Acordei com o meu celular vibrando na mesa ao lado da cama. Era uma mensagem do Daniel, igual a de ontem se não fosse pelo "bom dia".
Será que ele pretendia me enviar foto dele com o gato toda noite e toda manhã?
Sorri e digitei "fofos" em resposta.
Dez minutos depois, lá estava ele tocando a campainha da casa. Minha mãe atendeu e o convidou para entrar, já que eu ainda estava tomando café.
- Você já tomou café, Daniel? - Minha mãe perguntou enquanto cedia espaço para ele entrar na cozinha.
- Não, Sra. Anderson. Não costumo tomar café da manhã. - Ele sorriu sem graça e ela o olhou com repreensão.
- Senta ali, senta. - Ela apontou para a cadeira ao meu lado e saiu empurrando ele para que se sentasse por bem ou por mal.
- Sr. Anderson. - Sorriu e cumprimentou meu pai que fez o mesmo. - Oi, medrosa. - Bagunçou o meu cabelo como se fosse um cachorro.
O fuzilei e meu pai apenas riu.
Minha mãe colocou duas panquecas com mel na sua frente e um suco de laranja, então, mandou comer tudo.
- Por que chegou mais cedo hoje? - Perguntei terminando de comer o meu café.
- Nada, foi por acaso mesmo. Deixei Batman no veterinário e vim para cá. - Deu de ombros comendo um pedaço da panqueca.
- A Lauren nos contou que você fez companhia a ela ontem enquanto estava sem energia. Ela ficou com muito medo? - Minha mãe perguntou sentando-se ao lado do meu pai.
- Mãe... - Repreendi, mas ela me ignorou.
- Ah, com certeza ficou. A Lauren morre de medo de escuro desde bebê. - Meu pai riu bebendo seu suco e eu revirei os olhos.
- Vocês tinham que ver. Ela não me largou a noite inteira. - Daniel sorriu zombeteiro.
Meus pais gargalharam e eu bati em seu braço.
Eles formaram algum tipo de complô para zombar de mim?
- Que mentiroso! Foi ele que não quis ir embora enquanto a energia não voltasse. - Revirei os olhos.
Daniel soltou uma risadinha.
- Você quem implorou para que eu ficasse. - Ele deu de ombros o que fez meus pais nos olharem surpresos.
Idiota. Estava fazendo de propósito!
- Vamos logo. - Me levantei, impaciente e ele riu. - Tchau mãe, tchau pai. A tarde eu vou com o Daniel levar o gato que eu falei que resgatamos ao veterinário. - Avisei e eles entreolharam-se.
- Ok, filha. Divirtam-se e bons estudos. - Minha mãe sorriu para nós.
- Até mais, Sr. e Sra. Anderson. - Daniel despediu-se e nós saímos de casa.
Encontramos com Bryan em frente a casa dele e fomos conversando até a escola. Ao chegarmos lá, tirei os livros das primeiras aulas do armário quando Jonathan aproximou-se.
- Ei, Lauren. Eu trouxe o quadro. - Ele me mostrou a pintura que tínhamos feito.
- Meu deus, é verdade. - Arregalei os olhos. - Tinha esquecido completamente que hoje entregaríamos o quadro. - Ri e balancei a cabeça negativamente.
- Eu desconfiei. - Riu. - Pelo menos, já está pronto. Eu já assinei nossos nomes embaixo. - Sorriu.
- Obrigada. - Sorri sem graça. - Espero que a professora goste.
O sinal tocou e eu me despedi dele. Entrei na sala e fui até meus amigos que já estavam sentados nos seus respectivos lugares.
- Bom dia. - Me sentei na cadeira ao lado da Julie.
- Bom dia, sumida. Por que você não respondeu minhas mensagens ontem? - Mel falou na minha frente.
- Desculpa, acabei não olhando as notificações ontem. Prometo que olho depois. - Sorri e ela assentiu.
- Ontem faltou energia no bairro em péssima hora! Logo quando a partida ia começar no Fortnite. - Bryan bufou, desapontado.
Gargalhamos.
- A Lauren me obrigou a ficar com ela a noite toda. - Daniel zombou ao meu lado.
