Wrong Choice - Vinnie Hacker

By wathevermah

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[ SEGUNDA PARTE DE "I'M NOT THE ONLY ONE". ] Nada mudou. Cassie continua em uma busca constante por qualque... More

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By wathevermah

            POV Cassie

  Eu não senti nenhuma falta daquela energia caótica e pesada daqueles tipos de festas, parecia um verdadeiro inferno; o cheiro de maconha estava mais forte do que nunca e por isso o lugar estava repleto de fumaça, literalmente todos naquele ambiente estavam bêbados ou chapados, chegava a ser preocupante.

   -- Sei que você gosta dessa. - a voz grave de Suzzy soou como um grito próximo de meu ouvido.

  Aquele líquido amarelo claro dentro do grande copo transparente já fez meu estômago embrulhar, sim, antigamente eu adorava aquela bebida amarela que parecia mais como puro álcool ou gasolina, mas meus gostos haviam mudado demais, nem precisei sentir o cheiro daquilo para me lembrar do quanto aquilo me destruía no dia seguinte.

  Já não bastava eu estar ali contra minha vontade, eu não iria beber aquela merda só pra tentar ser legal para aquele pessoal, eu até estava preocupada com o que eles pensariam.

  Em que momento eu sequer liguei para o que aquele bando de idiotas pensariam sobre mim?

   -- Obrigada. - agradeci pela bebida com um sorriso forçado no rosto.

  Eu não estava nem um pouco afim de acordar enjoada e com a cabeça explodindo no dia seguinte, não queria que Chris ou Oliver me vissem daquele jeito, sem contar que Powell provavelmente me encheria de perguntas do porque eu não ter ido na escola, o que certamente aconteceria.

  Mas eu também não queria criar questionamentos na cabeça deles, eles já pensavam que eu era alguém nojento e metido, eu não precisava que aquele bando de idiotas viessem me encher o saco com milhares de perguntas.

  Que se foda também, é só uma bebida.

  Segurei firme no copo e virei aquele líquido sentindo meu peito esquentar e minhas bochechas ficarem vermelhas, alguma coisa dentro de mim já dizia que eu certamente não voltaria para a casa naquela noite, não que eu fosse dormir com alguém ou coisa do tipo, mas aquele tipo de festa costumava durar até de manhã.

  -- Vamos dar uma volta, ver gente. - Suzzy sugeriu.

  -- Vê se não vai exagerar na dose hoje hein. - Cory, que eu não tinha percebido estar ali até então, se pronunciou para a irmã.

  A garota apenas revirou os olhos e entrelaçou seu braço ao meu para que começassemos a caminhar, algo que eu odiava levando em conta que Suzzy era praticamente uma estranha para mim. Eu adorava contato físico, mas com pessoas específicas a qual e eu estava acostumada com a convivência, e não uma "ex-amiga", a qual eu não falava tinha um tempo.

   (...)

   A festa estava em seu auge e eu também. Para alguém que chegou quase chorando na festa, eu estava até que bem animada.

  Não me lembro de absolutamente nada do que ingeri, sei que meus braços estavam doendo de tanto segurar aquela garrafa de licor em uma mão e a outra estava erguida balançando ao som de uma música completamente desconhecida por mim, eu estava extremamente tonta e tinha certeza de que não era só de bebida, meu nariz ardia e tinha um pouco de pó em minha blusa.

  Eu já não tinha noção de praticamente nada mas ainda tinha consciência do que estava rolando ao meu redor, meus pés doíam de tanto dançar e eu já não tinha mais forças pra afastar o garoto atrás de mim que dançava com a mão em minha cintura, ele não estrapolava nenhum limite e apenas dançava, talvez também fosse por eu não ter dito nada a respeito então ele pensava que podia fazer aquilo.

  -- Preciso sentar, meus pés estão me matando. - Cory gritou e se afastou de onde nós dançávamos.

  -- Continua aqui comigo. - o garoto atrás de mim me puxou mais contra seu corpo, ainda assim tinha certa delicadeza.

  -- Se eu continuar aqui meus pés caem. - soltei uma risada preguiçosa e me soltei dele, logo começando a seguir Cory.

  Deixei o garoto para trás e observei o moreno me chamando com a mão, minha visão estava embaçada então era meio complicado para eu conseguir diferenciar as pessoas. O garoto se jogou em um sofá vermelho e o acompanhei sentindo o alívio correr por minhas pernas, a bebida tirou minha percepção de tempo então eu não tinha a menor idéia de quanto tempo estava naquela pista improvisada.

  -- Preciso de uma água. - respirei ofegante deitando minha cabeça no ombro de Cory.

  -- Não não, você precisa de uma cerveja. - o moreno sorriu abertamente pondo uma pequena garrafa verde em minha mão.

  -- Dá um tempo. - Suzzy pegou a garrafa de minha mão com uma cara feia para seu irmão, em seguida me entregando uma garrafa d'água.

