Rei Do Desastre

By clarice_fp

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Spin Off do romance Os Namorados Fictícios De Alessa Jones. DeLuca e Vanessa sempre tiveram amigos em comum... More

Avisos importantes
Epígrafe
Prólogo
DeLuca
Vanessa
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Epílogo

20.

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By clarice_fp

*Não estou conseguindo revisar os capítulos, então desde me perdoem pelos erros ortográficos.

20|BOLO, BEIJOS E GUACAMOLE
Vanessa pov

A casa de Henry Brooke, empresário bem sucedido de Middway, um dos únicos cinco da cidade já que está região rural não é muito conhecida por grandes aparências da mídia e magnatas como Washington ou Nova York como estou acostumada a ver quando viajo com meu pai. Mas mesmo Henry parece ignorar totalmente a estética antiga e rural de Middway quando se constrói uma mansão gigantesca apenas pra ele, a esposa e os dois filhos. Não posso julgar a escolha de casa dos outros já que meu próprio pai fez questão de construir um jardim razoavelmente grande só porque eu gosto de flores, mas que é um exagero, isso é.

Posso sentir a perna de DeLuca cutucar a minha. Ele a mantém balançando desde que dobramos a rua e vimos os carros chiques estacionados em frente a entrada, sem contar com o tamanho do terreno. É como uma fazenda chique e moderna, muito diferente e distante do que estamos acostumados a ver na Evans-Jones. Arrasto minha mão até a sua em seu colo, entrelaçando nossos dedos.

Como um sinal para se explicar, ele murmura perto de mim:

— Nunca passei por essa parte da cidade. — seu rosto está virado para o meu, os lábios quase encostando no nódulo da minha orelha, mas ele nem parece prestar atenção a esse detalhe, o que me faz concluir o quanto ele está nervoso, mas ainda insiste em seguir com o plano — Quer dizer, acho que passei, uma vez...eu fazia entregas na pizzaria Blayburk.

Abri um sorriso.

— Quando você vivia com aquela bicicleta verde pastel pra cima e pra baixo e o boné vermelho com a logo da Blayburn? Claro que lembro! — encostou seu ombro no meu, ambos encarando a rua larga pela janela, enquanto o motorista Jason procurava uma vaga entre os carros caros — Fiquei uma semana tentando ganhar aqueles brindes na temporada de caça as bruços de Blayburk.

— O boné com orelhas de coelho e os bonecos em miniatura de Friends? — concordo, o fazendo sorrir.

— Eu pedi a réplica em miniatura do cenário do apartamento de Friends de aniversário, ao meu pai e ele me deu. Foi incrível! Eu fiquei mal por querer pedir os bonecos pra ele já que eu já havia pedido a réplica, então quando vi o Blayburk oferecendo os brindes, eu surtei. Uma pena não ter ganhado. Um garoto conseguiu mais pontos que eu.

— E ele está feliz com seus bonecos de Friends sem casa, morando na prateleira do quarto dele.

Arregalo os olhos enquanto ele sorri para a paisagem lá fora.

— Seu cretino! — bato em seu ombro, fazendo a risada escapar de nós dois, chamando a atenção de Amanda e Jason nos bancos da frente — Você ganhou! Você ao menos assiste Friends?

Claro que não! Eu só quis o boné com orelhas de coelho. — zombou quando o carro parou.

— Você nem é digno desses bonecos. — faço careta, esperando que ele saísse para o seguir para fora do carro.

Fiquei tentada a chutar sua bunda quando saiu, mas não sou uma louca, nem nada mesmo que eu quisesse.

Seguimos Amanda a alguns passos atrás pela entrada. Fomos recepcionados por um mordomo simpático que nos deu boas vindas e nos guiou por toda a imensidão daquela mansão. Andamos por alguns corredores largos, as paredes são em um tom nude padrão que toda mansão colonial bem sucedido parece usar, os móveis tem tons claros que é como se estivéssemos em um castelo da Inglaterra. Não faz sentido algo tão glorioso ser construído no meio de uma pequena cidade rural, mas Middway é assim, tem seus mistérios e peculiaridades.

Paramos em frente as portas duplas abertas que dão passagem para o salão de festas. Um cômodo extenso como um campo de futebol e com tantas janelas que eu mal posso contar. As paredes são altas e é agradavelmente iluminado por pela luz natural daquela tarde ensolarada, mas os refrigeradores acoplados no teto disfarçam o calor do lado de fora. Só assim para todos conseguirem usar roupas de gala chiques em uma cidade tão quente como esta.

