Joaquim acordou e se viu em uma cama de hospital e ao seu lado, sua mãe dormindo na cadeira.
Ela despertou-se e viu que ele despertara e levantou-se para perto dele.
- Joaquim! - Segurou sua mão.
- O que aconteceu? - Ele perguntou.
- Te encontraram jogado no chão, à beira da estrada e trouxeram-te para cá. Não sabes o quanto me desesperei ao saber da notícia... - Suspirou. Tu levastes um tiro e por sorte, não aconteceu o pior.
- Disso me lembro. - Pôs a mão no ombro.
- Mas quem atirou em ti e porquê?! O que fazias de madrugada por aí?
Joaquim não queria contar a verdade à ela, pois temia que Christopher fizesse algum mal à Lúcia e ao miúdo.
- Eu... Ia tinha saído para me refrescar e passei por uma discussão entre dois homens e fui tentar apartá-los e um deles sacou a arma e atirou.
- E por que fostes se meter em uma confusão que não era de sua conta?!
- Só quis ajudar.
- Sei disso. Mas agora ficarás com uma bala alojada em seu ombro... - Ela pôs a mão sob o peito.
Joaquim tocou o ombro, que estava enfaixado.
- Pelo menos não morri.
- Graças aos céus! - Irene benzeu-se.
Depois de alguns dias ali, se recuperando, Joaquim voltou para casa.
Ele ainda queria libertar Lúcia e João Miguel da casa em que estavam presos, mas teve que esperar se recuperar para enfrentar Cristopher e salvar a Lúcia.
Estando os irmãos na sala, Joaquim percebe o semblante triste de Pedro Henrique, e por isso, lhe pergunta:
- O que tens, Pedro Henrique? Pareces abatido.
- Ah... Não é nada...
- Sabes que podes confiar em mim, não sabes?
Pedro Henrique então decidiu contar-lhe o que se passara com ele.
- Lembra-te da Clarisse? - Começa.
- Aquela sua amiguinha da escola?
- Sim.
- O que tem ela?
- Eu a beijei. - Abaixa o olhar.
Joaquim deu um sorriso e depois perguntou:
- Bem que eu desconfiava que os dois se gostavam...
- Não entendes... O pai dela é muito bravo e ela me disse que por eu ter feito isso, eu deveria me casar com ela! - Pedro Henrique disse preocupado, como se ele tivesse engravidado a menina.
Joaquim riu e pôs a mão no ombro dele, dizendo:
- Fique tranquilo. Tu só casarás com ela se no futuro, os dois ainda gostarem um do outro.
As palavras de Joaquim acalmaram Pedro Henrique.
Enquanto isso, João Miguel chorava e Christopher mandava ele calar a boca.
Alguém toca a campainha e Christopher diz para João Miguel ficar quieto e o tranca dentro do armário.
Ele vê quem está do lado de fora da casa e destranca a porta para a vizinha.
- O que queres? - Christopher pergunta.
- Ah... Eu não quero parecer intrometida, mas só vim aqui saber se está tudo bem com vocês.
- Por quê a pergunta?
- É que faz tempo que não vejo a dona Lúcia e o filho. Eles sempre ficavam no quintal e...
- Está tudo bem conosco. O que acontece é que minha esposa prefere ficar dentro de casa com meu filho.
- Bom se é assim, perdoe-me o incômodo. Passar bem.
- Igualmente.
Christopher fecha a porta e desfaz o sorriso. Ao ouvir as batidas na porta do armário no quarto de João Miguel, ele sobe até lá.
- Socorro! Socorro! - O menino gritava.
- Tu já estás me tirando a paciência!
Lá em baixo, no porão, Lúcia ouve o choro do filho e sente-se impotente.
Joaquim voltou à casa de Lúcia para salvá-la desta vez. Ele entrou na casa por uma janela e ouviu João Miguel gritar de seu quarto pedindo para sair. Ele subiu as escadas, procurando por ele e ao tentar abrir a porta de seu quarto, não conseguiu, pois estava trancada.
