Desprevenida. Assim que Marília estava quando foi beijada, por milésimos segundos, não esboçou nenhuma reação, apenas sentiu os lábios, tentando reconhece-los... Foi o tempo suficiente para que Maraisa se virasse em direção de sua namorada e visse a cena.
Os seus olhos quase saíram das orbitas, parecia que uma avalanche passou pelo o seu corpo, deixando trêmula. A fúria lhe cegou. Não conseguia mais enxergar nada ao seu redor, também não escutava mais nada, todos os seus sentidos estavam voltados apenas para aquela cena. O sangue chegou aos seus olhos.
Iria mata-la! Iria mata-la com as suas próprias mãos. Destruiria aquela vadia que ousava beijar a sua mulher. Pisou firme de encontro das duas.
A forma que Maraisa andava, quase corria chamou atenção do Gustavo que largou o celular, e alarmou-se ao ver Lauana beijando Marília. Levantou-se, e gritou para Maiara que estava ainda no maior amasso com a Scarlett.
— MAIARA! — Gustavo gritou, correndo na direção de Maraisa que estava quase alcançando Marília e Lauana.
Maiara ignorou o grito do seu irmão. Estava mais interessada em beijar e roçar em sua namorada que estava bem quente e prontinha para tudo.
— Segura ela Maiara! Segura! — Gustavo gritou novamente, mais alto, rompendo o barulho do som.
Maiara resmungou alguma coisa e obrigou-se a afastar os lábios de sua namorada. Porém, Scarlett estava envolvida demais no clima, e começou a beijar o pescoço dela.
— O que é? Não está vendo que estou ocu...
— Maiara começou a gritar de volta para o seu irmão, mas gelou quando Maraisa passou feito um furacão em direção de sua irmã e sua cunhada. Empurrou a Scarlett que resmungou algo, e correu para alcançar Maraisa.
Porém, não conseguiu. Maraisa já estava perto das duas. Um grito de dor foi escutado, pois, a morena enrolou a mão nos cabelos de Lauana e a puxou com toda força para se afastar de sua namorada.
Marília parecia que estava com algum tipo de défice mental, não fazia nada. Os seus olhos estavam arregalados, e ela estava assustada.
— Sua vadia! — Carla gritou e puxou Lauana pelos cabelos. — Você agora vai aprender a não se aproximar da minha namorada.
— Me solta! Sua louca! Me solta!— Lauana gritava tentando se desvencilhar, batia os seus braços, porém, Maraisa era mais forte que ela.
Maiara segurou no braço de Maraisa com força e a morena foi obrigada a soltar os cabelos de Lauana que aproveitou o ensejo e mirou um murro no nariz de Maraisa. A dor foi alucinante, mas a adrenalina estava pulsando na morena que a deixou mais furiosa. O sangue escorreu do seu nariz. Ela olhou para Lauana com puro ódio.
Marília despertou do seu transe e foi em socorro de sua namorada. Porém, a morena não queria ser socorrida, queria matar Lauana. Tentou se soltar novamente e urrou de raiva, Maiara segurou com mais força, mas foi surpreendida com uma cotovelada forte em sua costela. Ela gritou e caiu de joelho, suando frio de dor.
— É por isso que eu não tento separar briga! — a ruiva gritou para o seu irmão que finalmente tinha chegado perto.
Maraisa empurrou Marília que caiu sentada e avançou em cima de Lauana que ao ver a morena avançando em cima de si, correu.
A morena foi atrás.
— Maraisa! — Marília gritou e tentou se levantar. — Pega ela, Gustavo! Pega!
Gustavo não sabia o que fazer. Ele nunca se metia em briga porque sabia que iria se dar muito mal. Viu o exemplo de Maiara que ainda estava gemendo de dor no chão, Scarlett estava auxiliando a sua namorada.
— Eu vou te pegar sua bandida! Você vai se arrepender de ter nascido, sua cretina! — Maraisa gritava e soltava alguns palavrões.
Estava correndo atrás de Lauana e estava quase alcançando.
Gustavo estava correndo atrás das duas, mas estavam distantes um pouco dele. Lauana iria entrar em casa, era a única solução para se esconder daquela louca. Podia bater de frente com Maraisa, mas a forma que ela estava tinha que ser humilde o suficiente para saber que não iria ganhar no mano á mano. Estava se sentindo superior em parte, porque tinha esmurrado a idiota, amanhã aquilo estaria inchado e horrendo. Já valia um pouco á pena.
