Ergui a mão na direção da porta, abrindo-a sem muita enrolação. A minha animação para participar dessa reunião era zero no momento, tudo o que eu queria era ficar no meu quarto, longe de todas aquelas pessoas. Entretanto, não estava afim de contrariar o Chapeleiro depois do olhar ameaçador que ele deu à Aguni minutos atrás.
Dentro da sala, todos estavam em seus lugares. Niragi se aproximou, junto à Arisu. Eu tratei de seguir atrás do segundo, não querendo ficar próxima do garoto da arma após a pequena e simples discussão que tivemos no corredor. Mas ao ver Chishiya sentado do outro lado da mesa, eu me dirigi ao seu encontro, sentando-me na cadeira vazia ao seu lado.
──────Dois de espada. Seis de espada. Quatro de ouros. Dois de paus. ─── Mira dizia calmamente, caminhando na direção da mesa enquanto observava quatro cartas. ──────Coletamos essas quatro. ─── as entregou ao líder, enquanto eu apenas observava seus movimentos em silêncio. ──────Ainda não encontramos nenhuma carta de figura.
──────Se não existirem as cartas de figuras, só nos falta o dez de copas. ─── Kuzuryū falou sem qualquer animação, assim como eu.
Olhei na direção de Arisu, o qual ainda se mantinha em pé, atento ao assunto. Ele fez o mesmo, mas eu rapidamente desviei quando ouvi Mira dizer que o dez de copas não havia aparecido em qualquer jogo até agora.
──────Se não aparecer, não podemos zerar. ─── ergui uma sobrancelha ao ouvir Ann dizer o óbvio. ──────Talvez haja uma condição para aparecer.
──────Ou está esperando o momento certo. ─── acabei soltando, recebendo a atenção de todos. Como havia começado, decidi explicar. ──────Um momento crucial. O boss final, sabem? Por isso é deixado por último.
──────É uma ótima teoria, Yumi. Creio que seja ótima em jogos de computador. ─── o Chapeleiro comentou, sem olhar na minha direção.
──────Bom, quando se cresce sendo uma decepção pra sua família, você sempre busca ser a número um em jogos. ─── o respondi de forma humorada. A mesa se calou, como se cada um alí tivesse se identificado de alguma forma.
──────Ou talvez seja em uma arena fora de Tóquio. ─── Ann levantou, tentando amenizar o clima que ficou no local.
──────Nunca foi encontrado uma evidência de arena de jogos fora de Tóquio. ─── Kuzuryū negou.
──────Não procuramos muito longe ainda. ─── a morena retrucou.
──────Mas a estratégia continua a mesma. ─── o Chapeleiro se intrometeu na discussão. ──────Vamos continuar investigando as arenas de jogos na cidade. Não deixem seus vistos vencerem e continuem atrás do dez de copas. ─── bela conversa. ──────Preciso renovar meus vistos.
──────Com certeza há um jeito de aumentar os dias nos vistos. ─── Mira tirou os olhos do livro.
──────É mesmo?
──────O jogo de copas te deixa brincar com o coração e os sentimentos dos outros. Se levar quem não se importa em morrer, com certeza vai sobreviver. ─── ao erguer o olhar, acabei encontrando o de Niragi em mim. E só desviei quando Mira citou o nome de Arisu. ──────Inclusive no jogo de sete de copas que o Arisu zerou. A mesma coisa aconteceu, né? É um jogo que nem exige raciocínio. ─── ela sorria de uma forma estranha.
──────Como alguém que zerou um jogo de copas. Você tem alguma dica, Arisu? ─── o líder questionou ao garoto, me fazendo olhar em sua direção. Porém, esse se manteve em silêncio.
──────Mas um jogo de copas apareceria assim tão fácil? ─── Ann questionou. ──────Além disso, não sabemos qual é o naipe até o fim das inscrições.
──────Mas podemos deduzir baseado na probabilidade. ─── Kuzuryū voltou a contradizer a mulher, me fazendo revirar os olhos.
──────Não preciso de um método de investigação tão pretensioso. ─── Chapeleiro falou, batendo de leve na mesa. ──────Vou participar do próximo jogo. ─── ele se ergueu, me fazendo segui-lo com o olhar. ──────Seja de copas ou espadas. Com minha taxa de vitória cem por cento, vou ganhar fácil! Vou participar dos jogos até o dez de copas aparecer. Está chegando o dia em que juntaremos todas as cartas e partiremos! ─── ele dizia de uma forma dramática, como sempre. ──────Membros executivos, conto com vocês pra supervisionarem as coisas por aqui. Reunião encerrada!