Sério? Ele falaria isso para todo mundo?
Revirei os olhos.
- Não enche! - Empurrei seu ombro de leve e ele riu.
- Vocês ficaram sozinhos no escuro? - Jack sorriu travesso fazendo todos rirem.
O olhei horrorizada.
- Cala a boca, cara! - Daniel revirou os olhos.
- O que ficaram fazendo enquanto estava sem energia? - Julie perguntou desconfiada.
- Nada demais. - Bufei. - Conversamos, vimos série, procuramos lanternas e achamos um gato também. - Dei de ombros.
- Um gato? - Mel disse animada pela notícia. - Deixa eu ver, deixa eu ver!
Daniel pegou o celular e mostrou a foto que ele tinha me mandado essa manhã.
- Owwwwnt, que coisa mais fofinha! - Mel pegou o celular do Daniel na mão com os olhos brilhantes.
Ela era apaixonada por gatos desde criança e não por acaso, tinha quatro em casa.
Todos olharam a foto admirados.
- Qual é o nome? - Julie disse entregando o celular para o dono.
- Batman. - Sorri. - Pedi para que o Daniel ficasse com ele, já que eu não posso e vamos dividir as despesas.
- Então vocês são os pais dele? - Bryan sorriu divertido.
Revirei os olhos e ri.
- Vocês são Inacreditáveis.
Eles gargalharam.
Entrei na aula de artes conversando com o Jonathan e nos sentamos na primeira fileira. A professora entrou logo em seguida com um sorriso no rosto e um macacão artístico todo sujo de tinta seca.
- Bom dia, galera! - Ela disse, animada. - Todos trouxeram os trabalhos, certo?!
Ela pegou um pequeno caderno de anotações da sua bolsa e começou a olhar os quadros de todas as duplas. Ela observava as obras minuciosamente e sem falar nada, anotava alguma coisa.
- Será que ela não vai dizer nossas notas? - Murmurei para Jonathan ao meu lado.
- Espero que sim, estou curioso. Nunca me dediquei tanto a uma pintura antes. - Ele riu e eu concordei.
Quando chegou a nossa vez, ela ficou bastante tempo observando cada mínimo detalhe da tela e quando terminou, se foi.
Olhei para Jonathan apreensiva e ele deu de ombros, confuso.
Assim que ela terminou de olhar, voltou a sua mesa e ficou por longos segundos em silêncio até começar a falar.
- Bom, pessoal, todas as obras estavam incríveis demais. Deu para ver nitidamente que todos fizeram questão de caprichar na pintura. Estão de parabéns! - Ela sorriu, contente e um suspiro foi soltado por toda a sala.
Assim que acabou a aula, a professora dispensou a sala e pediu para que eu e Jonathan ficássemos na sala.
Nos levantamos apreensivos e fomos até a sua mesa.
- Então, a senhorita queria nos dizer algo? - Jonathan perguntou nervoso.
- Ah sim. - Sorriu. - Queria parabenizar vocês individualmente pela obra que fizeram. Ficou exatamente como descrito no livro, foi surpreendente.
- Sério? - Arregalei os olhos, surpresa.
- Sim. E também vocês foram os únicos que representaram a parte do duelo. - Sorriu. - Gostei bastante, tiveram um A+ merecido.
Arregalei os olhos e olhei para Jonathan que alargou o sorriso.
Agradecemos a professora e saímos da sala, contentes.
- Eu não acredito! Fomos os únicos que tiramos A+! - Sorri de orelha a orelha enquanto caminhava até a saída.
- Depois de dias fazendo aquela tela, acho que merecemos. - ele riu da minha empolgação.
- Com certeza! - Parei em sua frente. - Nos divertimos muito, não acha? - Sorri.
Concordou.
- Foi um prazer trabalhar com você, signorita! - Pegou minha mão e a beijou gentilmente.
Sorri.
Me lembrei da conversa que tivemos. Realmente, funcionamos bem como amigos e o fato dele ter sido sincero antes que o que tinha entre nós tornasse-se mais sério, foi o principal para que pudéssemos criar uma relação de amizade.
