Larryverse (Universo 2 - ABO)...

By LarryVerso

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Onde Louis e Harry são um casal em universos paralelos. Cada capítulo é equivalente a um livro da Saga, podem... More

Livro 1 - Dois Alfas
Livro 3 - Dois Irmãos

Livro 2 - A Fera

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By LarryVerso

Chegay! Resumindo: meu notebook quebrou, demorou mais de um mês no conserto e até quando voltou outras coisas aconteceram e me impediram de postar o segundo livro. Mas consegui! Sei que estão morrendo por algo novo, então espero que isso deixe a semana de vocês melhor. E tenho quase certeza que o próximo livro vai vir mais rápido porque eu gosto dele (quando gosto mais que o normal eu tenho a motivação de fazer sair logo).

Já vou avisando que esse será MUITO PROVAVELMENTE (99,9%) o único Htops desse universo ABO. Respeitem a decisão, por favor, e não fiquem pedindo por mais. Não estou obrigando ninguém a ler ltops, se não quiserem ler. Tem outros htops no universo 1 e provavelmente vai ter mais por lá no futuro e em outros universos, mas ABO eu estou decidido em fazer só Ltops porque já tem Harry demais como Alfa e/ou dominante nesse tema nas fics.

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Comenta nesse parágrafo para ser marcado no livro 3 quando sair.

Boa leitura, Unis!

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Titulo: Feral

Descrição: Às vezes, beijar a Fera não a transforma em um príncipe encantado–ao invés disso, ele é um príncipe encantador que você quer dar um soco...

Louis é um ômega comum de dezenove anos de uma família perfeitamente respeitável. Ele não é o mais bonito, o mais inteligente, nem o mais forte dos quatro irmãos Tomlinson. E ele está de boa com isso, sério. Ele não é feio nem nada, mas considerando os padrões de ômega, ele não é nada de especial. "Nada de especial" descreve toda a vida de Louis. É totalmente monótona.

Então, quando coisas estranhas começam a acontecer na casa deles, isso desperta a curiosidade de Louis. Tem uma fera na mansão da família Tomlinson; Louis tem certeza disso. Às vezes, ele ouve rosnados e gritos vindos do porão, e os homens que guardam a porta parecem completamente aterrorizados.

O que poderia aterrorizar alfas adultos? Louis terá que investigar!

Mas a investigação vem com surpresas... como o efeito avassalador que a besta tem na natureza ômega de Louis. Não significa nada. Claro que não. Louis está só curioso; só isso.

A curiosidade pode mudar uma vida, mas quando você é atraído por um alfa feral cujo rosto verdadeiro você nem viu... ela mudará para melhor? E se a Fera não for um príncipe encantado, mas um desgraçado cínico de coração frio? Um desgraçado que Louis não deveria desejar–mas deseja. Um desgraçado que Louis deveria ficar longe, mas não consegue.

Tags: 61k, Htops, Lbottom, alfa Xeus x ômega, de estranhos vão pra amorzinho e de volta pra estranhos que "não se gostam" e depois amorzinho de novo, mutual pining (ambos se querendo sem saber e sofrendo com isso).

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Capítulo 1

Tinha uma besta no porão deles.

Louis Tomlinson descobriu isso completamente por acaso. Ele estava procurando pela gatinha dele Sheba, e depois de vasculhar a casa inteira em vão, Louis decidiu dar uma olhada no porão que ninguém nunca usava. Ele não teve muita esperança—o porão era tão frio, escuro e úmido que até sua gatinha não muito inteligente teria sido mais esperta do que ir para lá—mas quando Louis desceu, ele ficou surpreso ao encontrar guardas de segurança na porta. Guardas de segurança armados.

Tinha sons suspeitos vindo de trás da porta. Rosnados? Alguém acabou de gritar? Os olhos dos guardas estavam desconfiados e preocupados, as mãos perto dos coldres. Era mais do que estranho, considerando que a porta do porão era enorme. Nada deveria ser capaz de quebrar essa porta. Por que os guardas estavam tão inquietos então?

- O que está acontecendo? - Louis perguntou, dando um passo mais perto.

Os guardas bloquearam o caminho.

- Fique longe do porão, garoto, - disse um deles. - Ordens do seu tio.

- Não sou um garoto. - Louis disse, fechando a cara.

Ele tinha dezenove anos; um adulto!—mas é claro que o guarda não o levou a sério.

- Xô. - ele disse, dando um sorriso entretido antes de dar as costas para ele, o dispensando silenciosamente.

Era esse o problema: ninguém nunca levava Louis a sério. Falando nisso, ninguém nunca prestava muita atenção nele. Ele simplesmente não era notável de forma alguma. Ele não era o filho mais velho e mais forte: o meio-irmão dele Anthony que era. Ele não era o mais novo nem o mais inteligente: Eric de dezessete anos que era. Ele não era o mais bonito: esse seria Aslan, com o lindo cabelo dourado e olhos castanhos dourados.

Ele era só Louis: o banal e entediante Louis Tomlinson. A criança normal. Aquele que as pessoas mal olhavam antes de colocar os olhos nos irmãos. Não era que ele fosse feio nem nada assim. Ele era só... comum em comparação com os irmãos. Nada de especial. Os olhos azuis e cabelo castanho não eram terríveis, Louis supôs, a pele era bonita e a bunda era grande, mas era só isso. Ele dificilmente era o tipo de ômega que virava a cabeça das pessoas quando caminhava pela rua.

Estava tudo bem. Louis estava perfeitamente contente em ser comum, mesmo que às vezes se sentisse como um nada quando Aslan estava no mesmo cômodo. Estava tudo bem. Não era culpa de Aslan que ele fosse tão lindo. Além disso, quase todo mundo parecia um nada quando Aslan estava por perto; Louis não era especial nesse aspecto.

De qualquer forma. A questão era que ele era o irmão Tomlinson que as pessoas sempre lembravam como algo de segundo plano. Louis tinha certeza de que o segurança já tinha esquecido que acabou de ver ele.

Louis fez uma careta para as costas largas do homem antes de encarar a porta do porão, a curiosidade aguçada.

Ele queria muito saber o que eles estavam vigiando. Só uma olhadinha. Certamente não tinha consequência nenhuma nisso?

Tudo bem, talvez tivesse sim alguma consequência—se o tio descobrisse, a reação não seria bonita. Wayne Tomlinson era tudo menos tolerante. Se tio Wayne queria que eles ficassem longe do porão, ser o sobrinho dele não pouparia Louis da punição.

A menos que ele não fosse pego.

***

Louis precisou de dias de observação cuidadosa antes de descobrir quando os guardas mudavam de turno. Os guardas sempre pareciam mais relaxados e facilmente distraídos quando o turno se aproximava do fim. Ele também descobriu que o porão trancava por fora e, para o alívio de Louis, graças ao tipo de fechadura não seria perceptível quando a porta não estivesse trancada.

Depois de algumas ações estratégicas, que podem ou não envolver subornar Aslan para piscar os olhos para os guardas e pedir a ajuda deles (o rosto bonito de Aslan pode ser tão útil às vezes), Louis se esgueira para o porão, o coração batendo descontroladamente de animação, nervosismo e ansiedade.

Ele meio que estava esperando que o porão fosse escuro e assustador, com alguma besta perigosa trancada em uma gaiola ou algo assim.

Mas o porão não era escuro.

Era totalmente iluminado. Na verdade, parecia ter se transformado em... algum tipo de laboratório?

Louis olhou em volta com o cenho franzido, totalmente confuso. O tio era um empresário, não algum tipo de cientista.

Lentamente, ele se moveu mais para dentro do grande espaço, olhando ao redor com cautela. Mas não tinha besta em lugar nenhum. Ele não entendia. Então o que estava causando tanta confusão? Não tinha sido—

Algo rosnou e Louis parou abruptamente, com a cabeça girando em direção ao som.

Ele encarou.

Tinha um homem pelado amarrado a uma mesa de metal.

Essa foi sua primeira impressão. Estava errada. Porque não era um homem. Era um alfa Xeus. Um alfa Xeus na forma alterada.

Umedecendo os lábios secos com a língua, Louis se aproximou, curioso apesar de tudo. Ele nunca tinha visto um Xeus transformado. Caramba, ele nunca nem teve permissão de chegar perto de quaisquer alfas Xeus, fim de papo. Imundos, era do que tio Wayne os chamava. Abominações. Ômegas de boas famílias como a nossa ficam longe desses animais.

Louis nunca teve um motivo para duvidar das palavras do tio. Ele nunca tinha falado com um Xeus nos dezenove anos de vida, então o tio com certeza era mais informado do que ele sobre o assunto—Louis nunca tinha saído da casa da família. A mãe era antiquada assim: ômegas solteiros não deveriam deixar os lares de infância até que fossem apresentados à sociedade de classe alta. Louis deveria ter sido apresentado no ano passado, mas então a mãe morreu e...

Engolindo em seco, Louis afastou o pensamento. Não era hora de ficar lamentando.

Ele estudou o alfa com curiosidade.

O Xeus era... grande. Ele era puro músculo em todos os lugares, com uma constituição poderosa, com uma trilha escura de pelos indo para baixo terminando em um—

Ruborizando, Louis desviou os olhos. Ele se sentiu uma mistura de envergonhado, inquieto e dolorosamente curioso. Ele nunca tinha estado tão perto de um homem pelado. Mas um Xeus transformado era um "homem"? A maior parte dele parecia com um, mas as garras longas e assustadoras nas pontas dos dedos do Xeus pareciam indicar um "não". O rosto do alfa era muito feio, os traços vagamente masculinos, mas distorcidos em algo predatório e bestial. Pêlos faciais escuros como de um animal obscurecem a feição. E esses olhos... esses olhos verdes brilhantes que rastreiam cada movimento de Louis não parecem totalmente racionais, embora estivessem estranhamente atentos para uma besta qualquer.

O Xeus emanava força e virilidade, provavelmente por isso que Louis demorou um pouco para perceber que ele estava machucado. Tinha hematomas e cortes por todo o alfa, e tinha um ferimento no braço esquerdo, longo e irregular, ainda sangrando lentamente. Parecia que... alguém tinha literalmente arrancado a pele do bíceps dele. Ninguém se preocupou em enfaixar a ferida, provavelmente esperando que a cura superior do Xeus fizesse esse trabalho—eventualmente.

A náusea subiu para a garganta de Louis. O tio era o responsável por isso? Por que o tio Wayne manteria o Xeus aqui? Acorrentado, obviamente contra a vontade? Mesmo que o tio estivesse certo e os alfas Xeus fossem mais animais do que homens, nem os animais não mereciam ser feridos e feitos de experimento—e esse laboratório era claramente usado para algum tipo de experimento no Xeus. Tinha muitas amostras de sangue nos recipientes ao redor da mesa.

- Olá? - Louis disse, hesitante. - Você me entende?

O alfa apenas encarou ele, os olhos brilhantes se estreitando, as narinas dilatadas.

Louis estava um pouco nervoso, para ser sincero, e ele estava meio que feliz que as correntes impediriam o Xeus de atacá-lo. Imediatamente, ele se sentiu péssimo por pensar assim. Ninguém merecia ser tratado desse jeito. Ninguém.

Louis deu mais um passo à frente.

- Você não me entende, não é? - ele suspirou.

Isso era tão confuso. Xeus—a lua—não estava na época cheia. Esse alfa não deveria estar nesse estado. Pelo o que Louis sabe, alfas Xeus não deveriam ser capazes de se transformar nas formas bestiais quando a lua não estava cheia. Alguns alfas Xeus poderiam supostamente usar as garras fora da época de lua cheia, mas não deveriam ser capazes de transformar os rostos assim. Isso era simplesmente bizarro.

Franzindo o cenho, Louis olhou para o alfa com curiosidade.

- Bem, você claramente não está em condições de me dizer porquê está assim.

Ele se perguntou se o Xeus podia cheirar o quão confuso e nervoso ele estava. Provavelmente. Louis tinha ouvido falar que os sentidos de alfas Xeus eram mais intensificados em comparação com os alfas e ômegas que não se transformam.

Louis sorriu tristemente, encontrando os olhos do Xeus.

- Porra, estou realmente fora do meu patamar aqui, para ser sincero. Eu não esperava—eu não estava esperando você de jeito nenhum. Não tenho certeza do que devo fazer agora.

Apenas ir embora e fingir que não tinha visto o Xeus no porão parecia... errado. Cruel. Mas o que ele deveria fazer? Ele não podia exatamente confrontar o tio sobre isso. Ele não podia dizer para ele soltar o Xeus. Só de imaginar, isso fez Louis se encolher. Ele gostava de pensar que não era um covarde, mas existia a coragem e então a estupidez.

Tio Wayne não tolerava perguntas. Estritamente falando, ele não era o dono da casa ainda, mas com os pais mortos e o irmão mais velho ausente, tio Wayne era o guardião legal deles e o alfa de fato da família. E a questão era que, a esse ponto, eles nem tinham certeza de que Anthony estava vivo. Ele estava ausente há tanto tempo que Louis mal conseguia se lembrar do rosto do irmão mais velho. Ele tinha só quatro anos quando Anthony partiu para a guerra. Bem, a guerra já tinha acabado há alguns meses, mas eles ainda não tinham notícias de Anthony. Se ele não voltasse logo, provavelmente estava morto—e o tio se tornaria o dono da casa. As terras Tomlinson estavam vinculadas aos alfas. Com os três irmãos Tomlinson mais novos sendo ômegas, eles não podiam herdá-las e estariam completamente à mercê do tio se Anthony fosse declarado morto.

Um rosnado tirou Louis dos pensamentos.

Ele recuou, olhando para o Xeus com cautela. O alfa tinha os dentes à mostra, os músculos tensos tentando tirar as correntes.

- Merda, para—

Louis se encolheu quando os pulsos do alfa começaram a sangrar.

- Você está só se machucando! - ele agarrou o braço dele.

O alfa ficou rígido, os olhos verdes brilhantes fixos em Louis novamente.

Com o coração martelando, Louis engoliu em seco. Apesar do Xeus estar contido, Louis de repente se sentiu como uma presa. Mas ele não largou o braço do alfa, apenas suavizou um pouco o toque.

- Você está se machucando, - ele repetiu, mais suavemente. - Eu duvido que elas vão arrebentar, não importa o quão forte você seja. Olha, eu prometo que vou tentar te ajudar.

O Xeus o fulminou com o olhar, a respiração áspera era o único som na sala. Mas ele parou de se debater. Ele conseguia entender, então?

Louis inclinou a cabeça para o lado.

- Você consegue me entender?

O Xeus apenas continuou olhando para ele com o mesmo olhar irritantemente intenso e não muito racional. Os músculos estavam muito rígidos, apesar de ele estar imóvel. Ele não estava relaxado de forma alguma. Ele parecia um animal pronto para atacar a qualquer momento. Um animal acuado e ferido.

Animais feridos eram perigosos e imprevisíveis; disso Louis sabia.

Louis olhou em volta até encontrar um frasco de estancador de sangue. Estalando a língua em desgosto—por que o pessoal do tio não o usaria no Xeus quando tem isso aqui?—Louis o pegou e voltou para o alfa. Ele hesitou, encontrando o olhar hostil. Ele tinha o coração mole, mas não era suicida.

- Eu não quero te machucar, - ele disse, mantendo a voz o menos ameaçadora possível. - Você vai me deixar tratar seus ferimentos? Esse corte no seu braço está horrível.

O Xeus não respondeu, mas a linguagem corporal também não se tornou mais hostil.

Tudo bem.

Louis se aproximou.

O alfa ainda estava observando Louis com cautela, mas ele nem mesmo reagiu quando Louis aplicou o medicamento na ferida do braço. Louis ficou satisfeito quando o estancador de sangue fez seu propósito rapidamente e a ferida finalmente parou de sangrar.

- Prontinho. - Louis murmurou, olhando de volta para o alfa.

O Xeus ainda estava encarando ele.

Ok, isso estava começando a ficar um pouco assustador.

Umedecendo os lábios, Louis o encarou de volta. Esses olhos brilhantes eram estranhamente fascinantes: assustadores, mas também fascinantes. Era incrivelmente difícil desviar o olhar, os sentidos se aguçaram e se concentraram apenas nesses olhos. Ele se sentia—

O celular vibrou no bolso e Louis desviou o olhar, se sentindo um pouco desorientado.

Certo. O celular.

Era uma mensagem de Aslan, avisando que Louis não tinha muito tempo antes que os guardas voltassem.

- Eu tenho que ir, - Louis disse, levantando o olhar do celular. - Eu preciso ir antes que eu seja pego.

O alfa rosnou.

- Eu voltarei, - Louis disse. - Eu vou te ajudar a escapar, eu prometo.

O Xeus não respondeu, olhando para ele com uma intensidade bizarra. Isso fez o estômago de Louis apertar e o coração bater mais rápido no peito sem motivo. Era medo que ele estava sentindo? Ele não tinha certeza.

Quando ele voltou para o quarto, o coração ainda estava batendo muito rápido. Ele se sentia confuso, inquieto e muito perdido.

A gatinha estava na cama, as garras afofando o edredom. É claro, tinha que ser.

- Isso é tudo culpa sua. - Louis disse.

Sheba miou.

Capítulo 2

Louis passou os dias seguintes sobressaltando com cada pequeno som, com medo de que tio Wayne tivesse descoberto sobre a visita dele no porão. E se eles notassem que alguém usou um estancador de sangue no Xeus? Louis só podia esperar que eles pensassem que era a cura superior do Xeus em ação.

Mas, à medida que uns três dias se passaram sem nenhum problema, Louis relaxou—o suficiente para começar a pensar em voltar.

Ele sabia que era loucura. Foi um milagre ele não ter sido pego da última vez. Ele não deveria brincar com o destino novamente.

Mas ele tinha prometido. Sem mencionar que a própria curiosidade não o deixava se esquecer do Xeus. Quem era ele? Por que ele foi trancado no porão? O que o tio queria com ele?

Ok, hora de pesquisar. Ele precisava pesquisar isso. Ou melhor, ele precisava que Eric pesquisasse para ele. Afinal, Louis não era o irmão Tomlinson inteligente. Ele gostava de pensar que era muito inteligente, mas não tinha vergonha de admitir que o irmão mais novo era o gênio da casa.

- Por que você está interessado nisso? - Eric perguntou.

- É uma questão totalmente hipotética. - Louis disse, fazendo uma cara inocente.

Eric, abençoada seja sua preciosa alma, não suspeitou que ele estivesse mentindo, é claro. Apesar de toda a inteligência, Eric não era bom com pessoas. Ou ler pessoas. Ou conversar com pessoas. Louis meio que temia a inserção de Eric na sociedade: ele tinha poucas dúvidas de que seria um desastre, e Louis só podia esperar que algum alfa babaca não usasse a falta de noção social do irmão caçula contra ele.

Eric ruminou e começou a digitar no computador.

- Eu normalmente diria que é impossível um alfa Xeus se transformar na forma bestial fora da lua cheia de Xeus, mas existe uma droga sombria que pode forçar um Xeus a se transformar. É chamada de Kerosvarin.

Louis se animou.

- Você conhece uma cura?

Eric balançou a cabeça, afastando a franja castanho clara dos olhos. Fisicamente, ele era o meio termo entre o Aslan de cabelo loiro e o Louis de cabelo castanho. Ele não era tão lindo quanto Aslan—ninguém era—mas Eric ainda era muito adorável. Definitivamente mais bonito do que ele. Louis estava feliz. Ele estava de boa em ser o simples zé ninguém da família e queria que as coisas fossem mais fáceis para Eric. Porque, por mais que fosse uma droga, o valor de um ômega para uma família ainda se definia nas perspectivas de casamento. Louis tinha ouvido falar que as coisas eram diferentes em Kadar para os ômegas, mas Pelugia ainda estava parada na idade das trevas quando se tratava de questões sociais como os direitos dos ômegas.

Louis esperava que o irmão mais novo pudesse encontrar um bom par. Dito isso, todos sabiam que Aslan era o irmão que iria se casar primeiro: ele provavelmente se casaria com algum alfa rico, bonito e importante, talvez até mesmo um de classe alta da sociedade. Quanto a Louis... Tio Wayne disse que Louis teria sorte se recebesse qualquer oferta de casamento. Louis meio que esperava não receber ofertas de casamento, mas obviamente ele não compartilhava essa opinião quando tio Wayne estava por perto.

- Não existe cura, - Eric disse, franzindo o cenho enquanto lia algo na tela. - É engraçado que você tenha perguntado sobre isso, na verdade. Vejo um aumento de atividade de pesquisas relacionadas aos termos "Xeus" e "Kerosvarin". Algo está acontecendo. Considerando os rumores...

- Que rumores? - Louis disse.

Eric deu de ombros, os olhos ainda na tela.

- Todo tipo de rumor tem circulado desde o evento na Opal House do mês passado.

- Sério? Achei que o evento tivesse sido bloqueado pelo NDA?

- Foi, - Eric disse. - Mas a tecnologia NDA não foi ativada imediatamente, então algumas coisas ainda vazaram. Por exemplo, o vídeo do Príncipe Haydn escolhendo o marido ao invés do Rei Stefan vazou antes que a tecnologia de NDA bloqueasse tudo. E tem relatos de um alfa Xeus feral atacando convidados—tem umas fotos borradas—mas esses relatórios são bem confusos e nenhum vídeo vazou antes da tecnologia de NDA ser habilitada... Interessante...

Louis franziu o cenho.

- Por que eles usariam a tecnologia NDA para tal evento? É estranho.

Eric deu de ombros.

- Se os rumores de um Xeus feral estiverem corretos, o Xeus pode ter mutilado ou matado alguém importante. Ou o Xeus era alguém importante. Em qualquer caso, eles querem proteger a identidade do Xeus. Na verdade, é uma prática comum em eventos de alto escalão, especialmente em eventos políticos.

Droga. Então Louis estava de volta à estaca zero: ele não tinha pistas. O Xeus selvagem em seu porão pode ou não ser o mesmo Xeus selvagem que atacou as pessoas no evento político do mês passado, mas como o evento estava bloqueado pelo NDA, Louis não tinha como averiguar.

- Tudo bem, obrigado. - ele disse, dando um beijo distraído no topo da cabeça de Eric antes de se afastar.

Ele ficou decepcionado com o quão pouco descobriu, mas mesmo que ainda não tivesse ideia sobre a identidade do Xeus ou como ajudá-lo, isso não significava que ele não poderia tentar ajudá-lo.

Louis passou o resto da semana planejando. Dessa vez, ele sabia o que esperar e se preparou de acordo com a situação. Ele pegou um pen drive, com a intenção de copiar os arquivos do computador que viu no porão, o kit de primeiros socorros—e um pouco de comida. Ele percebeu como o Xeus estava magro. Louis não tinha dúvidas de que o alfa ainda poderia facilmente quebrar o pescoço dele, mas ele realmente estava magro, todo músculos e pele, sem nenhuma gordura corporal. Ele definitivamente precisava de um pouco de comida.

Quando tudo estava pronto, Louis foi até Aslan e tentou convencê-lo a distrair os guardas novamente.

Entretanto, dessa vez o irmão mais velho não foi tão cooperativo.

- Por quê? - ele disse, olhando para ele com desconfiança.

Ele era ridiculamente cativante.

Louis deu um tapinha na cabeça dele.

- Não preocupe sua linda cabecinha com isso.

Ele levou um soco no estômago pelo "linda cabecinha", mas, eventualmente, Aslan relutantemente concordou depois que Louis prometeu contar tudo para ele mais tarde. Eles concordaram que Louis mandaria uma mensagem quando quisesse sair do porão para que Aslan pudesse distrair os guardas novamente.

Assim que Aslan fez a parte dele com sucesso, Louis disparou escada abaixo. Ele estava meio com medo de que alguém já estivesse no porão, apesar da hora tardia, mas a preocupação acabou por ser infundada.

O Xeus estava sozinho. Ele ainda estava acorrentado à mesa de metal, o corpo longo e poderoso coberto de hematomas e cortes. Louis estremeceu de simpatia. Parecia pior do que da última vez.

- Quem é você? - disse uma voz rouca.

Louis congelou.

O olhar se voltou para o rosto do alfa. Ele o encontrou olhando para Louis com os olhos estreitos. Era bizarro. O rosto do Xeus ainda era feio como o inferno, os traços cruéis e predatórios, mas tinha racionalidade para valer nos olhos. Como isso era possível? Ele não conseguia se comunicar na semana passada.

- Olá, - Louis disse quando se recuperou da surpresa. - Você não se lembra de mim?

As narinas do Xeus se dilataram. Ele estava inalando o cheiro dele, Louis percebeu com uma fascinação mórbida. Parecia ser verdade que os alfas Xeus tinham sentidos muito melhores. Louis não conseguia sentir o cheiro dele de tão longe. É claro, os próprios sentidos estavam comprometidos pelos supressores que estava usando. Todos os ômegas Dainiri tomavam supressores depois do primeiro heat.

- Você cheira familiar. - o alfa disse.

A voz estava rouca e grave, e parecia que cada palavra exigia esforço. A suspeita nos olhos verdes brilhantes não sumiu completamente, mas o corpo relaxou um pouco.

Não era de se surpreender, Louis refletiu. Ele tinha ouvido falar que ômegas não vinculados tinham um cheiro doce e reconfortante para os alfas, e parece que alfas Xeus não são exceção.

O batimento cardíaco se tornou mais estável, ele se aproximou e estalou a língua em consternação quando viu os cortes no corpo do alfa. Eles estavam piores de perto.

- Eu estive aqui na semana passada, - Louis disse, pegando os suprimentos do kit de primeiros socorros. - Eu te ajudei, lembra?

- Não.