  -- Ugh, você é um porre. - o garoto revirou os olhos e passou um braço seu por meus ombros. - Deixa a garota se divertir, aposto que tem um bom tempo que ela não sai desse jeito. - soltou uma gargalhada, eu apenas o acompanhei não entendendo exatamente o que queria dizer.

  -- Não foi isso que eu soube, parece que a McKay anda até mais famosa. -  o mesmo loiro com tatuagens que estava no campo do colégio agora sorria em escárnio.

  -- Ah é? Me conta mais Kevin. - Cory ergueu uma sobrancelha ainda sorrindo, dessa vez mantendo seus olhos em mim.

  -- Pois é, soube que McKay está até indo em baladas, lugares privados, sabe? - o tal Kevin me encarou e lançou uma piscadela.

  -- Olha só, não sabia que ia a esse tipo de rolê Cassie. - seu aperto em meus ombros ficou mais forte. - Principalmente depois do que rolou com a Nessa. -

  Por um momento pensei ter ouvido coisas, talvez eu estivesse chapada demais, o pó misturado com a tequila não estava me fazendo bem e eu provavelmente já deveria estar em casa.

  -- Cory. - Suzzy chamou sua atenção com a voz firme.

  -- O que? Não é como se todo mundo aqui não soubesse o que rolou. - Cory riu.

  Se eu não estivesse tão bêbada eu poderia facilmente sair correndo dali, poderia me esconder daquele assunto assim como estava fazendo a tantos meses, ainda era algo muito delicado para mim e para qualquer um que estivesse por dentro da treta.

  -- Cory, já chega. - Suzzy falou em tom mais alto.

  -- Por que toda essa tensão? Ela fez e pronto, não tem como voltar atrás. - Cory desafiou a irmã.

  -- E-eu não... Fiz nada. - tentei pôr as palavras pra fora mas parecia que minha garganta estava trancada.

  Cory dizia tudo com um olhar duro e o maxilar travado, sua postura toda havia mudado e ele carregava uma raiva estranha na voz, seus olhos ficaram mais escuros e seu corpo ficou rígido.

  -- Não fez? Não plantou aquela merda na mochila da Nessa? Ou não deixou ela pra trás na noite da perseguição? Porque eu não consigo entender do que você quer se defender. - riu e tirou seu braço de meus ombros, dessa vez assumindo uma pose impassível.

  -- Para! Mas que... Merda! - me levantei do sofá e com pressa fui buscar meu calçado que eu havia deixado na pista de dança. Precisava sair de lá o mais rápido possível.

  -- O que? Agora vai sair correndo como fez no beco? Você é inacreditável, não mudou nada mesmo, continua a mesma vadia egoísta. - o moreno se levantou também, agora caminhando em minha direção com toda a sua fúria. - Não consegue nem encarar o que fez! -

  -- CALA A PORRA DA BOCA, VAI SE FODER! - gritei com todas as forças de meu pulmão e segurei meus tênis com força.

  -- Ah você quer gritar? ENTÃO VAMOS GRITAR, É BOM QUE ASSIM VOCÊ BOTA NA CABEÇA QUE É UMA PUTA QUE NÃO CONSEGUE VIVER SEM CONFUSÃO. - senti suas mãos grandes segurarem meus ombros, logo me empurrando com certa força. - Não passa de uma viciada de merda, filha da puta, não sei como a Nessa te aguentou por tanto tempo, na real, nem eu sei como te aguentei. - falou entre dentes.

  -- Vai se foder, continua nessa sua vidinha fodida e não me procura mais. - respondi com a voz grossa.

  A essa altura a música alta já havia cessado, uma roda de pessoas nos encaravam com expectativa e tinha até gente segurando seus celulares em uma possível gravação, minha visão só começava a ficar mais embaçada a cada minuto, parecia até que tinham batizado minha bebida.

  -- Ah, aí está, a verdadeira Cassie gente! Até que demorou pra aparecer. - seu sorriso crescia a cada palavra dita.

  -- Cala a boca Cory, vamos para a casa. - Suzzy agarrou seu braço com uma feição horrível.

  -- Não, não, não, não. De jeito nenhum, a festa só está começando. - soltou uma gargalhada alta fazendo meu corpo se arrepiar. - Onde está Nessa? Nessa! NESS, APARECE AÍ, TEM VISITA PRA VOCÊ. - gritou se soltando de sua irmã.

  -- Que merda você tá fazendo?! Vamos pra casa, agora! - sua irmã tentou mais uma vez, também levando um empurrão do irmão, o qual parecia querer matar a primeira pessoa que entrasse em seu caminho.

  -- Me solta! Vai pra casa, reforçar esses cortes pra ver se dá algum resultado. - apertou o pulso fino da garota, logo empurrando seu braço, com uma terrível expressão de nojo. - NESSA! ANDA LOGO, TÁ TODO MUNDO TE ESPERANDO. -

  Assim que ele terminou de falar, um som alto e estridente fez os ouvidos de todo mundo doer. Cory havia arremessado uma garrafa de cerveja contra a parede bem ao meu lado, os cacos se estilhaçaram e senti um deles se fincar em minha pele, no momento não liguei para isso, estava praticamente cega de raiva e mágoa, parecia que eu havia caído em uma armadilha em que todos perceberam que estava lá, menos eu.

