Rosalya mentiu para mim. Bem, parcialmente uma mentira. Quando você diz que vai dar uma festa - dizendo isso apenas no singular, e nunca no plural-, o que seus convidados provavelmente esperam é que apenas você esteja convidando pessoas para ela e organizando, mas não nesse caso.
Você tem noção o que é chegar em um lugar, imaginando que terá cerca de vinte pessoas e dar de cara com toda a população da cidade? Pois bem, eu tenho, acabou de me acontecer. Ela nos explicou após a nossa chegada que a festa não era apenas dela, mas também de outras garotas que sequer sei o nome.
Estou vestida com um curto vestido e saltos de tamanho mediano, ambos pretos. Essa é uma das únicas vezes que eu me sinto realmente bonita com a roupa que escolhi, acredito.
Nós quatro estamos sentados em uma mesa redonda de madeira. Mei está bebendo água, no outro lado, Anne e Akira bebem um champanhe aparentemente caro e fino.
- Não te falei isso hoje, mas você está realmente linda, Eva.
- Obrigada, Anne, você também está. - sorri.
- Decotes ficam bons em você, ainda mais por ter uma tatuagem acima do peito. - aponta. - Uma pena que, para eu mostrar a minha, eu tenho que ficar completa e totalmente nua.
- Anne, você só não anda pelada porquê seria detida. - ri.
- Tem razão.
Olho para o meu amigo - que, no momento, já parecia embriagado - e o vejo se levantando e rapidamente se afastando da mesa, sem chamar atenção de ninguém ali. Bem, ninguém exceto eu.
- Eva, vai à mesa de doces, pelo que vejo daqui, tem alguns que você gosta. - comenta Mei.
- Tudo bem.
Eu sei que ela está dizendo isso apenas para eu me levantar da mesa - e ela sabe que, se eu não me levantar agora, passarei o resto da festa sentada-, então concordei e me dirigi até a tal mesa. Tem doces para caralho, mas não me parecem tão bons assim, pelo menos a maioria. Concentrada no paraíso de açúcar, me assunto com uma mão pesada segurando meu ombro.
- E aí? - cumprimenta.
- Que susto, Castiel!
- Não preciso que repita, sei que sou assustadoramente lindo.
- Se acha mais. - resmungo.
- Você seria pior se estivesse no meu lugar. - riu. - Que doce é esse?
- Não faço ideia, mas é extremamente delicioso. - ri. - Prova!
Pego um novo doce da mesa e alcanço para o ruivo, que não faz questão de usar suas mãos para comê-lo. Faz caretas ao mastigar, como se fosse a pior coisa que comeu nos últimos dez anos - um exagero, não existe ninguém que odiaria algo tão bom desse jeito.
- Nunca mais vou confiar nos seus gostos de merda.
- Você que tem mau gosto, esse treco é incrível!
Ele faz uma careta, discordando.
- Avery!
Viro-me para ver quem é o dono da voz, dando de cara com Ambre.
- Ambre! Como vai?
- Ótima. - me puxa para um abraço. - Nós não nos vemos há um bom tempo, hein?
- Sim, há cerca de seis meses. - afasto-me. - Ah! Oi, Nath.
- Olá, Avery. - sorriu.
- Mancini, algum dia temos que colocar o papo em dia, tenho muitas coisas para te contar.
- Combinamos sobre isso mais tarde. - sorri. - Nathaniel, me passe o número da sua irmã depois, por favor.
- Tudo bem.
Acenei, me afastando dos gêmeos Carello. Nesse momento, percebi que Castiel já não estava mais por perto, provavelmente não estava com paciência para aquela conversa, por isso se afastou.
O que decido fazer é rodar pelo salão, a procurar Rosalya ou qualquer pessoa conhecida.
Afasto-me de Rosalya após uma curta conversa, seguindo para qualquer lugar da festa. Era o que pretendia fazer por um tempo considerável, até me deparar com Avery conversando com um cara. O desconforto dela se fazia presente. Eu não consegui identificar o real motivo disso antes de perceber com quem ela está falando. Sem pensar, me aproximo dos dois.
- E está acompanhada?
- Ela está sim. - o fito.
Avery me encara com surpresa, sussurrando um breve "obrigada" e logo encarando o homem com um sorriso forçado.
- Castiel, não sabia estavam juntos - riu falsamente. - Parabéns ao belo casal.
- Desculpe, se já foi, agora isso deixou de ser um problema seu. - suspira. - Licença, Theo. Nós precisamos ir.
Sua mão rodeia meu pulso e segue me puxando para o lado de fora da festa, o mesmo sendo iluminado apenas por uma luz de um poste. Ela se senta no chão, se escorando na parede, logo me junto a mesma.
- Obrigada.
- Me deve uma.
- Otário. - riu. - Sabia que não sairia de graça.
Encarou o chão por longos segundos, começando a adquirir uma postura cada vez mais preguiçosa.
- Mas sério, obrigada de verdade.
- Se continuar agradecendo, terei que inventar mais quinze formas de dizer "de nada".
- Comece a escrever o seu próprio dicionário, então. - brinca.
Encarou o chão por mais alguns segundos.
