Todas As Pequenas Coisas - On...

By TersyGabrielle

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Enquanto eu corria como louca Atrás de toda a emoção que considerei cabível Ela aguardava na dobra da minha p... More

Aquele Olhar

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By TersyGabrielle


Algumas centenas de pares de olhos ocupados demais com o resto do mundo para perceber algo tão mundano.

Um, dois, cinco, dez passos incertos. A risada que seria comprada como ofensiva em qualquer outro contexto, outro lugar.

- Aqui, desse jeito - é uma mistura de fala e risada que contagia, me arranca os risos que eu não sabia que tinha guardado.

Dois para lá, dois para cá. Acho que entendi.

Continua. Até ser algo mais próximo do coeso. Eu deveria me sentir ridícula.

Me sinto viva.

~•~•♪•~•~
When we're out in a crowd laughing loud and nobody knows why

Quando estamos no meio da multidão, rindo alto e ninguém sabe o porquê
~•~•♪•~•~

Uma, duas, cinco, dez doses depois. Um olhar avoado, voz arrastada. A tormenta tropega vem na minha direção, e eu jogada no primeiro sofá que achei.

- Vamos pra casa.

- Jake vai me levar pra casa.

- Nossa casa.

O raciocínio é demorado, mas está lá. Não esqueci.

- Eu não moro com você, Marceline. Mas tudo bem, a gente pode ir pra sua casa.

- Nossa casa, Bonnie!

Quem, em sã consciência, discorda de um sorriso desses?

~•~•♪•~•~
When we're lost at a club getting drunk and you give me that smile

Quando estamos perdidas na balada, ficando bêbados e você me dá aquele sorriso
~•~•♪•~•~

Uns minutos que parecem horas no carro de alguém que não presta muita atenção no banco de trás.

E é sempre a mesma lua, num céu que tem menos estrelas do que eu gostaria. Se eu abro a janela um pouco, consigo sentir o vento frio que ninguém entende porque é tão mágico.

Não há frio no mundo que abale o calor que tem a mão dela acariciando a minha, quase sem querer, num automático que soa tão orgânico quanto respirar.


~•~•♪•~•~
Going home in the back of a car and your hand touches mine
Voltando para casa no banco de trás de um carro e sua mão toca na minha
~•~•♪•~•~


Dez minutos, quinze; uma, duas, três horas depois. A respiração que eu preciso reaprender a usar. O mundo que é num estante arrancado de mim, e é sempre uma experiência de voltar ao corpo quando acaba.

Olhos negros que me encaram no meio do quase caos, quase por trás de cabelos negros emaranhados. Um queixo apoiado no espaço entre meus seios e um sorriso que luta por espaço em um rosto que ainda não reaprendeu como respirar pelo nariz.

~•~•♪~•~
When we're done making love and you look up and give me those eyes

Quando terminamos de fazer amor e você olha para mim e lança aquele olhar
~~•♪•~•~

Uma mão adormecida que tateia pelo colchão até achar a curva da minha cintura, e que só vai se aquietar quando me puxar para perto, como se a distância que eu crio sem querer enquanto durmo fosse criminosa.


A cara emburrada e um prato de comida nas mãos, um murmurar sobre como eu preciso me cuidar direito, comer direito, fazer alguma coisa além de passar todas as horas deitada, antes que meu corpo cobre a conta. O cuidado mal disfarçado na cara de raiva forçada.

São coisas tão pequenas, mas eu noto. Eu noto todas elas e cada uma no seu momento próprio.

~•~•♪~•~
'Cause' all of the small things that you do
Are what remind me why I fell for you
And when we're apart and I'm missing you
I close my eyes and all I see is you
And the small things you do
Porque são todas as pequenas coisas que você faz
Que me lembram porque me apaixonei por você
E quando estamos separadas e eu sinto sua falta
Eu fecho meus olhos e tudo que vejo é você
E as pequenas coisas que você faz
~•~•♪~•~

E não são as letras de música doloridas que escrevem nós duas. Não é grandiosidade de uma declaração em público. Não é nas coisas enormes que eu me apaixonei por Marceline Abadeer.

Eu não estou esperando o desabe de joelhos, olhos marejados e um queixo no meu joelho enquanto aprendo que sou a felicidade que ela não sabe suportar.

Não estou aguardando a primeira vez que se recusa a entregar, porque amar as vezes é saber a hora de não ser o que esperam que seja, a hora de entregar o 'não'.

Não sou a garota da serenata na janela e eu não sou a garota sentada no balanço em um clipe viral.

Eu não sou a princesa da Noitosfera.

Eu não sou as palavras que solto na tela.

Esqueça Lost On You, droga.

Eu não quero que me abrace como se nunca tivesse perdido a paciência, e eu não quero que me ame mais do que me odeia o tempo todo.

Eu não quero você minha, não desse jeito.

~•~•♪~•~
When you call me at night while you're out getting high with your friends
Quando você me liga à noite enquanto está ficando bêbada com seus amigos
~•~•♪~•~

Eu quero acordar de madrugada com uma ligação e uma fofoca que poderiam ter esperado até de manhã.

Quero a voz que me derrete do outro lado da linha com a história mais banal do mundo, como se fosse o acontecimento do século, e me deixar levar ao ponto de acreditar que realmente é.

~•~•♪~•~
Every hi, every bye, every I love you you've ever said
Cada oi, cada tchau, cada eu te amo que você já disse
~•~•♪•~•~

Eu não quero as lágrimas que escrevo, e pode me julgar por isso.

Quero deitar cedo demais como a jovem idosa que sou, e ficar relembrando palavras tão corriqueiras que fariam coçar o tédio no meu eu de um ano atrás.

E quero me apaixonar pela centésima vez pelas pequenas coisas que ela faz.

~•~•♪•~•~
When we're done making love and you look up and give me those eyes
Quando terminamos de fazer amor e você olha para mim e lança aquele olhar
~•~•♪•~•~

Nada. Mais nada.

Esqueça todo o drama que eu crio nos meus próprios mundos quando eu decido brincar de Deus.

Eu sou como o Deus cristão: cruel e mesquinha, eu jogo todo o sofrimento e me lanço livre da culpa, deixo que as minhas criações lidem com ele

Mas não o abraço como meu.

~•~•♪•~•~

'Cause' all of the small things that you do
Are what remind me why I fell for you
And when we're apart and I'm missing you
I close my eyes and all I see is you

And the small things you do
All the small things you do
~•~•♪•~•~

Esqueça cada palavra pesada que eu já deixei escapar (e que ainda vai deslisar dos meus dedos), porque eu não quero o amor enormemente dolorido que eu amei, e depois aprendi a recriar nas mil personas que eu incorporo de texto em texto.

Eu não quero nada além das pequenas coisas pelas quais eu me apaixono de novo e de novo,

nada além daquele olhar.

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