Depois do que aconteceu com o Carter, atitudes assim me deixavam emocionada.
Quando dei por mim, enrosquei meus braços em seu pescoço e fiquei nas pontas dos pés para o abraçar. Ele ficou surpreso no começo, mas retribuiu com gentileza.
Era a primeira vez que o abraçava, talvez ele tenha ficado confuso por isso.
Afastei-me de seu corpo e sorri.
- Do nada? - Ele sorriu.
- Você tinha razão. Funcionamos bem como amigos e acho que não te agradeci por ter sido sincero, então, obrigada. - Sorri sem graça.
- Accidenti! Sei la cosa più dolce! - Apertou minhas bochechas como se fosse uma criança. (Caramba! Você é uma coisinha muito fofa!)
Gargalhei deduzindo ser algum elogio e vi Daniel aproximar-se.
- Oi! - Sorri.
- Oi... - Daniel sorriu meio sem graça. - Desculpa atrapalhar.
- E aí, cara. - Jonathan o cumprimentou dando batidinhas em suas costas. - Não atrapalhou, não. Na verdade já estava indo embora. - Sorriu.
- Tem certeza? Vocês pareciam estar conversando. - Franziu a testa.
- N-não! - Gaguejei por algum motivo. - Quer dizer, estávamos, mas era sobre o trabalho.
- Bom, ela é toda sua agora. - Jonathan piscou e vi as bochechas de Daniel ficarem um pouco rosadas. - Até amanhã! - Acenou e afastou-se de onde estávamos.
Que estranho...
- Vamos? O Dr. Berkley disse que Batman já esta nos esperando. - Ele sorriu e eu concordei.
- Para onde? - Julie perguntou chegando com os outros.
- Pegar o Batman no veterinário. Querem ir? - Perguntei. - Vamos ao petshop depois.
Eles trocaram olhares por micro segundos antes de negarem com a cabeça.
- Eu tenho que fazer compras com a minha mãe. - Mel sorriu.
- Eu vou ficar de babá do meu primo hoje a tarde. Sabe como é o Addison... - Julie coçou a nuca.
- Eu vou...para cara da minha vó, nem dá. - Jack riu meio nervoso.
Arqueei as sobrancelhas.
- Idiotas... - ouvi Daniel murmurar ao meu lado.
- Por que estão agindo estranho? - Arqueei as sobrancelhas.
- Nada. Boa sorte e mandem fotos do Batman! - Mel sorriu e saiu andando antes mesmo de se despedir.
Os outros concordaram automaticamente e, assim como a morena, saíram acenando como se estivessem com pressa.
- Bryan! - Daniel chamou e ele voltou a nos olhar. - Você não vai pegar carona?
- Ah, não. Eu vou na casa do...da minha tia agora, pegar uma coisa que minha mãe pediu. Até amanhã! - Acenou e saiu correndo como um maluco.
- O que deu neles hoje? - Perguntei totalmente confusa.
Daniel passou a mão no rosto, impaciente e, sem me responder, começou a andar até o carro.
Quando chegamos na clínica, a recepção estava apenas com a recepcionista que olhava atenta para o computor.
- Olá, boa tarde! - Sorriu simpática. - Daniel Campbell, certo?
Ele assentiu e ela nos conduziu a um corredor a direita com quatro portas. Entrou na primeira porta e nós a acompanhamos. Lá dentro tinha vários cercados aramados e alguns deles estavam com gatos. Ela andou até a penúltima fileira de cercados e viu a placa do lado com o nome do gato.
- Batman, seus pais chegaram! - Ela falou com uma voz fina.
Eu e Daniel trocamos olhares rápidos por constrangimento.
Ela abriu a porta do cercado e eu peguei o felino em meu colo.
- Oi, neném! - Fiz carinho em sua pelagem e ele ronronou.
- Ele é bem tranquilo e dócil, mas demorou para que pegasse confiança em mim e no Dr. Berkley. - Ela sorriu fazendo carinho nele.
- Ele está aí? - Daniel perguntou e ela assentiu.
- Estão esperando vocês. Ele quer dar alguns detalhes. - Sorriu.