Era aquilo? Nos disseram o que ouvimos desde o princípio e basta? Um riso baixo escapou dos meus lábios, me fazendo abaixar a cabeça. Senti um leve cutucar em minha coxa, me fazendo olhar rápido para a minha esquerda. Chishiya olhava em minha direção com uma sobrancelha erguida, como se dissesse através de gestos que não era uma boa ideia rir após uma reunião daquelas.
Nos erguemos, e eu rapidamente segui na direção da porta, ignorando o líder da milícia que parecia querer ser o primeiro a sair. Ele esbarrou em meu ombro, fazendo o meu corpo se desequilibrar e apenas não fui na direção do chão porque estava perto o suficiente da parede para me segurar. Bufei, saindo logo atrás. Quando virei na direção dos quartos, uma mão segurou em meu pulso.
──────Vamos no meu quarto. ─── o platinado falou em um tom baixo.
──────Não vai nem me chamar para um jantar primeiro? Os homens de antigamente eram mais românticos, sabiam? ─── sorri de canto, maliciosamente.
──────Cale a boca! Quero conversar com você e Kuina sobre o plano. ─── falou a última parte quase em um sussurro e eu fechei o sorriso, revirando os olhos.
Não que eu quisesse que fosse outra coisa, mas não estava afim de falar sobre plano ou qualquer outra coisa.
──────Mas se você quiser, a gente...─── ele começou em um tom humorado, e eu rapidamente voltei a seguir na direção dos quartos antes que ele continuasse. ──────Ei!
──────Vá ao inferno, Chishiya! ─── ouvi sua risada logo atrás de mim.
Caminhamos na direção dos quartos, e eu precisei ser muito forte para não seguir na direção do meu e ignorar completamente qualquer chamado de qualquer pessoa. As minhas pernas seguiram sozinhas até o quarto que o platinado compartilhava com Kuina, mas minha alma seguiu até o meu e está descansando felizmente na cama.
Ao adentrar o cômodo, me dei de cara com Kuina sentada em sua cama com o típico palito atoa em sua boca. Segui na sua direção, jogando-me ao seu lado na cama e deitando a cabeça em seu colo, ouvindo-a murmurar um xingamento e rir logo em seguida.
──────Vamos começar a amanhã.
──────Amanhã? Não vai dar. ─── falei, vendo-o juntar as sobrancelhas em confusão. ──────Vou estar passando mal.
──────Caramba, como você é preguiçosa. ─── a garota falou, enquanto eu observava Chishiya se deitar em sua cama.
──────Não sou preguiçosa, eu só evito algumas coisas. ─── a respondi, abraçando uma almofada.
──────Só queremos explicar o plano para Arisu, Yumi. Acha que consegue fazer isso sem morrer? ─── suspirei pesado, me segurando para não xingá-lo naquele momento.
──────Definitivamente não. Falar cansa, ok? Já tentou fazer uma palestra de duas horas sem parar para uma turma de cem pessoas, e essas cem pessoas possuem muitas perguntas sobre o assunto que só você pode responder? ─── questionei, formulando aquela pergunta rapidamente.
──────Não! ─── os dois responderam ao mesmo tempo. ──────Isso soou muito específico. ─── Chishiya completou.
──────Problemas familiares. ─── dei de ombros, dando um fim naquele assunto aleatório. ──────Como vamos fazer?
E assim, ele nos explicou exatamente sobre o plano em trazer Arisu para nosso lado e nos ajudar a roubar as cartas. Era arriscado, e sinceramente, não me parecia ser um plano muito bem elaborado. E eu nem preciso falar nada sobre a parte da traição, certo? Mas não comentei minha opinião com Chishiya, não queria que me tirassem do plano apenas por não concordar.
Mas de uma coisa eu tinha certeza, uma traição pode levar a outras traições.
No momento em que deitei na minha cama, pronta pra dormir, o sono me invadiu e eu rapidamente adormeci. Acordei no dia seguinte com os raios de sol incomodando meus olhos, precisei me virar para conseguir abri-los sem acabar ficando cega. Me sentei na cama, olhando ao redor do quarto como se tentasse me recordar do dia passado, a exaustão era tanta que parecia que eu tinha bebido litros de cerveja antes de dormir.