Joaquim retirou do bolso um arame e conseguiu destrancar a porta.
- Não tenha medo. Irei te tirar daqui. - Disse à João Miguel.
Nesse intante, Cristopher apareceu atrás dele e João Miguel apontou para ele com o dedo.
Cristopher deu um "mata-leão" em Joaquim, mas ele conseguiu se soltar e os dois começaram a lutar. João Miguel correu para a sala e ligou pedindo ajuda da polícia.
Os dois lutaram e davam socos e chutes um no outro. Cristopher conseguiu derrubar Joaquim da escada e ele caiu lá em baixo desacordado. Cristopher já ia pisar nele, mas ouve batidas fortes na porta e ouviu gritarem do lado de fora:
- É a polícia! Abra a porta, ou vamos arrombá-la!
Christopher não queria se entregar. Então, desceu para o porão para manter Lúcia como refém.
Arrombaram a porta e viram Joaquim no chão, a casa toda bagunçada, com várias coisas quebradas e viram João Miguel chorando em baixo da mesa.
O menino estava assustado, por isso, o carregaram e o levaram para dentro da ambulância, para levá-lo ao hospital.
Enquanto ele era resgatado pelo policial, ele disse:
- Minha mãe está presa no porão...
No porão, Lúcia sabia que o resgate havia chegado e por isso, provocou Christopher, dizendo:
- Acabou, Christopher. Tu irás pagar por todo o dano que nos causastes!
Christopher tirou do bolso um fósforo e o acendeu, dizendo:
- Sabe aquele dizer: "Até que a morte os separe?" - Lúcia se desesperou.
- Christopher... - Ela tenta fazer com que ele não incendiasse algo.
- Vamos morrer juntos! - Começou a colocar fogo nas coisas, com a maior tranquilidade.
Ouviram batidas na porta do porão e a polícia avisou que arrombaria a porta.
Christopher foi na direção dela e tampou sua boca e manteve Lúcia refém. Ele a segurou pelo pescoço e a usou como escudo para se proteger.
Os policiais os encontraram no porão e tentaram salvá-la das mãos daquele maníaco.
- Mantenha a calma, senhora... - Diziam a Lúcia, que chorava.
Ficaram ali tentando reverter aquela situação, mas estava difícil e o fogo consumia e queimava o que estava ali. Christopher soltou o pescoço de Lúcia quando os dois estavam encurralados pelas chamas.
- Nao há mais para onde correr! - Christopher ria como um louco.
Joaquim apareceu ali chamando por ela e os policiais o impediram de fazer algo, pois eles já estavam tentando.
- O fogo está queimando tudo! - Gritaram. - Tentem salvar a senhora! - O chefe ordenou.
- Mas não dá para chegar até lá, senhor! - Respondeu um.
Joaquim olhou Lúcia tentando escapar e Christopher já estava com as roupas queimando e ele caiu no chão.
Ele criou coragem e entrou no fogo para enrolar Lúcia na manta e salvá-la. O cheiro de fumaça estava fazendo todos ali tossirem.
- Joaquim! - Ela animou-se ao vê-lo.
- Rápido! Temos que sair daqui!
Ele estava a ajudando a passar pelo fogo, mas foi aí que sentiu algo segurar seu pé. Olhou para baixo e as mãos de Christoper o puxavam.
Os policiais seguraram Lúcia mas Joaquim ficou para trás, impossibilitado de se mover do lugar.
Lúcia saiu dali e perguntava pelo seu filho.
- Ele está a salvo, senhora. Vamos levar-te ao hospital também.
- Salvem o Joaquim! - Lúcia gritava desesperada do lado de fora da casa.
O fogo já havia se espalhado para toda a casa e das janelas, saíam fumaça escura. Os bombeiros foram chamados e tentavam apagar as chamas.
Colocaram Lúcia na maca, pois ela havia tido queimaduras nas pernas e braços.
