Ocean Eyes • BNHA

By anacarolinarac

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𝐀𝐓𝐒𝐔𝐊𝐎 não tinha família. Ao menos, não uma família a qual se lembrasse. Quando tinha quatro anos, perd... More

𖤍𖡼 𝐈𝐍𝐓𝐑𝐎𝐃𝐔𝐂𝐓𝐈𝐎𝐍 𖡼𖤍
𖤍𖡼 𝐎𝐂𝐄𝐀𝐍 𝐄𝐘𝐄𝐒 𖡼𖤍
𖤍𖡼 𝐄𝐏𝐈𝐆𝐑𝐀𝐏𝐇 𖡼𖤍
𖤍𖡼↷ 𝐏𝐑𝐄𝐒𝐄𝐍𝐓𝐈𝐍𝐆: 𝐏𝐒𝐈𝐐𝐔𝐄
𖤍𖡼↷ 𝐎𝐍𝐄
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𖤍𖡼↷ 𝐏𝐑𝐎𝐋𝐎𝐆𝐔𝐄

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By anacarolinarac

O PASSADO E
O PRESENTE

Às vezes, não conseguia me lembrar do rosto do meu pai. Quando não conseguia puxar a imagem dele do fundo da memória, entrava em um desespero tão profundo que esquecia inclusive que tinha poderes e que poderia usar eles para recordar o que faltava. Uma pessoa diferente de mim não teria como gravar cada pedaço do rosto dele na memória; às vezes, quando os detalhes falhavam e o poder parecia não ser o bastante, eu pegava a foto antiga que carregava dentro da bolsa para sempre estar com ele. Mesmo que há muito tempo ele já não estivesse mais aqui, algo que apenas servia para dilacerar ainda mais o meu coração que já tinha buracos demais para alguém suportar.

Foi difícil perder meu pai e ainda é difícil pensar sobre isso, mesmo que tantos anos tenham se passado. Ele era meu herói, era a pessoa que me inspirava a ser melhor. Ele não desistiu de mim, nunca, jamais, diferente de minha mãe que desapareceu no mundo depois que eu nasci, sem nem mesmo se dar o trabalho de sequer saber qual seria meu nome. Mas não me importava com isso, eu tinha meu pai. Até o dia em que não tinha mais, e apenas ficou um vazio dentro do meu peito.

Ainda lembro da primeira ver que vi o tão famoso e popular Endeavor. Eu tinha quatro anos na época, e jamais teria imaginado que o motivo para aquele super herói estar na minha casa era por causa de uma tragédia. Nem mesmo tinha notado o olhar de pena que minha babá estava me lançando quando Endeavor chegou, ingênua demais e feliz por um super herói tão grandioso estar na minha humilde casa. Mas diferente do que teria sido para qualquer outra pessoa, aquele dia foi o pior da minha vida.

E também foi quando minha individualidade acordou. Foi em um lapso de dor, mágoa e desespero, e eu me lembro de tudo começar a tremer. Não tinha noção que o motivo para os pratos caindo e se espatifando no chão era eu. Mas Enji nunca foi um homem estúpido quando o assunto era individualidades. Até hoje, não sei se ele viu em mim um potencial a ser explorado e por isso me quis em suas mãos, ou se pela promessa feita a meu pai. Provavelmente foi uma mistura de ambos, e eu sequer posso o julgar por isso? Ele me deu uma nova casa e uma nova família.

E também vários problemas psicológicos, mesmo que jamais tivesse feito comigo o que fazia com os próprios filhos.

Nunca entendia o porque eu não podia brincar com o filho mais novo dele que, coincidentemente, tinha a mesma idade que eu. Ficava me perguntando se eu era um problema e por isso aquele garoto de cabelo metade vermelho e metade branco não queria se aproximar de mim. Será que eu era uma criança tão estranha e catarrenta assim?

Não demorou muito para Toya me dizer o porquê. A verdade era que absolutamente ninguém podia chegar perto dele, pois Endeavor achava que isso iria atrapalhar seus planos de finalmente ter alguém para derrotar All Might. Naquela época, eu não entendia essas coisas. Não entendia o porquê Enji era tão, tão diferente de meu pai. E o porquê, apesar do calor que vinha dele, era tão frio e tão ruim com a própria família.