Fiz minha higiene e coloquei um biquíni, me animando finalmente em tirar algumas peças de roupas. O melhor a se fazer, era me juntar à loucura que é esse lugar. Saí do quarto ao terminar de ajeitar os meus cabelos, caminhando na direção do primeiro andar. Cumprimentei algumas pessoas que falavam comigo, sorrindo abertamente como se eu fosse alguma espécie de celebridade, o que só me deixava desconfortável.
Ao chegar na área da piscina, avistei Kuina ao lado de Chishiya em uma cadeiras de praia e eu segui até eles, vendo-os olhar na minha direção com sobrancelhas erguidas e um sorriso de canto. Como Kuina estava deitada, escolhi me deitar na cadeira de Chishiya e pousar minha cabeça em sua perna, ignorando seu revirar de olhos.
──────Quem diria, nunca imaginei ver você usar biquíni. ─── Kuina comentou, aumentando o sorriso. ──────Está linda, Yumi!
──────Obrigada, Kuina. ─── retruibuí o sorriso. ──────O que é lindo, precisa ser mostrado.
──────E o seu ombro? ─── ouvi Chishiya questionar, me fazendo olhar em sua direção.
──────Está melhor, quase não sinto dor mais. Também, depois de tanto sofrimento que ele passou, me surpreende não ter dado uma infecção e eu ter morrido. ─── comentei, ouvindo a maior rir na cadeira ao lado.
──────Cara, como você é dramática. ─── falou, e eu acabei soltando uma risada.
──────Precisamos agir daqui a pouco. Arisu e a garota estão andando por aí, provavelmente atrás de informações. Quando ele for na direção da milícia, nós podemos pará-lo. ─── comentou o platinado.
Falando em milícia, ao virar o pescoço na direção da piscina, consegui avistar Niragi andar na nossa direção com a arma em seu ombro e uma feição séria em seu rosto. Quando ele parou perto das nossas cadeiras, seu olhar pousou em mim e um silêncio se instalou. Seus olhos estavam dançantes, mas continuavam grudados em mim, o que me fez piscar algumas vezes.
──────Está escorrendo uma baba, sabia? ─── precisei dizer, conseguindo fazê-lo sair do transe.
──────Fique quieta! ─── seu tom saiu rude, e eu precisei dar um sorriso vitorioso. ──────Podemos conversar?
──────Pode falar. ─── falei, sem me mexer do lugar.
──────Em particular. ─── ele ergueu as sobrancelhas, como se fosse óbvio.
──────Sobre o assunto de sempre? Não, obrigada. Acho que já o resolvemos. ─── ele revirou olhos, desviando o olhar. Parecia tentar controlar a raiva, como se não quisesse dizer coisas que poderia se arrepender depois.
──────Não o resolvemos porque não tem como conversar nada com você! Eu só quero que me escute. ─── eu me mantive em silêncio, e ele logo notou que eu não diria nada. ──────Esquece.
Niragi saiu batendo pé, quase soltando fumaça pelos ouvidos, esbarrando em qualquer um que estivesse em sua frente. Eu respirei fundo, e ao olhar para Kuina na minha frente, percebi ela me olhar fixamente.
──────O que acabou de acontecer aqui? ─── ela questionou.
──────Acho que Yumi conseguiu amolecer o coração de Niragi. ─── Chishiya brincou, e ambos gargalharam enquanto eu bufei.
──────Por que os dois não vão pra puta que pariu?
Mas um sorriso pequeno crescia no canto dos meus lábios ao ouvi-los aumentar o riso.
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Não, isso não é uma miragem. Eu realmente atualizei Rainha de Copas!
Caramba, como eu senti falta disso aqui e de vocês. Como todos estão? Estão bem? Porque eu estou muito melhor, apesar de tudo ainda estar uma bagunça na minha vida.
Enfim, prometo que daqui pra frente, tentarei terminar a primeira temporada da estória sem ficar meses sem postar. E outra, pelo os meus cálculos, faltam três ou quatro capítulos apenas.
E sobre o capítulo de hoje, o que vocês acharam? Niragi realmente ficou com o coração mole por causa de Yumi?
ATENÇÃO: vou sempre lembrar que, aqui em Rainha de Copas, Niragi não fez o que fez com Usagi.
Uma enquete: com quem vocês fariam o endgame com a Yumi? Porque, pra mim, ela é shippavel com todo mundo.
Já falei demais, até a próxima! <3