Amanda acenou rapidamente para um canto perto de uma das mesas longas de comida. Meu pai conversa com dois rostos conhecidos. Karoline Thompson e sua esposa, ambas fundadoras de uma associação de belas damas. Um grupo que ensina etiquetas aos filhos dos de alta sociedade. Visitei a escola de etiqueta delas, uma vez, há três anos atrás e testei minha sanidade para não furar um garfo em um dos professores. Eu não sou agressiva, mas se eu entrar em estado raivoso por algum motivo, não espere nada além de facas voando e violência, mas isso quase nunca acontece, é claro.

— Senho Winston — Amanda se aproximou, educadamente — Sua filha acabou de chegar, senhor. Olá, senhoras Thompson — acenou com um sorriso para o casal ao lado de meu pai.

Apertei o braço de DeLuca um pouco mais apertado. Estou prestes a apresentar um garoto — meu namorado falso — para meu pai. Isso já aconteceu? Nunca aconteceu. Ele vai reagir bem? Ou vai se livrar do pouco que restou da sua calma e atacar o garoto?

Vi o homem mais velho se despedir das amigas e se afastar elegantemente até mim. Amanda está ao seu lado, e não posso deixar de ver sua mão encostar compassivamente no ombro dele em um gesto íntimo e espontâneo.

— Respire fundo e sorria — murmurou perto do seu rosto, ambos nervosos com a situação. Meu pai ainda em seu estado competitivo e Amanda pelo mesmo motivo que o meu.

— Até que enfim, querida! — me abraçou com carinho, fazendo o braço de DeLuca se afastar — Finalmente posso jogar na cara do Brooke o quanto minha filhinha é maravilhosa. Penny mal chega aos seus pés, com namorada ou não.

— Falando nisso...— um sorriso nervoso que mal sai da garganta me escapa — Pra mostrar que sou a filha maravilhosa que o senhor disse, eu tive que vir com o pacote completo para estar justamente páreo para Penny. Eu vim com a minha inteligência, minha elegância, meu charme, e...— puxo o braço de DeLuca para perto, fazendo meu pai o ver ali, finalmente — meu namorado.

O prefeito Mason Wisnton franziu a testa enrugada para um DeLuca com o sorriso mais sacana que eu conheço, mascando a balinha de menta em meio o gesto.

— Oi, sogrão!

Fechei os olhos fortemente.

— Como é que é? — a voz de meu pai saiu em um tom perigoso de grave que me fez tremer. Se não fosse pelas várias pessoas ali, ele provavelmente teria gritado.

— O namorado dela, Mason! — Amanda exclamou-sussurrou, sorrindo em seguida para alguém que passava por perto, disfarçando o a tensão entre nós — Quer mesmo surtar agora? — segurou seu braço.

— Vamos conversar assim que fizemos nossa presença aqui ser a melhor possível, pai — lhe digo, estalando o dedo da mão sem que ninguém perceba. Enquanto digo, meu pai não tira o olho do garoto sorridente ao meu lado que parece não se abalar nem um pouco com a carranca incrédula do mais velho.

— É o meu perfume? — meu pai soltou, outra vez, a ruga entre as sobrancelhas ficando em evidência.

Antes que tudo desmoronasse, Henry e Penny Brooke apareceram salvando meu dia — espero nunca mais ter que dizer isso —, tão sorridentes e elegantes como se vissem a todos ali como meros mortais. Penny é alguns centímetros mais alto que eu e DeLuca, e até mesmo sua namorada ao seu lado que, ao contrário dos dois, parece ser realmente simpática.

— Estava esperando por você, Vanessa. — Penny me cumprimentou, alisando seu terno verde musgo em seguida — Está é Sonya, minha namorada — sinalizou em língua de sinais, e para minha total surpresa, DeLuca sinalizou de volta. Por que eu ainda me surpreendo?

— Ah, é! — limpo a garganta, voltando a sorrir — Penny, Sonya, este é DeLuca, m-meu namorado.

Penny e Deluca apertaram a mão um do outro, e ele fez o mesmo com Sonya, sinalizando rapidamente mais algumas coisas que não consigo entender. Ainda estou aprendendo a língua de sinais amerianca, mas meu namorado falso parece conhecer ela muito bem, pois sinaliza com precisão e agilidade.