Mas tudo começou a mudar tanto e tão rapidamente e eu não sei exatamente o que fez com que eu me aproximasse do intocável Shoto Todoroki. Se foi a morte de Toya ou a internação de Rei, o que definitivamente acabou de vez com a família. Perder ela foi algo doloroso, uma dor diferente. Foi como ganhar uma mãe que me amasse de verdade e depois ter ela tirada de mim em um estalar de dedos. E eu sei que para os filhos de verdade dela o sentimento foi mil vezes pior.

E então, eu comecei a ser notada mais uma vez por Enji. Quando minha individualidade começou a ficar mais forte, mais controlável. Acho que foi nesse exato momento que ele decidiu que deveria me colocar para treinar também. E acho que foi nesse momento que percebi que eu era diferente dos outros; eu precisava provar que tinha valor para ele. Que não era um peso morto. Seria tão simples para Endeavor apenas se livrar de mim, então tudo o que eu menos queria, era dar motivos para ele.

A filha adotiva perfeita, essa foi minha meta. O projeto bem sucedido de Endeavor.

Às vezes eu acho que Shoto me odeia por isso. E eu não posso o julgar por sentir tal coisa, mas é diferente; Shoto é filho dele. Se Shoto quer o rejeitar, ele pode. E eu, sou o que? Absolutamente nada; posso usar o sobrenome de Enji, viver em sua casa, ser tratada como parte da sua família, mas sempre vai existir uma voz no fundo da minha mente me dizendo que não pertenço a esse lugar e a essa família. Vai sempre ter uma voz me dizendo, gritando, que eu preciso fazer por merecer. Que eu preciso provar que tenho valor. E que posso ser útil.

E é exatamente isso que venho fazendo nos últimos anos, de todo o possível para fortalecer meus poderes, mesmo que às vezes ele saia completamente do meu controle. Não é tão fácil quanto parece conseguir controlar a mente e tudo que deriva dela. Não é fácil e às vezes sinto como se meu cérebro fosse acabar explodindo de uma vez. As dores de cabeça fazem parte do meu dia a dia, um claro indício de que mesmo com todo meu esforço, não sou boa o suficiente.

O que é apenas extremamente e completamente frustrante. Porque como eu bem sei, o segundo lugar é o do primeiro perdedor, aquele que esteve tão perto da vitória e ainda assim não foi o suficiente. O número dois não é o suficiente para mim, pelo menos, não enquanto eu morar aqui.

-O que foi? - a voz de Shoto foi o que me tirou daquela avalanche de pensamentos. Era sempre assim; todas às vezes que eu me afundava demais no passado, ele me trazia de volta para o presente. Quase como se ele pudesse sentir que eu estava bem perto de entrar em um colapso mental. Eu que tinha poderes psiquicos, mas era ele quem sabia me ler bem demais. Mais do que eu queria, honestamente.

Não o respondi de imediato. Estávamos caminhando de volta para casa depois da escola em um silêncio profundo, mas não exatamente desconfortável. Eu sabia que Shoto tinha os próprios problemas dele, e também não era como se ele precisasse se expressar em palavras para que eu o entendesse.

Deixei minha cabeça pender para trás, fitando o céu azul por um instante. O fim do dia estava bonito; não tinha nenhuma nuvem no céu e logo estaria começando a ficar com aquele tom alaranjado de fim de tarde. Um dia com aquelas paisagens bonitas o suficiente para serem fotografadas.

-Não foi nada. - respondi depois de um tempo, meus olhos cruzando brevemente com aqueles olhos bicolores, o cinza e o azul. Shoto não insistiu; ele sabia que se eu quisesse falar, falaria. Não era como se ele não soubesse exatamente tudo o que eu pensava e sentia, e mesmo que não concordasse totalmente comigo e com o motivo para eu me sentir como me sentia, pelo menos ele estava sempre do meu lado. -Sho, você tomou uma decisão? - eu sei que não deveria perguntar isso, mas eu estava me corroendo de curiosidade nas últimas semanas desde que chegamos ao ponto de precisar escolher para onde iríamos cursar o ensino médio.