Estava preste á entrar em casa quando sentiu uma mão puxar o seu cabelo com toda força para trás e em questões de segundos, o seu corpo foi diretamente para o chão num baque surdo, sentiu a dor do choque contra o chão, sua cabeça tinha batido consideravelmente e lhe faltou ar. Não teve tempo de se recuperar, porque a Maraisa sentou-se em cima dela e começou a esbofeteá-la.
Lauana tentava se defender com as mãos, mas não tinha sucesso, as bofetadas de Maraisa eram certeiras e fortes. Sentia o seu rosto queimar, a dor era irritante e ela se debateu, tentando se sair.
— Me solta! Sua louca! Louca! — Lauana gritou e gemeu com mais uma tapa.
— Essa é por todos os desaforos que já me disse. — Maraisa gritou e deu uma bofetada alta. — Essa é por xingar a minha filha. — Outra bofetada forte. — Essa é por dá encima da MINHA mulher. — Outra duas bofetadas.
— Maraisa! — Marília gritava. — Para com isso, vai mata-la.
Carla não escutava ninguém, só queria acabar com aquela infeliz. Viu o sangue escorrendo do nariz e da boca, mas isso não era o suficiente para ela. Queria mais!
Porém, foi puxada com força por Gustavo que a segurou pelos os braços, a morena começou a espernear e xingar todo mundo. Marília ficou de frente á sua namorada e tentou acalmá-la, segurou no rosto de Maraisa e murmurou algumas palavras, mas a morena estava furiosa e queria destruir a Lauana.
— Amor... Me olhe... Me olhe. — Marília segurou com as duas mãos o rosto de Carla, tentando olhá-la nos olhos.
— Não! Eu quero matar essa infeliz.
Lauana tossiu, ainda estava no chão e sentia-se uma droga. Tentou se levantar. Uma. Duas. Três vezes, até que conseguiu. Mas para o seu azar, Maraisa conseguiu se soltar e atacou-se novamente com ela. Desta vez, Lauana conseguiu revidar e as duas embolaram no chão, uma puxando o cabelo da outra.
Marília e Gustavo tentaram soltá-las, sem sucesso. A gritaria era maior que o som. Maiara via a confusão, mas era incapaz de ajudar. Ainda estava sentindo muita dor e Scarlett não iria deixar a sua namorada.
Lauana atingiu Carla com outro soco, e a morena revidou com uma cabeçada diretamente na testa. Os irmãos Mendonça estavam agoniados com aquela situação.
Elas iriam se matar!
A confusão continuou por uns minutos, até que dois tiros foram escutados para o terror da família...
— Que cachorrada é essa? — Caio gritou, estava com a arma em punho e olhava para a cena com desagrado.
O susto foi tanto para todos que paralisaram. Maraisa e Lauana pararam de se atacar. A morena ficou com medo daquele desconhecido armado.
Levantou-se e olhou para Marília que abriu os braços para recebê-la, porém, Maraisa ignorou. Estava com raiva também da loira por ter permitido ser beijada por Lauana.
Maiara também estava de pé e conseguia respirar sem aquela dor para corrompê-la. Scarlett estava agarrada no braço da namorada, também não conhecia aquele homem e sentia medo. Vai que fosse um assassino?
Lauana continuou no chão, resmungando de dor.
— O que está fazendo aqui, Caio? — Quem perguntou foi Marília.
— Vim para a boda dos meus tios. Óbvio. — Caio respondeu com um retruco, guardou a arma no coldre e foi em socorro de Lauana.
— Você está bem?
— Não. — Lauana murmurou. — Você pode me levar para o quarto?
Caio ajudou Lauana se levantar. Ela gemeu de dor. Se um caminhão tivesse passando por cima de si, teria doído menos.
— Quem é esse? — Murmurou Scarlett para Maiara. — E por que ele estava armado?
— É o meu primo. — Maiara respondeu. — Ele é policial.
O estado de Lauana estava lastimável. O de Maraisa nem tanto. Gustavo revirou os olhos ao ver o seu primo tão solicito com a sua esposa. Sempre achou que existia alguma coisa entre os dois, embora, que nunca teve como provar. Caio olhou para a Maraisa de relance, e ficou impressionado com a beleza da morena... Mesma melada de sangue, o cabelo assanhado e o rosto vermelho, era belíssima. Uma das mulheres mais linda que tinha visto na vida, e olha que era um bom apreciador da beleza feminina.
