Enquanto Hong Shaoran chorava incontrolavelmente com Wei Huli nos braços, Fai Chen acompanhava a cena com muitas lágrimas. Por mais que esse final tivesse sido predestinado pelo próprio destino, era impossível não se comover com aquela reação do homem que escondia os sentimentos e agora, ao sentir tamanha dor da perda, libertou-os sem mais nenhuma armadura sob seu corpo.
"Além de mentiroso, é realmente um imbecil, Huli. Me deixando assim...", o Jovem Mestre Hong abraçava o corpo da raposa branca que, de alguma maneira, parecia finalmente estar em paz.
A paz de estar nos braços do homem que lhe ensinou como, em uma guerra, o amor pode vencer todo o ódio.
Hu Long, ao observar toda aquela reação de seu irmão, ficou em estado de choque. Há tempos viu Hong Shaoran deixando à mostra um lado frio, cauteloso e poderoso politicamente para dar orgulho ao pai, Hong Lan.
Porém, o mais velho continuava o mesmo de sempre.
Ele apenas permanecia como o "durão" para não sair de seu personagem e decepcionar os superiores que o cercavam.
Agora, por sua vez, não havia mais nenhum membro da elite o julgando ou o criticando. Ele podia mostrar sua verdadeira face e chorar o quanto quisesse com a perda de uma pessoa tão especial a ele.
Hu Long, preocupado com o irmão, secou suas lágrimas e o chamou, com uma voz fraca e sensível:
"A-Ran... Eu sinto muito... Não podíamos fazer mais por Wei Huli... Ele...", o assassino abaixou o rosto e mordiscou rapidamente os lábios trêmulos. "Machucou muito Fai Chen e outras pessoas. O destino trouxe consequências a ele. Assim como a qualquer outro e..."
Hong Shaoran não deixou o irmão mais novo terminar seus dizeres. Ele realizou um aceno com a cabeça, mostrando que compreendia aquilo mesmo não achando justo e decidiu permanecer em silêncio por mais alguns minutos, apenas chorando e deixando as lágrimas salgadas caírem nas roupas escuras de Wei Huli.
Após aquela fase de silêncio absoluto, o novo líder do clã Hong levantou seu rosto e olhou para os rapazes, que ainda o observavam preocupados.
"Wei Huli me salvou. Por isso estou vivo", acariciou o rosto da raposa branca e cerrou os olhos, segurando as novas lágrimas que desejavam descer. "Naquele momento que fui nocauteado, ele não tinha o intuito de me machucar e sim..."
Antes de finalizar sua frase, olhou diretamente a Fai Chen, que após ver novamente as verdades por trás daqueles olhos mel esverdeados, engoliu o seco. Ele enxergou os motivos pelos quais o fez estar vivo.
"Huli queria me proteger. Ele me colocou acima de toda sua história...", Hong Shaoran terminou seus dizeres, voltando seu olhar àquele corpo imóvel em seus braços.
"O que você quer dizer com isso?", Hu Long inclinou o rosto, extremamente confuso.
"Para vocês, ele mostrou uma versão maldosa sobre si mesmo ao me nocautear. Mas, na verdade, Huli deu a mim uma parte de sua energia vital e curou um pedaço do meu núcleo dourado. Essa transfusão deixou meu corpo impossibilitado e por isso desmaiei. Entendeu agora?"
O Assassino de Olhos Sanguinários arregalou os olhos, incrédulo ao escutar aquela explicação. Por outro lado, Fai Chen aproveitou o momento para secar suas lágrimas e concordou com as frases ditas pelo mais velho entre eles.
Wei Huli já tinha noção de que havia machucado Hong Shaoran psicologicamente e se culpou amargamente por isso. Então, com o intuito de não feri-lo fisicamente, decidiu, por meio de um único golpe bem no núcleo dourado do maior, afastá-lo de todo caos.
Contudo, esse golpe não causou apenas um desmaio e sim algo bem maior. Na verdade, o Jovem Mestre Wei, por meio daquele toque violento, deu a seu querido companheiro uma parte de sua energia vital, curando, de certa forma, uma parte do núcleo dourado dele. Graças a isso, Hong Shaoran foi capaz de controlar aquele machucado e não deixá-lo profundo por tanto tempo.
Em outras palavras, Wei Huli sacrificou uma parte de seu qi para deixar Hong Shaoran sã a salvo.
Fai Chen, a partir dessa compreensão, esclareceu também que a hulijing não lutou com todo seu poder. Aquilo foi apenas uma mera demonstração e Wei Qiang tinha razão. Ele jamais ganharia contra uma criatura de Diyu tão forte.
"Eu nem sei o que dizer...", Hu Long comentou, coçando a nuca. "Isso que Huli fez foi um ato bem..."
"Humano", Fai Chen acrescentou com os seus olhos azuis escuros cabisbaixos, pelo cansaço mental e físico. "Huli, soube entender os humanos. Ele aprendeu sobre humanidade."
O cultivador mordiscou os lábios, segurando mais uma vez o choro que estava entalado na garganta ao lembrar de certas palavras que o Jovem Mestre Wei, uma certa vez, havia lhe dito:
"Fai Chen é humano, como todos nós! Por que o senhor insiste em vê-lo como uma besta? Ele sente. Ele sofre. Ele chora. E o senhor ainda ousa machucá-lo dessa forma? Só por poder?"