Os músculos do alfa ficaram um pouco tensos, mas ele não fez nenhum som quando Louis aplicou um antisséptico nas feridas mais profundas, mesmo que fosse doloroso.

- O que você está fazendo?

- O que parece que estou fazendo? - Louis disse, aplicando o estancador de sangue. - Não seja um rabugento tão desconfiado. A propósito, é bem conveniente que de repente você esteja falando, mas você não conseguia falar comigo da última vez?

- Não me lembro, - o Xeus disse, abrindo um buraco em Louis com os olhos. - Quem é você? Eles que te mandaram?

- Ninguém me mandou. - Louis disse, aplicando o estancador de sangue no corte no estômago do alfa e tentando não corar.

Ele decididamente não olhou abaixo da cintura do alfa. Tão perto, ele podia sentir o aroma do Xeus: algo espesso e carregado que ele não conseguia identificar. O cheiro era... não era desagradável. Louis pigarreou.

- Na verdade, terei muitos problemas se eles descobrirem que estou aqui. - ele cutucou as costelas do alfa. - Você quer comer? Eu trouxe comida.

O Xeus não disse nada, ainda o observando com cautela, mas o estômago roncou.

Louis sorriu.

- Vou levar isso como um sim. Aqui.

Ele pegou a comida que tinha trazido—frango—e depois fez uma pausa, olhando para as algemas. Oh.

- Vou ter que te alimentar.

- Me liberta. - o alfa disse, flexionando as mãos com garras.

Louis riu um pouco.

- Eu pareço alguém que tem as chaves para essas coisas? Desculpa, mas vou ter que te alimentar. E infelizmente esqueci de trazer um garfo. Promete não morder minha mão?

O Xeus apenas o encarou por um longo momento antes de concordar com óbvia relutância.

Alimentar um homem adulto, especialmente um que estava pelado, era... estranho. Louis corou enquanto colocava pedaços de frango na boca do Xeus. Ele observou a boca enquanto ela mastigava, observou a garganta musculosa movimentando enquanto engolia.

Louis se viu inalando mais profundamente, respirando o odor do alfa—ele cheirava tão bem. Ele ficou um pouco abismado com o calor repentino nas regiões inferiores. Bem, isso era simplesmente constrangedor. Mas talvez fosse uma reação fisiológica normal. Ele nunca tinha estado tão perto de um alfa que não fosse parente dele. Talvez fosse totalmente normal.

Exceto que ele estava ficando duro entre as pernas.

Duro e molhado.

Porra. Talvez todas as coisas degradantes que as pessoas diziam sobre ômegas Dainiri fossem verdade. Louis sempre zombava delas, mas pela primeira vez na vida, ele se perguntou se ômegas como ele realmente abririam as pernas com prazer para qualquer alfa viril. Porque não tinha outra explicação para o motivo de ele estar molhado de repente apenas por estar perto de um alfa. Um alfa Xeus muito feio. O corpo do Xeus pode ser o de um homem grande e musculoso, mas o rosto deveria ter repelido Louis. Não adiantou.

Com as bochechas quentes, Louis não conseguia encontrar os olhos do alfa. Ele conseguia sentir o cheiro da excitação dele? A julgar pelas narinas dilatadas, ele conseguia. Felizmente, o Xeus não fez comentários sobre isso, comendo vorazmente. Quando ele terminou, ele lambeu os dedos de Louis, e Louis teve que engolir o gemido que ameaçou sair da boca. Porra, o que tinha de errado com ele? Ele estava tremendo, a virilha latejante e necessitada.

Os olhos brilhantes fixaram nele. As presas do alfa beliscaram o dedo de Louis.

Com a cueca desconfortavelmente molhada, Louis tirou a mão e pigarreou, tentando afastar a imagem mental de sentar no rosto do Xeus enquanto o alfa o lambia entre as pernas. Que porra é essa. De onde isso estava vindo?

Se concentra, Louis.

Se virando rapidamente para esconder o rosto corado, Louis foi até o computador e colocou as luvas—ele não queria deixar as impressões digitais em nenhum lugar, só para garantir. Os dedos ainda tremiam quando ele ligou o computador. Tinha uma senha, é claro, mas isso não o impediu. O tio não era muito criativo. Louis precisou de apenas algumas tentativas antes que adivinhasse a senha—o aniversário do tio, pfft. Ele pegou o pen drive e começou a copiar qualquer coisa que parecesse remotamente interessante.

- O que você está fazendo? - disse a voz rouca atrás dele.

- Eu quero descobrir o que está acontecendo aqui, - Louis disse, tentando soar casual e nem um pouco como se ele ainda tivesse uma ereção. - Porquê ele está mantendo você aqui.

- Ele? Você quer dizer aquele alfa?

Louis não precisou se virar para sentir o ódio na voz do Xeus.

- Sim. Você conhece ele? - ele quase bateu em si mesmo.

Por que ele não tinha pensado nisso? Em sua defesa, ele não esperava que o Xeus começasse a falar.

- Você sabe por que ele está mantendo você aqui?

- Não, - o alfa disse rispidamente. - Eu não me lembro. Não me lembro de nada até os últimos dias.

- Mas? - Louis perguntou.

- Eu os ouvi falar.

Louis fez um som encorajador.

- Eles estão procurando algum tipo de cura. - o Xeus disse.

Louis franziu o cenho. O tio estava procurando alguma cura médica? Ele estava literalmente usando o Xeus como um rato de laboratório?

- Preciso ir. - ele disse quando a transferência dos arquivos foi concluída.

Ele desligou o computador e disse, sem olhar para o alfa:

- Vou dar uma olhada nesses arquivos e então talvez descubra o que está acontecendo aqui. Por favor, não diga a ninguém que eu estive aqui ou não serei capaz de te ajudar—

- Vem aqui.

Louis molhou os lábios.

- Por quê?

- Vem aqui. - o Xeus repetiu, a voz tão grave que era quase um rosnado.

Foi a imaginação do Louis ou o cheiro do alfa se tornou mais forte? Louis ainda conseguia sentir o odor dele de toda essa distância, e isso realmente não estava ajudando a situação nas calças.

Ele tinha certeza de que o Xeus não estava usando a voz de alfa—os alfas Xeus não possuíam essa habilidade—e ainda assim Louis se viu fazendo o que foi dito.

Ele colocou o pen drive no bolso e voltou para o Xeus, o coração batendo forte.

Os olhos verdes brilhantes o observavam atentamente.

Quanto mais perto Louis ficava dele, mais duro o pau de Louis ficava e mais molhado o buraco se tornava. Deuses, era horrível. Que tipo de puta ele era? Ele estava vazando. Ele já podia sentir a lubrificação deslizando pela perna.

Quando ele parou perto do Xeus, as mãos do alfa flexionaram, as garras afiadas arranhando a mesa de metal a que ele estava algemado.

- Você cheira bem, - o alfa disse com as narinas dilatadas, lambendo os lábios. - Me deixa te provar.

Louis estava sem palavras, o rosto ficando vermelho. Restam poucas dúvidas do que ele queria dizer com isso.

- Você... - ele conseguiu dizer. - Eu não—

Fuzilando o alfa, ele agarrou as coisas e praticamente fugiu.

Louis teve que parar no topo da escada e mandar uma mensagem para Aslan dizendo que ele queria sair. Encostado na parede, ele esperou pela mensagem de "a área está limpa" do irmão, as coxas apertadas com força e os dentes cravados no lábio inferior. Como ousa aquele bruto—aquele animal—!

Quando finalmente voltou para o quarto, Louis se jogou na cama e encarou o teto. Isso era o que ele ganhava por ser uma pessoa legal—tratado como uma puta por um Xeus! Ugh. Aquele animal realmente achava que Louis deixaria ele o provar? O lamber entre as coxas, penetrar o buraco com a língua—

Louis abriu o zíper e esfregou o pau com força e rapidez, se imaginando sentado no rosto do Xeus, cavalgando com força, a língua do Xeus macia e úmida contra a dolorida entrada.

Ele gozou com um gemido fraco, envergonhado e apavorado.

Maldito inferno, o que tinha de errado com ele?

Capítulo 3

Louis estava com raiva e envergonhado o suficiente para empurrar o Xeus para o fundo da mente por alguns dias.

Mas no terceiro dia a curiosidade—e a consciência—finalmente superaram os outros sentimentos e ele decidiu verificar os arquivos que copiou para o pen drive.

Duas horas depois, Louis fechou os arquivos, se sentindo um pouco enjoado. E um pouco assustado, para falar a verdade.

Os arquivos eram um registro aparentemente feito por um tal de Dr. Umberto Navarra: as suas observações dos experimentos feitos no Xeus. O registro era completamente nojento com a falta de compaixão. O Dr. Navarra tratou o Xeus como uma coisa, descrevendo racionalmente as drogas e produtos químicos tóxicos usados ​​nele e o efeito que tiveram no "cobaia".

Se Louis entendeu o registro corretamente, o principal objetivo do médico era reverter o efeito da Kerosvarin e devolver a racionalidade do Xeus feral. A julgar pela capacidade recém-descoberta de falar do Xeus, os experimentos tinham sido claramente bem-sucedidos, pelo menos em parte. O que Louis não entendia era porquê eles estavam fazendo isso—porquê o tio estava conduzindo esses experimentos ilegais. Não fazia sentido.

Embora os registros fossem secos e pragmáticos, a crescente frustração de Navarra era óbvia. Parecia que ele não estava feliz com o progresso, frustrado pela incapacidade de reverter a aparência e os instintos bestiais do Xeus.

E então tinha a outra parte da "pesquisa": os experimentos físicos para testar a habilidade de cura do Xeus. Parecia que toda vez que eles tentavam uma nova droga no alfa, eles tinham que se certificar de que o fator de cura superior do Xeus não fosse afetado—parecia ser a prioridade. Tinha um registro informando que eles tinham tentado uma nova droga que apresentava grande potencial para reverter a aparência bestial do alfa, mas aparentemente afetava o fator de cura negativamente, então eles tiveram que parar de administrá-la.

Era bizarro. Por um lado, tentar reverter os efeitos da Kerosvarin parecia uma boa ação. Exceto que parecia que a pesquisa estava sendo feita por algum outro motivo, que não fosse um motivo altruísta. Sem mencionar que o Xeus claramente não deu o consentimento para esses experimentos, e ele com certeza não deu permissão de ser fisicamente torturado pelo bem da ciência.

Louis precisava tirá-lo de lá. Ele não tinha escolha. A consciência não o deixaria ignorar o problema, não importa o quão envergonhado e inquieto ele estivesse com a reação ao Xeus. Às vezes, era preciso engolir e deixar de lado os sentimentos pessoais, e esse era um desses casos.

Louis considerou as opções.

Parecia que o pensamento racional do Xeus tinha sido restaurado o suficiente—no estado atual, era improvável que ele fosse um perigo para os outros se Louis o libertasse. Mas como ele deveria fazer isso?

Ele precisava da chave das algemas.

Mais tarde naquela noite, Louis se esgueirou até o escritório do tio. A casa estava silenciosa. Já era tarde o suficiente para que todos estivessem na cama. Ou assim ele pensava.

Ele podia ouvir vozes fracas vindo do escritório do tio.

Louis congelou, olhando para a porta. Em seguida, ele tirou os sapatos e se aproximou antes de pressionar o ouvido contra a porta.

- ...Já faz mais de um mês!

- Isso não é suficiente, Sr. Tomlinson, - disse uma voz masculina desconhecida. - Estamos fazendo tudo o que podemos e o progresso que fizemos é claramente incrível! Se eu pudesse publicar os resultados de nossa pesquisa, seria a maior descoberta de—

- Eu não me importo, - tio Wayne rosnou. - Eu estou correndo contra o tempo.

- Senhor, francamente, não entendo porquê você não nos permite dar a Kerosvarin agora. Você não se tornará uma criatura selvagem como a do porão. Você será simplesmente um alfa Xeus normal—

- Não tem nada de normal sobre essas bestas nojentas, - tio Wayne rebateu, o tom cheio de desdém. - Não vou concordar em ser transformado em uma a menos que esteja no meu leito de morte!

Um suspiro.

- Estamos fazendo o nosso melhor, Sr. Tomlinson, - o homem disse, a voz quase suplicante. - Mas você tem que entender que está nos pedindo para fazer o impossível em questão de semanas. Os efeitos da Kerosvarin são normalmente irreversíveis! Você não pode esperar que nós—

- Estou te pagando uma fortuna para fazer o impossível, Navarra, - tio Wayne disparou. - Trabalhe mais rápido. Eu me recuso a me tornar um Xeus imundo que se transforma em uma besta sem cérebro a cada lua cheia.

- Muito bem, - Navarra disse com um suspiro. - Vamos continuar tentando. Nosso progresso tem sido incrível. Ele já pode falar e pensar um tanto racionalmente, mas até agora não tivemos sucesso em consertar a aparência física e os instintos bestiais.

- Tente mais. - tio Wayne disse mordaz.

Após uma pausa, ele acrescentou:

- Ele já se lembra de quem é?

- Não, senhor.

- Hmm, me avise se ele lembrar. Estou um pouco curioso sobre isso. Se o governo kadariano se importou em usar a tecnologia NDA nele, ele pode ser alguém importante. Talvez até um senador kadariano.

- Senhor, não é... Não é perigoso? Se ele for realmente alguém importante?

- Isso não faria diferença. - a voz do tio Wayne era monótona. - Você sabe que não.

O silêncio resultante fez o estômago de Louis apertar.

O quê...? O tio quis dizer que ele pretendia matar o Xeus?

- Além disso, - tio Wayne disse. - Pode muito bem ser um Xeus diferente, não o que causou uma confusão na Opal House no mês passado. Nós não temos como saber.

- Kerosvarin é uma droga proibida muito tenebrosa, - Navarra disse, soando cético. - Até eu mal consegui a adquirir no mercado ilegal depois de meses de tentativas. As chances de ter outro Xeus envenenado com essa droga parecem bastante reduzidas. Deve ser o mesmo.

- Não tem importância, - o tio Wayne repetiu, a voz mais dura. - O importante é que encontramos um cobaia para seus experimentos. Agora você deve fazer sua parte.

- Eu vou! Claro que vou.

As vozes pareciam mais próximas e, após pegar os sapatos, Louis se afastou apressado, tentando não fazer barulho. O coração ainda estava batendo forte quando voltou para o quarto, a mente girando com o que tinha ouvido.

Tudo bem. Pensa. Ele pode não ser o Eric, mas ele não era estúpido.

O que ele descobriu?

Dr. Navarra queria usar Kerosvarin no tio Wayne. Kerosvarin é uma droga ilegal que amplifica os genes de designação adormecidos da pessoa e transformaria o tio Wayne em um alfa Xeus. Isso significava...

Parecia que o tio estava doente. Seriamente doente. Com a repulsa do tio Wayne em relação aos alfas Xeus sendo bem documentada, não existia nenhuma maneira de ele considerar ser transformado em um, a menos que estivesse no leito de morte. Não era difícil adivinhar porquê o Dr. Navarra sugeriria isso como uma solução: alfas Xeus tinham o metabolismo e a regeneração elevados. Os corpos destroem células ruins, razão pela qual eles nunca tiveram câncer.

O tio poderia ter câncer? Vários tipos de câncer eram incuráveis, até com a medicina moderna. Teoricamente, transformar um alfa não metamorfo doente em um alfa Xeus com regeneração elevada provavelmente ajudaria. Exceto que o tio Wayne claramente não estava feliz com a solução e não tinha nenhuma vontade de permanecer um Xeus. Daí os experimentos do Xeus no porão. Eles estavam tentando reverter os efeitos da Kerosvarin.

E quando eles conseguissem fazer isso, eles iriam matar o Xeus. Eles nunca o libertariam.

Louis andava de um lado para o outro no quarto, a ansiedade aumentando.

E se ele tentasse entrar em contato com o governo kadariano? Se o Xeus fosse um kadariano, se ele fosse alguém importante o suficiente para justificar o uso da tecnologia NDA, era provável que o governo kadariano o ajudasse. Exceto que as relações de Pelugia com Kadar estavam tensas novamente. De jeito nenhum alguém na Opal House estaria disposto a ouvir uma criança de outro país. Era improvável que Louis conseguisse contatar mais do que uma secretária de baixo escalão. Simplesmente não parecia realista. Sem mencionar que Louis não queria que a família se envolvesse em um escândalo. Aslan o odiaria para sempre se ele arruinasse a apresentação dele na sociedade. Bem, estritamente falando, era a apresentação deles, mas Louis não era quem iria conseguir todos os pretendentes. Aslan sonhava com sua temporada social há muito tempo—ela já tinha sido adiada duas vezes por causa da morte da avó e da mãe. A apresentação era importante para ele. Louis pode zombar da vaidade do irmão, mas ele ainda o amava. Ele não poderia arruinar os sonhos de Aslan.

Então, o que ele poderia fazer?

Ele poderia ajudar o Xeus a escapar. Em outras palavras, o plano não mudou.

Ele ainda precisava encontrar a chave para as algemas.

***

Ele teve sorte dois dias depois.

O tio tinha saído da propriedade para tratar de alguns negócios. Pelo menos foi o que ele disse. Depois de tudo que ouviu, Louis estava cético em relação a tudo o que o tio dizia, mas certamente não estava reclamando. Com a partida do tio, ele poderia vasculhar os aposentos dele e o escritório sem medo de ser pego. Ele só esperava que o tio não levasse a chave com ele.

A sorte dele durou. Louis encontrou as chaves no quarto do tio. Pelo menos ele esperava que uma dessas chaves fosse a certa: algumas delas definitivamente pareciam do tipo que liberaria a fechadura eletrônica das algemas. Sorrindo de alívio, Louis colocou as chaves no bolso e quase correu para o quarto de Aslan.

- Eu preciso da sua ajuda!

Aslan ergueu os olhos do livro e revirou os olhos.

- Não vou flertar com os guardas de novo.

Louis se sentou ao lado dele na cama.

- Por favorzinho, irmão meu?

Bufando, Aslan voltou o olhar para o livro.

- Não.

- Vamos, Ash! - Louis se aproximou. - O que você está lendo? Eu não sabia que você lia.

Ele recebeu uma cotovelada na lateral do corpo pela provocação.

Aslan estava corando?

- Está corando? Que livro é esse? - Louis pegou o livro e olhou para a capa antes que Aslan pudesse impedi-lo.

Ele riu ao ver o título.

- A Nobreza da Classe Alta Pelugiana?

- Cala a boca, - Aslan disse defensivamente. - Você deveria ler isso também! Todos os jovens ômegas respeitáveis leem.

- É chato, - Louis disse, franzindo o nariz. - Por que eu iria ler isso?

- Para formar um bom par. - Aslan disse, como se Louis fosse o estúpido aqui.

Os lindos olhos castanhos dourados se fixaram em Louis com algo parecido com perplexidade.

- Você não quer ter um casamento bom?

Louis riu.

- Casamento bom? O que isso significa? Se você quer dizer um casamento que dê um título, é muito improvável. Alfas de alto escalão só se casam com alguém abaixo da classe deles se o ômega for alguém belo. Então... não é relevante para mim.

Aslan franziu o cenho.

- Eu gostaria que você não falasse de si mesmo assim. Você é muito bonito.

Sentindo uma onda de afeto, Louis passou a mão pelo cabelo de Aslan.

- Você é suspeito de falar, - ele disse com uma pequena risada. - Não sou nada especial. Não sou feio nem nada, mas pareço um beta bem bonitinho, não um ômega. Não tem nada notável sobre mim. Alfas nobres não olham para ômegas como eu.

Aslan ainda estava fechando a cara.

- Você poderia se casar com um visconde.

Louis riu novamente.

- Você poderia sim! - Aslan disse teimosamente. - Existem trinta e seis viscondes alfas solteiros—

- Seu conhecimento do assunto meio que me apavora, - Louis disse com um sorriso torto. - Deixa isso de mão, Ash. Eu não formarei um par incrível na sociedade—eu não quero formar, de qualquer maneira. Todos nós sabemos que você é quem vai fazer isso. Com quem você quer se casar?

Aslan corou um pouco.

- Eu não escolhi ninguém. Seria extremamente impróprio escolher um alfa antes de o conhecer. E seria muito pretensioso da minha parte—

- Ah, qual é, - Louis disse. - Eu não acredito em você. Tenho certeza de que você eliminou os candidatos até sobrar dois ou três.

- Tudo bem. Mas não conte para ninguém.

- Meus lábios estão fechados. - Louis prometeu, suprimindo uma risada e fazendo a expressão mais séria.

- Tem o conde de Sherbrooke, - Aslan disse pensativo. - Ele seria um pretendente fantástico para qualquer ômega: rico, relativamente jovem e bonito. Tem a marquesa de Ferhum—ela é uma das alfas mais bonitas que existe, com certeza—

- Eu achei que você preferia um alfa homem. - Louis disse, bocejando.

Toda essa conversa sobre possíveis pretendentes o entediava.

Aslan deu de ombros.

- Eu prefiro, mas você tem que abrir espaço para outras opções. Um nó é um nó, não é?

- Aslan! - Louis disse, engasgando com a risada.

Aslan sorriu.

- Qual é! Como se você nunca tivesse pensado nisso! Obviamente, existem diferenças entre alfas homens e mulheres, mas ambos têm as próprias vantagens.

A imagem do Xeus pelado no porão passou pela mente de Louis. Com as bochechas quentes, Louis desviou o olhar.

- Tem... Tem algum alfa Xeus entre seus candidatos elegíveis? - Louis disse depois de um momento.

Na verdade, ele não tinha ideia se Aslan concordava com o preconceito do tio.

O rosto de Aslan fez algo estranho.

- O quê? - Louis disse, a curiosidade aumentando.

- Você sabe que tio Wayne seria contra qualquer um de nós casarmos com um Xeus, - Aslan disse cuidadosamente, olhando para as unhas. - Mas, tecnicamente, ele não é o alfa da nossa família até que Anthony seja declarado morto. Além disso, se um Xeus rico com um título me oferecer casamento, não acho que o tio se importaria tanto—

Louis sorriu.

- Quem são? Quem você escolheu?

- Eu não escolhi, - Aslan disse, os dedos brincando com as cobertas da cama. - Mas o duque de Westcliff é o alfa mais bonito do planeta. Seria ridículo dispensá-lo só porque ele é um Xeus. Ele é rico, lindo, tem um título e—

- Ele é sobrinho do rei, Ash. - Louis disse quando conseguiu recuperar o queixo caído.

Ele não tinha ideia que as ambições de Aslan eram tão altas.

- Ele não é só um duque; ele é um duque da realeza! Nossa alfa era só uma viscondessa.

Aslan não pareceu ligar.

- E daí? Você acha que ele vai se importar se estiver apaixonado? - ele sorriu sonhadoramente. - Ele é tão bonito, Louis.

Isso Louis não poderia discutir. Até ele às vezes parava e encarava quando eles mostravam a família real no noticiário. O Rei Stefan e o Príncipe Haydn eram alfas bonitos, mas ficavam completamente apagados ao lado do Duque de Westcliff. O alfa alto e de cabelo cacheado deixava os outros alfas apagados em comparação a ele. Ele era praticamente a versão alfa de Aslan: tão incrivelmente lindo que não parecia real. Talvez eles formassem um bom par, afinal.

- Mesmo assim, - Louis disse. - Por favor, reveja suas expectativas, Ash. Porque se você focar no Westcliff, qualquer outro vai parecer um prêmio de consolação em comparação a ele.

- Eu sei. - Aslan disse, mas a julgar pela expressão dele, ele não estava levando as palavras de Louis a sério.

Louis balançou a cabeça com um pequeno sorriso. O irmão estava acostumado a ter todo mundo comendo na palma da mão. A aparência angelical geralmente deixava Aslan escapar impune até de um assassinato, então Aslan provavelmente não conseguia imaginar alguém não se apaixonando por ele. Não era realmente vaidade quando era verdade, certo? Na opinião de Louis, o duque de Westcliff olharia uma vez para Aslan e se apaixonaria. Afinal, todo mundo se apaixonava.

- Eu realmente preciso da sua ajuda, Ash, - Louis disse, mudando de assunto. - É importante. Uma última vez?

Aslan suspirou.

- Eu não vou fazer nada até que você me diga porquê está se esgueirando para o porão. Acho que é uma condição justa, considerando que, se você for pego, também terei problemas.

Louis teve que admitir que o irmão tinha razão.

- Tudo bem. - ele disse com um suspiro e começou a falar.

Ele não contou tudo para Aslan—ele definitivamente não mencionou a reação embaraçosa do corpo ao Xeus—mas ele contou para ele as partes mais importantes.

Aslan parecia positivamente perplexo quando ele terminou.

- Você quer ajudá-lo a escapar? - ele disse, franzindo o cenho. - Mas tio Wayne provavelmente vai suspeitar de um de nós se alguém libertar o Xeus.

- Ele pode suspeitar de nós o quanto quiser, mas enquanto não formos pegos, ele não pode provar nada. E não é como se ele fosse nos perguntar sobre isso. O que ele está fazendo com o Xeus é ilegal, Ash! Se vazar, o tio será preso.

- Mas se você ajudar o Xeus, o tio não será preso de qualquer maneira? - Aslan disse, olhando para as mãos e mordendo o lábio. - Não podemos permitir que um escândalo aconteça. Nossa apresentação na sociedade é daqui há apenas dois meses, Louis.

Claro que era com isso que Aslan estava preocupado.

- A sua preciosa apresentação na sociedade é mais importante do que alguém sendo parte de um experimento e possivelmente morto? - Louis disse bruscamente.

Aslan fuzilou ele.