Ela nos orientou até a última sala do corredor e bateu na porta que tinha uma placa escrito "consultório".
- Dr. Berkley, eles chegaram. - A recepcionista nos anunciou e abriu espaço para que entrássemos na sala.
Um homem no auge de seus quarenta e cinco anos levantou-se com um sorriso. Tinha olhos verde escuros, óculos quadrados e barba e cabelo parcialmente grisalhos.
- Daniel! - Disse animado. - Quanto tempo!
Os dois cumprimentaram-se com um aperto de mão íntimo.
- Como estão os seus pais? - Perguntou.
- O de sempre, você sabe. - Daniel riu com o nariz e o veterinário assentiu.
- Esses dois, sempre muito ocupados. - Balançou a cabeça e virou-se para mim. - E você é...? - Estendeu sua mão com um sorriso.
- Lauren Anderson. - O cumprimentei.
- Muito prazer, Lauren. Meu nome é John Berkley. - Sorriu simpático. - Olá novamente, Batman! - Ele sorriu acariciando o gatinho em meu colo. - Bom, por sorte o bichano não estava com nenhuma doença, apesar de ser de rua, mas já tem seis meses e ainda não tem nenhuma vacina. Então, eu apliquei as duas primeiras que devem ser aplicadas nos primeiros meses de vida do gato. - Ele disse sentando em sua cadeira de frente para nós.
- Obrigada, Dr. Berkley. - Sorri. - Então está tudo bem com ele?
- Bom, a princípio sim, mas quero que coletem um exame de fezes e me tragam amanhã mesmo para me certificar que está tudo certo. - Ele escreveu algo em sua receita.
Pegou um pote pequeno de tampa vermelha e colocou em cima da mesa.
- Aliás, ele está abaixo do seu peso ideal, por isso está tão magro. Então, ele precisa alimentar-se bem. - O homem sorriu. - Eu indico uma dessas três rações. São fontes de muitos nutrientes para os gatos, mas também usem sachês alternativos para ajudar. - Ele me deu um pedaço de papel com as três rações anotadas.
- Tem mais alguma coisa? - Daniel perguntou.
- Dei um banho a seco para garantir que ele não transmita nenhuma doença para vocês e também para que ele fique cem por cento limpo, assim vocês vão ter mais liberdade. - Ele riu e nós o acompanhamos.
O Dr. Berkley nos deu mais algumas dicas em relação ao cuidado do gato e nos despedimos.
- Agora, vamos para o petshop que tem aqui perto. - Daniel disse partindo com o carro.
Entramos na loja cheia de produtos para animais de estimação separados em diferentes setores, um para cada bichano.
- Fiz uma lista do que precisamos comprar de início. - Falei pegando meu celular. - Bebedouro, comedouro, areia, caixa da areia, ração, brinquedinhos, tapete para a caixa de areia que assim ele pode limpar as patas e...- Olhei para Daniel que me observava com um sorriso divertido.
- Que foi?
- Você é uma mãe muito atenciosa, parabéns. - Riu e distanciou-se entrando em um corredor cheio de comedouros.
Revirei os olhos com um pequeno sorriso e o acompanhei.
- Então, vamos escolher qual? - Ele perguntou olhando para as quatro prateleiras.
- Acho que podemos comprar um que venha o comedouro e o bebedouro juntos. - Dei de ombros.
- Certo, que tal esse? - Apontou para um em inox e elevados em um suporte de plástico azul.
- Gostei. - Sorri.
- Certo, então vamos levar. - Ele colocou o gato em meu colo e botou o kit em uma cesta.
Escolhemos a areia com ajuda de uma funcionária, depois pegamos um kit com a caixa da areia branca com rebordo alto, uma pá de alumínio e o tapete higiênico da mesma cor da caixa. Depois fomos para as rações e escolhemos uma das três que o Dr. Berkley havia indicado, pegamos sachês e alguns petiscos e nos direcionamos ao corredor dos brinquedos.
- Acho que o brinquedo ele que deve escolher, né? - Daniel me olhou e eu assenti.
- Tenta esse. - Peguei uma varinha com uma pena na ponta e entreguei a ele.
