[Degustação] A missão do Pont...

Por MaaMarche

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Enemies to Lovers | Medium Burn | Fake Dating | One Bed Only | Workplace Romance Ela, uma renomada agente da... Mais

Prólogo
Capítulo 1 - Detalhes
Capítulo 3 - Passeio
Capítulo 4 - Banho
Capítulo 5 - Interrupção
Capítulo 21 - Lembranças
Leia completo: EBOOK

Capítulo 2 - Boas Vindas

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Por MaaMarche

Eu não pude parar de pensar em como as coisas seriam quando chegássemos na casa. Eu teria que fingir 24 horas que éramos mesmo apaixonados, eu teria que andar abraçada com ele, eu teria que dormir na mesma cama que ele. E o pior era saber que pelo menos metade das mulheres da CIA dariam tudo para estar no meu lugar.

Ok, então eu odeio o cara. Isso não me tornava cega. Eu via como agentes renomadas ficavam moles como gelatina com um simples olhar do cretino. E, aparentemente, saber todo o passado podre dele não as impedia de ter seus hormônios se agitando perto do mesmo.

A palavra geral era de que ele era, em uma palavra, gostoso. Costas e ombros largos, barriga e peitoral definidos, as pernas trabalhadas. "Com aquele sorriso e aquele olhar não tem mulher que seja louca de dizer não a ele", era o que elas fofocavam pelos corredores da Inteligência.

Em resposta, eu só dizia "prazer, louca", e ficávamos por isso mesmo.

Mas digamos que meu ódio me deixava imune de reparar nesse tipo de coisa. Eu, até então, me orgulhava de não ter olhado duas vezes para Daniel, e preferia continuar assim, muito obrigada. Mas, infelizmente, a vida conjugal com ele tornaria isso um tanto difícil. Eu teria que me passar por louca apaixonada, eu teria que me passar por alguém que o ama e deseja. Eu teria que ficar do lado dele, tocá-lo e olhá-lo de perto sem contorcer o rosto em desgosto. Cá entre nós, uma parte mim tinha um pouco de receio de viver essa vida e acabar reparando nele e me igualando às minhas colegas descerebradas de trabalho, que babavam tão descaradamente pelo ser. A carne é fraca, dizem. Mas, ao mesmo tempo, eu tinha mais medo de ser incapaz de completar aquela missão por ter pura e simplesmente sacado uma arma e atirado na testa do meu parceiro em um surto de ódio.

Ah sim, eu era dessas contradições ambulantes. Já podem ir se acostumando.

Assim que minha mente parou de vagar pelos supostos atributos físicos do ser desprezível com quem viveria - e consequentes problemas mentais da ala feminina da agência -, o carro que nos foi designado e que Daniel conduzia desde o aeroporto até o condomínio diminuiu a velocidade.

- É, chegamos. Hora do show, Melzinha. — Danny sorriu torto e abriu a porta do carro, dando a volta no mesmo e abrindo a minha como um perfeito cavalheiro.

Ah, a atuação.

Coloquei minhas pernas para fora lentamente como se pudesse adiar o encontro inevitável com o inferno: a mão que Daniel estendia para mim.

- Eu preciso dizer isso: eu te odeio. — disse ainda dentro do carro para que apenas ele escutasse. - Ah, me sinto bem melhor. Agora AMOR, QUE LINDA NOSSA CASA! É PERFEITA! — após ter sussurrado a primeira parte o olhando com desprezo, aceitei sua mão e me levantei, aproveitando para levantar o tom de voz também para que as mulheres enxeridas que nos miravam na rua me ouvissem. Abri meu melhor sorriso e fiz um carinho leve na bochecha de Danny com a mão que ele não segurava. Tinha que conter o impulso involuntário da minha palma que queria desesperadamente aproveitar o contato com sua face para estapeá-la.

- Engraçadinha. — ele disse com um sorriso falso e a voz baixa. — Bom, vamos cumprir a tradição não é mesmo, paixão? — dito isso Danny passou um braço ao redor de meus joelhos e apoiou o outro no meio das minhas costas, me pegando no colo. Coloquei meus braços ao redor de seu pescoço e brinquei um pouco com seu cabelo enquanto ele andava em direção à porta de entrada. Entramos, e como Danny havia descrito, a sala era toda exposta para as pessoas que ainda nos observavam. Ele me colocou gentilmente no chão e me abraçou pelas costas, pousando a cabeça no meu ombro. Não, não, cotovelo bonzinho, nada de ir de encontro ao estômago do nosso novo maridinho.