- Desculpa se estou realmente pensando sobre o nosso futuro, - ele disse, tão severo quanto ele. - Se Anthony não voltar dentro de três meses, ele será oficialmente declarado morto e nossa casa pertencerá ao tio Wayne. Você quer depender da bondade dele para o resto da sua vida? Não teremos direitos aqui, nem dinheiro! Quando ele for nosso alfa, tio Wayne será capaz de fazer tudo o que quiser conosco: nos casar com velhos pervertidos nojentos ou nos expulsar de casa. Tenho que ter um casamento bom e rápido, para ter certeza de que nosso futuro será garantido!

Oh.

Louis olhou para o irmão, sem palavras. Ele não tinha realmente pensado sobre isso dessa forma. Ele não tinha pensado que Aslan poderia se sentir pressionado a ter um casamento bom. Eric tinha só dezessete anos e Louis era... Louis, então é claro que a responsabilidade de se casar com alguém bom caía nos ombros de Aslan—ele era o irmão lindo, afinal.

Isso deu uma nova perspectiva à obsessão de Aslan com a apresentação na sociedade e alfas de classe alta. O irmão se sentia responsável por eles. Ele queria os proteger.

Com a garganta um pouco apertada, Louis abraçou Aslan, pressionando as bochechas deles.

- Desculpa. - ele murmurou, inalando o aroma familiar do irmão.

Aslan era um ômega Vos, então, ao contrário de Louis, o cheiro dele não foi suprimido. Ele cheirava bem, até para os sentidos reprimidos de Louis.

- Eu não sabia que você estava se preocupando com isso.

Aslan suspirou e se afastou.

- Claro que me preocupo. Alguém precisa se preocupar. - ele esfregou a testa com as pontas dos dedos. - Você entende porquê nossa família não pode se dar ao luxo de um escândalo agora, certo? Eu tenho que me casar primeiro.

Louis levou isso em consideração.

- E se... E se libertarmos o Xeus e levá-lo para longe daqui, para que ele não possa trazer as autoridades até nossa casa? Eu não acho que ele saiba o nome do tio Wayne. Ele não está exatamente racional agora. Duvido que coisas como nomes sejam sequer registrados por ele.

- Isso pode funcionar, talvez. - Aslan soava cético. - Mas como você vai levá-lo para longe se ele não quiser ir? Alfas Xeus são muito mais fortes do que alfas normais, quanto mais ômegas.

Louis franziu o cenho.

- Acho que terei que convencê-lo de que é o melhor? - ele disse, estremecendo.

Ele sabia que tinha muitos furos no plano, mas eles não podiam simplesmente não fazer nada.

Percebendo que Aslan estava dando a ele um olhar estranho, Louis disse:

- O quê?

- Você está... - Aslan sorriu torto. - Tem certeza de que não está sendo influenciado pelo Xeus?

Louis piscou.

- De que maneira?

Aslan olhou ao redor do quarto antes de finalmente olhar para ele. Um leve rubor apareceu nas maçãs do rosto.

- Dizem que os alfas Xeus afetam os ômegas Dainiri mais do que todos. Tipo, os feromônios animais que combinam e tudo isso.

Louis balbuciou.

- Não seja bobo. Além disso, estou tomando supressores. - ele cuidadosamente não pensou na reação que teve com o Xeus.

- Certo, - Aslan disse. - Desculpa, foi estupidez minha. Ele provavelmente é muito feio e nojento na forma transformada de agora, certo?

Louis assentiu rapidamente, mas a mente estava girando. Aslan poderia estar certo? Será que a compaixão pelo Xeus pode ser causada pelo fato de ele ser um Dainiri? Assim como os alfas Xeus, os ômegas Dainiri retiveram muitas das características dos ancestrais primitivos. Eles eram mais férteis, mais zelosos, mais movidos pelos instintos do que ômegas Vos—e supostamente mais dedicados.

Se sentindo desconfortável, Louis decidiu mudar de assunto.

- De qualquer forma, já encontrei a chave das algemas. Tudo que eu preciso de você é que distraia os guardas de uma forma que não faça tio Wayne suspeitar de você.

- Hmm... - Aslan sorriu de repente. - Eu poderia "acidentalmente" começar um incêndio na sala de estar pequena. É perto o suficiente do porão para que os guardas venham correndo quando eu gritar por socorro.

- Inteligência e beleza, - Louis disse, dando um beijo na bochecha de Aslan. - Se o duque de Westcliff não se apaixonar por você à primeira vista, ele é um idiota.

Aslan apenas riu e o empurrou.

Capítulo 4

Eles decidiram colocar o plano em ação na mesma noite. Aslan estava hesitando, mas Louis o convenceu de que deveriam fazer isso enquanto o tio não estivesse em casa. Eles podem não ter outra chance como essa tão cedo.

Então Louis se espremeu no móvel perto do porão, esperando que Aslan fizesse a parte dele.

Ele não teve que esperar muito.

Logo, os gritos de pânico de Aslan foram escutados e, em seguida, os sons de pessoas com botas pesadas correndo e passando pelo móvel.

E então tudo ficou quieto.

Com o coração batendo forte, Louis saiu de trás do móvel e rapidamente se dirigiu para o porão. Ele não tinha ideia de quanto tempo tinha: provavelmente dez minutos, se tivesse sorte. Deve ser mais que o suficiente. Tinha que ser. Com sorte, os guardas não pensariam em verificar o prisioneiro—raramente pareciam verificar—então Louis esperava que eles não descobrissem que o Xeus estava desaparecido até a manhã seguinte. E com sorte ninguém notaria que Louis estava sumido também.

Louis sabia que tinha muitas variáveis ​​no plano. Muitas coisas poderiam—e provavelmente iriam—dar errado. Mas ele tinha pouca escolha. O tio mandaria matar o Xeus depois que terminasse os experimentos com ele. Ele não podia simplesmente não fazer nada. Ele tinha que ajudá-lo.

O Xeus já estava olhando para ele quando Louis entrou no porão, os olhos verdes brilhantes, alertas e um pouco enervantes. O corpo alto e grande parecia tenso, os músculos rígidos. Não parecia ter novos ferimentos no corpo, o que era um alívio—não tinha tempo para cuidar das feridas.

- Hey. - Louis disse, se aproximando da mesa de metal e pegando as chaves que tinha roubado do quarto do tio.

Ele sentiu uma onda de ansiedade, mas a terceira chave que testou funcionou.

Ele sorriu de alívio quando as algemas foram destrancadas. O sorriso sumiu quando uma mão em forma de garra agarrou o pulso dele em um aperto punitivo. Um segundo depois, Louis se viu de costas, com o alfa pairando sobre ele, os olhos brilhantes fuzilando ele. Garras afiadas pressionadas contra a garganta.

Louis umedeceu os lábios com a língua, o coração batendo forte contra as costelas.

- Rude. - ele disse com um sorriso trêmulo.

Ele estava quente. E tremendo. Em sua defesa, ele nunca teve um alfa nu em cima dele.

- Estou tentando te ajudar, garotão. Você não se lembra de mim? E nós realmente, realmente não temos tempo para isso. Me solta.

O Xeus inalou profundamente, as narinas dilatando. Apurando a sinceridade de Louis? O olfato dele era tão bom assim, apesar dos supressores de Louis?

Louis forçou o corpo a relaxar, emanando o odor seguro e não ameaçador de ômega. Parecia estar funcionando, porque o brilho predatório estava desaparecendo dos olhos brilhantes, alguma racionalidade deslizando de volta para eles. Alguma sendo a palavra-chave. Ainda tinha algo distintamente primitivo na maneira como o Xeus estava olhando para ele. Um tipo diferente de primitivo.

Louis engoliu em seco, se tornando cada vez mais consciente do corpo pesado e nu em cima dele. Do quadril duro entre as coxas. De um cheiro forte que era puramente alfa—um cheiro que estava começando a fazer coisas terríveis no corpo dele novamente. Ele cheirava tão bem. Como alguém que provavelmente não tomava um banho de verdade sem ser o banho ultrassônico há tempos podia cheirar tão bem? Era injusto pra caralho. Louis podia praticamente sentir as funções cerebrais elevadas desligando com cada inspiração ávida, o pau endurecendo e o buraco se tornando embaraçosamente molhado. Ele estava molhado de novo, apenas por ter esse alfa estranho e feio em cima dele. Era horrível pra caralho. Ele não era um maldito animal, e ainda assim.

E ainda assim ele se viu baixando os olhos timidamente e expondo a garganta.

O Xeus rosnou e enfiou o rosto no pescoço dele, os feromônios se espessando e se tornando tão opressores que Louis choramingou e abriu as pernas, latejando de necessidade entre elas.

A excitação foi tão repentina quanto opressora. Louis gemeu, o corpo tremendo de impaciência e pressa dos hormônios. Ele desejava. Ele desejava... algo duro dentro dele. Ele queria um pau. Ele queria que esse alfa o fodesse com o pau.

Parte dele, a parte que ainda estava tentando pensar, estava gritando: Para, o que você está fazendo?

Mas Louis não conseguiu. Ele não tinha ideia de que era possível desejar tanto, tão rápido, se sentir tão desesperado com isso, como se ele fosse morrer se não tivesse esse alfa dentro dele agora.

Como se ouvisse esses pensamentos, o alfa rosnou no pescoço dele, o corpo poderoso vibrando de tensão. Teve o som de tecido rasgando e Louis percebeu que o Xeus deve ter rasgado a calça e cueca dele, o deixando nu abaixo da cintura.

Sim, sim—

O alfa abriu suas coxas e enfiou o pau dentro dele.

Louis gritou, os olhos se arregalando e perdendo foco. Deuses. Que pressa. Ele tinha acabado de gozar? Ele não tinha certeza. Mas se sentia tão bem. O comprimento espesso nele provavelmente machucaria se ele não estivesse tão lubrificado, tão pronto para isso. As paredes estavam apertando o pau dentro dele avidamente, e ele chorou, impaciente por mais.

O Xeus deu mais para ele. Ele começou a fodê-lo, forte e rápido, rosnados baixos animalescos deixando a garganta enquanto o pau entrava e saía do buraco de Louis. Ah porra, caralho, tão bom. Louis estava choramingando e rosnando com cada impulso forte. Ele não conseguia ter o suficiente, apertando em torno do pau dentro dele, as unhas afundando nas costas musculosas do alfa, o encorajando a continuar. Sim, sim, por favor, tão bom, mais—

Parte dele estava mortificado com o próprio comportamento sem vergonha—ele estava deixando um alfa estranho fodê-lo, como se ele fosse uma cadela no cio e não o ômega nobre e virgem que era. Não só isso: o alfa era um Xeus em forma selvagem, todo garras e pelos. Deveria ter sido assustador. Deveria ter sido nojento. Ele não deveria estar gemendo e apertando em torno do pau desse alfa estranho, implorando por mais. Mas ele não conseguia parar. Ele se sentia como se fosse morrer se o alfa parasse de foder ele. Ele se sentia como se fosse morrer feliz nesse pau, ele amava, ele desejava, ele queria isso mais do que qualquer coisa—

Louis arqueou, se empurrando de volta no pau surrando nele.

- Ah—mais fundo!

Ele sabia que estava sendo ilógico—não tinha nenhum jeito possível de o alfa foder ele mais profundamente—ele podia sentir o pau praticamente contra o estômago, mas de alguma forma não era o suficiente. Ele precisava—ele necessitava...

- Mais fundo!

O Xeus rosnou e cravou os dentes na glândula odorífera dele, e o mundo explodiu, os sentidos acelerando, onda após onda de prazer o inundando. Louis gozou com um soluço, apertando em torno do pau dentro dele, com força. Bom pra um caralho.

O alfa ficou rígido, e então Louis sentiu que a espessura dele estava crescendo de forma alarmante. O líquido quente o encheu.

Louis abriu os olhos atordoados e encarou o teto enquanto percebia o que estava sentindo. O Xeus deu um nó nele, o enchendo de sêmen. Ele tinha o atado.

Um risinho saiu da boca de Louis, e depois outro, antes de virar uma risada. Ele de alguma forma conseguiu perder a virgindade com um alfa Xeus—e tinha um nó dentro dele—e ele ainda nem tinha sido beijado. Era meio hilário, de certa forma.

O alfa em cima dele fez um som questionador, o rosto ainda enterrado no pescoço de Louis enquanto o marcava com o cheiro preguiçosamente. Os dentes ainda estavam—

O sorriso de Louis congelou nos lábios.

Porra. O alfa tinha mordido ele. E deu um nó nele. Isso significava... Isso significava que eles estavam ligados agora?

Ele se concentrou e ouviu os sentidos, mas era difícil. O corpo ainda parecia muito mole e satisfeito, o nó dentro dele o fazia se sentir quase excitado com a sensação. Ele não sabia dizer se a marca tinha tido efeito. Mas o fato de que ele ainda não tinha vontade de empurrar o alfa para longe, apesar de se sentir saciado, provavelmente era preocupante. Na verdade, o mero pensamento de estar separado desse alfa causava uma sensação de pânico no peito, e Louis percebeu que os braços estavam apertando as costas do alfa.

Porra.

Eles estavam vinculados.

E agora?

Tudo bem. Não tem necessidade de entrar em pânico ainda.

Uma coisa de cada vez, ele precisava tirar o Xeus do porão. Ele ainda precisava ajudá-lo a escapar.

Quanto tempo demorava para um nó desfazer? Provavelmente mais tempo do que eles tinham. Ele deveria se mover—ele deveria se afastar...

Louis perdeu a linha de pensamento, uma onda de prazer caloroso se espalhando pelo corpo quando ele mexeu no nó. Era incrivelmente bom, como se fosse para estar ali, dentro dele. Era um prazer diferente do orgasmo alucinante que ele tinha acabado de ter, mais suave e moderadamente satisfatório—e incrivelmente difícil de querer retirar.

Tudo bem. Talvez não fizesse mal deitar assim um pouco. Não era como se ele pudesse ajudar o Xeus a escapar enquanto eles estavam grudados desse jeito.

Então Louis relaxou e fechou os olhos, pensando em esperar que o nó fosse embora. Ele se sentia bem demais para se preocupar com qualquer outra coisa.

Ele sinceramente não tinha ideia de quanto tempo se passou. Podem ter sido minutos e podem ter sido horas. O nó dentro dele era incrível.

Por fim, Louis abriu os olhos, percebendo que o alfa estava fodendo ele novamente—dessa vez com menos urgência, mas definitivamente fodendo ele. O nó tinha sumido. Mas o pau dentro dele não.

- Olha, - Louis disse com uma risada que saiu mais como um gemido. - Não temos tempo para isso—precisamos tirar você da—ah sim, aí!

Então ele pode ou não ter deixado o Xeus foder ele novamente.

Ele pode ou não ter se desfeito no pau do alfa com gemidos desavergonhados que fariam uma puta corar.

Pelo menos dessa vez ele conseguiu impedir o alfa de dar o nó.

- Isso é tudo culpa sua. - Louis reclamou quando tudo acabou, lutando para se afastar do Xeus e quase caindo no chão, os membros estavam tão trêmulos.

O corpo dava a sensação de ter... sido bem usado, as coxas tremendo e os músculos que ele nem sabia da existência estavam agradavelmente doloridos.

- Vim aqui para te ajudar, não para perder a minha virgindade! - ele pegou o celular do bolso e xingou quando viu quanto tempo tinha passado.

Mais de uma hora. Droga.

- Não tem a mínima chance de os guardas não terem voltado. O que nós vamos fazer agora?

Todo o planejamento que ele tinha feito—tinha sido tudo para nada agora. Eles tiveram sorte de os guardas não terem notado que a porta estava destrancada, mas quanto tempo duraria a sorte deles? Eles iriam notar isso em breve.

O Xeus também se levantou. Ele alongou os músculos, fazendo uma leve careta—eles devem ter ficado rígidos depois de um mês acorrentado a essa mesa. Na verdade, a regeneração sobrenatural era provavelmente a única razão de ele não estar com uma dor imensa agora.

Esfregando os lábios, Louis forçou os olhos para longe do corpo musculoso do alfa e olhou de volta para o celular. Ele tinha quatro mensagens de Aslan, cada uma mais alarmante do que a anterior.

O fogo foi apagado. Eles estão voltando! Onde está você?

Você conseguiu tirar ele? Tudo está quieto.

Louis???

Se você continuar me ignorando, juro que mato você na próxima vez que te ver!

Louis suspirou, imaginando o que deveria fazer. Aslan ficaria mais do que chateado se descobrisse que Louis desperdiçou a oportunidade que Aslan deu.

Louis olhou para a calça e boxer rasgada. Elas mal estavam se segurando no corpo. O que sobrou delas parecia uma saia esfarrapada. Simplesmente ótimo. Fodidamente fantástico.

Ele pegou a bolsa e tirou a roupa que tinha arranjado para o Xeus.

- Aqui, é para você. - ele disse sem olhar para o alfa, desejando que ele tivesse algo para se vestir também.

A roupa pertencia a um de seus mordomos—um alfa alto e grande—então ela não caberia em Louis de qualquer maneira.

- Se veste.

Por um momento, ele pensou que o Xeus não o entendia, mas então Louis ouviu o farfalhar de roupas e exalou de alívio.

E então ele voltou a se preocupar. O que eles vão fazer agora?

Louis foi arrancado dos pensamentos quando uma mão agarrou o braço dele e não muito gentilmente o puxou em direção à porta.

- O que você está fazendo? - Louis disse, olhando para o alfa.

Ele estava vestido, graças a Deus, mas o efeito estranho e perturbador que ele tinha no corpo de Louis ainda estava ali. Porra, ele cheirava incrível. Como tudo que era bom no mundo. Louis mal conseguiu se impedir de enfiar o rosto no pescoço do Xeus e cheirar.

Não. Ele precisava se controlar. Ele precisava fazer o cérebro se concentrar em agir, não em ficar se fixando nos desejos básicos e primitivos.

Os olhos verdes brilhantes se voltaram para ele por um momento, as narinas do alfa se dilatando.

Louis corou e pigarreou.

- Tem guardas do lado de fora, - ele sussurrou com urgência. - Não podemos simplesmente sair e—

O Xeus se inclinou e chupou com força o pescoço dele—na marca.

Louis engasgou, o cérebro se deslocando para a parte inferior do corpo novamente. Demorou muito para se lembrar que não era a hora, nem o lugar—nem o alfa certo.

- Para com isso, - ele disse fracamente, embora o corpo estivesse agarrado ao do Xeus. - Precisamos encontrar uma solução—de como tirar você daqui. - algo no peito deu uma sacudida de desconforto ao pensar no alfa fugindo.

Indo embora.

Não seja ridículo, Louis disse a si mesmo, irritado. Claro que o Xeus iria embora. Ele tinha que ir. Esse era o ponto disso tudo. Ele tinha que fugir ou o tio de Louis iria se livrar dele depois que ele perdesse a utilidade. A vida dele estava em perigo. Louis não deveria permitir que alguns... alguns feromônios afetassem o seu julgamento. Isso era sério.

- Fica aqui. - o Xeus disse roucamente.

Louis piscou para ele por um momento, confuso.

Antes que as palavras fossem totalmente registradas, o alfa abriu a porta com um empurrão. E então teve um baque forte, depois outro.

Os olhos de Louis se arregalaram. Ele correu para fora da porta e encarou os dois corpos no chão.

- Você os matou? - ele sussurrou, olhando para o Xeus, que estava vasculhando os bolsos dos guardas.

- Não. - o alfa disse na voz grave.

Louis soltou o ar de alívio. Olhando ansiosamente para o corredor, ele disse:

- Tem um carro aéreo estacionado nos portões oeste da propriedade. Não tem muito combustível, mas posso te deixar longe o suficiente daqui para que fique seguro.

Ele olhou para o Xeus, esperando ver confusão no rosto dele, mas não tinha nenhuma. Ou ele ainda tinha um conhecimento rudimentar de carros aéreos ou não estava ouvindo as palavras de Louis. Louis franziu o cenho. Era tão difícil avaliar a extensão da capacidade do alfa de pensar racionalmente. Era óbvio que o Xeus estava longe de ser racional, mas quão ruim era? Ele o entendia perfeitamente e só não conseguia falar muito, ou pior que isso?

A julgar pelo fato de que o Xeus tinha acabado de tirar dinheiro do bolso dos guardas, ele claramente entendia alguns conceitos básicos de sobrevivência no mundo moderno.

Tirando os celulares dos guardas também, o Xeus largou os dois guardas no porão e trancou a porta.

Louis assentiu com aprovação. Isso os daria algum tempo antes que os alarmes fossem disparados.

Então, o alfa se virou e colocou a mão no ombro de Louis.

- Anda. - ele disse brevemente, o toque pesado e claramente proprietário.

Louis obedeceu, embora se sentisse um pouco irritado. Ele esperava que fosse ele quem liderasse o resgate e mostrasse o caminho—ao invés de ser agarrado e mandado. Também não ajudava o fato de ele se sentir constrangido e consciente de si mesmo por causa de tudo o que tinha acontecido no porão. Ugh, ele odiava a biologia estúpida, odiava o quanto a presença desse alfa estava o afetando. Odiava. Desprezava totalmente. Por que ele não nasceu um beta? Ele parecia com um de qualquer maneira.

De alguma forma, eles conseguiram sair do porão sem encontrar ninguém. Não pela primeira vez, Louis se sentiu grato pela mãe ter sido contra a instalação de sistemas modernos de vigilância na casa antiga dos Tomlinson. Suprimindo a onda de saudade repentina—Deuses, ele ainda sentia tanto a falta dela—Louis conduziu o Xeus até o carro aéreo que Aslan tinha estacionado do lado de fora dos portões oeste. Ele o destrancou e disse para o alfa:

- Se sente no banco do passageiro.

Para o alívio, o Xeus obedeceu.

Louis se sentou no assento do piloto e tentou se lembrar de como voar. Aslan era muito melhor nisso do que ele. A rigor, os carros aéreos ainda eram proibidos em Eila. Eles eram considerados rápidos demais para o tráfego aéreo de Eila. Os helicópteros eram amplamente usados ​​pela maioria da população, mas os helicópteros eram muito barulhentos e lentos para os propósitos de Louis. Esse carro aéreo era o orgulho e a alegria da mãe. Ela o importou de algum planeta de Núcleo Interno cinco anos atrás e se ofereceu para ensinar os filhos a pilotá-lo. Eric não se interessou, mas Aslan e Louis ficaram muito felizes em aprender. Bem, Aslan aprendeu; Louis tinha... tentado.

- Fazer o quê. - ele murmurou baixinho, e ligou o motor.

Por favor.

Ele conseguiu decolar.

E o carro aéreo não caiu como uma pedra, o que ele contou como uma vitória.

O sorriso hesitante de Louis se transformou em um sorriso completo quando ele percebeu que essa parte do plano tinha ocorrido sem problemas. Finalmente algo deu certo. Ele tinha a intenção de esgueirar o Xeus para fora da mansão sob a escuridão da noite, não permitindo que ele enxergasse nada que pudesse identificar depois, antes de o levar o mais longe possível das terras deles, escolhendo rotas complicadas e dando várias voltas para confundir o Xeus—e quaisquer perseguidores em potencial. Parecia que o plano estava finalmente ocorrendo como deveria.

Quando Louis pousou o carro aéreo na floresta uma hora depois, não tinha como o Xeus identificar de onde eles tinham saído. A casa Tomlinson ficava a 1.100 quilômetros de distância. Eles estavam agora mais perto da fronteira kadariana do que de qualquer cidade pelugiana. Eles estavam seguros, em todos os sentidos da palavra. Até Aslan ficaria satisfeito—esse fiasco não arruinaria sua temporada social.

- Bem, - Louis disse, desligando o motor. - É isso. - ele olhou para a floresta escura fora do carro aéreo por um momento antes de finalmente se virar para o alfa silencioso.

Ele encontrou os olhos verdes brilhantes mirados nele com uma intensidade enervante.

- Vai, - Louis disse. - Você está livre agora.

O Xeus não se mexeu. Ele inclinou a cabeça para o lado, as narinas dilatadas. Ele estava sentindo o cheiro das emoções de Louis novamente?

- Você está livre agora. - Louis repetiu, ignorando a sensação de aperto no peito.

Estava tudo bem. Só um efeito colateral de uma marca de vínculo imprudente. Isso passaria. Não era um apego real. Essas... emoções... elas não eram reais.

- Vai. Você precisa ir. Eu acho que você pode ser um kadariano. O governo kadariano está procurando um Xeus feral. Talvez eles te ajudem. - talvez não, Louis pensou, o estômago se contraindo com o medo repentino. - Tenha cuidado, tá bom?

O alfa finalmente se mexeu. Mas não em direção à liberdade—em direção a Louis. Braços fortes o carregaram para o colo do alfa e enfiaram a cabeça de Louis embaixo do queixo. Um som baixo e gutural deixou a garganta do Xeus, e Louis se encontrou relaxando, o corpo respondendo instintivamente ao conforto oferecido a ele. Ele respirou avidamente, inalando o espesso aroma do seu alfa—não, não era o seu alfa. O que ele estava pensando? Ele estava sendo estúpido, permitindo que hormônios e feromônios o comandassem.

Mas o corpo não se importou, derretendo no abraço do alfa. Ele não queria largar. Ele não conseguia se imaginar soltando ele, nunca. Ele era seu. Seu. Seu alfa.

