Uma Brilhante Estrela

By CassieSW

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A vida é um constante ciclo, tecido de chegadas e de partidas, de ganhos e de perdas. Jasmine era doce. Uma b... More

UMA BRILHANTE ESTRELA
D E D I C A T Ó R I A
E P Í G R A F E
P R Ó L O G O
00 | para sempre?
01 | a volta
02 | destino traçado
03 | experiências perdidas
05 | escolhas do universo
06 | um anjo e um momento especial

04 | todo o tempo do mundo

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By CassieSW

5 de junho

— Filha, o Nicholas tá aqui embaixo. — Ouvi a voz de minha mãe me gritando das escadas. Respirei fundo, sentindo o nervosismo reaparecer em meu corpo.

Peguei minha bolsa e parei em frente ao espelho do meu guarda-roupa, me avaliando por completo. Eu vestia um vestido de um roxo claro, que ia até um pouco acima dos meus joelhos e tinha a saia solta, que esvoaçava ao vento, a cintura era um pouco mais justa. Pequenas flores de uma cor mais escura decoravam todo o vestido, que era ombro a ombro. Feito com um tecido chiffon e contendo mangas longas.

Eu estava bonita. Estava me sentindo bem. Depois de muito tempo eu estava começando a gostar de mim mesma novamente, e nesse dia eu estava me sentindo realmente bonita. Arrumei a sandália nos meus pés e sai do quarto, indo para as escadas e descendo até a sala.

Havia se passado três dias desde que contei a Nicholas sobre o câncer. Ele falava comigo todos os dias e sempre me fazia rir. Naquele mesmo dia ele me convidou para um encontro. Eu fiquei meio assustada com a ideia de ter um encontro com ele, até porque seria o meu primeiro, mas aceitei. Gostava dele, não seria ruim ter um encontro a sós com Nick.

— Oi. Estou pronta. — Cumprimentei assim que cheguei na sala de casa. Os olhares dos meus pais e de Nicholas caíram sobre mim, me fazendo desviar o olhar. Minha mãe me olhava orgulhosa e emocionada, e meu pai parecia contente por mim, ambos tinham um sorriso pequeno nos lábios.

— Jasmine, você tá linda, meu amor. — Minha mãe me elogiou após me avaliar por completo. Sorri em agradecimento.

— É verdade, filha. — Meu pai reforçou, os seus olhos cintilavam. — Nicholas é um garoto de sorte. Minha filhinha tá crescendo.

— Pai, para com isso. — Soltei uma risada fraca e fui abraçar ele, que me apertou em seus braços. Encontrei a cabeça em seu peito e ele beijou minha testa.

— Te amo, Jasmine. — Ele disse em meu ouvido.

— Te amo, pai. — Me afastei dele deixando um beijo em sua bochecha e sorrindo. Ele acariciou meu rosto, enquanto me olhava atentamente, guardando meu rosto em sua memória.

Respirei fundo antes que todo mundo ficasse emocional demais, e fui até a minha mãe, me despedindo dela do mesmo jeito.

— Se cuidem, crianças. Aproveitem. — Minha mãe disse antes de sair arrastando meu pai até a cozinha, que resmungava alguma coisa.

Ri sem graça e virei para Nick, que me olhou de cima a baixo e sorriu largo.

— Você tá muito bonita. — Ele me elogiou.

Via sua pupila dilatada e os olhos cintilando enquanto me olhava com admiração. Confesso que nunca me acostumei com a forma que Nick me olhava. Me sentia especial demais, ele fazia eu me sentir assim. Eu gostava, mas era estranho o fato de alguém ter gostado tanto assim de mim.

— Obrigada. — Coloquei um fio rebelde do meu cabelo para trás da orelha. — Você também tá.

Ele balançou a cabeça.

— Vamos? — Ele me estendeu a mão. Peguei sem nem pensar e andamos até a saída da minha casa, sendo recebidos pela brisa fresca do começo da tarde.

Depois de entrarmos no seu carro e ele ter começado a dirigir até nosso destino, ficamos desfrutando da companhia um do outro, com uma música country tocando na rádio.

— Pra onde a gente tá indo?— Perguntei olhando para a estrada pela janela ao meu lado. Estávamos longe do bairro onde morávamos, e ele nos levava para um lugar onde eu nunca havia ido antes.

— Tem um lugar que eu descobri há um tempo depois de pesquisar. — Ele começou falando, com os olhos focados na estrada. — É um parque muito bonito e que tem alguns eventos de vez em quando. Hoje, por exemplo, tá tendo um festival por lá.

