Apaixonado Por Si Mesmo

By Rayalyre

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O clone de Sun Wukong acabou se apaixonando pelo original. More

O n e s h o t

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By Rayalyre

Sun Wukong dorme em sua nuvem voadora. Ao acordar, desce dela, sente fome e decide ir comer alguma fruta da árvore que estiver mais próxima possível. Após andar um pouco, encontra um campo de videiras. Saltitante, corre até uma delas para arrancar um cacho maduro mas antes que pudesse colocar as patas em um por completo, um ramo da planta se estica e o agarra, o jogando para longe logo em seguida.

"Mas o quê?!"

Ele tenta de novo e de novo. Mas o resultado permanece o mesmo. A videira é consciente e tem traumas de macacos levados acabando com a safra inteira em questão de segundos.

Sun já estava ficando irritado e com vontade de destruir todo o campo com o seu bastão. Como se advinhasse o passado daquelas plantas, ele finalmente decide se transformar em um outro animal para tentar de novo. Se transforma em uma raposa e salta pegando várias uvas com a boca.

Enquanto o macaco degusta de uma boa refeição, a videira mágica percebe que ainda se trata do mesmo macaco e o atira longe. Irritado, o macaco tira alguns pelos de seu corpo e deles surgem cerca de dez clones. Todos, ao mesmo tempo, correm até a planta. Enquanto um bocado segura os ramos, Sun Wukong original arranca o máximo de cachos possíveis e os carrega até uma caverna para poder comer em paz. Seus clones, após avistarem o principal fugir em segurança, largam a videira e o seguem.

Assim que chegam na caverna, nove desaparecem no ar e um continua encarando o "chefe" que continua se empanturrando de saborosas uvas, deitado na sua nuvem. Ao terminar a refeição, se incomoda com o clone restante:

- O que faz parado aí? Perdeu alguma coisa?

- Não perdi nada. E é você que é o clone aqui, desapareça você!

- Era só o que me faltava!

- Mas eu posso ser bonzinho e te deixar em paz se...

- Se...?

- Se for o meu amante! - o clone pula sobre ele, quanto mais apertado o clone abraça, mais o original se debate.

- Aaaaaah! Sai, sai sua cópia maluca!

- Vamos...

- Não vou ser o seu amante coisa nenhuma! Saaaaai!

- Só te deixo em paz se me der um bom motivo para nós não ficarmos juntos!

- Caramba! Está bem! - Sun se teleporta para trinta metros longe dali. Com o pelo todo emaranhado, foge para a vila mais próxima, torcendo para a cópia não segui-lo.

♤♤♤

Sun pensa se pode pedir ajuda a alguém mas logo julga a ideia idiota demais, ele tinha feito tudo sozinho até ali, porque ele pediria ajuda agora? Ok, havia exceções mas, nesse caso, julga não ser uma boa ideia... o povo iria rir até explodir ao saber desse absurdo, talvez nem iriam acreditar e, por causa de sua fama, provavelmente seria bem difícil alguém querer ajudar alguém que só causa confusão por onde passa.

"Como algo assim pôde acontecer?!"

Mas Sun Wukong obstinado que é não permite se abater e pede ajuda a alguns aldeões mas eles fogem com medo dele. Meio desanimado, continua pensando em alguma solução enquanto se esconde do clone enamorado.

Depois de vários dias pensando no absurdo que lhe ocorre, consegue encontrar uma solução que julga satisfatória, com o simples plano em mente, hora de parar de se esconder de sua cópia. Se encontram no campo de videiras ensandecidas.

- Demorou para aparecer dessa vez - reclama Sun Wukong.

- Isso significa que estava com saudades de mim?

- Puff! Até parece...

"Estou é louco para me livrar de você, isso sim!"

- E então. Qual a sua resposta? Aceita namorar comigo?

- Não.

- Mas porque? Não vale dizer "porque não quero".

- Não podemos ficar juntos pois isso seria incesto e eu nunca faria isso e, como você é eu duplicado, tenho certeza que pensa da mesma forma.

- Você... - o macaco estava pronto para retrucar quando pondera bem e abaixa os ombros, se dando por vencido - tem razão. Somos praticamente irmãos gêmeos!

- Por aí.

A cópia o abraça antes de se desfazer no ar. Sun suspira em puro alívio, taí um acontecimento para lá de estranho que ele nunca imaginou que pudesse acontecer.

"E se isso acontecer de novo? Acho melhor eu voltar para o meu reino e perguntar aos conselheiros o que posso fazer e se tenho a quem recorrer."

A viagem de volta ao lar é longa e o rei macaco não consegue dormir nem em uma única noite pois o problema, que mais lhe preocupa no momento, persiste: seus clones ainda lhe pertubam o pedindo em namoro.

- Olá maravilhoso rei! - saúda um dos guardas macacos de seu reino assim que o avista chegar.

- Sentimos muito a sua falta, majestade! - se curva outro primata também guarda da entrada do reino da Montanha das Flores e Frutas.

- Nossaaa... o nosso belo rei retorna ao trono? - comenta uma macaquinha camponesa ao passar perto da entrada, carregando um cesto de frutas.

- Nunca saiu dele, querida - a amiga macaca menciona, a acompanhando.

- Aposto que veio só para pedir conselhos, só faz merda. - Sun Wukong fingiu não ouvir o que a macaquinha sussurrou a outra. Acha melhor agir assim do que causar uma cena por causa disso, por causa dessas súditas que considera chatas mais do que tudo no mundo, quiçá universo. Talvez seja por isso que o Grande Sábio Igual no Paraíso prefere humanas.

- O que as duas andam cochichando aí? Vão chamar os conselheiros.

