Autodestruição

By gilavert

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A anos, o Rei estudava meios de fazer com que os humanos se tornassem mais fortes e vivessem por mais tempo... More

Dedicatória
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
...
...
...

Capítulo 4

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By gilavert

Abri meus olhos devagar. Estava deitada na cama da prisão, ou melhor, um pedaço de madeira pregado com duas correntes na parede, contendo apenas um colchão e um travesseiro, sem esquecer dos lençóis brancos presentes em todas as celas.

Me sentei na cama, levantei e fui andando a passos arrastados até a pia, por um lado, eu ficava agradecida pelos banheiros serem 'privados', era a única parte da cela que ficava 'escondida'.

Os banheiros eram uma pequena cabine de madeira, com uma privada e pia. O cheiro não é nada agradável, eu gostaria de evita-lo o máximo possível, mas se a loura estivesse dizendo mesmo a verdade, eu não aguentaria ficar semanas sem usar o banheiro.

Lavei meu rosto e mãos, e fiquei ali, vendo a água escorrer, meu corpo estava todo dolorido, aquela cama não era nada confortável, e independente de tudo, a ideia de que ratos e outros insetos pudessem passar pelo meu corpo, exigiu que eu ficasse boa parte da noite de olhos abertos.

Desliguei a torneira e fui até o buraco na parede, procurando por Sfhia.

Meu rosto se transformou em uma expressão de surpresa quando olhei para o jovem na cela ao lado.

–Ei! – O rapaz se assustou, procurou pela voz e quando encontrou o buraco, continuou sentado, mas com a atenção em mim agora. Ele tinha cabelos castanhos escuros até o pescoço, sobrancelhas grossas e a barba parecia ter crescido recentemente.

–Quem é você?

Ele se levantou e se aproximou até que eu pudesse ver apenas seus olhos castanhos.

–Por que quer saber?

–Quando você chegou? Tinha uma mulher nesta cela até ontem.

Ele continuou me olhando, quieto, depois continuou.

–Eu cheguei essa manhã, mas se te deixa contente saber, ela estava vazia quando me prenderam aqui. – Ele se movimentou, tentando olhar dentro da minha cela.

Me afastei do buraco, e me sentei na cama.

–Por que está aqui? – Senti um tom irônico na sua voz.

–Pelo mesmo motivo que você, aparentemente. – Cruzei os braços e olhei grade a fora.

–Caçadora de recompensas? Suas vestimentas não escondem muito isso. Estava roubando o que? As bonecas da sua vizinha? – Ele deu um riso irônico, fungando pelo nariz.

–Só se forem as suas bonecas. – Não olhei em sua direção, mas não pude disfarçar minha cara de desgosto.

–Estou falando sério, roubo? Assassinato? O que? – O rapaz deu uma olhada geral pela minha cela.

–Não te interessa. – Peguei uma pedra do chão e fiz dois riscos na parede.

Quando as pessoas ficam presas, costumam perder a noção do tempo.

–Enfim. – Ele suspirou. – Você que puxou papo.

–Minhas perguntas já foram respondidas, pode voltar a fazer o que quer que seja que você estava fazendo. – Minha perna começou a tremer, impaciente.

–Tudo bem, se precisar de alguém para conversar, estarei aqui para nos divertimos um pouco. –Ele se afastou, fazendo de conta que estava com uma bebida na mão como se estivesse prestes a brindar.

Peguei do chão uma pedra grande, (aquela cela tinhas muitas coisas largadas no chão, como feno, pedras, sujeira, e no pior dos casos água suja que entrava pelas rachaduras da parede.) E a coloquei sobre o buraco da parede, não me agradava a ideia daquele homem ficar me observando de vez em quando.

–Ela foi embora hoje bem cedinho. – A loura estava sentada com as pernas cruzadas perto das grades, de frente para mim. – Por um lado. – Ela prosseguiu. –Fico feliz de saber que o nome dela não estava na lista.

Me sentei, de frente para ela.

–Como tem tanta certeza?

–Eles precisam de celas para todos nós, então não estão trazendo pessoas que não tenham seus nomes escritos. – Ela virou um pouco o pescoço.

–Como se chama? – Perguntei.

–Me chamo Hannah, e você é Kate certo?

Minhas sobrancelhas se curvaram, meu rosto parecia um grande ponto de interrogação.

