Trapaças do Coração

By PallomaBelfort

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Carlos Eduardo D'ávila é atualmente dono de uma das maiores fortunas do país. Sua rede de supermercados ocupa... More

Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 5 - parte 2
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13 - Parte 1
Capítulo 13 - parte 2
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Bônus
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Bônus - 2
Bônus - 3
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37 - parte 1
Capítulo 37 - parte 2
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capitulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capitulo 47
Capítulo 48
Capitulo 49
Capitulo 50
Capítulo 51
Capítulo 52 - Parte 1
Capítulo 52 - Parte 2
Capítulo 53
Capítulo 54
Capítulo 55
Capítulo 56 - Parte I
Capítulo 56 - Parte II
Capítulo 57
Capítulo 58 - Parte I
Capítulo 58 parte II
Capitulo 59
Capítulo 60
Capítulo 61
Capítulo 62
Capítulo 62 - Parte II
Capítulo 63
Capítulo 64
Capítulo 65
Capítulo 66

Capítulo 32

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By PallomaBelfort

Carlos Eduardo

Sinto-me mais leve após a conversa franca que tive com meus pais. Pedir perdão com o coração aberto foi a melhor atitude que eu pude ter tomado nos últimos tempos e saber que eles nunca sentiram mágoa e sempre estiveram dispostos a esquecer todas as diferenças, me faz agradecer internamente por ser filho de pessoas muito altruístas.

Sinto-me mais leve também por ter ouvido os conselhos de Gustavo em relação à Leyla. Ter ido até o rio e tentando uma aproximação me deixou um pouco mais tranquilo em relação a ela. Pelo menos tentei e não vou me martirizar por ela preferir sair com o Fernando a mim, pois sem bem o que a fiz passar no Guarujá e tenho plena consciência de que qualquer mulher com coerência de pensamentos não aceitaria mais minha presença ao seu lado. Mas ao contrário, ela ainda cedeu às minhas investidas se entregando para mim ontem à noite.

Não irei me martirizar, não irei desistir de me aproximar, de mostrar a ela que estou disposto a mudar e a tê-la ao meu lado, sem mentiras, preconceitos ou apegos à convenções da alta sociedade. Mas preciso de tempo para pensar e traçar uma estratégia de como farei para aos poucos provar que posso ser um homem melhor.

Estou muito feliz, ainda, por está conseguindo me aproximar de Rafael. Sinto remorsos de todas às vezes que ele retribui minhas investidas com seu olhar doce ou com um sorriso largo, sempre permitindo minha aproximação. Isso prova como ele sempre quis me ter por perto enquanto eu me afogava em minha dor.

Não posso negar que tenho gostado de sentir seu carinho, ainda que seja tão difícil para mim me aproximar, pois acredito que transformei a redoma que criei em minha zona de conforto e tenho precisado fazer um esforço hercúlio para sair dela.

*** *** ***

Após o almoço me despeço de meus pais e de Rafael e sigo para o quarto. Preciso descansar um pouco e pensar no que fazer de agora em diante.

Tenho plena consciência de que minha jornada não será fácil e que precisarei de muita resiliência para conseguir retomar minha vida. O mais importante é que tomei coragem de lutar para voltar a ser um homem equilibrado e feliz.

Mas tenho consciência também que não conseguirei mudar de uma hora para outra e, por isso, terei que monitorar meu comportamento e atitudes para não deixar que o Carlos Eduardo arrogante e egocêntrico volte a reinar sobre minha vida.

Preciso iniciar um processo de autoconhecimento e, aos poucos, saber como conduzirei minhas relações para que consiga me fazer bem e não machucar mais as pessoas que amo.

Por isso precisarei agir com calma hoje a noite, pois meu sangue ferve somente em imaginar que Leyla terá um encontro com o veterinário. Não consigo imaginá-la nos braços de outro homem. É quase incontrolável minha vontade de ordenar para que ela não vá ou mesmo invente algo para prende-la na fazenda hoje a noite. Entretanto, se eu agir dessa forma, agirei igual tenho agido há anos, com arrogância, prepotência e sem respeitar às vontades e desejos das outras pessoas.

Por outro lado também não quero que ela fique na fazenda por obrigação. Quero que esteja ao meu lado por vontade própria, por opção, mas toda essa minha maturidade não impede que eu torça para que esse encontro seja um fracasso. Espero que esse veterinário não tente fazer nada que ela não queira ou permita, pois caso contrário, eu teria o maior prazer do mundo em deformar cada centímetro do seu rosto com todos os golpes de aprendi nos últimos anos.