Olho de esguelha para meu pai e Amanda que conversam com Henry, mas ainda tem os olhos nos espreitando a alguns passos de distância. Vejo Mason Winston afastar, por um momento, a carranca e se surpreender ao mesmo tempo que eu enquanto o garoto ao meu lado fala e sinaliza com Penny e Sonya, e eu sei o que aquele olhar significa. Deluca ganhou alguns pontos com meu pai.

— Acabei não vendo você na ação de graças do ano passado, Vanessa. — Penny me inclui na conversa, finalmente — Estávamos fazendo um grande evento e eu dei início ao veganismo, você sabe.

— Sei...uma ação de graças repleta de comida vegana — forcei um sorriso — Deve ter sido uma delícia.

Prendi a respiração querendo rir quando Deluca beslicou minha cintura ao passar o braço por trás de mim. Ele notou meu tom sarcástico e aposto que está se contendo tanto quanto eu. Nada contra comidas veganas, respeito os princípios de qualquer pessoa, mas quando Penny Brooke comenta sobre isso para tentar se gabar a alguém que come carne como se fosse água não faz sentido.

Ficamos em uma conversa ácida cheia de indiretas e ofensas mascaradas. Penny vai à Oxford no verão, Penny faz doações a instituições de caridade, ele oferece sopa aos pobres e ajuda animais nde rua. Penny ficou em primeiro lugar nas competições da escola, e muitas faculdades querem admití-lo. Se em todas essas coisas, Penny fizesse com paixão e não para mostrar aos outros que é o melhor, tudo valeria mais a pena.

Após meu pai dizer todas as minha qualidades à Henry, ele chama seu filho para receber os outros convidados que chegavam. Pude respirar melhor quando ambos se afastaram e eu bufei encostando a bochecha no ombro de DeLuca.

— Está tudo bem? — seu rosto se vira para o meu e quase posso sentir seus lábios tocarem o topo da minha cabeça.

— Estou feliz que ele tenha ido — confesso — mesmo que não por muito tempo. Está indo bem?

Ele dá de ombros.

— É um pouco barulhento — passou os dedos atrás da cabeça, perto da nuca. Vi seu indicador passar pelo nódulo da orelha, indicando que ele estava desconfortável.

Abro a bolsa, lhe entregando meus buds  dentro da capa protetora. Abro a capa e estendo os dois pontos para ele.

— Tome — ofereço o vendo franzir a testa — Trouxe pra você. Vai te ajudar com o barulho e você pode ouvir a música que quiser.

Ele os pega e ajeita em seus ouvidos enquanto pego meu telefone e abro no aplicativo de música. Lhe entrego e ele procura pela música escolhida.

— Enya? Não é a aquela cantora irlandesa? — sorrio pra ele.

— A melhor. — piscou. Senti sua mão em minhas costas, me guiando para o outro lado do salão — Se mantenha perto de mim ou acho que posso tropeçar a qualquer momento.

Toco sua mão em minha cintura.

— Vai ficar tudo bem. — sorrio, e ele faz o mesmo, deixando que seu olhar caísse para o meu sorriso. Naquele instante, meu corpo que até então, se mantinha quieto, reagiu ao toque da sua mão e aqueles castanhos presos em meus lábios — Droga.

— Droga...o quê? — franziu o cenho ao mesmo tempo que um sorriso crescia em seu rosto.

— N-nada! — limpo a garganta, me afastando e pegando em sua mão até a mesa de doces — Tem certeza que está ouvindo música? Está ouvindo muito bem pro meu gosto.

— Seus buds abafam o som, mas não diminui, tá legal? — olhou ao redor antes de tirar uma tasquinha da cobertura de morango dos bolos.

— DeLuca! — bato em seu braço — Não coma assim — olho também ao redor e enfio o indicador da cobertura. Ele dá um tapinha na minha mão.

— Que grande falta de educação, senhorita Wisnton. Você é uma dama! — murmurou perto do meu ouvido, me fazendo rir. Ali, entramos no nosso pequeno mundinho. É como se o resto das pessoas se apagassem ao nosso redor e gosto dessa sensação.