Shoto copiou meu gesto de apenas fitar o céu por um instante, como se as cores que tinham ali pudesse dar as respostas que tanto procurávamos. Ele ficou em um silêncio ensurdecedor que pareceu durar horas; sabia muito bem como era difícil para Shoto se expressar. Talvez fosse por isso que ele deixava brechas o suficiente para que eu pudesse entrar em sua mente. Claro, ele só fazia isso quando vinha a calhar, e nesse momento, era como se uma parede intocável de gelo cobrisse seus pensamentos, uma tática insuportável que ele tinha aprendido para me deixar de fora.

Revirei os olhos, fazendo a bola de borracha em minha mão flutuar apenas com a força do pensamento, um exercício diário. Diferente de muitos, meus exercícios para ficar mais forte são todos em relação a mente. De que adianta fortalecer só os músculos se noventa porcento do meu poder vem da minha mente?

-Quero ir para U.A - falei, a bola subindo mais e mais. Ainda era um pouco difícil conversar e me concentrar em controlar aquele poder invisível que era a força da minha mente. Uma das grandes vertentes do meu poder que eu dominava, a telecinese. -Vou fazer o exame de admissão.

Shoto fez uma expressão péssima, e mesmo sem dizer nada, sabia exatamente o que estava pensando. E não por usar meus poderes para isso, mas sim porque conhecia Shoto bem o suficiente para saber, o que apenas serviu para me deixar levemente irritada.

-Não tô fazendo isso pra agradar o velho! Eu quero usar meus poderes para o bem. - reclamei e ele suspirou, como se estivesse um pouco arrependido por pensar logo o pior. Não que Shoto estivesse completamente errado de pensar isso; existia uma parte de mim, uma parte que não deveria mas existia, que sentia uma necessidade de fazer as vontades de Enji. Era como se eu sempre estivesse pisando em ovos, tentando ser a melhor e provar que não sou um estorvo. Shoto achava isso idiota; na cabeça dele, Enji não ia me colocar para fora de casa. Mas eu sabia que isso era uma possibilidade. Ele não era meu pai de verdade.

-Então acho que vou pra U.A, pelo jeito. - Shoto disse como se não fosse nada demais, e minha surpresa foi tão grande que minha concentração se esvaiu, fazendo a bola que antes flutuava entre nós cair no chão. -Você se desconcentrou.

-Sério? Vai mesmo para U.A?- falei surpresa. Shoto não me respondeu, caminhando até a porta para entrar em casa.

E eu o segui, incapaz de conter a felicidade com aquilo. Não que eu não soubesse como viver sem a companhia dele, mas tudo se tornava mais fácil quando eu tinha Shoto do meu lado. E ia ser divertido entrar nessa com ele. Pelo menos assim, quem sabe eu não consiga pelo menos fazer ele mudar minimamente. E mostrar para ele que às vezes é bom ter algumas mudanças. Talvez assim ele conseguisse parar com todas aquelas brigas com Endeavor. Sabia que era uma ilusão idiota, porque Shoto jamais ia perdoar Endeavor e parar de bater de frente com ele, mas pelo menos eu podia rezar por isso.

Naquela mesma noite, tive uma conversa com Enji sobre a U.A. Ele apenas havia me olhado por um instante, de um jeito que me fez engolir em seco, e me perguntado se eu ia entrar na U.A com a indicação dele. Se eu queria isso. E por algum motivo, sabia que aquilo era um teste. Eu não era filha dele, não era uma Todoroki de verdade; ou seja, eu tinha que provar o meu valor. E eu apenas conseguiria isso com um único caminho.

E foi assim que acabei indo fazer o exame admissional como qualquer um, sem privilégios. "Não arraste meu sobrenome para lama". Foram essas as palavras de boa sorte que ganhei naquele dia antes de sair de casa para o exame, e um único olhar de Shoto que não consegui decifrar.

O terceiro lugar na lista dos aprovados não era ruim. Mas também não o suficiente.

E foi assim que me tornei oficialmente uma estudante da U.A, no curso de super heróis, do jeito que meu pai disse que um dia aconteceria. E também foi depois disso que minha vida virou completamente e totalmente de ponta cabeça.

Data: 27/06/22

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