Apesar dos planos de relaxar, não consigo parar um minuto sequer de recapitular os últimos anos de minha vida e confesso o remorso corroer meu peito ao lembrar de como fui capaz de agir com meus amigos, familiares, funcionários e com todas as mulheres que ousaram se aproximar de mim.

Quando eu retornar a São Paulo procurarei por Sandra e pedirei desculpas. Ela esteve ao meu lado em vários momentos e eu nunca fui capaz de dar-lhe o mínino de valor, de tratar-la com respeito. Ela estava coberta de razão em nosso último encontro. Tudo o que me falou não passa da verdade. Naquele dia fui incapaz de reconher, mas agora sou capaz não só de reconhecer, mas de me desculpar com ela.

Sempre soube dos seus problemas financeiros e nunca fui capaz de estender a mão para uma oportunidade de trabalho. Não em minha empresa, pois jamais confudiria as coisas, mas tenho tantos grandes empresários como parceiros de negócios que seria muito fácil arranjar-lhe algo. Espero que não seja tarde, pois é exatamente isso que irei fazer.

Quanto a Maria Eugênia, também nunca agi corretamente. Por saber dos sentimentos que ela nutre por mim, sempre a tratei como um objeto. A verdade é que acho que eu me alimentei da ilusão que causo nas mulheres, no receio que causo em meus funcionários e da decepção que causei em minha família. Por ser um homem rico e poderoso, achei que podia ter tudo nas mãos, sem esforço e sem precisar me dedicar, mas durante esta viagem tenho conseguido enxergar os acontecimentos de uma forma diferente. Tenho conseguido ter empatia e enxergar o que causei em todos ao meu redor e o melhor disso tudo é que finalmente decidi agir e modificar as coisas.

A chegada de Leyla em minha casa mostrou que ainda há vida lá dentro. Não é mais raro encontrar meu filho sorrindo e de uns dias para cá tenho tido vontade de chegar mais cedo do trabalho somente para ve-los. Saber o que fizeram durante do ida, mesmo que de forma velada e de me aproximar deles mesmo que seja de uma maneira estranha, tímida e desengoçada.

Confesso que me sinto esquisito todas as vezes que tento me aproximar. Sinto que de alguma forma aquele lugar não me pertence, mas hoje sei que não me pertence porque fugi dele. Fugi de meu filho todos esses anos. O abandonei, fui um péssimo pai, negligente, ausente, frio e permissivo. Foi preciso Leyla chegar e trata-lo praticamente como um filho, tentar por conta própria desenvolver suas habilidades para eu perceber o quanto o fiz mal.

Desdenhei da sua paraplegia e confesso que muitas vezes me questionei por que ele não foi junto ou mesmo no lugar de Sara. A verdade é que mesmo de forma inconsciente eu culpei meu filho, um garoto de apenas quatro anos de idade, pela morte da mãe e isso me faz sentir um monstro.

Sou despertado de meus pensamentos por uma batida na porta do quarto:

- Cadú? - Ouço a voz de minha mãe - Está tudo bem, filho?

- Estou bem sim, mãe. - Levanto da cama tentando não parecer tomado pelo peso do remorso.

- Conseguiu descansar um pouco? - Pergunta me observando atentamente.

- Não - Arfo. - Deitei, mas não consegui parar de pensar em tudo que aconteceu nos últimos quatro anos. - Dou de ombros.

- Imaginei. - Comprime os lábios esboçando um sorriso. - Sei que não é fácil, a carga emocional que você carrega é muito pesada, mas você é um homem forte, corajoso e inteligente. Tenho certeza que saberá transformar todos esses acontecimentos no combustível necessário para que você possa superar todos esses desafios.

- A senhora sempre foi a minha maior incentivadora. - Sorrio em retribuição às suas palavras.

- E sempre serei porque sei que você é capaz de conseguir tudo o que deseja. - Continua pegando em minha mãos. - Você sempre será capaz e saiba que seu pai e eu estamos muito orgulhosos de você.

- Eu nem sei por onde começar, mãe. - Engulo em seco. - Foram tantas  pessoas a quem magoei. Foram tantos episódios de arrogância, prepotência, friesa... de quase maldade.

- Não, meu filho. - Faz sinal de negação. - Você pode ter se equivocado em algumas ações, pode ter agido de forma estúpida e ter causado muitos sentimentos negativos a seu respeito, mas você nunca será um homem mau. - Solta um ar pesado - E você já começou, não lembra?

- Não. - Confesso, confuso.

- Você deu seu primeiro à redenção hoje pela manhã quando conversou comigo e seu pai. - Sorri emocionada. - Haroldo e eu não poderíamos ter tido uma surpresa maior do que seu pedido de desculpas, do que aquela conversa maravilhosa que tivemos. Aquela conversa - aponta para o andar de baixo - foi seu primeiro passo. O segundo só cabe a você decidir, mas se tiver dúvidas, pare, pense e escute seu coração. Nessas horas ele é o nosso melhor conselheiro.