Percebendo o olhar do Caio para a sua namorada. Marília fechou a cara e segurou o braço de Maraisa que tentou desvencilhar.
— Vem cá, vamos conversar. — Marília ordenou. Não pediu. Mandou e puxou Maraisa mesmo contra vontade para um canto da área.
Maraisa foi arrastada, e não parava de resmungar. O Caio levou Lauana para o quarto, e Gustavo foi se servir de mais uma bebida. A festa não tinha acabado para si, Lauana que tinha a provocado ao beijar a Marília e merecia isso. Maiara estranhou o fato de Gustavo não se importar nem um pouco com a esposa.
— Eu vou pegar uma bebida. Quer uma? — Perguntou a sua namorada.
— Você vai continuar a beber?
— Sim. Agora que vou mesmo. — Maiara disse. — Vai querer ou não?
— Vodca pura com azeitonas.
A ruiva deu um selinho na Scarlett e foi em direção da mesa de bebidas. Gustavo estava enchendo uma dose dupla de uísque.
— Você não se incomoda que o Caio esteja levando a sua esposa para o quarto ao invés de você? Não se incomodou com o beijo que ela deu em Marília?
— Não. Nem um pouco. — Gustavo deu um gole de sua bebida. — Por mim. Quero mais que ela se exploda. Você está melhor da cotovelada?
Maiara ficou surpresa com o interesse do seu irmão em si. Ele nunca se importou. Olhou para ele e apenas meneou a cabeça.
Serviu-se de vodca e voltou para junto de sua namorada. Gustavo estava diferente, porém, ela ainda não se sentia bem para conversar com ele. Abertamente.
Deu um selinho em sua namorada, e começaram a dançar lentamente, tentando reanimar a vibe da festa.
Na praia, estavam Marília e Maraisa. A morena estava irritada com a loira. Soltava alguns palavrões.
— Por que deixou aquela cadela lhe beijar? Por que não fez nada? Você poderia ao menos ter se afastado. Mas não! Ficou lá... Deixando ser beijada! Besta! — Maraisa gritou.
Marília respirou fundo.
— Eu fui surpreendida, Maraisa. Não tive culpa e não retribuí o beijo, iria me afastar quando você apareceu...
— Isso não é desculpa! — Carla gritou. — Você podia tê-la empurrado! Feito qualquer coisa! — Os seus olhos se encheram de lágrimas e o medo a abateu. — Você ainda a quer não é? Ainda está apaixonada por ela?
Marília olhou bem para Maraisa... Aquela fera se transformou em um bichinho acuado. Estava com um biquinho, os olhos lacrimejando e numa posição indefensa. Sentiu vontade de protegê-la de tudo e de todos. Segurou na mão da morena e a puxou para os seus braços, desta vez, Maraisa não impediu. Olhou diretamente nos olhos.
— Acredite em mim, meu amor... Foi tudo muito rápido. Eu não desejo nenhuma mulher que não seja você. Apenas os seus lábios que quero beijar... — Marília deu um selinho em Maraisa. —... Apenas em sua pele que quero tocar... — Acariciou o pescoço da pele macia. — Apenas você que eu quero amar... Fazer amor... Ficar juntinha até ficar velha e caquética. — As duas sorriam timidamente. — Se eu tivesse em seu lugar, acho que faria muito pior... Eu não a culpo. Mas eu quero que você saiba que eu te amo muito. Muito mesmo e Lauana é insignificante para mim.
Maraisa se emocionou com as palavras de Marília. Ela era maravilhosa. Linda.
— Eu tenho tanto medo de te perder. Só de pensar nisso, sinto-me perdida. Sem você na minha vida, sou apenas uma alma perdida perambulando pelo mundo. Eu te amo mais do que a mim mesma. — Maraisa abraçou Marília com força.
Ficaram abraçadas por alguns minutos. Uma sentindo o perfume da outra. A loira deu um cheiro no alto da cabeça de sua namorada e a morena se acalentou naquele abraço. Porém, o seu nariz começou a latejar e doer. A adrenalina passou e o sangue esfriou. Ela gemeu baixinho com uma latejada.
Marília se afastou dela e a olhou.
— Vamos para o quarto. Vou cuidar desse nariz e de você.
Maraisa concordou, segurou a mão de sua namorada e foram para o quarto. Tudo que mais queria era um banho, um analgésico e a companhia dos dois amores de sua vida: Marília e Lia.
Tretaaa
Vão seguir a autora no insta, quem sabe não trago maratona? @infinitymalila e @fiadamaraisa :)