Louis cravou os dentes na glândula odorífera do alfa, precisando colocar uma marca nele, embora racionalmente soubesse da futilidade disso. Ômegas não podiam marcar alfas, muito menos alfas Xeus com a regeneração superior deles. Mas ele queria marcar. Queria tanto que estava tremendo com isso. Ele tinha ouvido as histórias sobre isso: de ômegas sendo loucamente possessivos com seus alfas, mas Louis sempre zombou dessas histórias, não acreditando que ômegas pudessem ser tão possessivos quanto esses cabeças-duras. Bem, a piada era ele agora. Ele se sentiu quase selvagem com a necessidade de marcar, de reivindicar o alfa para si, de modo que todo ômega soubesse a quem ele pertencia. Talvez tenha sido um instinto despertado pela perspectiva de se separar do seu alfa. Talvez fosse outra coisa. Mas ele não conseguia controlar. Ele não queria largar.

Louis enterrou o rosto no pescoço do alfa e fechou os olhos formigantes.

Era estúpido. Ele não conhecia esse homem. Ele nem tinha visto o rosto verdadeiro dele, pelo amor de Deus. Mas algo dentro dele—provavelmente algo que o tornava ômega—estava incrivelmente triste por nunca o conhecer.

As pessoas não acreditavam mais em um companheiro verdadeiramente compatível, e Louis não era exceção. Foi cientificamente provado que a compatibilidade de companheiros era só uma questão de feromônios compatíveis. Um ômega poderia ter até dez "companheiros"—alfas compatíveis cujos cheiros e feromônios atraíam o ômega o suficiente para formar facilmente um vínculo de companheiro. Esse alfa era só um deles. Não tinha motivo para estar tão chateado.

Exceto que encontrar até mesmo um alfa verdadeiramente compatível era raro o suficiente. Louis não tinha realmente pensado que isso iria acontecer com ele. Ele não era um sonhador como Aslan. Ele era pragmático. Quando a temporada social começasse, era improvável que ele encontrasse um alfa compatível. Era estatisticamente improvável. Ele sabia que não era uma beldade. Alfas não chegavam perto o suficiente dele para Louis sentir o cheiro deles. Louis tinha dito a si mesmo que estava tudo bem. Ele tinha dito a si mesmo que um casamento poderia ser bom até sem uma compatibilidade perfeita. Não que ele esperasse encontrar alguém disposto a se casar com ele tão cedo.

Uma vez que ele já se resignou a isso, encontrar compatibilidade num Xeus feral que ele nunca mais veria parecia apenas uma ironia do destino. Uma piada de mau gosto às suas custas.

Ou...

Por um momento de loucura, ele se sentiu tentado a ficar. Ficar com esse alfa, o ajudar a voltar para casa—onde quer que fosse—e então talvez—

E então o quê? disse seu lado racional. Kerosvarin não tinha cura. Ele estava realmente preparado para vincular a vida com um alfa feral que Louis nunca conheceria de verdade? Um alfa feral que nunca o amaria de verdade, pela pessoa que ele era? Feromônios e um ótimo sexo não definiam um relacionamento; disso Louis sabia. Mesmo se por algum milagre seu Xeus conseguisse voltar a ser um homem, ele ficaria desapontado ao se encontrar preso a um ômega nada atraente como Louis. Eles não tinham futuro de qualquer maneira.

Então essa... essa sensação de aperto no peito era estúpida. Irracional. Era coisa da marca de vínculo. Não era real.

Mas parecia muito real.

Engolindo o aperto na garganta, Louis respirou pela última vez o cheiro do alfa e sussurrou:

- Vai.

Os braços ao redor dele não se afrouxaram.

Louis mordeu o lábio inferior com força.

- Vai. - ele repetiu, olhando nos olhos brilhantes do Xeus.

O alfa encarou ele.

- Meu, - ele disse roucamente, os braços ao redor de Louis apertando. - Vem comigo.

Não. Ele só atrasaria o alfa. E ele precisava voltar para casa antes que a ausência fosse notada. Ele tinha que levar o carro aéreo de volta—isso os confundiria do cheiro e daria mais tempo para o Xeus. Os homens do tio só iriam vasculhar as terras ao redor da casa se não descobrissem que Louis tinha usado o carro aéreo para fazer o Xeus escapar.

Ele tinha que voltar.

Ele precisava voltar.

Mas ele também sabia que o alfa não o deixaria partir—a menos que Louis o enganasse.

Com o estômago embrulhado, Louis se inclinou e beijou o alfa na bochecha peluda. Ele fechou os olhos por um momento. Adeus.

- Tudo bem, - ele conseguiu dizer. - Vamos. Deixa só eu pegar minha bolsa.

Ele esperou até que o Xeus saísse do carro.

E então ele trancou a porta.

Com as mãos trêmulas, Louis ligou o motor e decolou, ganhando altitude rapidamente para que o alfa não pudesse pará-lo.

O vínculo queimou com perda e traição.

Engolindo em seco, Louis se concentrou no caminho para casa.

- Não é real, - ele sussurrou com determinação. - São só hormônios. Vai passar. Não seja estúpido, Louis.

Se a visão estava embaçada, não importava: tinha só nuvens nas proximidades.

Capítulo 5

Louis voltou para casa se sentindo muito mais deprimido e exausto do que a situação provavelmente exigia. Não ajudava em nada o fato de que ele teve que passar meia hora apagando os registros de voo da memória interna do carro aéreo e aplicando um neutralizador de odores por toda parte para eliminar até mesmo o mais simples indício do cheiro do Xeus. Embora o tio não tivesse as chaves do carro aéreo, Louis não queria deixar nada ao acaso. Ele queria que seu Xeus chegasse num local relativamente seguro, onde quer que fosse. Isso se existisse um lugar seguro para um Xeus feral.

- Não é da sua conta. - Louis murmurou, mas a ansiedade sob a pele não desapareceu.

A casa estava misericordiosamente silenciosa, mas ao invés de isso o acalmar, só o deixava mais ansioso. Parecia o silêncio antes de uma tempestade.

Depois de apagar as impressões digitais das chaves do tio e as colocar de volta, Louis voltou para o quarto. Ele foi para a cama e fechou os olhos, desejando adormecer. Seria um longo dia amanhã. Quando a fuga do Xeus fosse descoberta, ele precisaria estar o mais esperto possível para convencer o tio da inocência. Ele precisava parar de se preocupar e dormir.

Mas não importa o quanto ele tentasse afastar as preocupações, elas continuavam retornando sorrateiramente para a mente. A verdade era que, em sua sociedade, os alfas Xeus eram desprezados. Eles eram uma raça em extinção, um retrocesso do passado primitivo de sua espécie. Eles eram considerados muito primitivos, muito irracionais e francamente perigosos quando transformados. Um Xeus feral transformado fora da lua cheia seria considerado uma abominação perigosa, e outras pessoas poderiam facilmente atirar nele, argumentando legítima defesa. Era só um fato. Ninguém deixaria um alfa Xeus feroz correr solto. Mais cedo ou mais tarde, ele seria capturado. A questão era se ele seria capturado pelos vilões ou pelos mocinhos.

Louis se sentou na cama, a mente cheia. E então ele rapidamente saiu do quarto e correu para o de Eric em frente ao dele.

Como esperado, o irmão caçula não estava dormindo. Ele raramente dormia à noite, ao invés disso fazia algo geek no computador.

- Preciso da sua ajuda. - Louis disse, fechando a porta.

***

A manhã chegou rápido demais para o gosto de Louis. Ele mal conseguiu se impedir de bocejar ao ficar do lado de Aslan e Eric enquanto o tio andava pela sala agitadamente.

- E vocês tem certeza de que não viram nada? - tio Wayne disse.

Aslan deu a ele um sorriso confuso e angelical.

- Não tenho certeza do que deveríamos ter visto, tio. Achei que não tinha nada de valor no porão? Alguma coisa foi roubada?

Às vezes Louis realmente invejava o quão bem Aslan conseguia mentir quando queria. O cheiro dele não o entregou de forma alguma, permanecendo estável, com uma pitada de confusão. Louis nunca foi um mentiroso tão bom assim, mas felizmente os supressores faziam o cheiro se tornar fraco, o que tornava sua interpretação difícil.

Eric foi quem mais preocupou Louis. Embora Eric não soubesse tudo sobre o Xeus, tinha outras coisas que Eric sabia, e Louis não tinha certeza se poderia confiar no irmão mais novo de não os entregar com uma mentira desajeitada.

Então Louis interrompeu apressadamente:

- Se algo foi roubado, não escutamos nada, tio. Eric e eu estávamos jogando videogame no quarto dele até de manhã cedo—você sabe que nos empolgamos quando jogamos E-Sports.

Eric assentiu e, felizmente, permaneceu quieto.

- O que aconteceu? - Louis disse, porque teria sido mais estranho se ele não perguntasse.

Tio Wayne o lançou um olhar demorado e investigador.

Louis sustentou o olhar, esperando que o rosto não o traísse. Ele sabia que seria o principal suspeito do tio: era de conhecimento geral que Eric não ligava para nada além do computador e livros, e Aslan tinha a reputação de um adorável ômega inofensivo e respeitável. Louis era geralmente o que suportava o fardo da raiva do tio.

Tio Wayne se aproximou e, o olhando nos olhos, disse:

- Me diga a verdade.

A respiração de Louis engatou. Porra. Ele não esperava que o tio usasse a voz de alfa nele. Por um momento, ele entrou em pânico, esperando que o corpo obedecesse ao comando, mas... nada aconteceu. Ele não sentiu o impulso de forma alguma.

Louis quase sorriu de alívio quando percebeu por quê: o Xeus tinha o marcado. Ao colocar a marca em Louis, ele mudou a química do corpo dele—se tornando o alfa de Louis e substituindo qualquer poder que um parente alfa pudesse ter sobre ele. Bem, essa era uma vantagem inesperada.

- Estou dizendo a verdade, - Louis disse, sustentando o olhar do tio. - Jogamos videogame no quarto de Eric até tarde da noite e não ouvimos nada. Não sabemos o que você está procurando.

Tio Wayne xingou baixinho e se afastou. Ele começou a andar de um lado para o outro novamente.

- Tinha um animal perigoso trancado no porão, - ele falou entredentes por fim. - Eu achei que alguém poderia ter deixado ele sair, mas parece que os guardas idiotas simplesmente se esqueceram de trancar a porta, pensando que era seguro porque a besta estava acorrentada. Imbecis. Como se eles não soubessem que as fechaduras magnéticas às vezes podem falhar.

- Que descuido. - Aslan disse distraidamente, lendo uma revista de moda no celular.

Tio Wayne resmungou algo e saiu furioso da sala.

Louis exalou.

- Ufa. - Aslan disse quando os passos do tio se afastaram. - Ele parece realmente puto.

- Ele está puto, - Louis disse, se sentando entre os irmãos e jogando os braços ao redor deles. - Obrigado, meninos! Eu não poderia ter feito isso sem a ajuda de vocês.

Eric olhou para ele.

- Você ainda não me contou tudo.

Louis beliscou a bochecha dele.

- Quanto menos você souber, mais seguro ficará. Você é totalmente péssimo em mentir. - olhando para a porta, ele baixou a voz e sussurrou. - Ele recebeu a mensagem?

Eric assentiu, os olhos brilhando.

- É de longe o trabalho de hack mais impressionante que já fiz! Droga, eu gostaria de poder contar aos meus amigos virtuais sobre isso—

- O que vocês dois estão falando? - Aslan disse desconfiado.

Certo. Aslan não sabia sobre o plano.

Louis pigarreou.

- Pedi para Eric invadir a rede telefônica e enviar uma mensagem ao Príncipe Haydn sobre o paradeiro do Xeus.

As sobrancelhas de Aslan franziram.

- Príncipe Haydn? Por que ele?

Louis deu de ombros ligeiramente.

- Você sabe que um Xeus feral nunca estará seguro, - ele disse, olhando para as mãos. - Ele será pego, mais cedo ou mais tarde. Então, eu só queria ter certeza de que ele seja pego pelos mocinhos. Mamãe sempre dizia como o príncipe Haydn era bom e justo. Se o Xeus é realmente o que escapou da Opal House kadariana, é muito provável que o Príncipe Haydn o conheça. E o príncipe será justo com ele, independentemente da nacionalidade do Xeus—ele é um pelugiano felizmente casado com um kadariano, afinal. E o mais importante, o príncipe Haydn não tem preconceito contra alfas Xeus—o primo dele também é um.

- Sim. - a cara fechada de Aslan desapareceu. - Eu acho que faz sentido.

Louis sorriu fracamente. Ele só podia torcer de não ter cometido um erro. Se ele estivesse errado... Se ele estivesse errado sobre o Príncipe Haydn ser imparcial o suficiente para ajudar seu Xeus... bem.

Ele provavelmente nunca descobriria, não é?

***

Oito dias depois, Louis acordou com dores.

Respirando com dificuldade, ele olhou para o teto escuro do quarto, confuso e enlouquecido. Ele estava com dores, mas não tinha certeza de onde a dor se originava. Tudo doía, todo o seu ser tremendo com algo terrível. Algo estava errado. Algo estava muito errado.

Ele se enrolou em uma bola e balançou para frente e para trás, tentando suprimir os violentos tremores que atormentavam seu corpo e dar sentido ao sentimento de miséria absoluta, cuja origem ele não conseguia explicar.

Demorou um pouco até ele ser capaz de se concentrar o suficiente para perceber que a vaga sensação de ter uma outra pessoa com ele desde a fuga do Xeus tinha sumido.

Louis congelou, os olhos se arregalando, antes de pular para fora da cama e correr para fora do quarto.

Ele nem conseguia se lembrar de como acabou na frente da porta do mordomo. Ele bateu antes que pudesse pensar duas vezes.

Harrison parecia sonolento e confuso quando finalmente abriu.

- Mestre Louis? Qual é o problema?

- Me mande fazer algo, - Louis deixou escapar. - Usa sua voz de alfa em mim.

O mordomo congelou.

- Perdão?

- Usa sua voz alfa em mim, - Louis repetiu. - Agora. Isso é uma ordem.

Harrison piscou em óbvio espanto antes de dizer:

- Pula.

Louis não pulou—Harrison não era o parente dele nem o companheiro de vínculo. Mas ele sentiu o impulso. Ele sentiu.

Com os joelhos fracos de repente, Louis se virou e se afastou, ignorando as perguntas do mordomo.

O vínculo de companheiros se foi.

Ele se foi.

Sumiu.

Os laços de vínculo podem desaparecer se forem negligenciados por um longo tempo, mas eles não podem... eles não podem simplesmente se quebrar assim. Não tão abruptamente. A menos que...

Só a morte de um companheiro poderia quebrar um vínculo de companheiros.

Louis não tinha certeza de como ele chegou ao quarto de Aslan.

- Louis? - Aslan disse sonolento, se sentando.

Louis se arrastou para a cama e enterrou o rosto no ombro do irmão.

- É minha culpa. - ele sussurrou com a voz embargada, fechando os olhos.

- O que você está—

- Ele está morto, Ash.

Depois de um momento, os braços de Aslan o envolveram.

- Como—como você sabe?

- Não consigo mais sentir ele.

Aslan ficou rígido contra ele.

- O quê?

Louis mordeu o lábio inferior com força. Ele não disse nada. Aslan não era um idiota. Ele levaria apenas alguns minutos para chegar na conclusão certa.

E Aslan concluiu.

- Você quer dizer que está ligado ao Xeus? Você—você tinha—

- Ele me marcou, - Louis disse, pressionando os olhos úmidos contra o ombro do irmão. - E a marca fez efeito. Éramos aparentemente compatíveis o suficiente para que fizesse efeito. Mas o vínculo sumiu agora, Ash.

O irmão estava quieto.

Depois de um momento, dedos finos começaram a acariciar o cabelo de Louis. O doce aroma de Aslan ficou mais forte. Reconfortante.

Louis respirou fundo e relaxou, mesmo sabendo que Aslan estava usando a natureza ômega para acalmá-lo. Ele não se importava, não dessa vez.

- Não é sua culpa, - Aslan disse por fim. - Se você não o ajudasse a escapar, o tio teria matado ele de qualquer maneira. Pelo menos ele morreu livre.

Os olhos de Louis se encheram de lágrimas novamente.

- Talvez eu não devesse ter contado para o príncipe Haydn sobre seu paradeiro. Talvez ele não seja tão justo quanto a nossa mãe pensava—

- É mais provável que outra pessoa tenha encontrado o Xeus, - Aslan disse calmamente. - Os alfas Xeus são rápidos. Ele provavelmente já estava a uma boa distância das coordenadas que você deu ao príncipe Haydn quando o príncipe recebeu sua mensagem.

As palavras de Aslan faziam sentido. Elas faziam. Então por que ele ainda se sentia tão mal?

- Eu deveria ter ficado com ele, - Louis disse. - Eu não deveria ter deixado ele lá sozinho—

Aslan zombou.

- Por favor. Se alguém conseguiu matar um alfa Xeus transformado, um ômega fraco não os teria impedido de fazer isso. Não seja estúpido, Louis.

Louis se encolheu. Ele odiava ser chamado de Louis nessas horas. Era um nome para alguém bonito, elegante e sofisticado. Ele era tudo menos isso.

- Não me chame de Louis.

- Não seja estúpido, Lou, então.

Um leve sorriso curvou os lábios de Louis.

- Obrigado, - ele disse calmamente. - Eu precisava disso.

O braço de Aslan se apertou ao redor dele.

- Dói?

Louis fechou os olhos, sem saber como responder. Não sabendo colocar em palavras o que estava sentindo. Ele se sentia como se estivesse em carne viva, dolorido, o corpo doía por dentro. Não, não o corpo—era como se tivesse uma ferida dentro da alma. Algo intangível, mas ainda muito real.

- Provavelmente só precisarei aumentar a dose dos meus supressores, - ele disse. - Provavelmente vai resolver.

Tinha que resolver.

Ele não conseguia imaginar como seria essa dor sem os supressores. Existiam casos de ômegas que morriam quando seus alfas morriam. Ajudava muito que o vínculo de Louis fosse recente e não tão profundo. Se ele tivesse um forte apego emocional ao alfa, teria sido muito pior, embora no momento fosse difícil imaginar se sentir pior que isso.

- Vai ficar tudo bem. - Aslan disse, beijando a testa dele sem jeito.

A voz positiva era tão obviamente falsa que Louis quase sorriu. Aslan, com todos os traços de ômega perfeitos, não era realmente muito carinhoso. Sempre parecia estranho quando Aslan tentava ser um ômega gentil e carinhoso.

- A temporada vai começar no próximo mês, e tenho certeza que você vai esquecer na empolgação disso!

- Ah, que alegria, - Louis brincou. - Se você acha que isso é realmente reconfortante, odeio ter que te dizer isso, mas não é não.

Aslan riu.

- Você vai ver, irmão. Vamos nos divertir muito, você e eu!

Louis forçou um sorriso.

Capítulo 6

Núcleo Interno.

Planeta Calluvia.

- Era a única alternativa, Haydn.

Príncipe Haydn Styles franziu os lábios, ainda olhando para o homem inconsciente na cama do hospital.

- Era? - ele disse calmamente. - Tivemos que agir sem o consentimento dele.

- Porque ele não estava em condições de consentir. - o marido disse, pegando a mão dele e apertando.

Haydn virou a cabeça e sorriu fracamente para Royce, o sorriso se tornando mais genuíno quando o olhar do marido sustentou o dele. Era um pouco vergonhoso que só olhar nos olhos escuros de Royce o afetasse assim. Tudo parecia magicamente melhor quando Royce estava por perto e olhando para ele.

- Eu sei. - Haydn disse com um suspiro, colocando a cabeça no ombro de Royce e inalando profundamente o cheiro familiar.

Isso o confortou.

- Mas Dra. Jordan disse que esse procedimento era muito arriscado. E se ele não se lembrar de nada quando acordar?

Royce deu um beijo no topo da cabeça dele.

- Então, nós o ajudaremos a se lembrar. Pelo menos ele está de volta ao normal agora, não é mais uma besta sem cérebro.

Haydn franziu o cenho.

- Ele não era realmente uma besta sem cérebro quando o encontramos na floresta.

Foi muito intrigante. Embora Harry não tivesse o reconhecido, ele claramente era capaz de pelo menos algum pensamento cognitivo, o que era um estado bem melhor do que quando ele escapou do hospital meses atrás. Porra, tinha tantas coisas que eles ainda não entendiam. Começando com a misteriosa mensagem anônima com o paradeiro do Xeus feral—a mensagem que eles ainda não tinham sido capazes de rastrear a origem, que sugeria o trabalho de um hacker altamente qualificado—e terminando com o fato de que Harry estava cheirando estranho quando Haydn e seu pessoal o encontrou na floresta.

Haydn olhou para o primo inconsciente com o cenho franzido. O cheiro de Harry estava normal agora depois das modificações genéticas avançadas que o forçaram a se transformar de volta em um homem, mas ainda era bizarro que ele tinha um cheiro ligeiramente diferente na floresta. Os médicos disseram que parecia que Harry tinha sido feito de cobaia, o que provavelmente era o motivo pelo qual o cheiro dele tinha mudado e ele ter sido uma fera menos irracional do que meses atrás. Ainda fazia pouco sentido.

- O que você acha que aconteceu com ele? - Haydn disse. - Quem teria feito experimentos nele? Por quê?

Royce ruminou.

- O Serviço Secreto está investigando. Com sorte, descobriremos em breve.

Haydn fez uma careta.

- Se meu pai se dignar a nos contar alguma coisa. Você sabe que não tenho mais autoridade sobre o Serviço Secreto.

O marido apenas apertou a mão dele novamente. Ele não precisava dizer nada para Haydn sentir o apoio dele através do vínculo de companheiro. Quando Royce tocava nele, era difícil dar a mínima para o rei já ter praticamente o deserdado.

- Ele vai vir aqui? - Royce disse.

- Meu pai? Provavelmente. - os lábios de Haydn se curvaram num sorriso sem humor. - Harry é o segundo herdeiro para o trono, afinal. O rei vai querer ter certeza de que Harry não é mais uma besta sem cérebro antes que ele possa me deserdar oficialmente.

Teve um som de passos se aproximando e Haydn virou a cabeça, já se preparando para a aparição do pai. Ele não o via há dois meses, desde o desastroso evento da Opal House.

Mas não era o pai.

Era Lorde Chanceler Ksar'ngh'chaali, ou Lorde Ksar, como o chamavam por causa do nome alienígena impronunciável.

A equipe médica na sala imediatamente fez uma reverência profunda, lembrando a Haydn que esse estrangeiro era um membro da realeza no planeta nativo, não apenas um representante do Conselho Galáctico.

- Vocês estão gostando de Calluvia? - Lorde Ksar disse, o tom frio em desacordo com a pergunta educada.

- O planeta é lindo, - Royce disse. - Obrigado pela hospitalidade. O centro genético não teria nos recebido tão rápido se não fosse por você.

Lorde Ksar apenas deu um breve aceno de cabeça de reconhecimento antes de olhar para a forma imóvel de Harry.

- Ele ainda não acordou? Me disseram que ele deveria acordar hoje.

Haydn olhou ansiosamente para o primo inconsciente.

- Ele deveria. Mas o médico disse que é impossível prever completamente como o corpo dele reagirá à reprogramação do código genético.

- Fisicamente, ele parece curado, - Lorde Ksar observou, os olhos prateados passando pela forma deitada de Harry sem emoção. - Sem garras e pelo.

Haydn olhou para o primo. Ele certamente parecia ter retornado para a aparência incrivelmente linda, um homem mais uma vez, ao invés do alfa feio e bestial que ele tem sido por meses. Embora tenha sido um alívio, Haydn não pôde deixar de pensar que eles poderiam ter cometido um erro ao forçar Harry a se submeter ao procedimento traumático de alterar o código genético. Sempre foi a última alternativa: a médica de Harry achava que era muito arriscado. Infelizmente, eles tiveram pouca escolha: os médicos que examinaram Harry em casa relataram que, depois de alguns experimentos desconhecidos feitos nele, o código genético de Harry estava extremamente instável e precisava de uma correção o mais rápido possível. Haydn teve que usar a posição de lorde chanceler para levar Harry a Calluvia, um planeta de alta tecnologia de Núcleo Interno, a fim de obter para o primo o tratamento de que precisava. Tudo aconteceu tão rápido que não houve tempo para parar e pensar se eles estavam fazendo a coisa certa. Será que tinham?

A verdade era que Harry não deu o consentimento para esse procedimento. Haydn pode ter pensado no melhor para o primo, mas ainda assim o forçou a se submeter a um procedimento incrivelmente arriscado, cujo resultado não era garantido. Harry pode acordar e nem mesmo se lembrar de quem ele era. Ele pode acordar sem sanidade. Ele pode acordar e odiar Haydn pelo vínculo quebrado.

Haydn se encolheu com o pensamento. Ele ficou sinceramente chocado quando os médicos disseram que Harry tinha um vínculo de companheiro ativo. Ele não conseguia imaginar as circunstâncias de um Xeus feral se unindo a alguém. Na verdade, ele se esforçou para não pensar nisso. Ele só podia esperar que, quem quer que fosse o triste companheiro de vínculo, Harry não os tivesse machucado inadvertidamente.

Mas não era mais relevante. O vínculo agora se foi. O procedimento de modificação genética inevitavelmente o quebrou.

Haydn se perguntou se o primo se lembraria de que ele foi vinculado a alguém. Se ele sentiria falta do vínculo. Doeria? Os médicos de casa não tinham ideia, porque nunca houve um precedente de reversão dos efeitos da Kerosvarin. Os médicos daqui também não sabiam, porque os calluvianos não tinham designações alfa e ômega e nunca tinham tentado tal procedimento em um eilano. Era tudo muito experimental.

Porra, que bagunça. Mesmo que o vínculo rompido de Harry não tivesse consequências indesejáveis, Haydn só conseguia se encolher ao pensar na reação do primo ao descobrir que tinha sido uma besta feroz por meses—e que tinha dado um jeito de se vincular a alguém.