Ele balançou na frente do gato e o felino tentava pegá-la com as patas de forma fofa.
- Acho que ele gostou. - Daniel sorriu vendo Batman animar-se.
- Podemos comprar esse kit com dois ratinhos de brinquedo, essa varinha com a pena e uma bolinha que faz barulho, por enquanto. O que acha? - Sugeri e ele concordou.
Coloquei tudo dentro da cesta e fomos procurar pela cama dele enquanto Daniel entretia-se ao brincar com o gato usando a varinha com a pena.
Ri com a cena.
- Olha que fofo! - Peguei uma cama em formato de tubarão de boca aberta. - Será que ele vai gostar? - Perguntei para o Daniel e ele olhou para a cama.
- Combina com ele. - Sorriu.
- Coloca ele aí dentro para ver como que fica. - Sugeri.
Não precisou de muito incentivo para que o gato entrasse na cama e deitasse nela. Abaixamos um pouco para vê-lo deitado e nossos rostos aproximaram-se um do outro.
- Acho que ele gostou. - Sorri olhando Batman que tinha seus olhos azuis grandes focados em nós de maneira fofa.
Senti Daniel me observar e o olhei.
- O que acha? - Perguntei.
Ele sorriu com olhos brilhantes. Não sabia que ele gostava tanto de gatos.
- É perfeito. - Murmurou acariciando o bichinho a nossa frente. - Vamos tirar uma foto. - Ele pegou o celular e bateu uma foto de nós três.
- Mas, também acho que podemos comprar uma cama suspensa para colocar na parede. Gatos gostam disso, né? - Ele perguntou e eu assenti.
- Mas, não sei se vou ter dinheiro para esse tanto de coisa. - Ri.
- Não tem problema, eu pago. - Disse pegando a cesta da minha mão e deixando o gato para trás.
Peguei o Batman e a cama onde ele estava deitado e corri até Daniel que já estava no setor de camas suspensas.
- Daniel, não precisa disso. Nós concordamos em dividir as despesas, lembra?! - Falei alcançando-o.
- Sim, eu sei. Por isso que vou comprar a cama suspensa e não você. - Disse óbvio.
- Mas... - Tentei protestar mas ele nem me deixou terminar de falar.
- Quieta! Eu vou comprar e pronto. - Disse decidido e continuou andando.
Balancei a cabeça e ri.
Ele perguntou a uma funcionária qual era a cama suspensa mais vendida da loja e ela nos mostrou uma que parecia uma prateleira envolto em um tecido bem macio e grosso. Também vinha com um conjunto de astes que formavam uma espécie de escada para que o gatinho tivesse mais facilidade para subir.
- Ok, vou levar essa e mais essas coisas. - Disse dando a cesta a mulher.
Ela assentiu e nos conduziu ao caixa.
Depois de pagarmos por tudo, fomos para a casa do Daniel. Entramos no quarto dele e ele fechou a porta para que Batman não fugisse. Confesso que fiquei levemente nervosa e não sabia muito bem o porquê.
- Pode ficar a vontade. - Ele sorriu indo até a janela e a fechou também.
Isso me deixou mais sem graça do que já estava normalmente.
Tirei meu tênis e sentei-me na cama com Batman que deitou-se com a cabeça em minha perna. Ele estava começando a acostumar-se melhor conosco.
- Ele ficou quieto essa madrugada? - Perguntei vendo Daniel procurar por algo em sua gaveta de roupas.
- Até que sim. No começo ele andou por todo o quarto, mas espalhei papéis da empresa que normalmente iriam para o lixo para caso ele quisesse fazer suas necessidades em algum lugar. - Riu e sentou-se de frente para mim na cama.
Abrimos todas as sacolas enquanto Batman brincava feliz com elas.
- Você vai deixar as coisas dele aqui no quarto mesmo? - Perguntei.
- Acho que sim, menos a caixa de areia. Vou colocar no corredor, do lado da minha porta. Foi lá que ele fez o cocozinho. - Deu de ombros.
Gargalhei.
- O quê? - Me olhou confuso.