Ficamos de costas para a mesa, roubando um pouco dos doces sem ninguém perceber. Acenado, educadamente, para as pessoas e fugi do olhar vigilante do meu pai do outro lado do salão pelos próximos minutos até a música calma e sem letra acabar e ser substituída por outra conhecida. Eu conheço a batida, mas cortaram a letra já que ela é bem atrevida para um baile de gala.

— Marvin Gaye? — olho para a mulher bem vestida atrás da aparelhagem de som. Até a DJ foi sujeita aos vestidos chiques.

— O quê?

— É o nome dessa música. Marvin Gaye — o encaro, intrigada. Ele se mantém confuso — Charlie Puth e Megan Trainon? Ah, vai, você não conhece essa música?

— Não faço a mínima ideia do que está falando. — pôs as mãos nos bolsos, mastigando a balinha de menta que lhe deu. Posso ver um dos buds rosa metálico em uma das suas orelhas por trás dos cachos castanhos. — Você quer dançar?

Ele me olhou, e suas pupilas estão brilhando.

— Mas ninguém está dançado. — sorri.

— Então, vamos ser os primeiros. — pegou meu celular, desligando a música nos buds.

Não pude impedir quando sua mão segurou a minha, me puxando para o centro do salão onde alguns grupos pequenos de pessoas conversavam. Senti os olhares queimarem minhas costas me fazendo encolher os ombros até a mão de Deluca deslizar para os meus pulsos e erguê-los até estarem envolvidos em seus ombros. Senti tudo se aquecer quando suas duas mãos afagaram minha cintura por cima do tecido delicado do vestido.

— Eu tenho quase certeza que você sabe dançar, então me guie — ele sussurrou, prendendo uma risadinha quando nossos rostos se aproximaram.

— Você me convidou pra dançar não sabendo como fazer isso? — arqueei a sobrancelha — dandos os primeiros passos o fazendo repetí-los ao ritmo da melodia — Você é uma farsa — brinco.

— A melhor farsa que vai conhecer, aposto — suas mãos me puxam para perto — E olha só, a farsa aqui animou essa festa chata. — acenou com o queixo para os outros casais que se formavam ali para dançar, se espalhando pelo centro ao nosso redor.

— Você tem razão — dou de ombros. A melhor farsa que conheci — Deve ter até ganhado mais alguns pontos com meu pai. Talvez com muito esforço, você se torne o genro falso dos sonhos dele.

— E magoar seus sentimentos dizendo que é falso? — estalou a língua — Nem pensar. Assim que conseguirmos finalizar nossa operação cupido, você vai dizer ao seu pai que fomos feitos um para o outro, mas que almas gêmeas nem sempre são um casal, e que eu estarei guardado no seu coração por toda a porra da eternidade. Pronto. Ele provavelmente vai chorar, ficar com um pouco de raiva de você por ter perdido um partido maravilhoso como eu, mas os dois seguirão em frente.

Eu estava segurando uma risada há tanto tempo desde desde chegamos que depois disso, eu não consegui me segurar. Ri no ombro de Deluca até me falta ar, tentando não ser escandalosa e chamar a atenção de todo o salão, apesar de perceber que alguns casais que dançavam nos encararam confusos, mas sorriram como se olhassem cachorrinhos fofos.

— Estão sorrindo de nós. — Deluca fez careta.

— Estão nos achando um casal fofo.

— Isso é bom, não é?

— Isso é ótimo. — beijei sua bochecha, mas quando o fiz, acabei tropeçando fazendo o ombro de Deluca se chocar nas costas de um homem baixo de terno que estava de costas.

Ouvimos um grito de uma mulher bem próximo, e então percebemos que o pedaço de bolo de morango que o desconhecido estava comendo ficou engasgado em sua garganta e ele não conseguia respirar.

— Minha nossa! — soltei, assustada quando as pessoas correram até nós, ajudando o pobre homem enquanto sua melhor gritava fazendo a voz estridente escoar por todo o lugar.

Alguém diz algo sobre Manobra de Heimlich e alguém que avisa ser médico, o ajuda. Todos estão murmurando e falando entre si ao nosso redor, a música — por algum motivo — ainda está tocando agitada e tudo ainda se mistura com o grito a moça com a voz estridente. Percebo estar em transe quando dedos envolvem meu pulso fortemente, tão forte que me machuca.