Wukong ordena, enquanto tenta disfarçar a irritação crescente, suspira pois não é de seu feitio fazer isso, conter raiva, mas como tem um assunto urgente para resolver, precisa se conter ao menos um pouco e, além disso, se trata de suas súditas, primatas que sempre quis manter em segurança, por mais irritantes que fossem.

As macaquinhas camponesas, antes de saírem dali dando risadinhas, avisam que irão sim chamar os conselheiros para o saguão principal da caverna real.

Logo Sun Wukong se dirige ao local destinado à reunião. No trono, o rei observa cada macaco, de seu séquito mais íntimo, chegando. Quando nove dos dez principais chegaram, um deles, cansado de esperar o último, indaga:

- Bom rei, viemos o mais rápido possível. Algum problema?

- Sim! Meus clones estão se apaixonando por mim!

- E isso é terrível?

- Demais!

- Como?

- Como? Ainda pergunta? Se eles perderem tempo me abraçando e me beijando não vou poder usar este poder em guerra alguma e este é um dos meus melhores poderes!

- Pode nos mostrar?

Wukong arranca um pelo da nuca, o sopra diante dos presentes. Uma forma idêntica ao líder salta sobre o principal e o beija sem sinal de que irá parar em algum momento. Sun o atira na jaula que colocou ali, para caso isso fosse acontecer.

- Caramba... - um dos conselheiros murmura.

- O que o senhor comeu antes disso acontecer?

- Umas uvas de uma videira idiota que não me queria por perto... espera. Foi isso que fez os meus clones se apaixonarem por mim?

- Já encontramos essa videira antes, ela é amaldiçoada.

- Ok, ok, eu não deveria ter comido nada dela. Mas... e agora? Vou ficar assim para sempre? Não tem algum remédio?

- Bem... é capaz que o senhor fique assim por dias...

- Semanas...

- Meses...

- Ou até mesmo... anos!

- Caramba eu quero um antídoto!

- Ainda não descobrimos.

Sun estava prestes a destruir tudo por pura raiva quando um macaco ancião cruza a entrada da caverna que é coberta de ramas verdejantes.

- Ufa, finalmente cheguei... a idade quando chega para um macaco...

- Eu pensei que nem viria. Pode nos ajudar? - pergunta um dos macaquinhos que já estavam lá a mais tempo.

- O que houve?

- O nosso rei comeu frutas amaldiçoadas e agora seus clones vivem se apaixonado por ele!

Sun Wukong mostra a reação do clone a ele. O velho analiza, faz perguntas ao amaldiçoado e logo descobre que fruta foi essa, qual videira era.

- Nossa! - exclama o ancião.

- Terrível! Não é mesmo? - um conselheiro menciona.

- Sim! Muito terrível! - prossegue o ancião, colocando as patas na cabeça, fingindo estar desesperado. - Chamam um macaco idoso para cá para nada! Os efeitos das frutas da videira de Lótus Cinza passam em uma semana!

- Se-sério? - Khan, um dos conselheiros, questiona em pura surpresa. E com um pouco de inveja pois queria ser reconhecido pelo rei como o mais inteligente do reino inteiro.

- Sim! Se certos conselheiros buscassem mais conhecimento, ao invés de passar a vida toda em prostíbulos, saberiam disso... registrei tal descoberta pouco antes do rei partir.

- Mas e os casos que duraram anos? - indaga um outro conselheiro.

- Eram outras frutas provenientes de outros tipos de plantas.

Sun sorri em meio ao silêncio constrangedor que paira sobre todos. Um brado quase totalmente gutural retumba nas paredes da caverna.

- Ghaaaaah velho desgraçado! Merece a morte! - Khan avança sobre o velho macaco. Antes que o enfurecido retalhe o idoso, os outros membros do séquito o seguram.

- O que é isso? Enlouqueceu? - o macaco rei fica perplexo.

- Sun Wukong! Não percebeu? Ele indiretamente chamou vossa majestade de estúpido por não ler o maldito papiro que este decrépito escreveu! Ele insinua que se envenenou por pura ignorância.

"Mas se bem que é exatamente isso mesmo...", reflete Sun que tenta disfarçar a vergonha se contentando em não deixar o mais jovem destruir o mais velho do panteão de conselheiros escolhidos a dedo pelo próprio Grande Sábio.

- Caham! Enlouqueceu de vez?! Fica quieto na sua!

- Calma rei, calma! - dessa vez, parte dos presentes se dedicam a segurar o rei, um pouco de cada lado dele, segurando seus braços e a sua cauda.

- Mas ele...! Ele é, no mínimo, o culpado pelo envenenamento, por não avisar antes do senhor partir nesse mundo aberto! E ainda insinuou que se envenenou por conta própria, por pura ignorância - Khan tenta se desvencilhar do aperto.

- Ao meu ver, majestade, parece que está insinuando isso mesmo... - comenta, em meio ao suor do esforço, um dos amigos e imobilizadores de Khan.

- De quem é a culpa? - pergunta o rei em princípio de ira e prossegue dizendo - de quem é a culpa? Estou nem aí para isso! Agora que já sei que não preciso me preocupar com esta maldição, quero mais é dormir um pouco. Podem ficar tranquilos, a reunião acaba aqui e que isso fique somente entre nós.

- Estamos dispensados?

- Sim. E Khan.

- Senhor?

- Viajo para isso, quero descobrir o mundo por mim mesmo, sei que se eu passasse mais tempo em uma biblioteca iria aprender sobre muitas coisas mas prefiro eu mesmo fazer uma pesquisa de campo.

- Acho que eu não deveria me preocupar tanto afinal...

- Pois é... fica tranquilo.

Após todo o conselho se esvair do saguão, Sun Wukong se esgueira até seu quarto, se estica na enorme cama forrada com edredom de pele de tigre e dorme o melhor sono da sua vida.

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