- Eu não guardo rancor do Theo, principalmente por ele sempre ter sido um ótimo namorado, nossos problemas vieram com o término, mas conversar com ele ainda me faz me sentir estranha. - suspira. - Desde quando paramos de nos falar foi assim, toda e qualquer vez que interagimos a adrenalina toma conta do meu corpo e eu começo a tremer para cacete.
- Você pode simplesmente não ter superado.
Ela franze o cenho, me fitando, fazendo logo uma expressão cada vez mais curiosa.
- Porra, não. - riu. - Eu tenho certeza que não o amo, minha psicóloga me disse que pode ser do medo que já senti dele, e eu acredito nela. É como se eu dissesse o mesmo para você, que não superou sua ex por não se sentir completamente estável perto dela. Se é que você tem alguma que já tenha realmente te machucado.
- Você tem razão.
- Uau, alguém realmente conseguiu quebrar o coração do meu bad boy favorito? - brinca. - Ela deve ser uma personagem excluída de meninas malvadas, apenas por ser um horror.
Parece que a forma que ela tem de lidar com os problemas é usando-os como piadas, não é a primeira e nem a última que ela faz piadas em conversas mais pessoais.
- Me passe os dados da puta, podemos colocá-la no SPC.
- Caralho, passaram-se anos, não sei mais nada sobre Debrah. - ri.
- Ela é mais puta do que eu pensava, dá para perceber isso só pelo nome.
Rimos por alguns segundos, até Avery fazer de novo, olhar para o chão e fixar seu olhar lá.
- Espere, será que Theo vai pensar que estamos juntos agora? - riu. - Nós nem sequer demos alguma resposta.
- E você se importa com o que um fudido pensa?
- Não mesmo.
Eu não lembro como isso aconteceu, mas assim que eu terminar de arrumar minhas malas, eu e Castiel iremos para a casa dos meus pais.
Quero dizer, eu lembro, mas acho uma situação meio... Rápida? Foi algo como "Vamos para a casa dos meus pais?" "Claro." e decidimos.
- Quantas coisas sem nenhuma utilidade faltam na sua mala?
- Uma. - levanto. - Mas não acredito que você vá caber nela.
- Muito engraçada, Mancini. - riu irônico.
Após jogar mais itens na mala, eu fecho com certa dificuldade, e assim que confirmo que estou pronta, Castiel comemora. Nós descemos para o térreo e entramos em seu carro, logo o ruivo dá a partida e segue pelo asfalto.
- Vai virar um GPS. - brinca. - Seus pais se mudaram para a puta que pariu.
- Eles decidiram se mudar por conta do meu avô. Teve que fazer uma cirurgia no coração e precisou de ajuda.
- Isso faz muito tempo?
- Não, há cerca de dois anos. - ri. - Penso que ainda não me acostumei totalmente a morar sem eles. Costumo ligar para minha mãe pedindo ajuda pelo menos três vezes ao mês.
- Uma hora você se acostuma. - diz. - Eu não sinto mais falta dos meus pais em casa, não faz diferença alguma presença deles.
- Admiro isso em você.
Assim seguimos por mais uma longa hora de viagem, chegando ao nosso destino. A cidade é pequena, deve ter, no máximo, cerca de dez mil habitantes. Não há muitas coisas para fazer por aqui, mas é realmente linda.
Retiramos as malas do porta-malas e tocamos a campainha. Em poucos minutos, meu pai se faz presente com uma feição surpresa.
- Vocês vieram! - disse alegre.
- Desculpa não ter avisado, pai.
- Não tem problema, entrem! - sorriu. - Izzy vai adorar ter vocês aqui.
Largamos nossas malas no chão e ouço passos rápidos vindos diretamente da escada, com minha irmã mais nova aparecendo do lado de uma das paredes.
- Avy! - abraçou-me. - Eu senti sua falta.
- Também senti a sua, Izzy. - ri.
- Qual é a do tomatão? - sussurra.
- Lembro de você com cara de joelho. - apontou. - Você está enorme.
A interação segue mais para conversas entre meu pai e Castiel - que em alguns momentos, parecia algo como diálogos de hétero top.
- Suas tatuagens são foda! - aponta. - Agora estou velho, mas depois do nascimento de Izzy, fiz essa tatuagem na perna com o nome das três. Eu não sabia nada sobre tatuagens, então ficou uma merda, que bom que não seguiu meu péssimo exemplo.
A conversa foi completamente interrota por minha mãe, que acabara de chegar do mercado.
- Filha? - questiona. - Não avisou que estaria aqui.
- Desculpe, decidimos de última hora.
- Sem problemas, serão sempre bem-vindos. - sorriu. - Olá, Castiel! Quanto tempo.
- Olá.
𝐌𝐄𝐈 𝐖𝐀𝐑𝐍𝐈𝐍𝐆𝐒
𝐎𝐋𝐀́!
── 𝐄𝐒𝐓𝐄 capítulo foi apenas um teste, em vários sentidos. Lembro-me de um comentário (que não irei encontrar agora) que pedia por capítulos mais longos. Óbvio que, como isso é um mero teste, não ficou tão longo, mas pretendo jumtar o que seriam dois capítulos em um só apartir dr agora.
── 𝐎 𝐐𝐔𝐄 acharam das novas imagens de P.O.V.?
── 𝐂𝐔𝐑𝐈𝐎𝐒𝐈𝐓𝐘: Izzy é três anos e meio mais nova que Avery.
𝑿𝑶𝑿𝑶❥