Harry sempre foi... estranho com a própria designação. Haydn sabia que o primo odiava a perda total de controle durante a lua cheia e não gostava de ser o rosto de todos os alfas Xeus do planeta, mas Harry também era muito responsável quando se tratava da designação. Harry pode não gostar de ser um Xeus, pode não ter orgulho disso, mas sempre foi politicamente mais experiente—mais politicamente experiente do que Haydn, verdade seja dita—e Harry costumava usar a influência que tinha para tornar a vida de alfas Xeus um pouco melhor, já que ele era praticamente o único alfa Xeus em posição de fazer isso. Mas agora... Toda essa situação seria um pesadelo de Relações Públicas se um dia se tornasse de conhecimento público. Os oponentes políticos de Harry apreciariam a chance e a usariam como uma arma contra os alfas Xeus em geral e Harry em particular.

A coisa toda sem dúvida seria humilhante para o primo orgulhoso. Haydn sabia o quanto Harry tinha lutado para controlar a natureza violenta quando menino, quanto tempo levou para suprimir a agressão natural. Haydn sempre admirou a vontade de ferro de Harry: ele tinha feito um trabalho tão bom em fingir ser um político e socialite equilibrado que às vezes até Haydn esquecia que ele não era o que parecia ser. Harry odiaria totalmente a perda de controle. Foi por isso que Haydn insistiu em usar a tecnologia NDA após o desastre na Opal House. Para seu alívio, não ocorreu nenhum vazamento e as pessoas não pareciam ter descoberto que o alfa selvagem no evento era Harry. Gratidão pelas pequenas misericórdias, porra.

Um gemido suave fez Haydn voltar o olhar para o primo, o coração batendo mais rápido de animação e ansiedade.

- Haz?

Os cílios escuros tremularam.

Harry Styles, duque de Westcliff, abriu os olhos.

Capítulo 7

Dois meses depois.

A temporada social foi ainda pior do que Louis esperava. Ele achava que estava preparado para o tédio total que seria, mas dez dias após a chegada deles a Faris, capital de Pelugia, Louis já sentia vontade de socar alguém. De preferência, o rosto estupidamente lindo de Aslan.

- Seu irmão me mencionou? - disse o alfa loiro com quem ele estava dançando, lançando um olhar ardente por cima do ombro de Louis.

Louis não precisava seguir o olhar para saber que ele estava olhando para Aslan. Todos olhavam para ele.

Suprimindo a vontade de revirar os olhos, Louis esticou os lábios em um sorriso e grunhiu:

- Não.

O alfa parecia decepcionado, mas não desanimado.

- Você tem certeza? Talvez ele tenha me mencionado pelo meu título? A maioria das pessoas me chama pelo meu título, não pelo meu nome. Visconde Benley?

Louis sorriu mais largo.

- Tenho certeza, meu senhor.

Assim que a dança acabou, ele caminhou em direção a Aslan—ou tentou. Como sempre, Aslan estava cercado por uma grande quantidade de admiradores. Tirando vinte alfas do caminho com uma cotovelada, Louis finalmente conseguiu alcançar o irmão.

- Vamos conversar. - ele disse, colocando outro sorriso para o bem do público atento.

Não que algum desses cabeças-duras babões sequer olhasse na direção dele.

Aslan deu aos fãs um sorriso de desculpas.

- Sinto muito, mas meu irmão requer minha atenção. - ele disse, os longos cílios tremulando lindamente e uma covinha aparecendo na bochecha.

Embora Louis não pudesse sentir o cheiro, ele podia sentir o ar engrossar com feromônios alfa enquanto os olhos dos alfas grudavam no rosto de Aslan. Nojento. Como Aslan aguentava estar perto desses cabeças-duras o tempo todo?

- Claro. - os alfas disseram em coro, os olhares em Aslan.

Louis pegou o braço de Aslan, o arrastou para um pouco longe e sibilou:

- Se você mandar seus fãs para cima de mim de novo, juro que seu rosto não será mais tão lindo. Você acha que eu não sei o que você está fazendo? Para. Simplesmente para. Eu entendo que você tem uma verdadeira legião de pretendentes, mas não preciso das suas sobras. Entendido?

Aslan suspirou, como se Louis fosse o irracional daqui.

- Eu não os mandei para cima de você. Eu apenas falei para eles que aprecio alfas que tratam minha família com bondade e respeito. Só isso!

Louis zombou.

- Certo. Só isso.

Suspirando de novo, Aslan pegou o braço dele e os levou até o canto do salão, longe de qualquer bisbilhoteiro em potencial.

- Olha, - ele disse suavemente, a expressão séria. - Eu realmente odeio que você não esteja se divertindo. Eu só queria ajudar, Louis. Eu odeio que você sempre parece querer estar em qualquer lugar, menos aqui. Essa é a nossa temporada de apresentação, não só a minha. Eu odeio que você se esconda em um canto dos salões de baile e esteja miserável.

Louis franziu os lábios e baixou o olhar.

- Estou me divertindo, - ele murmurou. - Eu simplesmente não gosto de dançar.

Isso era mentira. Ele gostava de dançar—teoricamente. Ele simplesmente não gostava de dançar com pessoas que faziam isso como um favor para o irmão.

- Você gostou do Barão Evler? - Aslan disse.

Louis deu de ombros.

- Ele é bom, eu acho.

Evler tinha sido um pouco mais tolerável do que os outros pretendentes de Aslan. Ele realmente olhou para Louis quando eles dançaram.

Aslan sorriu.

- Viu? Acho que ele é perfeito para você! Dá uma chance para ele, talvez?

Louis revirou os olhos.

- Ash, ele dançou comigo para impressionar você, não porque ele esteja interessado em mim. E eu não estou procurando por um alfa. Eu não quero casar.

O sorriso desapareceu do rosto de Aslan, a expressão se tornando investigativa.

- Você está bem? - ele disse, baixando a voz ainda mais. - O vínculo ainda machuca?

Se encolhendo um pouco, Louis desviou o olhar.

- Está tudo bem. - ele disse brevemente.

Ele estava bem. Graças ao aumento da dose de supressores, ele agora mal podia sentir o vínculo. Tudo o que ele podia sentir era uma vaga sensação de vazio no peito que ele conseguia ignorar na maior parte do tempo. Teve outra vantagem no aumento da dosagem dos supressores: o olfato tinha sumido, então os vários aromas e feromônios no salão do baile não o afetavam de forma alguma. Quanto ao lado negativo... ele sabia que não cheirava mais como um ômega, o que provavelmente contribui para a falta de popularidade, juntamente com a aparência simples.

- Tem certeza—

As palavras de Aslan foram interrompidas por um murmúrio de excitação que de repente percorreu o salão.

Ambos viraram a cabeça em direção à porta.

Aslan respirou fundo.

- É o duque de Westcliff. - ele sussurrou, apertando o braço de Louis.

Louis estava vendo.

Ele sempre pensou que as fotos e vídeos do duque pudessem ser manipuladas de alguma forma—porque ele achava que não era possível um alfa ser tão bonito. Mas ele tinha que admitir que o duque parecia ainda melhor na vida real. Os vídeos e fotos não faziam justiça à simples presença e autoconfiança que o corpo alto e poderoso de Westcliff emanava. Ele era lindo de dar água na boca: o rosto forte tão perfeitamente simétrico que poderia ter sido esculpido por um artista, os olhos verdes estranhamente brilhantes, os lábios carnudos e firmes eram sensuais apesar de estarem curvados em um sorriso sarcástico com covinhas, a mandíbula forte e definida. Ele parecia elegante no terno escuro sem esforço algum, apesar do tom mais escuro de barba recentemente tirada nas bochechas.

- Ai Deus, acho que ele está vindo para cá, Louis. - Aslan sussurrou, corando um pouco.

Ele estava certo: embora Westcliff parasse aqui e ali para falar com as pessoas, ele estava claramente se movendo na direção deles.

Louis bufou.

- Claro que ele está. Ele teria que ser cego para não notar você.

Ele largou o braço de Aslan e deu alguns passos para trás. Ele não tinha ilusões sobre o destino final do duque.

Ele estava certo, é claro.

Quando Westcliff finalmente alcançou Aslan, o irmão já tinha uma multidão de admiradores ao redor dele. Mas a multidão se separou para o duque sem ele nem mesmo dizer nada. Louis ficou quase impressionado.

Westcliff parou na frente de Aslan e se curvou ligeiramente, mais como um aceno de cabeça do que uma reverência. Ele estendeu a mão.

- Uma dança?

Aslan inclinou a cabeça ligeiramente.

- Temo não dançar com alfas desconhecidos. - ele disse, os lábios se curvando em um pequeno sorriso.

Aslan ficava ridiculamente adorável quando fazia isso, e ele sabia disso.

Louis balançou a cabeça com um sorriso afetuoso.

Para o leve espanto de Louis, Westcliff não pareceu instantaneamente obcecado. Levantando uma sobrancelha escura, ele simplesmente disse:

- Harry Styles.

E então ele pegou a mão de Aslan e o levou para a pista de dança. Bem assim.

Louis cruzou os braços no peito e tentou fingir que não podia ouvir os pretendentes de Aslan fofocando sobre o interesse de Westcliff. Eles pareciam ter esquecido que ele estava ali.

- Você acha que ele está realmente interessado? - um dos alfas mais jovens disse, parecendo positivamente arrasado.

Louis podia simpatizar.

- Quem sabe, - outro alfa disse, o olhar no casal dançando. - Mas Westcliff já tem trinta anos. Ele não pode sair dormindo por aí para sempre. Ele provavelmente está pensando em se estabilizar logo.

Outro alfa zombou.

- Por favor. Tem pouco a ver com a idade. Se os rumores forem verdadeiros, o rei vai querer que ele se case e produza um herdeiro.

O primeiro alfa lançou um olhar assustado.

- Você realmente acha que o rei vai deserdar príncipe Haydn e fazer Westcliff o herdeiro?

- Não é só um boato, - interrompeu a marquesa de Ferhum. - Ouvi de uma fonte confiável que a papelada já foi redigida. Deverá ser anunciado a qualquer momento.

Um murmúrio de inquietação percorreu o grupo.

- Mas ele é um Xeus, - alguém disse. - Nunca tivemos um Xeus no trono. As pessoas não ficarão felizes.

- O que provavelmente explica porquê Westcliff de repente está expressando interesse em um nobre e belo ômega, - disse outro alfa. - Ele vai precisar de um companheiro perfeito nos braços para assegurar ao povo que ele é um alfa normal, e não a besta que é.

- Cuidado com as palavras, Sodenberg, - disse outra pessoa. - Se ele for o próximo rei, você terá que mostrar respeito.

Sodenberg zombou.

- Qual é, só estou dizendo em voz alta o que todo mundo está pensando. Uma besta não tem lugar no trono.

- Westcliff não é como os outros alfas Xeus. Na verdade, eu nunca teria imaginado que ele fosse um se eu já não soubesse.

A marquesa deu uma risadinha.

- Seu menino bobo, - ela disse em voz baixa, os olhos penetrantes observando Westcliff enquanto ele conduzia Aslan pelos passos da dança. - Westcliff é só o melhor em fingir ser civilizado. Uma besta sempre será uma besta, não importa o quão bem ela finja ser domada.

Franzindo o cenho, Louis se virou, tentando digerir o que acabou de ouvir.

Ele ainda estava pensando nisso quando a dança terminou e Westcliff acompanhou Aslan de volta para o grupo de admiradores.

- Obrigado pela dança, Aslan. - ele disse com uma leve reverência, sustentando o olhar de Aslan e ignorando todos os outros, sorrindo. - Foi um prazer.

Aslan corou e assentiu.

- O prazer é meu, Vossa Graça.

Louis franziu os lábios e olhou para a forma alta do duque se retirando. Tinha algo na interação que o deixou inquieto. Ele não conseguia definir o que era, mas junto com o que acabou de ouvir as pessoas discutindo, isso o deixava muito inquieto.

Ele precisava descobrir se o duque estava realmente interessado em Aslan ou se tinha algo mais o motivando.

Lentamente, ele seguiu Westcliff ao redor do salão enquanto o alfa se dirigia para a porta, claramente pretendendo partir.

O duque, no entanto, foi detido por outro alfa.

- Vamos conversar? - o outro alfa disse, dando um tapinha nas costas de Westcliff.

Louis levou um momento para identificar o rosto. Era o conde de Terlaine, um entre os vários da legião de pretendentes de Aslan. A única razão pela qual Louis se lembrava do nome dele era porque o conde era notavelmente lindo—quase tão lindo quanto Westcliff era.

Westcliff assentiu e gesticulou para que Terlaine o seguisse. Eles saíram do salão para o jardim. Louis os seguiu o mais discretamente possível, feliz que a música alta estava mascarando os passos. Em outras circunstâncias, os alfas sem dúvida o teriam ouvido. O cheiro o teria entregado também se não fosse inexistente graças aos supressores. Louis se agachou atrás de uma grande árvore e forçou a audição.

- O seu interesse em Aslan Tomlinson é genuíno, Harry? - Terlaine disse.

Louis poderia ter beijado ele por abordar esse assunto.

Sorrindo, ele se inclinou para frente e espiou pelas brechas entre as folhas.

- O que isso te diz respeito? - Westcliff disse calmamente, acendendo um cigarro.

A postura era relaxada, quase preguiçosa, mas o rosto inexpressivo o contradiz. Tinha algo duro e calculista no olhar dele agora. Era como olhar para um homem diferente. O charmoso duque que estava sorrindo para Aslan alguns minutos atrás não estava em lugar nenhum.

Terlaine não parecia tão abalado com a mudança de comportamento quanto Louis. Provavelmente ele conhecia Westcliff muito bem se o tratava pelo primeiro nome.

- Porque estou interessado nele, - Terlaine disse. - E eu queria saber se o seu interesse é sério. Não quero perder meu tempo.

Westcliff bufou suavemente.

- Você se valoriza muito pouco, Michael.

Terlaine sorriu ironicamente.

- Não. Eu sei o meu valor. Mas eu não sou você. E não estou prestes a me tornar o herdeiro do trono.

Westcliff suspirou e deu uma longa tragada no cigarro.

Louis olhou para o cigarro entre os lábios cheios, a barba escura no queixo firme, e ponderou como um homem tão bonito poderia parecer tão insensível e frio.

- Estou levando a sério, devo dizer, - Westcliff disse por fim, dando de ombros ligeiramente. - O rei está me pressionando para casar, e me disseram que Tomlinson é o ômega mais procurado do país, então vai dar uma boa história.

Louis quase engasgou de pura indignação. Uma boa história? Westcliff queria conquistar Aslan porque daria uma boa história? Que idiota cínico e manipulador de—

- Não me diga que você não o acha atraente. - Terlaine disse, parecendo atordoado.

Westcliff deu de ombros novamente, uma certa emoção cintilando nos olhos.

- Ele é lindo, - ele disse sem qualquer entonação. - Ele vai servir. Será uma vitória para as Relações Públicas, uma façanha para distrair as pessoas das notícias desagradáveis ​​de que um Xeus herdará o trono. Você sabe que o povo gosta de romantizar namoros e casamentos da realeza. Ele é lindo o suficiente para ser uma boa distração das más notícias.

Distração? Uma façanha?

Por cima do meu cadáver, Louis pensou cruelmente.

Ele deve ter feito algum barulho, porque Westcliff de repente olhou direto na direção dele.

Louis congelou.

Apagando cuidadosamente o cigarro com o sapato brilhante, Westcliff disse:

- Você pode sair agora, seja quem for. Não me faça arrastar você para fora dos arbustos.

Louis cerrou os punhos, considerando correr de volta para o salão. Mas seria inútil. Ele não era páreo para um alfa Xeus—eles eram muito mais rápidos, mesmo no estado não transformado, do que ômegas.

Lentamente, Louis emergiu dos arbustos.

Terlaine fez um barulho surpreso, mas Louis não olhou para ele. Não conseguiu olhar. Ele estava muito ocupado fuzilando o duque.

- E quem é você? - Westcliff disse, os olhos verdes passando rapidamente por ele sem muito interesse.

Desdenhosamente.

Louis corou.

- É o irmão mais novo de Aslan Tomlinson, - Terlaine disse. - Lorence, eu acho?

Louis mostrou os dentes em um sorriso.

- Perto o bastante, - ele disse, ainda olhando para Westcliff. - Você não vai usar meu irmão como um peão no seu jogo de relações públicas, - ele disparou. - Encontre outra pessoa. Vossa Graça.

Westcliff deu um passo mais perto, os olhos finalmente perdendo o olhar de indiferença. Eles estavam mais atentos agora. Mais nítidos. Calculativos.

O coração de Louis bateu mais rápido. Algo sobre esse alfa o deixava nervoso, fazendo o instinto de lutar ou fugir entrar em ação. Era bizarro, considerando que ele nem conseguia sentir o cheiro dele.

- Você me entendeu mal, - Westcliff disse, a voz grave significativamente mais suave agora. - Não tenho intenção de usar seu irmão. Minhas intenções são honrosas. O fato de que cortejá-lo vai me ajudar a alcançar meus objetivos políticos não tira a minha admiração genuína por ele.

Louis riu fortemente.

- Você deveria ser ator, Vossa Graça. Eu teria acreditado em você se não tivesse acabado de ouvir você dizer que meu irmão "vai servir". Encontre. Outra. Pessoa. Aslan merece coisa melhor do que um babaca manipulador e de duas caras como você.

Westcliff inclinou ligeiramente a cabeça, o estudando como alguém estudaria uma estranha criatura. Tinha um brilho diabólico nos olhos dele agora.

- Você não sabe que nunca deve falar para alfas que eles não podem ter algo? Isso só os estimula a provar o contrário. Somos muito competitivos. É o nosso instinto. - os lábios cheios e rosados se curvaram condescendentemente. - Mas também, eu não esperaria que um beta entendesse isso.

Louis corou, os olhos lacrimejando. Ele tinha sido confundido com um beta antes, mas de alguma forma, vindo desse alfa ridiculamente lindo, parecia duplamente humilhante.

- Sr. Tomlinson não é um beta, Harry. - Terlaine interrompeu.

Louis se encolheu, tendo esquecido completamente que ele estava ali.

Westcliff ergueu ligeiramente as sobrancelhas, ainda olhando para Louis.

- Minhas desculpas. - ele disse, os olhos verdes percorrendo Louis antes de parar na garganta.

Louis teve que suprimir a vontade de verificar se a marca desbotada estava coberta pela gola da camisa. A marca mal era visível agora e logo certamente desapareceria completamente, mas por enquanto ele tinha que usar camisas de gola alta que cobriam a garganta.

- Desculpas aceitas. - ele disse rigidamente.

Falsamente.

- Em minha defesa, você não cheira como ômega. - Westcliff disse, olhando para ele com as sobrancelhas franzidas.

Louis mostrou os dentes.

- Seria de se esperar que um duque tivesse modos melhores do que o de comentar sobre tais coisas. - ele disse sarcasticamente.

Westcliff sorriu, como se Louis tivesse dito algo engraçado.

- Seria, - ele concordou e ofereceu o braço. - Eu vou te acompanhar de volta ao salão, Lorence.

- É Louis, - Louis disse entredentes, se recusando pontualmente a pegar o braço oferecido. - Não que eu tenha dado a você permissão para usar meu nome de batismo. É Sr. Tomlinson para você.

- Permita-me acompanhá-lo até seu irmão, Sr. Tomlinson?

Louis fuzilou os olhos entretidos dele. O babaca estava zombando dele!

- Não, - ele disse. - Vai para o inferno, Vossa Graça. E fique longe do meu irmão.

Ele se afastou com tanta dignidade quanto pôde demonstrar.

Não tinha sido muita, porque o vínculo doeu de novo e tudo o que ele queria era ir para casa e se aninhar com o gatinho.

Capítulo 8

Vinte e quatro anos atrás.

Ele estava lutando de novo.

Ilona só podia olhar pela janela, mordendo o lábio com força toda vez que alguém conseguia acertá-lo com um soco. Um menino pequeno de seis anos contra sete meninos mais velhos dificilmente era uma luta justa, mas é claro que ninguém interferia. Ninguém nunca interferia. A posição de Harry na corte era muito precária para que alguém interferisse. Ele pode ser o "sobrinho" do rei, mas a maioria da corte suspeitava fortemente que ele não era realmente filho da princesa Ashna. Não era difícil adivinhar quando a própria princesa mal reconhecia o menino e o manteve em uma ala separada do palácio. Apenas algumas poucas pessoas sabiam a verdade: que Harry era o filho bastardo do rei, o bastardo que o rei não reconhecia como filho. E para piorar as coisas, a designação do pobre menino só o tornou um alvo maior. Ser um Xeus também era difícil para os adultos, mas crianças podiam ser muito cruéis, e crianças privilegiadas eram mais cruéis do que a maioria. O temperamento explosivo de Harry certamente não ajudava em nada.

Ilona exalou de alívio quando alguém finalmente interrompeu a luta. Era o príncipe Haydn. Ele pode ter apenas seis anos também, mas ele era o herdeiro e filho legítimo do rei, então é claro que as crianças o escutavam.

Ela observou Haydn ajudar Harry a se levantar e dizer algo, mas Harry o ignorou e saiu correndo, o sangue ainda escorrendo no lábio cortado. Para não dizer que foi só com ele, os agressores não pareciam nem um pouco melhores.

Pouco tempo depois, a porta se abriu e Harry entrou no quarto. Ilona não ficou surpresa. Ele sempre ia até ela quando estava machucado, chateado ou com raiva. Ela podia não ser mais a babá dele, mas Ilona sabia que ela era a única pessoa em quem o menino confiava em todo o palácio. Era comovente e triste.

- Me deixa ver. - ela disse, o fazendo se sentar.

Eles ficaram em silêncio enquanto ela tratava o lábio e as juntas dos dedos machucados, os olhos de Harry olhando para as mãos. Ela perdeu a conta de quantas vezes isso aconteceu.

- O que foi dessa vez? - ela finalmente disse, embora pudesse adivinhar.

Ela sempre ouvia outras crianças o chamando de besta e animal imundo—insultos que Harry nunca conseguia engolir bem.

Harry só deu de ombros com a cara fechada, a mandíbula cerrada.

Ilona suspirou e se ajoelhou na frente dele.

- Coração, - ela disse suavemente, inclinando o rosto dele para cima para que ele pudesse olhar para ela. - Você sabe que lutar não vai mudar nada. Você só está provando que eles estão certos ao atacar eles. Não deixe que eles saibam que os insultos te incomodam. Não deixe que eles te atinjam. Eu sei que lutar parece ser sua única opção, mas não é.

Os lindos olhos verdes estavam preocupantemente secos. Ele nunca chorava, não importava o quão chateado estivesse. Isso a preocupava às vezes.

- O que posso fazer, então? - ele disse roucamente. - Eles vão ganhar se eu os deixar escapar impunes.

Ela afastou uma mecha cacheada de cabelo castanho dos olhos dele.

- Seja paciente. Um dia, você mudará o mundo—eu sei que você consegue fazer isso. Você é tão forte e inteligente. Mas para que isso aconteça, você precisa ser paciente. Trate isso como um... - ela fez uma pausa, procurando uma analogia que ele pudesse entender.

Apesar de toda a inteligência que possuía, ele ainda era só um garotinho.

- Trate isso como um jogo, - ela disse finalmente, o beijando na testa. - Um jogo em que você segue suas regras e os induz a acreditar que você é igual a eles. É a única maneira de você sobreviver nessa cova de leões.

Harry a encarou sem dizer nada, os olhos muito mais maduros do que qualquer criança deveria ter. Isso fez o coração dela doer.

- Eu sei que não é justo, - ela disse com um sorriso trêmulo que mais parecia uma careta. - Mas não vivemos em um mundo justo. Sei que as pessoas desprezam você pelo que você é e por quem você é.

Uma certa emoção cintilou no rosto dele com a menção sútil do status ilegítimo dele. Ilona o abraçou.

- É injusto. - ela sussurrou, o coração doendo por ele.

Afinal, ele era filho do rei. Como ele deve se sentir sendo tratado como lixo enquanto o meio-irmão é adorado e respeitado por todos? Ela suspirou, apertando o pequeno corpo nos braços.

- Mas você pode tornar tudo melhor, um dia. Eu sei que pode. Mas, por enquanto, você precisa proteger seu coração e emoções. Deixe eles verem apenas o que eles se sentem confortáveis ​​em ver.

Harry se afastou e desviou o olhar. Mas pela expressão pensativa no rosto dele, ela pôde perceber que ele entendeu o que ela quis dizer.

Se passariam anos antes que Ilona percebesse o quanto ele seguiu seu conselho.

E seria tarde demais.

Capítulo 9

- Louis, chega. Você está sendo ridículo.

Louis balbuciou, fuzilando o irmão idiota.

- Eu? Estou te dizendo que Westcliff está só te usando para o esquema político, e eu que estou sendo ridículo?

Aslan revirou os olhos.

- Sim, você está sendo ridículo. Você está reclamando dele há uma hora, mas não vejo nenhum problema nas atitudes dele. Não tem nada de errado em se preocupar com o que as pessoas pensariam de nosso relacionamento. Seria pior se ele não se importasse. Afinal, ele é um futuro rei. - Aslan sorriu sonhadoramente. - Você consegue me imaginar como o consorte de um rei?

- Arg! - Louis disse em frustração, jogando um travesseiro decorativo na cabeça de Aslan. - Você sequer me escutou? Ele não está se importando só com a opinião das pessoas! Esse é o único motivo de ele estar te cortejando!

- Tenho certeza que não. Ele foi muito charmoso e atencioso quando dançamos.