–Me desculpe, ouvi você dizer seu nome a mulher de ontem. – Ela ajeitou seu vestido. – Sabe, aqui não tem muita coisa para fazer. – Hannah deu um sorriso tímido.

–Acredito.

As portas se abriram como se alguém as tivesse chutado, como minha cela era distante do início do corredor, apenas ouvi.

–O rei veio visita-los. – Um homem cantarolou.

Hannah que até então estava confusa, deu um salto e parou de pé, desamassando seu vestido. As pessoas das outras celas começaram a se posicionar em frente as grades.

Um som de trombeta soou, e passos foram ouvidos.

Era a segunda vez que eu via o rei de perto.

–Nascemos dourados como o sol ... – Uma canção começou a ser entoada enquanto o rei e os guardas passavam pelas celas. – Filhos das cinzas da montanha, somos a brasa e o fogo, a luta e a glória ... – Logo o rei começou a se aproximar, reparei que o homem da cela do lado direito ao da Hannah estava ajoelhado, mãos juntas em forma de oração, seus olhos estavam fechados, e ele recitava as palavras da 'oração'. – Seguiremos adiante pela coroa manchada com teu sangue, obteremos a glória diante dos teus olhos, para que assim, alcancemos os céus, e honrados pela mãe, sejamos eternizados. Ascenda!

Todos repetiram 'Ascenda' em uníssono, nesse momento, o rei estava bem na minha frente.

Os cabelos do rei são de um tom avermelhado, que dão bastante realce aos seus olhos azuis.

Ele está usando um terno dourado, com vários detalhes pretos, e sobre o peito esquerdo, está o brasão de 'Solaris', o seu tão amado reino... Que resultava em um sol com rosto de mulher.

Nas suas costas escorre uma enorme capa dourada, vendo-o assim de perto, podia jurar que ele era feito de ouro, ou melhor, feito do sol, como diz a oração.

Ele olhava de cela em cela, pessoa a pessoa, e quando depositou seus olhos em mim, senti um arrepio na espinha, eu estava hipoteticamente na palma da sua mão, ele podia fazer o que quisesse comigo...

–Seus olhos. –Ele parou. – São... diferentes...

Um dos guardas o perguntou.

–Tudo bem senhor?

–Sim, sim. – Ele gaguejou. – Gosto dos olhos dessa moça.

Eu o encarei, calada.

–Senhor, me perdoe. – O homem que estava ajoelhado se levantou, e esticando seu braço para fora da grade continuou. – Me perdoe, eu juro que não queria ter feito aquilo, seja misericordioso.

O rei desviou sua atenção de mim e olhou para o homem com frieza, logo depois colocou suas mãos atrás do seu corpo, como estava de costas para mim, pude ver a quantidade enorme de joias que ele carregava nos dedos.

Nesse momento, pude respirar, tinha esquecido disso enquanto o rei me encarava.

–Não se desespere, homem, você, e todos aqui... – O rei abriu os braços. – Todos terão a chance de serem perdoados, basta quererem.

Os olhos do homem se encheram de lágrimas.

–Muito obrigado, senhor. – O rei esticou sua mão até o homem, que depositou um beijo sobre os anéis.

Ele continuou o caminho até o final do corredor, e todos os seguiram com os olhos, quietos. O som dos seus passos tomava conta de todo o lugar.

Um dos guardas passou vagarosamente sobre a cela, eu segurei a gola da sua jaqueta e o trouxe próximo a grade.

–O que o rei quer dizer com 'todos terão uma chance de serem perdoados'? – Disse em um sussurro, para que ninguém ouvisse.

Ele apontou a arma para o meu rosto, em um gesto rápido o larguei.

–Se o rei não contou até agora é porque ainda não quer que vocês saibam.

Outro guarda que estava próximo a ele, o puxou para trás.

–Não diga nada para eles, soldado. – O homem disse rígido.

Aquilo era o suficiente para mim.

O rei logo apareceu, satisfeito, com os braços para trás e o queixo erguido.

–Algum problema, senhores? – O olhar do rei era calmo para os guardas.

–Não, senhor. – Ambos abaixaram a cabeça.

–Ótimo, tenho muito o que fazer, vamos. – Antes de passar, ele lançou uma última olhada para mim.

Logo ouvi as portas sendo fechadas. Hannah colocou a mão sobre o peito, e com a mão livre segurou a cela.

–Ei! Está tudo bem? – Gritei.

–Sim. – Ela suspirou. – Cada vez que ele aparece do nada eu sempre infarto um pouco.

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