Mesmo não sabendo ao certo se aquelas palavras eram completamente falsas, elas também serviram para explicar sobre o verdadeiro Wei Huli que conheceram. E, por mais que tenha sido um yaomo cruel, viveu como um humano.
Ele sentiu diversas emoções. Sofreu por mortes e pelo seu próprio destino. E chorou incontáveis noites pelas suas próprias crueldades e dos outros.
Hu Long, ao entender também as atitudes finais do jovem de cabelos acinzentados, soltou um suspiro e deu de ombros.
"Tem razão, Fai Chen. O que Huli fez para A-Ran foi a comprovação disso", ele disse, olhando diretamente para o irmão mais velho, que ainda permanecia com o olhar fixo a Wei Huli.
O Daozhang ia responder seu amado, porém, a partir do momento que abriu sua boca, uma grande quantidade de sangue foi jogada para fora de seu corpo. Ele olhou para Hu Long e levantou sua mão, querendo segurá-lo de alguma maneira. Mas, o cultivador nem precisava se preocupar pois, assim que passou mal, o assassino o segurou nos braços e limpou seus lábios sujos de sangue fresco.
"Ei. Fai Chen. Estou aqui. Fique calmo, está bem? Eu não sei o que fazer agora. Estamos em uma baita confusão... Mas, você ficará bem... Sei que vai. Apenas não feche os olhos", Hu Long dizia totalmente desesperado.
E, a partir desse desespero, duas novas presenças correram diretamente aos quatro jovens fracos e destruídos. Ao chegarem perto de todos, uma foi em direção a Hong Shaoran e Wei Huli e a outra a Fai Chen e Hu Long.
"Wei Huli havia nos bloqueado com uma árvore, por isso demoramos tanto! Desculpem, amigos!", era Xia Ling que, ao se aproximar de Fai Chen e Hu Long, abriu um sorriso meigo. "Fico tão feliz que estejam vivos! Mas... Caramba! O cheiro de sangue está terrivelmente forte por aqui! Ainda bem que eu e A-Yue conseguimos passar por aquela árvore! Agora, deixe-me ver..."
"XIA LING, POR FAVOR. AJUDE FAI CHEN! ELE ESTÁ MUITO MAL!", Hu Long gritou, mostrando uma imagem inquieta que assustou tanto a falsa concubina quanto o próprio cultivador machucado.
"Ei! Se acalme! Fai Chen ficará bem!", Xia Ling respondeu, tocando rapidamente o peitoral prejudicado do Jovem Mestre Fai. "Vamos sair daqui e ir para o clã Hong! Lá há tudo que preciso para..."
Antes que a jovem pudesse concluir seus dizeres, outro grito escandaloso foi escutado.
"A-YUE, VOCÊ QUER DIZER QUE HULI PODE ESTAR VIVO?", Hong Shaoran berrou, com um tom de voz bem abalado.
"Eu não mentiria para meu líder", Li Ming-Yue retrucou, passando seus dedos levemente na testa ensanguentada de Wei Huli. "Pelo que estou conseguindo detectar, o Jovem Mestre Wei aparentemente antes que ficasse sem energia vital por completo, conseguiu preservar uma pequena parte da mesma. Mas... Shaoran, deixe-me perguntar algo."
"O que?"
"Você acha que o Jovem Mestre Wei merece uma nova chance?"
Todos que estavam ao redor paralisaram ao ouvir tal questionamento de Li Ming-Yue à Hong Shaoran. Xia Ling tirou sua mão do peitoral de Fai Chen e a levou diretamente a seu próprio peito, mostrando uma tremenda preocupação pela resposta que seu amigo daria. Hu Long, assim como a falsa concubina, estava extremamente ansioso; ele não queria que seu irmão mais velho sofresse mais.
Por outro lado, Fai Chen abriu um sorriso de lado e olhou para seu amado. O cultivador já sabia qual resposta Hong Shaoran daria e não o julgaria por isso.
Até porque, para ele, todos mereciam uma segunda oportunidade.
Mas, antes mesmo que pudesse ouvir a resposta saindo dos lábios do Jovem Mestre Hong, seus olhos começaram a pesar e, por mais que ouvisse Hu Long lhe chamando diversas vezes, não aguentou mais tamanha pressão. Ele fechou os olhos e finalmente conseguiu descansar depois de tanto tempo lutando para dar o seu melhor a todos.
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- ale yang on -
Será que realmente haverá esperança para Wei Huli? Uma segunda chance? Um recomeço?
O que vocês acham, queridos leitores? Estarei esperando a resposta de vocês rsrs.
Sobre o retorno de Hong Shaoran... Conseguiram entender o motivo dele estar vivo, né? Wei Huli "se sacrificou" pela pessoa que mais queria proteger... Ai Ai... Que dor!
Agora, tenho um aviso: O próximo final de semana será um tanto complicado para mim e não conseguirei postar um novo capítulo dia 26 de junho. No dia 25 terá a Festinha Junina da escola da minha irmã e dia 26 eu irei para um Evento Geek/Anime! Espero que compreendam!
Então, até dia 03 de julho! Obrigada por todo o apoio!