- E aí, amor, que tal o interior? — As pessoas não podiam mais nos escutar, embora nos avaliassem meticulosamente como se pudessem fazer leitura labial. Dei uma olhada pelo cômodo, todo muito bem decorado e aconchegante, se não fosse pela enorme parede de vidro. Virei-me nos braços de Daniel, dando as costas ao público e ficando cara-a-cara com ele, grudada em seu peitoral duro com seus braços ainda entrelaçados na minha cintura.

- Ai, é tudo tão lindo! — disse ironicamente, embora a casa fosse mesmo muito bonita, e dei alguns pulinhos de animação ao mesmo tempo que revirava os olhos, ato que apenas Backer poderia ver. Ele riu da minha reação e aproximou o rosto do meu que automaticamente arregalei os olhos e sussurrei:

- Ei, ei, ei, o que pensa que está fazendo? — inclinando um pouco minha cabeça para trás, criando alguma distância entre nossas faces.

- A plateia espera um beijo do casal apaixonado, Melanie. — ele explicou entredentes, indicando com as sobrancelhas a parede de vidro atrás de mim. E ele estava certo. Um beijo era o que normalmente sucederia um momento como esse, se fosse real. Sem pensar duas vezes, coloquei minha mão sobre seus lábios e beijei as costas da mesma. Ninguém veria minha mão, apenas os movimentos de nossas cabeças, então não iria estragar nenhum disfarce. E desse jeito nós não corríamos o risco da plateia presenciar uma eu verde lavando a própria língua com palha de aço.

Daniel me olhou meio atordoado, finalmente entendendo o que eu havia feito e revirando levemente os olhos. Se separou de mim e postou seu sorriso falso novamente, pegando minha mão e dizendo:

- Anda, vamos conhecer o resto da casa. — Andamos pelas salas conhecendo todos os detalhes e nos direcionamos para a área "escondida" antes de subir as escadas. A cozinha era muito bonita e de fato o nosso escritório seria muito útil. A hidromassagem também era um lugar que eu pretendia frequentar bastante.

Quando saía de lá com a intenção de chamar a praga para continuarmos o teatro e subirmos, fui surpreendida pelo mesmo que no instante seguinte estava sobre mim, com suas mãos em minha cintura. Tentei pensar em esboçar qualquer tipo de reação, mas ele foi mais rápido, me prensando contra a parede entre portas. Eu podia ter os reflexos de uma agente bem treinada, mas Daniel, por habilidade natural, era duas vezes mais ágil.

- Tudo aquilo foi medo de me beijar, Marquese? Foi medo de gostar? — Daniel arqueou uma sobrancelha, prepotente. Seu tom de voz era baixo e irritado. Suas mãos grandes forçavam minha cintura. Permaneci em silêncio. Uma voz irritante no fundo da minha consciência indagando a mesma coisa. Eu não tinha a resposta. - Só espero que você seja profissional e não fique de frescuras o ano todo. — ele sussurrou tão perto da minha boca que eu sentia as rajadas de sua respiração acelerada diretamente nos meus lábios. Eu me sentia encurralada não apenas pela posição, mas também pelas palavras dele. Eu sabia que mais cedo ou mais tarde teria que beijá-lo em público, e minha atitude precária há pouco havia sido uma maneira muito pobre de adiar o acontecimento. Por insistir no meu medo acabei abrindo uma lacuna para Daniel me atormentar. Com as mãos apoiadas no peito duro do meu parceiro e sem reação, minha única postura frente aquilo foi umedecer minha boca que parecia seca pela saia justa. Ridículo, eu sei. Daniel se demorou um tempo no meu ato e, engolindo brevemente em seco, aproximou-se ainda mais de mim, passando o nariz calmamente em minha pele, a respiração tornando-se ofegante. Eu permanecia imóvel, a cabeça a mil demais para sequer perceber o que eu devia fazer, para sequer entender o que diabos ele estava fazendo. Ele entendeu meu estado atônito como um convite para continuar e foi isso que fez ao avançar com os lábios nos meus, roçando seu superior ao meu inferior e vice-versa.

O choque elétrico que percorreu meu corpo me fez acordar e no momento seguinte eu arregalei meus olhos, grunhi um "fique longe de mim" e o empurrei. Ele engoliu em seco novamente e, mesmo ainda fora do ar e com os olhos semicerrados, murmurou algo como "vamos logo". Pegou minha mão sem qualquer delicadeza, respirou fundo para tornar possível a formação de mais um sorriso falso e subiu as escadas me arrastando sob os olhares atentos de várias madames fofoqueiras.