— Interessante. — Olhei para ele, me atentando ao que ele falava.

— Vai ter algumas comidas, exposições de artes, música e dança. — Ele me olhou rapidamente enquanto falava. — Quando soube lembrei de você. Achei que gostaria de ir.

— Parece ser legal. — Sorri de lado. — Como eu nunca soube disso?

— É do outro lado da cidade. — Nick balançou os ombros. — Também não é muito famoso.

Assenti com a cabeça, logo engatando em um outro assunto completamente diferente e aleatório. E continuamos assim, conversando sobre diversas coisas em todo o caminho até o parque que Nicholas descobriu sobre.

Era lindo. Nenhum lugar da cidade se comparava a esse até o momento. Repleto de cores vibrantes, tendas coloridas com doces, frutas e jogos. A decoração ia de pequenas bandeiras penduradas entre as árvores, até grandes luminárias orientais de diferentes cores espalhados por todo o parque.

As pessoas pareciam animadas, crianças brincavam e corriam enquanto soltavam risadas contagiantes e espontâneas, me fazendo sorrir também. Todo o lugar era incrível, alegre e contagiante. Por mais simples que pudesse ser, era um dos lugares mais legais que eu já havia visitado.

— Quer alguma coisa?— Nicholas perguntou, apontando para as tendas que continham comida.

— Vamos ver. — Entrelacei meu braço ao seu, puxando o mesmo para ir comigo até às tendas.

Se existia uma comida no mundo que eu amava e não substituiria por nada, eram bolos e tortas. Por conta do tratamento eu fiquei um longo tempo comendo somente as coisas recomendáveis pelos médicos, nada desses tipos de doces, mas já não fazia muita diferença naquele momento eu comer ou não.

Comprei uma fatia de torta de limão, que estava deliciosa e comecei a comer sozinha já que Nicholas não queria. Eu amava torta de limão.

Voltamos a andar, observando as crianças brincando e algumas pessoas com vários acessórios e instrumentos em um lugar mais afastado, perto de um palco improvisado.

— Vai ter algum show? — Perguntei, em seguida levando a delícia adocicada aos lábios.

— Algumas apresentações musicais. — Ele respondeu, pegando em minha mão livre e me guiando a algum outro lugar. Nunca cansei de dizer que de uma forma ou de outra, meu corpo sempre reagiria de algum jeito ao toque de Nicholas. Não reclamei, eu gostava.

Ainda segurando minha mão, paramos em frente a uma barraca de jogos. Havia duas crianças mais novas na nossa frente, provavelmente na faixa dos onze anos de idade, a menina tentava acertar a boca do palhaço de brinquedo com algumas bolinhas enquanto o menino ao seu lado a encorajava e gritava palavras de incentivo.

Eu sorri olhando a cena. A garota concentrada ao lado do menino eclético e animado ao lado dela, me recordava um pouco a mim e a Nicholas quando mais novos.

— Quer tentar?— Perguntei a ele, o olhando com um sorriso fraco.

— Sim, pra ganhar um desses pra você. — Nicholas apontou para as dezenas de pelúcias penduradas pelo teto da barraca.

— Então eu vou torcer por você. — Dei um tapinha em seu ombro, de incentivo. Ele riu, concordando.

Continuei comendo minha torta, observando quando a menina jogou a última bola que lhe restava, acertando em cheio a boca do palhaço. A mesma soltou um gritinho animado e o menino pulou, feliz, e abraçando sua amiga. Eles eram muito fofos. Os dois escolheram uma pelúcia e logo saíram saltitantes e alegres em direção a alguns adultos, que eu imaginei que fossem seus pais.

— Sua vez. — Apontei com a cabeça para a barraca e ele sorriu, animado. Nicholas pagou a moça que tomava conta e pegou as três bolinhas, se preparando para jogar. — Boa sorte.

Ele piscou para mim antes de jogar a primeira bolinha, que por pouco não entrou. Na segunda, foi bem longe. Eu ri da sua cara de frustração. E na terceira, apesar da bola ter batido no canto da boca do palhaço, ela entrou em seguida. Me arrancando um sorriso maior e um pulo animado.

— Sua pontaria é um pouco ruim, mas você conseguiu. Tô orgulhosa. — Me aproximei dele, apoiando uma mão em seu ombro. Ele riu, balançando a cabeça.