Louis beliscou a ponta do nariz e exalou exasperadamente.

- Tenho certeza que ele foi, - ele rebateu. - Mas foi falso, Ash. Olha...

Ele caminhou até Aslan e se sentou ao lado dele. Pegando os ombros do irmão nas mãos, Louis disse, o olhando nos olhos:

- Eu sei que o que ele disse não foi nada terrível, mas é o modo como ele disse que me pareceu problemático. Era como olhar para uma pessoa diferente: frio, calculista e sem coração. Ele disse que "você vai servir", como se estivesse comprando alguma coisa. Como você pode ficar bem com isso? Você está tão cego assim pela aparência e título dele? Você merece melhor. Você não quer um marido que vai te amar?

Aslan sorriu um pouco. Tomando as mãos de Louis nas dele, ele as apertou.

- Claro que eu quero ser amado. Mas acho que o amor acontecerá com o tempo. É perfeitamente normal que ele ainda não esteja apaixonado por mim. Eu também não estou apaixonado por ele. Mas tenho certeza de que isso vai acontecer à medida que passarmos mais tempo juntos. O amor precisa de tempo, Louis. Eu não poderia sonhar com um pretendente melhor. Ele foi perfeitamente charmoso, ele é o alfa mais bonito que eu já vi, e ele cheira bem.

Louis franziu o cenho. Em momentos como esse, ele odiava que os supressores o privasse de avaliações sensoriais normais.

- Vocês são compatíveis?

- Nós poderíamos ser, - Aslan disse. - Ele cheira bem o suficiente para me fazer querer inalar mais do aroma dele. - ele deu de ombros. - Não é como se eu tivesse experiência com essas coisas. Claro, não é nada como naqueles romances bregas—eu não fico instantaneamente molhado quando ele está perto—mas isso provavelmente não acontece na vida real.

Louis desviou o olhar.

- Espera, - Aslan disse. - Isso aconteceu com você com o seu—

- Não quero falar sobre isso. - Louis disse, cruzando os braços no peito.

- Qual é, não seja um puritano—

- Eu não estou sendo um puritano, - Louis retrucou. - O vínculo só dói quando penso nele, ok?

O brilho curioso nos olhos de Aslan desapareceu, substituído por pena. Era quase pior.

Franzindo os lábios, Louis olhou para as mãos.

- De qualquer forma, - ele disse. - Só porque ele cheira bem, isso não o torna uma boa pessoa. Ele é um—

- Babaca de duas caras, não confiável e sem coração, - Aslan disse com um sorriso sôfrego. - Você já disse isso. Dez vezes.

Louis fez uma careta.

- Tudo bem, não me escute e tenha seu coração partido.

Aslan deu um tapinha no ombro de Louis.

- Obrigado por se preocupar comigo, de verdade, - ele disse. - Mas não deveria. Não é o seu trabalho. Você é meu irmão mais novo, e é o meu trabalho me preocupar com você, não o contrário.

- Você é só um ano mais velho. - Louis disse, rindo.

- Ainda sou mais velho que você, - Aslan disse. - Olha, eu prometo que prestarei mais atenção a qualquer coisa que o duque disser, mas você realmente não tem nada com que se preocupar. - ele sorriu. - Ele é perfeito, irmão.

Louis pensou no homem de olhos frios dizendo "ele servirá" e não poderia discordar mais.

- Ninguém é perfeito. - ele murmurou.

Certamente ele poderia de alguma forma fazer Westcliff mostrar as verdadeiras cores na frente de Aslan?

Tudo bem, ele precisava de um plano.

***

Dois dias depois, enquanto observava Westcliff dançar com Aslan—de novo—Louis ainda não tinha um plano concreto. A situação tinha piorado agora, depois da tentativa equivocada de envolver o tio.

Louis estremeceu com o pensamento. Tudo bem, não tinha sido seu momento mais inteligente. Em sua defesa, ele pensou que o ódio do tio pelos alfas Xeus superaria o título e o dinheiro de Westcliff. Mas, aparentemente, tio Wayne estava mais do que satisfeito em desprezar Westcliff e os outros alfas Xeus em silêncio e não tinha intenção de pôr fim ao relacionamento. Por mais que Louis odiasse o tio e a intolerância dele, ele o teria respeitado um pouco mais se ele tivesse princípios o suficiente para ser consistente com o ódio que sentia. Era absolutamente revoltante ver tio Wayne sorrir para o duque de Westcliff como se ele não tivesse torturado e feito experimentos no Xeus de Louis. E irracionalmente, isso só o fez desgostar mais de Westcliff. Por que esse alfa Xeus tinha tudo enquanto o Xeus de Louis tinha sido morto como um animal?

Louis fez uma careta para o casal dançando.

Essa dança complicada tornava óbvio o quão elegante e sofisticado Westcliff era. Apesar da estrutura alta e musculosa, ele não parecia um idiota, conduzindo Aslan com facilidade e graça pelos passos intrincados da dança.

Eles eram maravilhosos juntos: um alfa alto, charmoso e surpreendentemente bonito e um ômega de cabelos dourados e extremamente belo. Todos no salão pareciam estar olhando para eles. Louis podia ouvir inúmeras pessoas suspirando e comentando sobre o lindo casal que formavam.

A estratégia do babaca estava funcionando perfeitamente.

Louis olhou feio para Westcliff, odiando o sorriso falso de covinhas no rosto, a maneira como ele fazia Aslan rir e sorrir para ele. A visão era nauseante.

- Para de olhar boquiaberto para seu irmão e encontre um par para você.

Louis se encolheu e olhou para o tio.

Tio Wayne era muito pálido, a pele tinha um tom doentio, mas ainda assim ele era alto e orgulhoso, como se não tivesse nada de errado. Ele certamente parecia saudável o suficiente para enfiar o nariz onde não devia.

- Eu dificilmente posso só encontrar um par para mim, tio, - Louis disse. - A outra parte deve ser receptiva também. Os alfas não aceitam muito bem que ômegas os escolham como companheiros sem pedir a opinião deles sobre o assunto.

- Não zombe de mim, garoto. - tio Wayne disse, uma pitada da voz de alfa rastejando para as palavras.

Louis se encolheu e cruzou os braços no peito. Ele odiava quando tio Wayne fazia isso. Ele odiava que isso o afetasse.

- Não entendo porquê você usa tantos supressores, - tio Wayne disse, as narinas dilatadas. - Você nem cheira mais a ômega—não é natural. Seu cheiro era a única coisa quase atraente em você. Claro que ninguém quer dançar com você agora.

Alguém pigarreou atrás deles.

- Sr. Tomlinson.

Com o estômago despencando, Louis se virou e encontrou Westcliff e Aslan parados ali. A julgar pelo olhar simpático no rosto bonito de Aslan, eles ouviram as palavras do tio Wayne.

Olhando para qualquer lugar menos para Westcliff, Louis sorriu fracamente enquanto tio Wayne e Westcliff conversavam um pouco. Ele não se importou. Ser humilhado publicamente não era algo novo para ele. Ele não dava a mínima para a opinião de Westcliff.

- Você gostaria de dançar?

No súbito silêncio, Louis franziu o cenho e olhou para Westcliff. Percebendo que ele estava olhando para ele com expectativa, a mão estendida para ele, Louis corou. Olhando para Aslan, ele o encontrou olhando para Westcliff com um sorriso agradecido e suave, o que só humilhou Louis mais ainda. Ele não precisava da pena de ninguém, muito menos desse alfa.

Louis fuzilou Westcliff e disse:

- Não, obrigado.

A expressão de surpresa no rosto estupidamente lindo de Westcliff teria feito Louis rir em qualquer outra circunstância. Alguém já disse "não" a esse homem? Parecia que ninguém nunca tinha dito.

- Louis! - Aslan sibilou em reprovação.

Louis sorriu, colocando um olhar inocente no rosto.

- O quê? Não estou com vontade de dançar.

- Não seja idiota, garoto, - tio Wayne disse. - Se as pessoas virem o duque prestando atenção em você, alguém pode realmente te notar.

Nossa, uau. Tio Wayne estava se superando essa noite.

O sorriso de Louis ficou tenso, mas ele continuou sorrindo.

- Eu não preciso que esses hipotéticos "alguém" me notem. Estou bem sem eles—é o melhor momento da minha vida com minha família amorosa, na verdade.

- Você não sabe dançar, talvez? - Westcliff disse numa voz suave, embora o olhar dos olhos dele fosse tudo menos suave.

Ele parecia entretido. Se divertindo.

- Eu danço perfeitamente bem, obrigado. - Louis rebateu.

Os olhos verdes tinham um desafio.

- Não é nada para se envergonhar. - Westcliff disse no mesmo tom suave.

Louis olhou feio para ele.

- Eu sei dançar, - ele disparou. - Tá! - ele agarrou o pulso de Westcliff e o arrastou em direção à pista de dança.

- Não tem necessidade de me arrastar. - Westcliff disse, o forçando a diminuir os passos.

Porra, ele era forte, incrivelmente forte.

Louis deu a ele um sorriso falso enquanto eles ocupavam os lugares no espaço ao lado dos outros casais.

- Eu só quero acabar com isso.

Com os olhos brilhando de alegria, Westcliff se curvou para ele.

- Com uma atitude como essa, não é de admirar que ninguém te convide para dançar. - ele disse calmamente.

Louis bufou, embora verdade seja dita, ele se sentia um pouco satisfeito. Isso era preferível a Westcliff fingir que não tinha ouvido os comentários humilhantes do tio Wayne. E era... um pouco menos humilhante que Westcliff tivesse dito que as pessoas não o convidavam para dançar por causa da atitude dele, ao invés da falta de apelo como ômega. Um pouco menos.

- Isso foi esperto, devo admitir. - Louis disse, levantando a mão e alinhando com a mão de Westcliff com um centímetro de distância enquanto eles se moviam através dos passos da dança.

- O quê? - Westcliff murmurou, fazendo Louis retirar os olhos dos dedos fortes e longos.

A mão dele era muito maior do que a de Louis.

Ele encontrou o olhar do alfa.

- Você definitivamente ganhou alguns pontos com meu irmão ao se oferecer para dançar comigo.

Os lábios sensuais de Westcliff se curvaram em um sorriso insuportavelmente arrogante que fez Louis querer tirar com o—com o punho.

- Eu sei, - o duque disse. - Estou super orgulhoso de mim mesmo por pensar nisso.

Louis pisou no pé dele, com força.

O idiota apenas sorriu mais e, colocando a mão na parte inferior das costas de Louis, o girou com uma facilidade insultante, como se Louis não pesasse nada.

Quando Westcliff o pôs de pé, Louis estava vermelho e sem fôlego.

- Eu não deixei você fazer isso. - ele sibilou, se afastando do peito largo do alfa.

Westcliff ergueu uma sobrancelha escura arrogante.

- Faz parte da dança. É o que os alfas fazem nessa parte. Eu sei que você é do interior, mas com certeza você já viu isso desde o início da temporada?

Louis deu a ele o sorriso mais doce.

- Posso ser do interior, mas já dancei um stacetto antes e sei com certeza que nem todos os alfas fazem isso. Não me trate como um idiota, Vossa Graça.

Percebendo a expressão estranha no rosto do duque, Louis disse:

- O quê?

- Você deveria sorrir mais, - Westcliff disse, a expressão ainda estranha. - Você fica quase que bonito quando sorri.

Louis odiou o calor que se espalhou pelas bochechas.

- Uau, quase que bonito? Estou tão lisonjeado. Você é tão sutil assim com Aslan?

A parte horrível é que ele ficou lisonjeado. Ele normalmente ignorava todos os elogios vazios que os pretendentes de Aslan davam para ele. Eles só o faziam revirar os olhos. Você é tão bonito quanto seu irmão era o melhor de todos para ele, porque simplesmente não era verdade. Mas as palavras de Westcliff pareciam genuínas—ele as disse quase a contragosto.

- Com essa atitude, não é de admirar que você não tenha pretendentes, - Westcliff disse, sorrindo um pouco. - Você já tentou ser legal com as pessoas? Ou eu sou a única vítima de sua pequena língua afiada?

- Você não é especial, Vossa Graça. - Louis disse, retribuindo o sorriso enquanto alinhavam as mãos novamente.

- Não tenho certeza se estou aliviado ou magoado, - Westcliff disse. - Ter você morando sob meu teto certamente não será entediante.

Louis deu um passo em falso.

- O quê?

Westcliff corrigiu suavemente para ele, fazendo o passo em falso parecer um movimento de dança planejado.

- Seu irmão me disse que, se quisermos nos casar, os irmãos mais novos terão que se mudar para minha casa também.

Louis errou mais um passo.

- Vocês estão falando sobre casamento? Você o conheceu só há dois dias!

- E?

- Vocês não se conhecem!

Westcliff o girou.

- Não estamos planejando nos casar agora. Mas faz sentido falar sobre as condições e consequências de nosso casamento hipotético antes que ele realmente ocorra.

- Você não pode simplesmente—tratar as coisas dessa maneira. Não é uma transação comercial!

- Não é? - Westcliff disse com um sorrisinho absolutamente enlouquecedor. - Você parece ser o único que não entendeu ainda.

Louis fuzilou ele.

- Meu irmão merece melhor do—que isso.

- Você ia dizer "melhor do que você". Fala o que pensa, Louis.

Ugh, Louis queria limpar esse sorrisinho irritante e superior do rosto de Westcliff.

Ele pisou no pé dele novamente.

O idiota nem mesmo piscou.

- Seus pés são feitos de aço? E não me chame de Louis.

- Não, você é só uma coisa pequena e seus pezinhos dificilmente machucariam um Xe—um homem adulto.

- Você ia dizer um Xeus. - Louis disse, dando a ele um olhar curioso.

Algo cintilou nos olhos de Westcliff.

- Isso também. - ele disse neutralmente, o rosto se tornando ilegível novamente.

- Você não parece um Xeus. - Louis disse.

Westcliff foi quem errou um passo desta vez.

- Perdão? - a voz dele poderia ter transformado água em gelo.

- Você não parece um Xeus, - Louis repetiu, se perguntando se ele atingiu um ponto fraco. - Você não age como um Xeus. Você é tão civilizado e pragmático. Supostamente os alfas Xeus deveriam se definir pelos instintos.

Westcliff riu, mas os olhos permaneceram frios e intensos.

- Você não deveria acreditar nos estereótipos. Quantos alfas Xeus você conheceu na vida?

Louis engoliu em seco.

- O suficiente para saber que você é muito diferente deles, - ele disse, a voz mais tensa do que gostaria. - As pessoas dizem que a compatibilidade com os companheiros é extremamente importante para alfas Xeus. Eles supostamente fazem o vínculo para o resto da vida.

Algo mudou na expressão de Westcliff.

- Aonde você quer chegar com isso? - ele disse, sustentando o olhar de Louis com tal intensidade que a pele de Louis ficou coberta de arrepios.

Ele molhou os lábios com a língua.

- Estou simplesmente surpreso que você consiga anular seus instintos e tomar uma decisão tão pragmática e calculista de se casar com um ômega por uma questão de boa publicidade. Parece muito diferente de um Xeus. Você removeu cirurgicamente sua glândula de companheiro?

- Não somos animais, - Westcliff disse. - Você teria mais sucesso se não acreditasse em tudo que as pessoas dizem. Posso controlar meus instintos básicos e pensar com meu cérebro, e a maioria dos alfas Xeus também são capazes de fazer isso—com exceção de circunstâncias fora do nosso controle.

- Como o rut? - Louis disse.

Westcliff o olhou fixamente.

Louis sorriu.

- O quê? Por que deveríamos desviar do assunto? Só porque sou um ômega?

- Estou vendo que você vai ser uma inconveniência depois que eu me casar com seu irmão. - Westcliff murmurou, os lábios se contraindo.

- Você não vai se casar com meu irmão, - Louis disse, erguendo o queixo. - Então você não precisa se preocupar com o fato de eu ser uma "inconveniência", Vossa Graça.

- Veremos.

Alguém tossiu sem jeito, e Louis se encolheu e tirou os olhos de Westcliff.

As pessoas estavam encarando eles.

Louis levou um segundo para perceber por quê: a música tinha parado. Eles eram as únicas pessoas na pista de dança, a grande mão de Westcliff ainda na parte inferior das costas dele. Quando a música parou?

Envergonhado e perplexo, Louis deu um passo para trás e esboçou um sorriso.

- Vossa Graça. - girando, ele se afastou, os pensamentos em desordem.

Antes que ele pudesse recuperar o equilíbrio, Westcliff o alcançou. Tocando no cotovelo dele, ele o desacelerou.

- Para de fugir, Louis, - ele disse. - Ou as pessoas vão falar.

Louis zombou sem olhar para ele.

- Isso é tudo com o que você se preocupa? E eu não estou fugindo. Por obséquio, se manda daqui.

- Me deixe acompanhá-lo até o seu irmão.

Certo. O irmão.

- Se é o que quer, - Louis disse. - Embora eu tenha certeza de que posso encontrar meu caminho sem sua ajuda de duque.

Ele ouviu Westcliff exalar.

- Você é impossível. Você tem que discutir sempre comigo?

Louis virou a cabeça e sorriu para ele.

- Você está se sentindo exasperado, Vossa Graça?

O olhar que Westcliff lançou a ele estava bastante incomodado.

- Você é irritante.

Com o sorriso cada vez maior, Louis bateu os cílios e disse docemente:

- Ora, esse é o melhor elogio que você poderia ter me feito. Muito melhor do que "quase bonito".

Um músculo saltitou na bochecha de Westcliff.

- Eu não posso acreditar que você e Aslan sejam irmãos. Ele não é nem um décimo tão exasperante quanto você, seu terrorzinho.

Louis riu.

- Agora imagine casar com Aslan e ter que me aturar sempre por perto. O horror! Portanto, você deve encontrar outra marionete para sua façanha de relações públicas.

- Você está longe de ser tão engraçado quanto pensa que é.

- Na verdade, estou sendo muito sério—

- Louis.

Ambos voltaram os olhares para a voz.

Pertencia ao tio de Louis, que os observava de forma estranha.

Aslan também estava ali perto, cercado pela habitual multidão de admiradores. Embora ele estivesse no meio de uma conversa, ele estava olhando para eles com curiosidade.

Westcliff largou o braço de Louis, se curvou levemente para Aslan com um sorriso nojento e encantador e acenou com a cabeça friamente para tio Wayne, antes de se voltar para Louis. Se inclinando, ele disse, bem baixinho, apenas para os ouvidos de Louis:

- Você não me assusta, pirralho. Se acostuma com a ideia de que você vai morar na minha casa em breve. Quando eu for o alfa do seu irmão, serei seu alfa também. Você vai ter que me ouvir. Você vai ter que me obedecer. - os lábios se curvaram, os olhos intensos. - Estou muito ansioso por isso.

- Nunca. - Louis disse, os punhos cerrados.

Westcliff pegou um dos punhos de Louis e acariciou as juntas dos dedos até que se abrissem.

Com o rosto quente e a pulsação trovejando nos ouvidos, Louis observou Westcliff erguer a mão dele para os lábios. Certamente ele não iria...

Ele iria.

Lábios quentes roçaram as juntas dos dedos de Louis.

Não foi nada fora do comum. Um gesto antiquado de respeito com ômegas nobres, nada mais.

Não deveria ter feito a pele dele se encher de arrepios. Ou fazer os dedos tremerem.

Louis puxou a mão e fuzilou o alfa. Esse babaca manipulador! Ele achou que poderia ativar o charme e Louis simplesmente esqueceria o idiota cínico de duas caras que ele era?

- Não desperdice seu charme comigo, Vossa Graça, - ele disse na voz mais desdenhosa. - Não funciona comigo.

O idiota riu, como se Louis estivesse sendo engraçado.

- Valeu a tentativa. - ele disse, e saiu.

Louis não o observou ir embora.

Não mesmo.

Ele olhou para a mão e fez uma careta para os dedos formigando, antes de os limpar nas calças.

Não funcionou. Ele ainda podia sentir o toque de Westcliff como se a carne tivesse sido chamuscada.

Capítulo 10

Harry Styles, duque de Westcliff, não estava de muito bom humor. Ele estava com dor de cabeça—não era nada novo desde que acordou em Calluvia e descobriu que os dois meses anteriores de sua vida tinham desaparecido da memória—mas esta manhã ela estava particularmente agravante. Por uma razão muito específica.

- Vossa Graça, Sua Majestade está esperando por você.

Harry deu um aceno curto com a cabeça antes de caminhar em direção ao escritório do rei. Ele parou por um momento, reforçando a expressão amena e neutra no rosto, e então entrou na sala.

O rei não estava sozinho. Austin Cormack, o assessor de imprensa do palácio, também estava aqui. Ele se curvou para Harry em reverência, o olhar abaixado.

Rei Stefan olhou para Harry com um vinco profundo, uma pitada de desagrado no aroma dele.

- Sobrinho. - ele disse friamente.

Harry pensou brevemente em chamar o rei de pai. Ele quase riu alto.

- Vossa Majestade. - ele disse ao invés disso, com a mesma frieza.

- Se sente. - o rei disse.

Harry fez o que foi dito e olhou de Stefan para o assessor de imprensa.

O último mencionado foi quem quebrou o silêncio.

- A notícia de que o príncipe Haydn foi deserdado será anunciada no início do próximo mês. - Cormack disse, olhando nervosamente para o rei.

Mas Stefan não comentou, o rosto inescrutável, então Cormack continuou.

- Dados preliminares sugerem que quase setenta por cento da população vai desaprovar. O príncipe—

- Ele não é mais um príncipe. - Stefan falou.

Cormac engoliu em seco.

- Sinto muito, senhor. Hábito. O—Haydn é muito amado pelo povo, especialmente pelo exército. Não podemos prever como eles reagiriam à notícia de que ele foi deserdado e um—

Ele se interrompeu, olhando nervosamente para Harry desta vez. Harry teve pena dele.

- E um alfa Xeus foi nomeado como herdeiro. - ele finalizou para ele.

Cormack assentiu agradecido.

- A situação é duplamente complicada. No entanto, ajuda muito que o duque seja popular entre nosso povo—para um alfa Xeus. - ele olhou para Harry. - Sua reputação é irrepreensível, Vossa Graça. Você se saiu muito bem como Conselheiro de Segurança Nacional, tão bem que até os críticos mais exigentes admitiram isso. Conseguimos conter o infeliz incidente na Opal House, então não há nada que seus difamadores possam usar contra você—

- Isso não é necessariamente verdade, - Harry disse. - Quem me manteve em cativeiro—quem fez experimentos em mim—pode saber da minha identidade e pode ter algo para usar contra mim.

Como o fato de eu ter me vinculado a alguém, possivelmente contra a vontade da pessoa.

O pensamento inquietante fez o estômago apertar, a dor fantasma do vínculo de companheiro quebrado gelando o interior. Não importa quantas vezes Harry tenha dito a si mesmo que não tinha sido ele, revirava o estômago ao pensar que sua versão selvagem poderia ter forçado algum pobre ômega a fazer o que não queria fazer. A única garantia era o fato de que o vínculo tinha se formado, o que significava que o ômega deve ter se sentido receptivo o suficiente: a marca de vínculo não teria efeito se a versão selvagem tivesse estuprado a pessoa. Isso ainda era um pequeno conforto. Pelo menos o ômega estava livre do vínculo acidental agora.

Cormack se retraiu.

- É uma possibilidade, mas nosso Serviço Secreto está investigando o problema e esperamos ter respostas em breve. A preocupação mais proeminente é em relação a seu ex companheiro, Vossa Graça. Se alguém vier à tona, culpando você por tê-los agredido e forçado uma marca de vínculo, isso arruinaria tudo. As pessoas não se importariam que você não conseguisse se responsabilizar por suas ações sob a influência da Kerosvarin. Isso seria um desastre.

- O que você sugere, Austin? - o rei cortou resumidamente.

Cormac suspirou.

- O que eu sugeri a Sua Graça semanas atrás—escolher um ômega adequado e se unir a ele o mais rápido possível. Se ele estiver felizmente vinculado a outra pessoa, o primeiro companheiro de vínculo não seria capaz de provar que foi Sua Graça quem o forçou a uma marca de vínculo. Todo mundo sabe que alfas Xeus viram companheiros pelo resto da vida. Temos sorte de que o procedimento de modificação genética que Sua Graça sofreu em Calluvia dissolveu o primeiro vínculo sem nenhum dano duradouro. Ele pode se vincular novamente. - ele olhou para Harry com uma pitada de aprovação no rosto. - Vejo que você seguiu meu conselho e já começou a cortejar Aslan Tomlinson. Uma escolha muito boa, Vossa Graça.

Harry o deu um olhar monótono. Ele não gostava da forma como o beta sempre enrolava com o problema.

- Estou sentindo um "mas" chegando.

- Infelizmente, a relação por si só não é suficiente para distrair as pessoas e elevar sua moral. Um casamento real é uma questão completamente diferente. Você precisa se casar o mais rápido possível e produzir um herdeiro. De preferência um alfa não metamorfo. - Cormack olhou para ele nervosamente. - Sem ofensa, Vossa Graça.

Harry sorriu, o olhando nos olhos.

- Não ofendeu.

Cormack engoliu em seco e deu um sorriso incerto.

- Você precisa entender que estou só pensando no futuro da Coroa, Vossa Graça.

- Entendo. Continue.

Cormack exalou visivelmente.

- Você poderia acelerar sua relação com o sr. Tomlinson? Presumo que ele esteja disposto a se casar com você, e vocês sejam compatíveis?