Demos uma olhada pelo segundo andar da casa rapidamente e descemos para buscar nossas malas e nos instalarmos. Quando terminamos de guardar tudo - em um silêncio que só não foi mais gritante pelo tique insistente e detestável de Daniel de estalar toda e qualquer parte de seu corpo - não muito tempo depois, a campainha tocou. Danny levantou o olhar para mim e ambos descemos as escadas, prontos para atender a porta. Uma mulher com cara de ser um pouco mais velha que eu, de cabelos ruivos longos e olhos verde-esmeralda, jazia parada com um grande sorriso e uma forma retangular coberta com papel alumínio.

- Olá, meu nome é Elizabete, sou a nova vizinha de vocês. — ela se apresentou simpática, embora sua expressão de tarada fizesse meus sentidos de mulher falsamente comprometida gritarem.

- Muito prazer, sou Daniel e essa é Melanie. — Danny respondeu.

- O prazer é todo meu. — Elizabeth disse, arqueando as sobrancelhas ao nos analisar. Ok, talvez não exatamente "nos" e sim "o" analisar. Sutileza mandou lembranças. - Bem, eu sei que devem estar ocupados, afinal acabaram de chegar, mas eu só queria desejar as boas-vindas. Fiz essa torta de palmito para vocês, imagino que estejam com fome e ainda não tenham feito supermercado. — Elizabete estendeu o pacote que segurava e eu o peguei, abrindo um sorriso.

- Ah, Elizabeth, quanta gentileza. A casa ainda está um pouco bagunçada da mudança, mas caso não se importe, gostaria de entrar? — ofereci, como uma boa anfitriã.

- Oh, não, agradeço o convite, Melanie, mas deixarei que se instalem em paz. De qualquer jeito, amanhã temos festa no condomínio, creio que nos vemos lá? — ela piscou seus grandes olhos para Danny que na mesma hora colocou seu braço ao redor dos meus ombros e perguntou:

- O que acha, amor? É uma ótima oportunidade de conhecer o pessoal.

- Eu acho que nos vemos lá então, vizinha! — sorri para a mulher já não aguentando mais sua presença e seu olhar canibal para cima do meu suposto marido. Não que eu sentisse ciúmes, longe disso, mas seu descaramento era revoltante. Se ela lançasse esses olhares furtivos para um homem que fosse realmente algo meu amanhã acordaria com conjuntivite.

- Por favor, podem me chamar de Liz. — disse com um sorrisinho maroto e dando um tapinha no peito de Daniel, que levantou uma sobrancelha. Nunca é uma boa ideia bater em um agente treinado, nem de brincadeira. Mas claro que a candidata a oferecida do condomínio não sabia da profissão do homem ao meu lado. - Será ótimo conhecê-los melhor e espero que gostem da torta. Qualquer coisa que precisarem não hesitem em pedir, afinal, eu moro logo ao lado. — despediu-se com uma piscadinha ao fim em direção ao meu parceiro. Essa sim é cara de pau ao extremo!

- Muito obrigado, Liz, tenha certeza que iremos. Até amanhã! — Danny despediu-se cortês e fechou a porta, logo virando-se para mim. — Essa festa será uma ótima oportunidade, veio na hora certa! — comemorou.

- Com certeza. — concordei, profissional. - Agora o que acha de almoçarmos a torta que a linda da Liz trouxe e então fazermos o passeio que combinamos?

- Porque será que eu senti um tom de desprezo ao falar da nossa tão amável vizinha? - ele indagou, levantando uma das sobrancelhas com um sorriso debochado na face.

- Qual é, a fofa estava te comendo com os olhos! Posso não gostar nem um pouco de você, mas teoricamente somos casados e eu não estou muito afim de ser a corna do pedaço. - revirei os olhos e tirei o papel que cobria a torta, me dirigindo para a cozinha.

- Estamos evoluindo. Esta manhã você me odiava, agora apenas não gosta nem um pouco de mim. — Daniel me seguia de perto e mexia um pouco em meu cabelo, como um carinho. Me lembrei que estávamos passando pela sala, que era exposta. Não era dessa vez que ele perderia a mão.

- Belíssima evolução. É quase como se eu estivesse tirando a roupa e pedindo que você me possuísse. — rolei os olhos, rindo sarcástica ao final da frase.

Daniel me surpreendeu em seguida. Enquanto eu estava repartindo um pedaço para cada um de nós encostada na bancada da cozinha, ele passou um braço pela minha cintura, me apertando contra si e sussurrou em meu ouvido com sua voz rouca:

- Ainda não. Mas vai. - me soltou tirando os pratos das minhas mãos levemente trêmulas e os colocou sobre a mesa, logo indo se sentar para comer.

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