Quando minha mãe conclui consigo pensar somente em Leyla, mas arfo por saber que precisarei esperar um pouco mais, até que ela retorne do encontro com o veterinário.

- Rafael comentou que você o convidou para ir à cidade esta noite. - Sonda voltando a me observar atentamente.

- Sim, é verdade. - Afirmo desanimado. - Mas a cuidadora dele disse que terá um encontro hoje a noite.

- Leyla me perguntou se teria algum problema se ela fosse até a cidade na companhia do Fernando e eu disse que não. - Dá de ombros e nesse momento confesso que me sinto irritado com minha mãe. - Ela precisa se divertir um pouco e, além disso, faço questão de cuidar de Rafael sempre que posso.

- Ok, mãe. - Levanto da cama inquieto, sem querer saber de mais detalhes.

- Mas por que não vamos você, Rafael, Haroldo e eu? - Questiona animada. - Acredito que todos nós merecemos essa comemoração, o que acha?

- Não sei se é uma boa ideia. Posso dizer que meu dia hoje foi muito intenso e acho que preciso ficar sozinho. - Nego o convite de forma educada.

Nesse momento minha mãe vira em direção a porta e abre um sorriso largo.

- Você está linda! - Diz sem esconder o encantamento. - Venha cá para Cadú te ver.

Meu coração quase para quando minha mãe sai do quarto e retorna no segundo seguinte acompanhada de Leyla.

- Veja, filho, como ela está deslumbrante! - Afirma animada. - Desse jeito vai voltar para São Paulo noiva do Fernando!

- Não fale bobagem, mamãe - Digo exasperado tentando não encarar o olhar azul de Leyla. - É só um encontro bobo.

Um silêncio sepulcral se instala no quarto e vejo o semblante animado de minha mãe desaparecer. Sem conseguir mais lutar contra meu instinto, vislumbro cada centímetro do corpo de Leyla.

Ela está vestida em um tubinho preto que vai até a altura da coxa. Seu decote em taça é convidativo, mas não chega a ser vulgar. Leyla usa apenas rímel para destacar seus olhos azuis e batom vermelho para evidenciar o formato carnudo de sua boca. Ela amarrou o cabelo em um rabo de cavalo e usa pequenos brincos que parecem de ser pérolas.

Meus olhos parecem viciados na cena à minha frente, pois não consigo para de fita-la por uma fração de segundo sequer. Sinto-me hipnotizado por sua beleza ao mesmo tempo que sinto a raiva me invadir por dentro por saber que essa produção é para outro homem.

Leyla parece ler meus pensamentos, pois me fita profundamente deixando transparecer certo incômodo por está em minha presença. Por isso, junto o que me resta de coerência de pensamentos para acabar com essa situação.

- Você não está atrasada para seu encontro? - Indago sentido meu sangue gelar.

Leyla continua a me encarar por uma fração de segundos e finalmente vira sua atenção para minha mãe.

- Obrigada pelo elogio, Dona Cássia. - Abre um sorriso fraco. - Prometo não demorar, mas se por acaso Rafael precisar de algo, por favor não exite em me chamar. Voltarei imediatamente.

Minha mãe parece perceber o clima pesado que domina o ambiente, pois intercala seu olhar atento sobre mim e Leyla antes de responder.

- Não se preocupe, está tudo sob controle. Pode ir tranquila que tudo ficará bem por aqui.

Leyla vira às costas sai do quarto me deixando totalmente desestabilizado.

Sem em mais nada pensar, sigo até a janela e vejo Fernando escorado em sua Hilux prata em frente a entrada principal da casa. Ele está vestido em uma camisa jeans com as mangas dobradas até o antebraço e em calça jeans colada com a tonalidade um pouco mais escura que a camisa, usa cinto marrom e botas da mesma cor.

Observo atentamente quando Leyla desce às escadas que dão acesso ao pátio e é recebida pelo veterinário com um largo sorriso. Os dois trocam cumprimentos cordiais, mas me surpreendo quando Fernando abre a porta do veículo e segura na mão dela a conduzindo até a entrada do carro. Depois ele dá a volta, entra no veículo, liga o motor e sai em direção à cidade.

Sinto meu coração apertar e uma inquietação toma conta de mim. Viro em direção à minha mãe e vejo uma certa preocupação em seu olhar.

- Preciso apenas de alguns minutos. - Abro um sorriso tentando disfarçar meu incômodo. - Hoje é dia de comemorar.

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