No Verão seguinte...
Acordei cedo nesse dia, e assim que abri os olhos percebi que alguém acordara ainda mais cedo do que eu. A cama do lado do Daryl estava vazia.
Sorri. Ele sempre acordava cedissimo.
Levantei, troquei de roupa e saí do quarto. Desci e saí para a manhã já um pouco quente.
Vi Brianna e Jace, sentados junto de uma das mesas e me aproximei. Coloquei a mão na cabeça de Brianna e depois beijei a de Jace.
- Oi mãe. - Falou ele.
Sorri e depois olhei Brianna. - Viu o seu pai?
Brianna negou. - Não desde que chegámos aqui.
Assenti e me afastei, indo na direção de Jesus.
Ele me deu aquele sorrisão dele.
- Bom dia, Lara.
- Oi, é... Viu o Daryl?
Jesus abriu a boca e depois fechou, olhou o chão, respirando fundo e depois me encarou.
- Daryl saiu com a primeira luz da manhã.
Franzi o cenho. - Saiu? Como assim, saiu? Onde ele foi?
Jesus suspirou. - Ele... Ele foi procurar a Alpha.
Senti um aperto bastante forte no meu peito, como se o mundo tivesse parado e apenas eu tivesse ficado ali, com a capacidade de me mexer, sem nem saber como se respirava direito. Depois saí desse estado e olhei os olhos azuis de Jesus.
- Vou atrás dele.
- Não! Você é doida? É a Alpha! E as crianças?
Estreitei os olhos. - Exatamente por isso. Ela vai matá-lo.
Jesus negou com a cabeça. - Seja razoável, Lara.
- Estou sendo! - Gritei. - Ela matou nossos amigos! Meu irmão sumiu e muito provavelmente estará com ela... É o Daryl!
- Eu vou.
Olhámos para o lado e vi Lydia, de pé, um pouco tímida, me olhando.
Neguei com a cabeça. - Vai nada, bateu com a cabeça?
- É a minha mãe, Lara. Eu sei onde procurar.
Troquei um olhar com Jesus, depois suspirei, odiando a ideia, e olhei ela de novo.
- Vou com você.
Lydia negou. - Não. Você fica com as crianças. Brianna e Jace precisam de você.
- Eles estão bem! Eu vou com você.
Me afastei em direção do portão, meus pensamentos presos em Daryl, em como ele estaria e onde. Tinha um mau pressentimento e isso nunca era bom.
Andei pela floresta, do lado de Lydia, o que me pareceu uma eternidade.
Meus dedos inquietos, ansiavam por poder tocar em Daryl, meus olhos queriam ver que ele estava bem. Ele tinha de estar.
- Nunca vi você assim.
Olhei Lydia, como se só naquele momento percebesse que ela estava ali.
Suspirei.
- É o Daryl. Eu não posso perder o Daryl.
Lydia assentiu. - Vamos achar ele.
Mordi o lábio. - É... Sabe, eu odiava ele.
Lydia franziu o cenho. - Sério?
Assenti, sorrindo. - Ele chegou quando eu estava fora, e a Deanna, nossa líder naquele momento, colocou ele na minha casa. Eu odiei a ideia. Eu nem conhecia ele e ela fora colocar um selvagem na minha casa.
Lydia riu. - Mas vocês estão juntos.
Assenti. - Aaron nos colocou na mesma equipe, trabalhando com ele. - Dei de ombros. - Fui aprendendo a confiar no Dixon.
Ela assentiu e olhou o chão. - Eu... Eu gostava do Henry.
Toquei no seu ombro. - Eu sei, querida, eu sei. O que sua mãe fez, é imperdoável.
- É. - Depois ela me olhou. - Mas nós vamos achar o Daryl, e ele vai estar bem.
Depois de andarmos por horas, achámos algo. Algo para o qual eu não estava pronta.
Tinha sangue no chão, sobre as pedras junto de um riacho. Sinais de luta...
Abaixei e toquei no sangue, tinha apenas algumas horas.
Olhei em volta, me sentindo nervosa.
- Lara.
Olhei por cima do ombro e vi Lydia... e ela trazia a besta do Daryl.
Levantei, devagar, e me aproximei dela, meus olhos se enchendo de água.
Depois respirei fundo e olhei o chão. Tinha um rastro de sangue.
Assenti, sozinha.
- Vamos, tem um rastro. - Dei dois passos, depois parei e fiquei de frente para Lydia, e tirei a besta das mãos dela, colocando nas costas. - Eu sei que ela é sua mãe, mas quando eu achar ela, eu vou matá-la. Isso tem de acabar.
Me afastei, sem nem esperar para saber se ela me seguiria, pois eu sabia que sim.
Eu não podia perder o Daryl, eu não sabia viver sem ele. Não seria capaz. E algo me dizia que ele estava em perigo, um grande perigo.
Olhava em redor, agora com maior atenção, não fossem aqueles idiotas dos Sussurradores estar por ali.
Queria chorar, queria gritar... Respirei fundo. Não ia fazer nada disso. Eu era forte, Negan se certiticara disso antes de me abandonar.
Sorri. Pelo menos fizera uma coisa boa.
Parámos. O rastro terminava na frente, num velho posto de combustível...
Brianna:
- Ela foi, não foi?
Brianna olhou Jesus e ele assentiu.
- Ela foi.
Brianna assentiu. - Ela sempre vai. Mesmo quando estava furiosa com ele, mamãe sempre ia se o papai estivesse em perigo.
- Eles vão ficar bem, Bri.
A menina o olhou, com aquele olhar inteligente e assentiu.
- Eu sei.
Jesus sorriu e depois se afastou, deixando ela sentada na escada, rodando uma flecha nos dedos.
Ela ficou vendo Jace correndo atrás do Jesus e depois levantou e se afastou, indo na parte mais afastada do muro.
Seus pais estavam em perigo.
Brianna saiu pela passagem secreta e correu na direção da floresta, se afastando de Hilltop o mais que conseguia.
Depois de alguns minutos andando pelo meio das árvores, Brianna parou, franzindo o cenho.
Algo estava errado. A floresta estava silenciosa demais.
Tirou uma flecha da bolsa e colocou no arco.
Olhou para o lado, e quando olhou em frente, ele estava ali, feito estátua, enorme e apenas olhando ela.
Brianna ergueu o arco, mirando sua cabeça, puxando a linha.
Mais Sussurradores saíram do meio das árvores, rodeando ela.
A menina revirou os olhos, mas manteve sua atenção no grandão. Ergueu o queixo.
- Abaixa. - Disse ele, num tom vagaroso.
Brianna sorriu. - Você fala como um zumbi... Ridículo.
Ele inclinou a cabeça para o lado.
- Você é extremamente frágil, sabia?
Ela assentiu. - Sei, mas você é grande demais e pouco ágil.
Brianna soltou a flecha, espetando o ombro do Beta e abaixou, rolando e levantando, correndo que nem doida.
Mais na frente, seu pé ficou preso em um ramo de árvore caído, e a menina caiu, pegando o arco e levantando de novo.
Sentiu mãos segurando ela e tentou se soltar, lutando como seu pai ensinara.
- Pára!
Brianna olhou para cima e franziu o cenho. Por baixo daquela máscara horrivel, Brianna reconheceu aqueles olhos... e aquela jaqueta de couro negro.