  -- Que porra tá acontecendo na minha casa?! -

  A atenção de todos na sala foi voltada para a garota parada no início da pequena escada no canto do cômodo. Lá estava ela, mostrando toda a sua autoconfiança, sua beleza estonteante; trajava roupas escuras e apertadas, nada muito diferente do que sempre usou, só o que mudava é que seu cabelo estava mais longo e ela havia pintado de preto.

   Cory disse algumas coisas nesse meio tempo mas não ouvi uma única palavra, estava ocupada demais levando fortes porradas de lembranças antigas e bem claras de um passado que me infernizava a um tempo, naquele mesmo ambiente, mesma áurea pesada, mesmas pessoas.

  -- ... Cala a boca todo mundo! -

  Nessa gritou rompendo a barreira que havia sido construída ao meu redor, desviei os olhos dela sentindo tudo ficar mais lento, percebi que Cory, Suzzy e uma garota que estava parada ao lado de Nessa no topo da escada haviam arrumado uma enorme discussão.

  Um forte enjôo fez eu querer sair correndo de lá o mais rápido possível, minha visão estava ficando cada vez mais escura e nem me dei conta de que eu fazia muito esforço para tentar respirar, minhas mãos ficaram trêmulas e senti que poderia cair no chão a qualquer momento.

  -- Merda dêem espaço, ela não tá bem! - Suzzy gritou empurrando algumas pessoas que estavam ao meu redor e segurou em meus braços. - Cass respira, não vai ter uma bad aqui e agora, por favor. - falou com os olhos atentos, prestava total atenção em tudo que eu fazia.

  -- Cassie? - a menina desconhecida pronunciou meu nome de forma tão profunda, tive que a encarar por mais alguns segundos, nada me lembrava ela.

  Ela usava longas tranças que tinham um comprimento até o fim de suas costas, usava roupas brancas que contrastavam perfeitamente com seu tom de pele em tom de chocolate e tinha um incrível fundo alaranjado que parecia a fazer brilhar. Ela era impecavelmente linda.

  -- Cassie... -

  Eu nunca havia ouvido a voz de Nessa tão calma, parecia quase como veludo ao tocar pelo ambiente. Ergui o olhar encontrando uma face completamente diferente do que eu esperava; havia compreensão em seu rosto, suas sobrancelhas estavam levemente franzidas e seus olhos agora estavam caídos, seus ombros se encolheram um pouco e ela parecia ter cuidado com cada movimento.

  Nessa fez menção de descer um degrau da escada, parecia se segurar firme no corrimão enquanto não desviava o olhar do meu nem por um segundo, por um momento imaginei que conversa nós teríamos se ela me ouvisse e se eu pudesse contar cada pedacinho do que realmente aconteceu naquela noite, imaginei que poderíamos ser amigas novamente, poderíamos passar a noite juntas assistindo a um filme de terror dos quais nós gostávamos muito e terminar o dia dormindo abraçadas como fazíamos.

  Mas como a vida é injusta e eu nunca sigo minha intuição, a única opção boa no momento foi sair correndo.

  Sim, era o melhor a se fazer. Principalmente por eu sentir minha boca salivar e minha garganta arder.

  Não me lembro da última vez que vomitei tanto em minha vida, nem quando eu adquiri habilidades de correr tanto quanto naquele momento. Corri até que minhas pernas queimassem em fortes câimbras e quando encontrei um jardim qualquer cheio de galhos espalhados soltei toda a bebida que eu havia ingerido, minha garganta estava ardendo e meus pés estavam cheios de vômito.

  Em seguida vieram as lágrimas, nunca era só por aquele momento, quando eu chorava eu sempre acabava me lembrando de todas as merdas que andavam acontecendo então tudo acabava se acumulando e eu terminava daquele jeito.

  Caminhando sozinha tarde da madrugada, sem meu celular ou qualquer pertence, minha bolsa havia ficado no sofá da sala daquela casa sem que eu nem percebesse, foi tudo tão rápido que não deu nem tempo pra pensar em alguma coisa.

  Meus soluços preenchiam o vazio daquela noite fria, durante todo o caminho me martirizei por não ter ficado em casa assim como aquela voz da razão me dizia para fazer, preferia ter ficado com Chris assistindo a algum programa bobo de sobrevivência na selva, aqueles que ele amava.

  Aquele prédio velho e azul conseguiu calar um pouco dos meus pensamentos e chamar minha atenção para si, a luz roxa tão familiar ainda brilhava mesmo que fosse tarde da noite, Isak não dormia de noite então estava sempre disponível. Enfiei as mãos em meus bolsos percebendo que não tinha nada comigo, assim me incentivando a querer subir, mas meu último resquício de sanidade ainda funcionava, fazendo a pergunta um milhão de vezes.
 
   Vale a pena?

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