Ela chorava, pois Joaquim ainda estava lá dentro e tinha arriscado sua vida para salvá-la.
- Posso morrer, mas tu não vais ficar com ela, seu miserável! - Christopher o segurava com força.
Joaquim tentava escapar e nisso, um listão de madeira caiu sobre Chistopher e só assim, ele deixou de segurar os pés de Joaquim.
Ele tentou escapar dali correndo, mas o fogo era muito em seu derredor e por isso atravessou as chamas, sem se importar com as queimaduras.
Estando todos do lado de fora chamando por ele, eis que ele sai de dentro da casa e cai no chão pela fraqueza. O socorreram e o levaram ao hospital.
Um mês depois...
Joaquim fez vários exames e as queimaduras em seu corpo foram saradas.
Mas o que todos não acreditavam era que ele havia sobrevivido, pois ele foi quem mais teve o corpo queimado, pois passou mais tempo no local em chamas.
Examinaram sua cabeça também, mas resultados atestaram que ele estava em perfeitas condições mentais e físicas.
Lúcia e João Miguel também receberam assistência médica e psicológica, pois o que viveram foi algo traumatizante e não iriam esquecer tão fácil.
Passado todo o trauma, Joaquim e Lúcia finalmente puderam ficar juntos e João Miguel aceitou a idéia de que Joaquim era seu pai biológico e não Cristopher.
Cristopher havia morrido no incêndio por não conseguir escapar e foi consumido pelas chamas.
Fizeram uma festa para comemorarem o renascimento da família e todos estavam alegres.
Irene enchia de mimos seu neto e estava amando ser avó.
- Me dê um abraço, meu amor! - Ela o abraçou e o beijou.
Joaquim convidou Lúcia para dar um passeio em um lindo jardim, dentro de uma cobertura, onde havia um banco para eles sentarem.
Ela sorria de alegria ao olhar em volta e respirar o ar puro.
Joaquim segurou suas mãos e lhe disse:
- Eu te trouxe aqui por um motivo.
- Qual? - Respondeu, simpática.
- Fiz um poema para ti e quero que ouças.
Ele tirou do bolso esquerdo da calça um papel e leu:
Desde a primeira vez que te vi
Algo de bom já senti
Tu fostes para mim
A melhor companhia
Me proporcionastes vários sorrisos
És minha maior alegria
Tivemos que estar longe
Para termos a certeza
Que é real o que sentimos
Mas tudo não foi em vão
Hoje estamos unidos
Em um só coração
És minha linda flor
Jóia rara não se compara
A tua beleza resplandente
Hoje ninguém mais nos separa
És meu grande e único amor
Nem infinitos versos poderiam expressar
O quanto és maravilhosa para mim
Seu cheiro é como a flor de jasmim
Perco-me na beleza de teu olhar
Fomos feitos um pro outro
Antes mesmo de nascermos
Nossa história é um conto
E se um dia eu te perder
Haverá sempre um reencontro
Terminado de ler o poema, Lúcia ficou emocionada.
- Eu amei. - Ela disse com um lindo sorriso.
Ele segurou em suas mãos e a pôs de pé. Olhou em seus olhos e disse-lhe:
- Tenho mais uma surpresa para ti.
- Qual?
Joaquim ajoelhou-se e tirou do bolso a aliança.
- Aceitas casar-te comigo?
Lúcia já estava com os olhos brilhando e sem pensar duas vezes, disse:
- Sim!
Joaquim levantou-se e a beijou.
Eles casaram-se ao ar livre e João Miguel estava feliz por seus pais.
Eles mudaram-se para a nova casa e viveriam uma nova vida. Desta vez, como uma família de verdade, sem mais sofrimentos e nem obstáculos.
Depois de tantos anos, o casal teve um final feliz e nunca mais teriam com o que se preocupar, pois o amor que sentiam, derrubaria todas as barreiras.
Fim. ❤