A pergunta fez Harry parar. Essas eram duas perguntas diferentes. Aslan Tomlinson estava disposto a se casar com ele, mas no que diz respeito à compatibilidade deles... Aslan era ridiculamente lindo, educado e com boas maneiras. Ele não era um tolo com cabeça de vento. O rosto era perfeito, e o corpo era tão bonito quanto o rosto. Se deitar com ele certamente não seria uma tarefa árdua. Ele cheirava bem o bastante. E ainda assim...

E ainda assim nada, Harry disse a si mesmo bruscamente. Aslan Tomlinson era perfeito para seus propósitos. O fato de que o alfa dentro de Harry não fosse atraído por ele era irrelevante. Ele não era um animal. Ele era um homem, e ele faria a escolha como um homem.

- Ele está disposto, - Harry afirmou. - Isso é tudo?

- Não, - Stefan disse. - Entre em contato com Haydn e peça a ele para comparecer à sua coroação como príncipe herdeiro. Isso tranquilizaria os apoiadores dele de que Haydn está deixando o trono voluntariamente.

Harry encarou ele.

- Haydn não está deixando o trono voluntariamente.

- No que diz respeito ao nosso povo, ele está, - o rei disse. - Diremos que ele percebeu que não conseguiria ser o rei de Pelugia quando já é o Lorde Chanceler do planeta e o marido do primeiro-ministro kadariano.

Harry quase riu.

- O que você vai fazer quando Haydn se recusar a confirmar isso?

- Ele vai confirmar pelo bem do próprio orgulho, - Stefan disse, mordaz. - Sem mencionar que ele é fraco e tem o coração mole, como todos os ômegas. Se você disser a ele que precisa do apoio dele, ele vai ceder.

Teve uma época em que Harry tentou odiar o meio-irmão. Quando eram crianças, Haydn tinha tudo o que ele não tinha: o respeito dos parentes, o amor e a adoração de todos, o reconhecimento do pai. Haydn tinha sido a criança de ouro do palácio enquanto Harry tinha sido um menino violento que ninguém queria por perto, incluindo a suposta mãe. Mas, à medida que cresceram, ele passou a ter pena de Haydn, ao invés de invejá-lo. Odiá-lo era impossível. Haydn era uma pessoa genuinamente boa e um bom primo—primo porque Haydn não tinha ideia de que Harry era o filho bastardo do rei.

- Haydn não é um ômega. - Harry disse neutralmente, apreciando a forma como o rosto do rei corou de raiva.

- Ele é, - Rei Stefan sibilou. - Ele é um ômega imundo disfarçado de alfa.

Harry adotou um olhar de confusão.

- Não foi você que mexeu com a genética dele e o transformou em um alfa?

O cheiro do rei intensificou de raiva quando ele se inclinou para frente.

- Você está se esquecendo do seu lugar, garoto. - ele resmungou, o ar se enchendo com os feromônios de alfa.

Harry encarou o rei, nada impressionado. Stefan realmente achava que essa postura de alfa funcionaria com ele? Ele era um Xeus. Se tinha uma coisa boa em ser um Xeus, era que os alfas Xeus tinham feromônios mais fortes do que os alfas não metamorfos. Ele poderia vencer o rei facilmente—se quisesse.

Ele não fez isso, claro. Ele não precisava da designação para superar o rei.

- Estou só um pouco curioso, Vossa Majestade, - ele disse uniformemente. - Você me reconheceria como seu filho se soubesse de antemão que seu herdeiro legítimo seria um ômega? Até um Xeus imundo provavelmente é melhor que um ômega imundo, não é?

O rosto do rei estava quase roxo de raiva agora.

- Saia da minha frente, - ele disse firmemente. - Eu deveria ter dado você aos pobres, seu ingrato—

- Por que você não deu? - Harry disse, genuinamente curioso.

Isso era algo que ele nunca tinha entendido. O rei nunca demonstrou afeição por ele, e Harry não se iludia achando ser o único filho bastardo. Por que o rei se deu ao trabalho de forçar a irmã mais nova a criar o filho ilegítimo como dela, especialmente um filho ilegítimo Xeus? Não era como se o rei não soubesse que o filho bastardo seria um Xeus quando crescesse: em Pelugia, um teste genético geralmente determinava a designação de uma criança logo após o nascimento, às vezes até alguns meses antes do nascimento, como no caso de Haydn. Era sinceramente perturbador.

O rei apenas olhou para ele e não disse nada, a mandíbula enrijecendo.

Cormack limpou a garganta.

- Devo me retirar, Vossa Majestade? - ele disse sem jeito.

- Você pode ficar, Austin, - Harry disse. - Tenho certeza que você está ciente de todos os segredos sujos da realeza.

- Você não deve dar ordens ao meu povo quando eu estiver no local, - o rei cuspiu. - Sua insolência não tem limites. Pelo menos Haydn sabia como mostrar respeito aos superiores e nunca falava quando não devia.

- E ainda assim é ele quem está sendo deserdado, apesar de ser um bom principezinho por toda a vida, - Harry disse com um sorriso que não alcançou os olhos. - A única coisa que ele fez foi ter a audácia de se apaixonar pelo marido e se recusar a traí-lo. Qual o problema, Vossa Majestade?

Uma veia começou a latejar na têmpora de Stefan.

Harry sabia que não deveria irritar tanto o rei. Racionalmente, ele sabia disso. Mas ele estava com uma baita dor de cabeça, e o temperamento estava muito baixo depois de uma noite sem dormir, e ele não gostava que lhe dissessem o que fazer—mesmo que o político dentro dele concordasse com a solução que Cormack e o rei estavam sugerindo.

- Saia da minha frente. - o rei disse finalmente.

Sorrindo, Harry se levantou, fez uma reverência sarcástica para o rei e saiu do escritório.

O sorriso desapareceu assim que ele saiu.

Suspirando, Harry fechou os olhos por um momento, tentando deixar de lado a agressão reprimida por dentro.

Ele não podia se deixar levar.

Talvez ele devesse encontrar algum ômega bonito para foder e tirar a tensão do sistema, pelo menos por um tempo. Exceto que desde a bagunça com a Kerosvarin, o mero pensamento de sexo sem compromisso revirava o estômago. Provavelmente era o vínculo quebrado. Pode ter sido quebrado, mas o corpo ainda parecia estar tendo problemas para se ajustar a não ter um companheiro. Ele ficava excitado em momentos bizarros sem motivo e não conseguia ficar excitado quando deveria. Os médicos disseram que era normal, dado os experimentos feitos com ele e a perda do vínculo de companheiro, mas era só um pequeno conforto quando Harry se sentia tão frustrado que mal conseguia se controlar.

Mas ele não tinha escolha.

Ele tinha que fazer o que tinha que ser feito.

Cortejar Aslan Tomlinson e tentar formar um vínculo de companheiro com ele.

O mais rápido possível.

Capítulo 11

- Vou ver se o Mestre Aslan está em casa, Vossa Graça. - disse o mordomo dos Tomlinson antes de desaparecer no andar de cima.

Harry se sentou no sofá e, se recostando, fechou os olhos, esperando que um pouco de descanso ajudasse a dor de cabeça latejante. Ele não estava acostumado a se sentir doente — a regeneração aumentada dos alfas Xeus normalmente lidava com qualquer problema. Mas essas dores de cabeça provavelmente tinham algo a ver com o vínculo quebrado.

- Por que você está cochilando em nossa casa? - disse uma voz familiar antes que alguém se sentasse ao lado dele.

Harry abriu os olhos e encontrou um par de lindos olhos azuis olhando para ele com desconfiança.

Os lábios se contraíram.

- Olá para você também, Louis.

Louis Tomlinson fez uma careta para ele.

- Para de me chamar assim.

- Assim como? Pelo seu nome?

- É o meu nome, - o pirralho disse. - Mas você não tem permissão de usar meu primeiro nome. É só para meus amigos e familiares. Você não é nenhum dos dois.

- Eu sou praticamente sua família—ou serei em breve.

O olhar que Louis deu a ele era tão cruel que Harry se viu sorrindo. O irmão mais novo de Aslan era divertido. E meio adorável quando ele fazia carranca.

- Não, você não será. - Louis disse, levantando o queixo.

- Eu serei seu alfa. - Harry disse, cutucando o pequeno ômega no nariz arrebitado.

Ele gostava de o envergonhar e irritar provavelmente mais do que era saudável.

- Então, cuidado com essa sua atitude.

Duas manchas de cor vermelha apareceram nas bochechas de Louis. Ele fuzilou Harry, os lábios franzindo.

- Você não será meu alfa. Nosso irmão ainda não foi declarado morto. Ele ainda pode voltar.

- Você não acredita realmente nisso, - Harry afirmou. - Ou Aslan não estaria com tanta pressa de se casar.

Louis piscou, os longos cílios escuros esvoaçando.

- Como você sabe disso?

- Não foi difícil adivinhar. Nem você nem seu irmão gostam muito do seu tio. Vocês claramente não querem depender dele.

- Eu também não quero depender de você, - Louis disse com uma zombaria. - Então você não vai se casar com Aslan.

- Você está dizendo que seu irmão não vai se casar comigo sem a sua aprovação? - Harry disse com um sorriso. - Você é adorável em sua ingenuidade.

Louis fez uma careta.

- Eu não sou adorável. Para de me tratar como se eu fosse uma criança estúpida. Eu sou só um ano mais novo que Aslan.

As sobrancelhas de Harry se ergueram. Ele o encarou com perplexidade. Ele achava que Louis era pelo menos alguns anos mais novo, talvez dezessete contra os vinte de Aslan.

Provavelmente era o rosto, ele concluiu depois de um momento. A pele de bebê de Louis o dava um olhar inocente. O pequeno nariz arrebitado e a pequena boca rosada também contribuíram para fazê-lo parecer muito jovem.

Se Louis realmente já tinha dezenove anos, isso explicava um pouco porquê o tio estava descontente com ele por não procurar pretendentes. Ômegas tendiam a se casar jovens, tão jovens quanto dezesseis anos. Um ômega era considerado maior de idade após o primeiro heat — assim como alfas eram considerados maiores de idade após o primeiro rut. Harry sempre achou meio nojento casar com ômegas tão jovens, mas ele sabia que muitos alfas não eram tão melindrosos quanto ele. Comparado a isso, um ômega de dezenove anos estava mais do que pronto para o casamento. Muitos ômegas tinham um casal de filhos nessa idade.

E ainda assim o pensamento desse ômega tendo filhos — e um alfa — era... estranho.

Com as sobrancelhas franzidas, Harry disse:

- Em minha defesa, suas visões ingênuas sobre casamento fizeram você parecer uma criança. A abordagem pragmática de seu irmão é o que eu esperaria de um ômega de sua idade e educação.

Louis riu.

- Você é o ingênuo aqui se acha que Aslan é pragmático. Ele é tudo menos isso. Ele foi apenas enganado pelo seu rosto.

Um sorriso lento esticou os lábios de Harry.

- Meu rosto? O que tem meu rosto?

- Você sabe o que eu quero dizer. - Louis o encarou, as bochechas ficando rosadas novamente.

Os dedos de Harry se contraíram, se coçando para apertar elas.

- Não, eu não sei. Me esclareça, Louis.

- Você sabe exatamente o que quero dizer, seu babaca arrogante!

Harry sorriu.

- Você está dizendo que me acha bonito?

- Todo mundo acha isso! Mas eu não. Não é minha culpa que as pessoas não tenham gosto bom.

Harry se perguntou se era muito estranho que ele quisesse esfregar o rosto contra a bochecha corada do pirralho. Provavelmente.

- Vossa graça?

Harry desviou o olhar do rosto carrancudo de Louis e olhou para o irmão mais velho dele. Tardiamente, ele se levantou.

- Aslan. Você está lindo, como sempre.

Louis deu uma bufada irônica, mas o irmão sorriu para Harry deslumbrantemente.

- Obrigado, Vossa Graça. Mas você não me disse que pretendia me visitar hoje.

- Foi uma coisa do momento. - Harry disse, aliviado por não ter mais que forçar um sorriso no rosto.

A dor de cabeça se foi, então sorrir para um lindo ômega não era exatamente uma dificuldade.

- Você gostaria de me acompanhar ao Universe Park? Você mencionou que sempre quis ir lá.

Os olhos de Aslan se arregalaram um pouco. Ele realmente era notavelmente adorável, quase que ridiculamente.

- Agora? - ele disse.

Quando Harry apenas assentiu, Aslan disse:

- Obrigado, eu adoraria. Deixe eu apenas me trocar—

- Boa ideia! - Louis interrompeu. - Eu vou com você. Eu sempre quis ver o Universe Park também!

Aslan o lançou um olhar cético.

- Mesmo?

Louis piscou inocentemente.

- Claro! Quem não quer ficar boquiaberto com animais estranhos de toda a União dos Planetas? - agarrando o braço do irmão, Louis o arrastou para cima. - Vamos trocar de roupa.

No topo da escada, Louis olhou por cima do ombro, piscou e mostrou a pequena língua rosa.

- Brat. - Harry murmurou, rindo.

Ele estava se divertindo apesar de tudo. Ele provavelmente deveria ter ficado mais irritado com a interferência de Louis. Muito mais. Isso estava arruinando seus planos para o dia. Ele precisava estabelecer as bases para um vínculo de companheiro com Aslan. Um casal precisava de uma conexão para uma mordida de companheiro, um certo grau de intimidade, o que era mais difícil de alcançar se não houvesse uma alta compatibilidade natural. Embora Harry não tivesse realmente a intenção de seduzir Aslan, ele pretendia beijá-lo — e talvez fazer mais do que isso — mas com Louis presente obviamente seria muito mais difícil.

Ele teria que ficar sozinho com Aslan, de alguma forma.

***

Uma hora depois, Harry desejou ter encontrado uma desculpa para não levar Louis com eles.

Era impossível se concentrar em formar uma conexão com Aslan quando ele tinha o irmão mais novo de Aslan pendurado no outro braço dele e exigindo sua atenção — o tempo todo.

- Puta merda, por que eles colocariam esse troll com os pobres macacos? - a ruína de sua existência disse, agarrando o bíceps de Harry ansiosamente—ou excitadamente. Às vezes era difícil dizer. - Ele vai comê-los!

Harry bufou, observando o "troll" — o gorila eugariano, de acordo com a placa de informações ao lado da exposição – atacar os macacos menores.

- Esse é o ponto, - ele disse. - O Universe Park concorda com a ideia de que animais de diferentes planetas devem ser capazes de se adaptar a um novo ambiente hostil. As espécies fracas morrem e apenas as mais fortes — e as mais inteligentes — sobrevivem.

- Isso é bárbaro. - Louis disse, os lábios rosados ​​franzindo em uma carranca.

Harry olhou de volta para a exposição.

- A evolução funciona de maneira semelhante. - ele disse.

- Isso não é evolução. Isso é apenas crueldade, simples assim.

- Ainda assim, as pessoas adoram assistir, - Harry disse. - A multidão atesta isso.

- Puff. Não prova nada, - Louis disse, erguendo o queixo. - Todas essas pessoas estão aqui para ficar boquiabertas com Aslan e você, não com os macacos.

- Eu acho que é muito interessante. - Aslan interrompeu, pela primeira vez em algum tempo.

- Viu? - Harry disse, sorrindo um pouco quando Louis lançou a Aslan um olhar de traição. - Seu irmão está se divertindo.

Verdade seja dita, ele não tinha ideia se Aslan estava se divertindo — ele não teve a oportunidade de perguntar, considerando que Louis de alguma forma conseguiu se inserir em todas as conversas que Harry tentou começar com Aslan e desviava Harry para discussões sem sentido. Era bizarro como a pequena inconveniência conseguia fazer isso todas as vezes, apesar de Harry dizer a si mesmo que o ignoraria da próxima vez.

Ele não conseguia ignorá-lo. Era fodidamente idiota. Ele tinha o ômega mais lindo do país no braço, e ainda assim ele passou a última hora discutindo com o irmãozinho tagarela dele. Era duplamente idiota, considerando o fato de que ele não tinha tempo a perder. Ele deveria estar concluindo o cortejamento de Aslan agora. Em vez disso, ele não conseguiu formar nem a conexão mais superficial com ele—graças à inconveniência em seu outro braço.

- Aslan está apenas sendo educado, - Louis disse. - Ele diria isso mesmo que secretamente concorde comigo.

- Eu não diria nada, - Aslan disse antes de respirar fundo. Ele tirou a mão do braço de Harry e quase correu para frente. - Uou! Isso é incrível!

O olhar de Harry seguiu Aslan.

Era uma gigantesca exibição marítima, repleta de vários predadores aquáticos de toda a União. Tubarões—e grandes criaturas que se pareciam muito com tubarões—estavam lutando, com peixes menores tentando se esconder entre as cavernas pitorescas. Um enorme tubarão branco rasgou o azul bem diante de seus olhos, colorindo a água com sangue.

- Isso é doentio. - Louis resmungou. - Deveria imaginar que Aslan gostaria disso.

Entretido, Harry sorriu, mas quando ele olhou para Louis, ele parecia genuinamente nauseado, o rosto pálido.

Franzindo o cenho, Harry hesitou. Um olhar para Aslan confirmou que ele não iria deixar a exposição do mar tão cedo: o ômega de cabelos dourados estava gesticulando animadamente enquanto falava com o guia.

- Vamos. - ele disse, afastando Louis dali.

- E Ash?

- Voltarei para ele em pouco tempo, - Harry disse. - Nosso guia irá mantê-lo entretido por enquanto.

Louis não protestou—Harry não ficaria surpreso se a pequena inconveniência estivesse se aplaudindo por dentro, dada a determinação de arruinar o namoro de Harry com o irmão.

- Você não está fingindo, está? - ele murmurou, os guiando para a próxima exposição à distância—um enorme recinto que imitava algum tipo de selva alienígena.

- É muito rude de sua parte suspeitar de um nobre ômega de uma coisa dessas, - Louis disse, dando um olhar inocente. - Nós ômegas somos criaturas muito frágeis, você não sabe disso?

Harry riu.

- Eu esqueço que você é um ômega, às vezes.

Os lábios de Louis se dobraram em uma linha. Ele deu um pequeno sorriso sem olhar para ele.

- A maioria das pessoas esquece. Estou acostumado com isso. - ele deu de ombros. - Eu não pareço um ômega.

As sobrancelhas de Harry se uniram.

- O que isso quer dizer?

- Não finja que não entende o que quero dizer. - Louis disse, rindo um pouco.

- Não, eu não entendo, - Harry disse. - Eu não sabia que todos os ômegas se pareciam uns com os outros.

Louis o lançou um olhar penetrante antes de desviar o olhar.

- Para de tirar sarro de mim.

- Eu não estou tirando sarro de você. - Harry parou e se virou, bloqueando a visão dele. - Louis, olhe para mim.

Louis finalmente olhou.

- Para de fingir que você não sabe do que estou falando, - ele disse, olhando ferozmente para ele. - Você pensou que eu era um beta quando nos conhecemos.

- Eu pensei que você fosse um beta porque você não cheira como um ômega, - Harry disse lentamente, olhando para ele. - Não tinha nada a ver com sua aparência física. Se formos falar da aparência física, você se parece muito com um ômega.

Louis fez um som cético.

Balançando a cabeça, Harry tocou a bochecha de Louis com as juntas dos dedos. Acariciando.

- Você tem uma pele perfeita, - ele afirmou calmamente. - Sedosa, macia e suave. Alfas e betas não têm essa pele. - ele pegou a mão de Louis e, a levantando, esfregou a palma macia contra a própria bochecha áspera e com fios de barba. - Viu?

- Oh. - as bochechas de Louis estavam rosadas agora. - Isso é tudo? - ele disse, tirando a mão e a enfiando no bolso.

Harry hesitou.

- Sua constituição é muito... ômega. - ele finalmente disse.

- Hã?

Harry passou a mão pelo cabelo.

- Você é curvilíneo em todos os lugares certos. - ele disse rigidamente, olhando para a exposição do mar à distância.

Ele provavelmente deveria voltar para o lado de Aslan agora.

- Ah! Vou dizer para a Aslan que você cobiça meus "lugares certos"!

Quando Harry virou a cabeça para encará-lo, encontrou Louis sorrindo triunfante apesar do rubor.

Harry riu.

- Boas novas, brat: todos os alfas sem companheiro olham para esses lugares, independentemente das intenções. Não é necessário cobiçar. É um instinto. Nós notamos essas coisas.

Louis lançou um olhar incerto antes de levantar o queixo.

- Qual seu ponto?

Harry tocou o polegar contra o nariz pequeno de Louis, sentindo uma onda de afeto.

- Meu ponto é, você não é pouco atraente. Quando eu for seu alfa, encontrarei um bom cônjuge para você e não espero que seja difícil.

Louis fuzilou ele, mas tinha algo estranho na expressão dele agora. Algo quase... frágil.

- Você não vai se casar com Aslan. - ele disse.

- Por que não? - Harry disse. - Eu sei que sua primeira impressão de mim não foi a melhor, mas você sabe que minhas intenções são boas. Tratarei bem o seu irmão. Eu prometo. - ele olhou o jovem ômega nos olhos. - Eu vou cuidar de você também.

Louis engoliu em seco, apenas olhando para ele por um momento.

Então ele se virou e caminhou em direção à selva.

Franzindo a testa, Harry hesitou, olhando entre a exposição do mar à distância e as costas de Louis recuando. Ele realmente deveria voltar para Aslan, aproveitar a oportunidade que Louis estava lhe dando.

Mas Aslan tinha o guia com ele. Louis era mais jovem e mais vulnerável. Ele poderia se perder. Ou se machucar. Embora não devesse haver animais perigosos nas exposições ao ar livre abertas ao público, entrar nelas sozinho ainda não era recomendado.

Harry cerrou os dentes, frustrado consigo mesmo. O político nele sabia que voltar para Aslan era a escolha certa. Mas os instintos de alfa o impeliam a seguir o ômega mais vulnerável e se certificar de que ele estava bem.

Suspirando, Harry seguiu Louis pela selva. Ele se consolou que era uma coisa boa que seu lado alfa já se sentisse protetor da família do futuro companheiro—isso deveria ajudá-lo a se relacionar com Aslan.

Assim que ele entrou no campo de força que separava o habitat do resto do parque, era como se ele estivesse em um mundo diferente. O barulho da multidão do lado de fora foi cortado, deixando apenas os sons naturais da selva. Harry se encontrou relaxando, a besta nele se acomodando mais confortavelmente sob a pele.

Tinha menos visitantes nessa parte do parque. Era um alívio, porque senão encontrar Louis aqui teria sido mais difícil. Harry seguiu o rastro, as narinas dilatadas em uma tentativa inútil de sentir o cheiro do ômega. Ele ainda não sabia porquê Louis suprimia tanto o aroma dele.

Ele o encontrou sentado perto de uma pequena cachoeira, observando um par de criaturas parecidas com corças. Louis estava com as pernas coladas ao corpo, os braços em volta delas e o queixo apoiado nos joelhos.

- Você não deveria estar aqui sozinho. - Harry disse.

Os ombros de Louis ficaram tensos.

- Eu achei que você tivesse voltado para Aslan, Vossa Graça, - ele disse sem olhar para Harry. - Por que você não voltou?

Harry encarou a nuca dele. O cabelo castanho mal tocava o pescoço de Louis.

- Você não precisa me chamar de "Vossa Graça". Nós seremos uma família em breve.

Uma risada frágil saiu da boca de Louis.

- A parte triste é que você nem está sendo arrogante. Ninguém diria não para você. Aslan não vai dizer.

Harry deu um passo mais perto e deixou os dedos roçarem a nuca de Louis.

O pirralho se encolheu, mas não se afastou do toque.

- O que você está fazendo? - ele sussurrou.

Eu não faço a menor ideia.

- Você não cheira a nada, - Harry disse concisamente. - Uma pessoa sem cheiro não é normal. Está deixando meus instintos loucos.

Louis finalmente virou a cabeça, os grandes olhos azuis piscando para ele.

- E me fazer cheirar a você resolveria isso?

Sim.

- É melhor do que nada, - Harry disse com um dar de ombros brusco. - Por que você está tomando tantos supressores? Não deve ser saudável.

Uma expressão de desconforto apareceu no rosto de Louis.

- Sou um Dainiri. - ele disse.

Harry lançou um olhar.

- Conheço alguns ômegas Dainiri. Eles ainda têm cheiro, não importa o quão suprimido seja. Você não tem nenhum.

Dentes brancos afundaram no pequeno lábio inferior de Louis enquanto o dono deles o observava por alguns momentos.

- Meu companheiro morreu recentemente.

Harry olhou para ele sem expressão.

Quê?

- Você tinha um companheiro? - ele conseguiu dizer finalmente.

Ele não podia convencer a mente disso. Ele não podia acreditar o quão errada a primeira impressão tinha sido. Porra, ele achava que Louis era bem jovem e inocente... Parecia impensável que ele tivesse um companheiro.

- Sim, - Louis disse, desviando o olhar. - Estou tomando supressores fortes para fazer o vínculo quebrado doer menos. - ele torceu o nariz. - Olha, eu sei que deve ser desanimador estar perto de um ômega sem cheiro, mas é muito pior para mim. Não consigo sentir o cheiro de ninguém, graças aos supressores. Você tem alguma ideia de como isso é perturbador?

Harry processou isso. Ele queria perguntar o que tinha acontecido com o companheiro do menino, mas isso seria completamente indelicado. Falando em falta de delicadeza...

- Por que seu tio age como se você nunca tivesse sido vinculado?

Louis estremeceu.

- Ele não sabe que eu já tive uma ligação. Por favor, não conte a ele. Eu não tenho certeza porquê eu te disse isso — deveria ser um segredo. Só Aslan sabe. Decidimos não contar a ninguém e apenas aumentar a dosagem dos meus supressores. Tem que parar de doer em algum momento, certo?