Encaro DeLuca e ele está pálido, sem cor, os olhos escuros encarando a cena caótica a nossa frente. Seus buds estão desligados. Ah, não. Posso ouvir sua respiração tensa até mesmo em meio a agitação das vozes, música e gritos. O aperto em meu pulso se desfaz e mal consegui reagir quando passou por mim apressado cambaleando entre as pessoas que se esticavam para olhar o aglomerado.

Agarrei a bolsa em meu ombro e corri até ele, pedindo desculpas aos ombros esbarrados e tentando não o perder de vista. Chamo seu nome umas cinco vezes, mas Deluca está alheio a tudo. Percebo estar em um dos corredores largos e de paredes altas. Vejo uma porta entreaberta e giro a fechadura apenas para ver um corpo em frente a parede, parte do braço está apoiando seu peso nela.

— Luca...

— E-Eu não quis... — ofegou, respirando com dificuldade, então se virou e colou as costas contra a parede — Não consigo...não consigo respirar.

Corri até ele, largando a bolsa no chão. Toco seus ombros, e ele desaba, se sentando no chão. Acompanho seu movimento, me sentando de frente pra ele.

— D-Deluca — solto sua gravata e desabotoo os dois primeiros botões da camisa — Deluca, respira! Você consegue. Não foi sua culpa, está bem? Não foi. Eu tropecei. — minhas mãos afagam suas bochechas, conseguindo encontrar seu olhar.

Seus lábios estão brancos assim como sua pele, e por entre eles, DeLuca puxa um ar que ele não está conseguindo encontrar, e isso o faz ficar inquieto. Suas mãos se abrem e fecham em punhos ao lado do corpo e suas pernas tremem em agonia. Ele está tendo uma crise. Ataque de pânico. Posso sentir sua pele suada nas palmas das minhas mãos, suas bochechas macias geladas e seus lábios puxando todo o ar que pode, então meu cérebro trabalha, e naquela posição, naquele momento, faço a única coisa que conheço que possa amenizar o agonia do garoto a minha frente.

— Você confia em mim? — ele engole o seco e me encara, então acena que sim, decidido.

— Sempre.

Com o coração batendo com velocidade em meu peito, fazendo todos os impulsos do meu corpo vibrarem, puxo seu rosto para o meu, e fecho os olhos ao sentir os lábios cheios de DeLuca colarem nos meus em um impacto macio.

Menta.

Gosto de menta.

Senti quando ele parou de respirar por um momento, e me desesperei ao pensar que só piores as coisas, mas foi aí que suas mãos tocaram meus ombros, depois subiram e se encaixaram na curva entre meu maxilar e pescoço. Seu polegar acaricia minha bochecha antes de afastar meu rosto do seu e separarmos nossas bocas. Não estava preparada para o peso do olhar que ele me lançou quando abrimos os olhos.

Um suspiro aliviado toma conta mim quando ele solta o ar pela boca com maia tranquilidade, mais surpreso agora do que exasperado como segundos atrás.

— Por que fez isso? — indagou, sem fôlego, um brilho incrédulo estrelando as pupilas dilatadas.

— Assisti uma vez que pausar a respiração ajuda a acalmar ataques de pânico. — mordo o lábio inferior, sentindo-os quentes e formigarem.

— E onde você viu isso? — sua testa foi se franzindo lentamente, como se a informação do que acabou de acontecer ainda estivesse sendo processada aos poucos por seu cérebro.

— Teen...Wolf? — encolho os ombros.

Se Deluca já estava totalmente incrédulo antes, agora ele parece totalmente cético.

— Você acabou de me salvar com algo que aprendeu assistindo Teen Wolf? — agora ele parece querer me assassinar.

— Não faça essa cara! Deu certo. — apontei contra seu peito, o fazendo perceber que, sim, deu certo e ele está vivo e com o ar de volta nos pulmões — Eu ficaria satisfeita com um "obrigado" — me levantei, pegando minha bolsa jogada sobre o tapete daquela sala — Está sentindo gosto de ferrugem na boca?

— Eu meio que mordi a língua no processo. — explicou, confirmando. Jogo outra balinha de menta no ar para ele — Mastigue, vai ajudar. — me viro para sairmos. Não quero que ele veja meu rosto vermelho, não quer que ele saiba o que fez comigo, porque ele parece estar muito bem pra quem acabou de ser beijado, mesmo que fosse na intenção de salvar sua vida.

— Ei.

Eu paro ao seu chamado.