— Eu vou escolher uma dessas pelúcias pra você, pode ser?— Nick perguntou, acariciando minha mão. Assenti. Eu confiava nele.

Voltei o olhar para as outras pessoas ao redor e deixei que Nicholas fizesse sua escolha. Quando escolheu, nos afastamos da barraca e paramos um de frente para o outro.

— O que você esconde?— Semicerrei os olhos, tentando ver por trás de suas costas. Que escondia suas mãos e algo a mais.

— Isso. — Nicholas colocou suas mãos para frente, permitindo ver o que segurava.

— É um ursinho astronauta, que lindo. — Sorri, olhando para a pelúcia a minha frente, encantada. — Obrigada, eu amei.

— É a sua cara. — Ele sorriu de lado, apontando para o boneco.

Se tratava de um pequeno ursinho de pelúcia dentro de uma roupa branca de astronauta, com direito até o capacete, nos permitindo ver o rostinho.

— É muito bonitinho. — Murmurei, apertando o ursinho em meus braços. Eu havia amado.

Nick sorriu pegando em minha mão e me levando para mais perto dele, enquanto mantinha um sorriso fraco no rosto.

Até aquele exato momento, eu não saberia dizer se o que sentia por Nicholas ia muito além de uma paixão adolescente, ou se gostaria de ter algo com ele pelo pouco tempo que me resta. Não saberia até aquele instante, que mudou tudo e me fez enxergar algumas coisas de uma maneira um pouco diferente.

— Eu quero te fazer uma pergunta, mas não quero que você se sinta pressionada. Você pode ser totalmente sincera e eu vou entender. — ele parecia nervoso. Nicholas estava bem nervoso para falar a verdade, até porque ele temia a resposta que receberia ou como eu reagiria.

— Tudo bem, pode falar. — dei um sorriso encorajador e ele respirou fundo.

— Eu sei que é muito cedo e faz pouco tempo desde que eu voltei, e isso é algo novo, mas eu gosto de você. Gosto muito de você. — a essa altura meu coração já batia feito louco, um sorriso contido enfeitava meus lábios e a ansiedade para o resto só aumentava. — Eu acho que te ver de novo trouxe isso e se você estiver bem com isso e quiser, eu gostaria de passar o resto desse tempo com você. Eu sei que é precipitado, eu vou entender totalmente qualquer que seja sua resposta, então você pode dizer com sinceridade.

— Nicholas... — um sorriso largo se abriu em meus lábios. Nunca recebi nenhum tipo de afeto ou palavras tão carinhosas e compreensivas, a não ser dos meus pais, Beth e os médicos. Mas nada chega a ser assim, nunca gostei de uma pessoa desse jeito e acho que ninguém nunca gostou de mim assim.

— O que?

— Sim, é cedo e a gente pode ir com calma. — suspirei, observando todas as suas feições delicadas e bonitas. — Mas eu falei sério quando disse que tenho poucos meses. Eu estou doente e nem sempre eu vou estar disposta a sair por aí ou algo assim. Você pode aproveitar as férias e andar pela cidade, conhecer gente nova e até a faculdade. Não vai ser fácil.

— Não vai ser fácil de qualquer jeito. Eu gosto de você, Jasmine. — uma de suas mãos foi colocada em meu rosto, em um gesto delicado e carinhoso. — Isso não vai mudar se eu me afastar. E se eu estou dizendo que quero fazer parte da sua vida e ajudar a aproveitar bastante até lá, é porque é sério. A gente não precisa de rótulos e nem de pressa, só aproveitar.

Observei por alguns instantes sem semblante curioso e ansioso pela resposta, seus olhos castanhos que eu adorava admirar por conta das bonitas, seu cabelo curto, crespo e bonito. Tudo em Nicholas era bonito, às vezes me perguntava como esse garoto poderia ser tão bom.

Peguei suas duas mãos, segurando com firmeza na frente de nossos corpos.

— Vamos fazer isso.

No final das contas, não importava qual foi o fim, Nicholas foi e sempre seria o maior acaso que ocorreu na minha vida. Uma das únicas pessoas que eu já consegui confiar e a primeira e última que eu permiti amar e ser amada de um jeito que nunca chegou nem perto de acontecer. Eu amava meus pais e eu amava Elizabeth de um jeito único e gigantesco, mas Nick ganhou um espaço no meu coração que ninguém mais ganhou.

E além do que, não tínhamos todo o tempo do mundo, então aproveitar disso não foi algo tão ruim.

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