- Cocozinho... - Zombei e ele revirou os olhos.
Ele colocou comida e água nos potes e rapidamente Batman avançou neles.
- Estava com fome, tadinho. - Daniel riu e sentou-se na cama novamente. Assenti.
- Então, onde você vai colocar as camas? - Perguntei.
- A cama suspensa pode ficar aqui. - Ele apontou para uma parte vazia da parede em frente a sua cama. - E a tubacama pode ficar no chão. - Deu de ombros.
- A tuba o quê? - Franzi a testa.
- Tubacama. - Repetiu e eu joguei meu corpo para trás explodindo em gargalhadas.
Ele não aguentou e começou a rir junto.
- Do que você está rindo? Foi genial! Tubarão e cama, tubacama! - Disse maravilhado com a sua própria criatividade.
- Dessa vez vou ter que concordar. - Ri.
Revirou os olhos com um sorriso e tirou seus tênis. Encostou-se na cabeceira da cama com os braços atrás de sua cabeça e as pernas cruzadas. Com os braços dobrados dessa maneira, seus músculos ficavam bem mais visíveis. Os treinos do futebol devem ser intensos.
Encostei-me na cabeceira também, ao seu lado e coloquei meus pés para cima.
Ele começou a rir.
- O quê? - Olhei para ele confusa.
- Tinha me esquecido de como você fica fofa de meias engraçadas. - Sorriu observando minhas meias rosas cheia de morango.
Eu costumava usar esses tipos de meia com calça.
Sorri, meio constrangida e senti minhas bochechas esquentarem.
- Eu gosto. - Balancei meus pés.
- Eu sei. Você ainda tem aquelas de sapo que eu te dei de natal? - Perguntou olhando-me e eu assenti.
- Eu uso muito para dormir.
Ele riu com o nariz.
Ficamos nos encarando por um tempo, em silêncio. Seus olhos estavam prendendo muito a minha atenção ultimamente.
- Você não deveria estar no estágio? - Perguntei tentando afastar esses pensamentos estranhos.
- Vou trabalhar no sábado. - Ele deu de ombros.
- Pensei que você não gostasse de trabalhar no sábado. - Franzi a testa confusa.
- Não gosto, mas tinhamos marcado de ir ao veterinário. - Falou simples.
- Daniel... - Repreendi. - Eu poderia ter ido sozinha, não precisava ter ido comigo.
- Eu sei, mas eu queria. - Olhou-me. - Prefiro mil vezes ficar com você do que ir para o estágio. - Riu.
Eu teria corado violentamente se não fosse por minha preocupação.
- Assim você vai ter problemas com o seu pai. - Suspirei.
- Nada que eu já não tenha. - Deu de ombros, indiferente.
Bufei, impaciente e sentei-me de frente para ele.
- Daniel, é sério. Você não pode ficar faltando o estágio por uma besteira dessas.
- Quem disse que é besteira? - Arqueou as sobrancelhas.
- Você sabe como o seu pai pega no seu pé e ainda quer piorar as coisas? Eu não quero ser motivo para que vocês tenham mais problemas. - Cruzei os braços, irritada.
Como ele podia ser tão teimoso?
- Relaxa, só foi dessa vez, sua chata. - Fez careta e eu não consegui deixar de rir.
- Acho bom mesmo. - Voltei e encostei-me novamente na cabeceira.
- Mandona. - Murmurou e eu sorri.
O gato terminou de comer e pulou na cama, miou e deitou-se entre a gente.
Daniel fez carinho na barriga do peludo que esticou-se todo e bocejou. Ficamos em silêncio e não demorou muito para que o gato dormisse. Mas, não era só Batman que sentiu o sono pesar sobre ele. Meus olhos começavam a fechar também e por mais que eu tivesse tentado controla-los, foi impossível.
Oi, oi, oi!
Olha como eu estou empenhada na postagem dos capítulos. Viu?!
E aí, o que vocês acharam desse? Eu achei muito fofinho, meu coração tá todo derretido. Não sei quem é mais fofo: o gatinho ou os pais dele. E aí, quem vocês acham?
Comentem muito, não esqueçam de votar e até o próximo!