— Sim? — o observo por cima do ombro. Ele tem um sorriso na boca, e parece radiante. Um cenário totalmente diferente do garoto sem ar e nervoso que encontrei quando cheguei.

— Obrigado.

Bufei, não querendo transparecer que ele me derreteu completamente. Droga.
Ele podia ser um idiota mal educado que não agradece, assim eu gostaria menos dele.

— De nada. — suspiro, esperando que ele me acompanhasse de volta — E não foi culpa sua. Eu tropecei em você. É apenas física, ação e reação. Você não teve nada a ver com aquele homem engasgado, está bem?

— Todos viram que fui eu que bati meu ombro nele. — estendeu o braço para mim quando saímos do corredor.

— Então, fique aqui. — Eu o paro e ele se surpreende — Fique...— olho ao redor para outra porta mais a frente — aqui, me espere aqui pra que ninguém o veja. — começo a empurrá-lo na direção da porta.

— O que você vai fazer, Nessa?

— Explicar a situação sozinha, ou eu tenho certeza que você terá outra crise se voltar pra lá comigo.

— Nem pensar! Vamos juntos. — segurou minha mão, e eu quase infartei com seu corpo tão perto do meu.

— Fique, Deluca. Eu não vou ser presa por um quase assassinato ou algo assim. Relaxa! Seja um bom namorado e fique aqui, está bem?

Ignoro o canto do seu lábio querendo repuxar para cima, em um sorriso de canto. Ignoro porque...eu quero sorrir para ele também, e já estou afetada demais por Deluca, hoje. O deixo ali, me afastando quando ele entra na sala que parede ser escura demais, no entanto, quando ele olha o que há por lá, entra imediatamente.

Volto para o salão e me surpreendo com a normalidade do local. Alguns casais estão dançando uma música lenda, outros conversam e fingem que comem algo que os garçons passam com as bandejas. Encontro o homem que se engasgou com o pedaço de bolo, sentado ainda um pouco ofegante em uma das mesas redondas espalhadas perto das paredes. Antes de ir ao seu encontro, sou interceptada por Amanda e meu pai que se metem bem na minha frente, tampando a imagem do moço que sorria para a esposa escandalosa ao seu lado.

— Onde você estava, Ness?!

Amanda tocou meus ombros, me analisando e notando se há algo de errado comigo. Seu olhar parece severo de início, mas é uma máscara para não revelar sua preocupação.

— Deluca ficou assustado. Fui eu que fiz aquilo. — desvio dela para o meu pai — Eu tropecei nele e o fiz bater naquele homem. Não me olhe desse jeito — digo á ele.

— Tenho muitas perguntas na minha cabeça neste momento e ainda tenho que lidar com Henry na minha cola, então se não dizer o que estou pensando neste momento, se contente com meu olhar, eu não posso escondê-lo. — massageou a testa — Um namorado? Desde quando você namora, filha?

— É recente, pai. E o senhor pensava o quê? Eu nunca teria um namorado? Já tenho dezessete anos. — toco sua mão, não acreditando mesmo que meu pai pensava que eu seria uma criança pelo resto da minha vida, porque é isso que ele está pensando agora — E-eu gosto dele. Muito. — sinto meus batimentos martelarem em meu peito, e me sinto confusa — E vocês terão tempo de conversarem e se conhecerem, está bem? Você tem gostar dele.

Meu pai parece pensar.

— E-Eu...— suspirou, se dando por vencido — ele parece ser um bom garoto. Teremos essa conversa, em breve — sorrio para ele.

— Sei que teremos — seus dedos afagam meu cabelo — Vamos estar na terceira porta a direita naquele corredor ali — aponto — Ele não gosta de ficar entre muitas pessoas. Explico depois.

— Já conversamos com o senhor Smith, agora pouco. — Amanda explica, e não quero perguntar sobre seu braço entrelaçado com o do meu pai naquele instante. Eles parecem nem notar, então tenho medo de comentar e o gesto se desfazer.

Fico feliz com o fato de não ter que falar com o senhor Smith, e o fato de ter quase o matado. Então me afasto, voltando para o corredor de onde vim. Imaginei encontrando Deluca tendo outra crise por algum motivo inexplicável, então apressei o passo, meu coração ainda está acelerado com os últimos acontecimentos, por isso, minha ainda está está alerta, mas o que eu encontrei foi algo ainda mais inacreditável.

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