamos?- Lily chegou questionando. E era um ponto interessante.
- Dahlia estava conosco e nos deu a localização.- Azriel respondeu.
- E como exatamente você sabia onde estávamos, Dahlia? - Pólux questionou olhando diretamente para ela.
- Aquele batalhão que foi mandado para cá a algum tempo. Eu estava entre elas. Sabia a localização do acampamento, e um pouco mais a frente. Rhysand apenas deduziu que deveriam estar mais a frente. Acabamos parando aqui.
Ninguém questionou mais.
E todos atravessamos para alguns metros afrente do portão da mansão branca de Tamlin.
- Tudo bem?- Seli agarrou minha cintura enquanto caminhávamos para a entrada.
- Acho que sim. Obrigada por tomar as rédeas quando eu não consegui.- A segurei mais perto de mim e beijei o topo de sua cabeça.
- Sempre aqui pra você, meu morcego abusado.- Eu estava começando a gostar daquele apelido.
Entramos na mansão, no encalço de meus pais e com o restante da Corte Noturna atrás de nós. Prim nos esperava nas escadas.
Estava em um estado muito melhor, usando aquele vestido verde claro e os cabelos trançados para trás. Tamlin e Nayla estavam ao seu lado. O restante da prole se encontrava atrás dos três. Contei mais quatro, duas fêmeas e dois machos, todos de cabelos dourados e olhos verde esmeralda ou azuis como o céu. Pareciam levemente assustados. Principalmente um dos machos no colo da Senhora da Primaveril, parecia ter uns cinco anos no mínimo.
E observava a irmã mais velha com certo assombro nos olhos azuis, como os de sua mãe.
Nayla, encantadora como sempre, tinha os olhos levemente inchados, indicando que havia chorado a pouco. Mas os cabelos dourados, levemente ruivos, estavam impecavelmente presos em um coque com flores. E o vestido verde fazia par com a túnica de Tamlin.
Ele ainda ressentimentos sobre minha mãe. Um absurdo, já faziam mais de 100 que ela havia dado um pé na bunda dele. E sempre me olhava com certo desgosto.
Com certeza ele sentia inveja de minha beleza impecável.
Paramos a poucos metros diante da família.
- Me de um bom motivo para não arrebentar sua cara nesse exato momento, Tamlin.- meu pai disse antes de qualquer cumprimento. O Grão- Senhor da Primaveril grunhiu em resposta.
- Lhes dei permissão para virem aqui, em paz.- Prim deu um passo a frente.- Peço respeito. Das duas Cortes.
- Obrigada minha filha.- Prim assentiu e voltou para onde estava. Presumi que aquilo seria o máximo que seu pai já havia expressão por ela.- Mas eu tenho mais um bom motivo para não me arrebentar.
- Além da desculpa que seus filhos veriam o pai ser destroçado a frente de seus olhos?- Cassian provocou e pude ver Mor dar um leve beliscão nele. Tamlin semicerrou os olhos.
- Sim. Eu tenho um motivo melhor. - respondeu.
- E qual seria?- minha mãe ergueu o queixo.
- Adhara está na sala de jantar. E espera por vocês.- a voz de Nayla saiu docemente, bem parecida com a de sua filha mais velha.
- Me acompanhem. - Tamlin disse gravemente e o acompanhamos.
- Ele a levaria para outro lugar, mas o convenci a deixá-la voltar para casa e me certifiquei que fosse bem tratada.- A Senhora da Primaveril disse para meus pais, assim que Tamlin entrou na mansão acompanhado de seus filhos.- Não sabia que ela estava viva.
- Obrigada, Nayla.- minha mãe a abraçou levemente.- Não faz ideia do quanto está sendo boa para nós!
- Apenas faço o que consigo.- ela deu de ombros.- Se me dão licença, alguém aqui não está se sentindo muito bem hoje.- ela disse e passou a mão pela testa do garotinho, como se certificasse de não estaria quente e saiu logo em seguida.
Andamos por alguns corredores até chegarmos na sala de jantar, onde uma mesa posta com vários pratos intocados estava posta. E em uma das pontas, com a pele tão branca quanto a luz da lua, cabelos negros, olhos violetas como os de meu pai, comia apressadamente.
Minha tia estava ali. Viva e se alimentando. E pareciam bem.
.
.
.
Bom dia!!!
Peço desculpas pelo meu sumiço, mais eu simplesmente empaquei nesse capítulo, não fazia ideia do que escrever. Eu olhava para o teclado do celular e nenhuma palavra vinha a minha mente, mesmo já sabendo o que eu tinha que escrever.
Enfim.
Estou de férias agr!! E provavelmente eu poste mais capítulos de uma só vez por conta disso!!
Espero que tenham gostado do capítulo de hoje! Já podem criar teorias em relação a aquela parede chamuscada e a gosma preta...
É isso!!
Beijus da tia Isa!!!