Inacreditável.

Harry beliscou a ponta do nariz.

- Vocês dois estão loucos?

- Hm, o quê?

Harry se sentou ao lado de Louis e então o puxou para o colo.

Louis guinchou.

- O que você está fazendo—

- Consertando sua estupidez descuidada, - Harry grunhiu, empurrando o rosto de Louis contra a garganta. - Inspira.

- Por quê? - Louis gaguejou. - Eu não posso sentir o cheiro de nada de qualquer maneira.

- Você pode não ter a capacidade de cheirar nada, mas ainda será receptivo aos feromônios de alfa. E você precisa deles, seu pequeno idiota. Não te ensinaram nada?

O pirralho estava muito tenso em seu colo antes de relaxar lentamente e respirar fundo e trêmulo contra o pescoço de Harry.

- Eu não entendo. - ele disse, parecendo confuso e perdido.

Harry cerrou os dentes, dizendo a si mesmo para ser paciente. Não era culpa do menino que os pais irresponsáveis ​​não tivessem educado os filhos sobre os vínculos de companheiro.

- Centenas de anos atrás, costumava ter uma tradição de que um ômega viúvo deve se casar com o irmão alfa do falecido companheiro — se existisse um. - ele disse, ciente de quão escandalosa a proximidade deles pareceria para um espectador.

Embora estivessem em um lugar isolado na selva, não era privado. Qualquer um poderia encontrá-los. Pelo menos a audição superior o avisaria bem antes que alguém pudesse vê-los. Não que eles estivessem fazendo algo errado, mas fofocas não precisavam de provas ou fatos para causar um escândalo, e um escândalo era a última coisa que Harry precisava agora. Mas o pobre ômega precisava disso. Precisava de ajuda. Precisava dele.

- Você sabe por quê?

Louis balançou a cabeça.

- Eu me sinto estranho. - ele murmurou no pescoço de Harry, os dedos segurando na camisa dele.

- Muito estranho?

- Não. - Louis respondeu depois de um momento.

Harry ruminou, sem surpresa.

- Quando seu companheiro morre, é sempre doloroso. Teve até casos em que o vínculo quebrado matava o companheiro sobrevivente. Felizmente, isso acontece raramente, apenas se o vínculo for anormalmente forte e você estiver ligado por anos. A tradição de se casar com o irmão do companheiro morto existia porque o vínculo rompido se cura apenas por perto de um alfa em quem o ômega confia, seja um irmão, um pai ou um novo parceiro alfa. Um vínculo quebrado nunca cura sem feromônios de alfa, seu idiota.

- Não me chama de idiota, - Louis murmurou sem entusiasmo. - E se você está insinuando que eu confio em você...

- Você confia, - Harry disse, apoiando o queixo no topo da cabeça de Louis. - Ou você não se sentiria "estranho" agora. Seus supressores podem estar suprimindo seu olfato e hormônios, mas seu corpo ainda é um pouco receptivo aos feromônios alfa. Você se sente melhor agora, não é?

O silêncio teimoso de Louis foi a única resposta que obteve.

Sorrindo ironicamente, Harry deu um beijo no topo da cabeça dele.

- Está tudo bem, brat. É normal. Nada para se envergonhar.

- Cala a boca, - Louis resmungou, esfregando o nariz contra a glândula de cheiro de Harry e inspirando instável. - Porra, é tão confuso. Não consigo cheirar nada, mas me sinto bem.

Passando os dedos pelo cabelo macio, Harry disse:

- Estamos simplesmente acostumados a igualar o cheiro com feromônios quando o cheiro é apenas um aspecto dos feromônios. Mas ainda funcionará melhor se você diminuir a dose de seus supressores. - ele deixou o sorriso cair. - É perigoso, Louis. A dose recomendada é recomendada por um motivo. Você pode perder a capacidade de ter filhos se continuar assim.

Louis deu uma bufada suave.

- Não importa. Não é como se eu tivesse uma fila de pretendentes, e minha popularidade não vai exatamente aumentar se as pessoas descobrirem que eu não sou um virgem intocado.

Os lábios de Harry se estreitaram. Ele não podia negar que tinha verdade nisso: os alfas eram muito possessivos para querer um ômega não virgem como companheiro.

Ele inclinou o rosto de Louis para cima com os dedos e o fez encontrar seu olhar.

- Eu prometo que vou encontrar outro companheiro para você, se você quiser, - ele disse com firmeza. - Mas mesmo se você não quiser, você pode ficar na minha casa pelo resto da sua vida. Depois de me casar com Aslan, serei seu alfa também. Eu vou cuidar bem de você. Você não vai precisar de nada.

Louis apenas o encarou por um momento, os olhos adoráveis arregalados e sem piscar. Então, ele desviou o olhar, as bochechas levemente coradas.

- Babaca arrogante, - ele murmurou, saindo do colo de Harry e saltando para ficar de pé. - Vamos voltar para Ash. Ele provavelmente está procurando por nós.

Harry agarrou o pulso dele.

- Louis.

Depois de um momento, Louis olhou para a mão antes de olhar de volta para ele. O rosto estava ilegível agora.

- O quê?

- Eu estava falando sério sobre o vínculo. Você não pode simplesmente tomar uma overdose de supressores e esperar que a dor vá embora — não vai. Me deixe te ajudar se você não quiser pedir ajuda ao seu tio. Pelo menos me prometa que você vai considerar isso seriamente.

Louis apertou os lábios com força.

Ele ficou em silêncio por um tempo antes de finalmente assentir.

Harry ficou um pouco surpreso com a força do alívio que o inundou. Embora o fato de que Louis agora cheirasse como ele certamente contribuiu para a proteção repentina. Os alfas cuidavam dos seus, e Harry não era exceção.

Ele queria ser o alfa de Louis.

Ele ia cuidar bem dele depois de se casar com Aslan.

Capítulo 12

Louis acordou e se espreguiçou sonolento, sorrindo. Ele se sentia maravilhosamente bem descansado—

Porque ele estava.

Louis abriu os olhos e avaliou seu estado. Ele se sentia maravilhoso. Como se ele realmente tivesse conseguido dormir uma noite inteira de sono—e isso não acontecia desde...

O vínculo.

Louis cutucou cuidadosamente a coisa inflamada e dolorida que ele associava ao vínculo. Parecia... melhor esta manhã? Não tão dolorosa como de costume.

Louis refletiu sobre isso, sem saber o que pensar. Ele estava quase convencido de que o que aconteceu no zoológico ontem tinha sido um acaso: claro, ele se sentiu... bem quando Westcliff o empurrou contra a glândula odorífera e lhe disse para inspirar, mas o efeito tinha desaparecido quando eles voltaram para casa. Então ele fez o seu melhor para esquecer a coisa toda—tinha sido muito perturbador—e adormeceu assim que a cabeça tocou o travesseiro. Ele não esperava realmente dormir a noite toda. Foi por causa do que Westcliff tinha feito?

Louis pegou o tablet na mesa de cabeceira e pesquisou o vínculo de companheiros na Internet. Ele agora se sentia tolo por não ter pensado nisso antes. Por que ele achou que a dor simplesmente iria embora sem qualquer tratamento? Mas, também, ele não estava exatamente pensando direito na hora, tão perdido na dor que tudo o que ele queria era fazê-la ir embora. Supressores pareciam a solução óbvia e fácil.

Mas enquanto muitos artigos online realmente recomendavam aumentar a dose de supressores depois de perder o companheiro de vínculo, eles também aconselhavam cautela e não recomendavam esse curso de ação por muito tempo. Os artigos diziam que um ômega precisava estar perto de um alfa em quem confiasse ou contratar os serviços de médicos alfas especializados nesse tipo de terapia.

Franzindo o cenho, Louis considerou a última opção, mas sabia que não era viável para ele: tio Wayne não podia descobrir que ele estava vinculado—seria muito fácil para ele somar dois mais dois e perceber que Louis deve ter se ligado ao Xeus. O mero pensamento o fez estremecer. Não, ele não poderia contratar os serviços de um profissional.

Isso fez com que sobrasse apenas Westcliff.

Mas ele deveria realmente aceitar a ajuda de Westcliff, de todas as pessoas?

- Por que não? - Aslan disse quando Louis contou tudo no café da manhã.

- Eu não gosto dele. - Louis disse, cutucando a salsicha no prato de mau humor.

- Eu não acho que você esteja sendo justo com ele. Se ele está oferecendo ajuda, isso mostra que ele será um alfa bom e atencioso com a gente.

Franzindo a testa, Louis olhou para o irmão do outro lado da mesa.

- Me assusta que você esteja falando sobre seu casamento com ele como se fosse algo decidido.

Aslan deu de ombros.

- Você sabe que não é, mas no momento, seria estúpido fingir que a possibilidade de ser não existe. A atitude carinhosa de Westcliff em relação ao meu irmãozinho mostra que ele está levando a sério comigo.

Atitude carinhosa.

Louis pensou na maneira como Westcliff o tinha segurado contra o peito largo. Pensou na maneira como o duque enfiou a cabeça de Louis sob o queixo e na sensação de segurança e conforto absolutos que se apoderou dele.

Afastando a memória inquietante, Louis resmungou:

- Eu não confio nele.

Aslan fez um barulho cético, mas o que quer que ele ia dizer foi interrompido pelo som da porta se abrindo.

O tio entrou com um sorriso estranho no rosto.

- Agora é oficial!

Ficando tenso, Louis trocou um olhar com Aslan. Os sorrisos do tio eram tão raros hoje em dia que vê-los era um pouco perturbador.

- Tio? - Aslan disse.

- A certidão de óbito de Anthony finalmente foi assinada.

Oh.

Louis olhou para as mãos, mordendo o lábio inferior. Nem ele nem os irmãos se lembravam do irmão mais velho o suficiente para realmente estar de luto—eles cresceram sem ele e viveram sem ele a maior parte das vidas. Louis tinha quatro anos quando Anthony partiu para a guerra após o desaparecimento do pai. Tudo o que ele lembrava do irmão eram os ombros fortes e olhos azuis alegres. Faz quinze anos. Ele não conseguia sentir falta de alguém que mal se lembrava, certo?

Exceto que não era tão simples assim. A morte de Anthony sendo oficialmente reconhecida... significava o fim de uma era. O fim de sua infância. Com o título e a propriedade indo para tio Wayne, os três ficariam sozinhos no mundo, sem qualquer proteção, e completamente à mercê do tio.

Louis olhou para Aslan e viu os mesmos pensamentos refletidos nos olhos dele.

- Parabéns, tio, - Aslan disse com um sorriso fraco. - Tenho certeza que você será um excelente alfa para nós.

- Hmm. - tio Wayne disse, olhando para ele especulativamente.

Ele não estava tão pálido e com aparência doentia esta manhã, e Louis se perguntou se ele tinha começado a receber tratamento para seja lá que doença tivesse. Ele se perguntou se os experimentos em seu Xeus finalmente deram frutos.

O pensamento o fez cerrar os punhos debaixo da mesa. Deuses, ele nunca odiou tanto alguém. Ele não queria depender desse homem. Ele não queria chamá-lo de alfa.

- O duque vai te pedir em noivado em breve? - tio Wayne disse.

- Eu acredito que ele vai, tio. - Aslan disse.

- Garanta que ele peça, - tio Wayne disse rispidamente. - E diga a ele que não vou te dar os bens. Se ele quiser você, ele pagará um tokal.

Louis se encolheu um pouco. O costume do tokal, ou "preço ômega", como alguns o chamavam, era considerado ultrapassado nos tempos modernos. Mas ele provavelmente não deveria ter ficado surpreso que o tio exigisse isso.

- Tudo bem, tio. - Aslan disse, o sorriso educado ainda firme no rosto.

Louis realmente invejava as habilidades de atuação do irmão, porque ele não conseguia se forçar a sorrir quando o tio se voltou para ele.

- Você, - o alfa disse, olhando Louis com desagrado. - Não se preocupe, eu vou encontrar alguém disposto a ter você. Ouvi dizer que o visconde Korf está procurando um jovem ômega para procriar. Ele pode se interessar por você. Claro que você não é uma beldade como seu irmão, mas todos os gatos são cinzas no escuro.

E com esse comentário encantador, tio Wayne saiu da sala.

Louis e Aslan se encararam.

- Visconde Korf? - Louis se engasgou, piscando rapidamente. - Ele não tem, tipo, oitenta anos?

Oitenta anos não era velho para os padrões de Eila—a expectativa de vida da espécie deles era de cento e quarenta anos, e os alfas permaneciam viris durante a maior parte disso, mas essa diferença de idade ainda era considerada desagradável. Alfas mais velhos geralmente escolhem ômegas mais velhos.

Aslan suspirou, contornou a mesa e abraçou a cabeça de Louis no peito.

- Eu não vou deixar ele fazer isso com você, - ele disse sombriamente. - Eu me casarei com Westcliff em breve e ele terá a sua guarda e a do Eric. O tio não vai te vender para ninguém. Tudo vai ficar bem. Eu prometo.

Louis abraçou o irmão de volta, mas a sensação de ansiedade e desconforto por dentro não desapareceu. Contra a vontade, ele se pegou pensando em como se sentiu seguro nos braços de Westcliff ontem, como se nada pudesse tocá-lo ou machucá-lo.

Talvez ter Westcliff como o alfa deles não fosse uma coisa ruim.

Talvez ele devesse lhe dar uma chance.

***

A decisão de Louis de dar uma chance a Westcliff durou exatamente até o momento que Westcliff os chamou—chamou Aslan—à tarde.

Ele não sabia o que tinha nesse homem que o deixava tão irritado, constrangido e excessivamente crítico. Era uma combinação bizarra de emoções, mas ele não podia deixar de olhar para Westcliff com um olhar crítico e cético enquanto o duque conversava com Aslan e tio Wayne.

O babaca não tinha sequer olhado para ele uma vez desde que entrou na sala.

Louis cruzou os braços no peito, depois os descruzou. Pegando o tablet da mesa no canto, ele se sentou no sofá ao lado do deles. Ele olhou para a tela, tentando parecer absorto nela, mas nada pegou seu interesse. Ele navegou na Internet sem entusiasmo e fez uma careta ao ver todas as especulações sobre o belo romance de Westcliff e Aslan. Tedioso.

Pressionando os lábios, Louis fechou a Internet local e se conectou à GlobalNet. Mas as notícias galácticas não eram muito mais divertidas do que as notícias locais. As fotos do casamento do príncipe Jamil de Calluvia eram lindas, ele supôs, mas ver outras pessoas tão felizes só fazia Louis se sentir mais sozinho. Ele olhou para o rosto sorridente do príncipe Jamil, o amor que brilhava em seus olhos enquanto olhava para o belo marido, e sentiu um nó se formar na garganta. Deve ser bom ser bonito, apaixonado e amado. Era quase reconfortante saber que algumas pessoas tinham seus finais felizes de contos de fadas e que nem todos tinham que ser vendidos a velhos pervertidos só porque ninguém mais os queria.

- Louis.

Louis ergueu os olhos e, para sua mortificação e horror, percebeu que a visão estava um pouco embaçada. Ele piscou rapidamente e esperou que Westcliff não tivesse notado nada.

Mas a julgar pelo olhar estreito, ele notou.

- Algo errado? - o duque disse, se sentando ao lado dele.

Engolindo em seco, Louis olhou por cima do ombro largo em sua frente, mas percebeu que Aslan e o tio Wayne tinham sumido.

- Onde eles estão? - ele disse, ignorando a pergunta de Westcliff.

- Seu irmão e seu tio acabaram de sair por causa de algum problema com o Departamento de Heranças. - Westcliff disse, os olhos verdes ainda fixos nele.

E eles te deixaram sozinho comigo? Louis quase disse, antes de quase rir de si mesmo. Claro que eles os deixaram sozinhos. Mesmo o tio intolerante, que considerava alfas Xeus como animais, claramente não achava que qualquer alfa se sentiria tentado o suficiente por Louis para fazer algo inapropriado com ele. Era quase hilário. Quase. Talvez o visconde Korf também não o achasse atraente. Ele só podia esperar que sim.

Louis fez um som evasivo, mudando o olhar de volta para o tablet.

- Você está triste. - Westcliff colocou a mão sob o queixo dele e inclinou o rosto de Louis para cima.

A expressão era séria e a voz suave.

- O que tem de errado, pirralho?

A garganta de Louis ficou apertada novamente. Ele odiava que parte dele queria enterrar o rosto no pescoço de Westcliff, se agarrar a ele e chorar pela injustiça de tudo isso. Ele gostava de pensar que não era uma pessoa amarga ou ciumenta, mas às vezes... Às vezes doía. Por que algumas pessoas têm tudo e outras não têm nada?

- Nada, - ele se forçou a falar. - Meu tio só encontrou um parceiro sensacional para mim.

As sobrancelhas escuras de Westcliff franziram.

- O quê?

Rindo, Louis deu um largo sorriso.

- Visconde Korf. Isto é, se meu tio conseguir convencer o velhote de que serei uma boa cadela para procriar.

Westcliff o encarou em silêncio. Seu olhar era meio enervante. Enervante e um pouco emocionante, para ser honesto. Se tinha uma coisa boa em Westcliff, apesar dos modos arrogantes, era que ele nunca fazia Louis se sentir como um objeto. Quando ele olhava para você, ele realmente olhava para você, fosse isso uma coisa boa ou não.

- Você não vai se casar com Korf, - ele disse finalmente, a voz calma, mas como aço. - Eu não vou permitir isso.

Louis riu, mais genuinamente desta vez.

- É gentil da sua parte dizer isso, mas você não pode fazer nada, Vossa Graça. Se meu tio arranjar o casamento antes de você se casar com Aslan, isso vai acontecer.

- Louis.

A mão no queixo estava de volta, o forçando a encontrar o olhar de Westcliff.

Ele nunca tinha visto olhos tão verdes. Não eram verde-acinzentados ou verde azulados. Eles eram profundos, verde-esmeralda, surpreendentes em sua intensidade.

- Eu prometo a você, você não terá que se casar com Korf. - Westcliff declarou expressamente.

Louis franziu os lábios trêmulos.

Ele sempre zombou da noção de que ômegas precisavam da tranquilização de alfas, mas agora estava começando a acreditar que tinha alguma verdade nisso: embora as palavras de Westcliff não fossem diferentes das de Aslan, ele inexplicavelmente acreditava mais nelas. A bola de ansiedade no estômago estava se dissipando, e ele se viu respirando mais fundo e mais firme, inconscientemente inclinando o rosto para o toque de Westcliff. Ele se desprezava por ser tão fraco, por precisar de um alfa para lhe dizer que tudo ficaria bem, mas aparentemente em algum nível básico, instintivo, o corpo estúpido acreditava em um alfa grande e forte mais do que acreditava no próprio irmão. Fodidamente patético.

- Vem aqui. - Westcliff disse.

E Louis foi.

Ele simplesmente foi, porra. Ele subiu no colo de Westcliff e enfiou o rosto na curva do pescoço dele. Ele fechou os olhos e respirou para dentro e para fora, quase gemendo com a sensação ilógica e irracional de bem-seguro-protegido que o invadiu.

Biologia estúpida e feromônios alfa estúpidos.

Capítulo 13

Várias semanas se passaram assim.

Westcliff chamou Aslan e o levou para encontros, colocando a máscara repugnantemente charmosa que ele usava em público. Na maioria das vezes, Louis os acompanhava, servindo como acompanhante, por causa das aparências—oficialmente. Não oficialmente, ele meio que... ele ia porque queria estar perto do duque. O assustava que ele se sentisse viciado na maneira como Westcliff o fazia se sentir, mas ele não conseguia evitar. Era tão bom, especialmente quando Westcliff permitia que ele esfregasse o rosto contra a glândula odorífera dele—a euforia ia além de sua capacidade de a expressar adequadamente. Depois, Louis se sentia tão envergonhado, mas, felizmente, Westcliff não zombava dele e sempre agiu como se não houvesse nada de estranho nesse comportamento.

- Melhor? - ele dizia em um murmúrio baixo, e Louis corava e acenava com a cabeça e olhava para qualquer lugar menos para ele.

Toda vez ele dizia a si mesmo que era a última vez, mas a determinação se derretia em um líquido gosmento na próxima vez que via o duque. Era terrível. Terrivelmente viciante.

Ugh. Só de pensar nisso ele se sentia nervoso com a impaciência, mas infelizmente, eles estavam em um lugar muito público agora.

Louis encarou tristemente a cantora de ópera antes de olhar para os outros ocupantes do camarote real. O rei Stefan estava sentado na primeira fila do camarote, o cabelo dourado brilhando quase tão brilhantemente quanto a coroa. O rei mal tinha dito uma palavra a eles quando Westcliff os apresentou mais cedo—ele apenas olhou Aslan de maneira avaliadora antes de assentir e se virar para a performance. Foi meio anticlimático, considerando o quão nervoso Aslan estava sobre compartilhar um camarote de ópera com o rei.

Era muito óbvio que tinha algum tipo de divisão entre o rei e o sobrinho: eles se cumprimentaram com bastante frieza e Westcliff se sentou na terceira fileira do camarote, longe do rei, deixando uma fileira vazia entre eles. Louis não tinha certeza do que Aslan tinha pensado disso, mas ele parecia contente o suficiente para assistir à ópera.

O olhar de Louis mudou para Westcliff, sentado entre os irmãos. Ele parecia absorto com a performance também, e Louis encarou seu perfil estupidamente lindo. Tinha uma sombra de barba se formando na mandíbula firme de Westcliff, e Louis vagamente se perguntou se seria áspera ao toque.

Como se sentisse seu olhar, Westcliff virou a cabeça e a inclinou interrogativamente.

- Estou entediado. - Louis sussurrou.

Um canto da boca de Westcliff se contraiu.

- Onde estão suas maneiras? - ele murmurou, se inclinando para mais perto do ouvido de Louis. - É muito rude de sua parte dizer que está entediado para a pessoa que te convidou a vir.

- Você convidou Aslan, não eu. - Louis rebateu, esperando que não fosse óbvio que ele estava respirando mais fundo.

Ele podia sentir o aroma de Westcliff, muito fracamente, pela primeira vez desde que começou a diminuir a dose dos supressores. Westcliff cheirava... bem, o cheiro ainda era muito fraco para ser registrado como algo em particular, mas fazia a cabeça de Louis girar de prazer mesmo assim.

- Mesma coisa. - Westcliff murmurou com um sorrisinho divertido, cutucando o nariz de Louis com o polegar.

O olhar dele era... afetuoso?

Lambendo os lábios, Louis tentou se lembrar do que eles estavam falando. Por mais que tentasse, ele não conseguia, os olhos voltando impotentes para Westcliff, uma e outra vez.

O sorriso torto do duque se alargou.

- Alguém já te disse que você é como um bebê corça? Um muito cativante.

Um bebê corça? Cativante?

Louis fez uma careta para ele, sem saber porquê isso o incomodava tanto.

- Eu não sou cativante, - ele reclamou. - Eu não sou alguma—alguma criança fofa.

Westcliff, o babaca, teve a coragem de rir e olhar para ele como se estivesse apenas provando seu ponto de vista.

A pior parte era que Louis não conseguia nem ficar bravo com ele direito—não quando ele se sentia tão bem com a mera proximidade dele. Mas ainda não era o suficiente. Ele queria... Ele queria mais. Ele queria mais desse aroma. Ele os queria mais perto, queria tanto que estava se perguntando se as pessoas notariam se ele pressionasse o rosto contra a garganta de Westcliff e inspirasse.

Para ser justo com sua sanidade, o camarote real estava quase nas sombras, a primeira fileira é a única parte iluminada. Só Aslan provavelmente conseguiria vê-los e Aslan estava ciente de que o duque estava ajudando Louis com seu problema.

Porra, o que tinha de errado com ele? Ele estava pensando seriamente em farejar Westcliff em um lugar público, enquanto eles estavam a poucos passos do rei?

- Qual o problema? - Westcliff disse, a voz ficando séria enquanto ele olhava para Louis na semi-escuridão.

Louis quase odiava o quão bem Westcliff podia lê-lo. De repente, ele se perguntou se o duque era tão atencioso assim com Aslan. Provavelmente mais ainda, certo?

- Isso é tudo culpa sua. - Louis disse, fechando os punhos. - Diminuí a dose dos meus supressores, por causa do que você disse, e agora estou todo...

- Você está o quê? - Westcliff disse, se inclinando para mais perto.

Mais perto, mas não perto o suficiente, Louis pensou com tristeza.

- É o vínculo quebrado? - Westcliff murmurou. - Está doendo agora?

- Mais ou menos. - Louis mentiu.

Pelo menos parecia uma mentira. O vínculo doía menos nos dias de hoje—parecia muito melhor desde que Westcliff começou a ajudá-lo—mas ele não podia admitir que estava irremediavelmente viciado na sensação de proteção que sentia sempre que Westcliff estava perto.

- Você deveria ter me contado. - Westcliff disse, tocando a bochecha de Louis com as juntas dos dedos.

Antes que Louis pudesse pensar no que estava fazendo, ele pegou a mão de Westcliff e pressionou o nariz contra ela. Ele inalou avidamente. Embora as glândulas odoríferas primárias dos alfas estivessem localizadas no pescoço, também tinha algumas nas mãos.

- Como você imagina isso acontecendo, exatamente? - Louis disse, esfregando a bochecha contra a palma de Westcliff. - Eu deveria dizer "Sinto muito, Vossa Majestade, mas eu preciso sentir o cheiro do seu sobrinho, por certos motivos"?

Westcliff não riu.

Ele nem sorriu.

Ele apenas olhou para Louis por um longo momento, a expressão impossível de ler na semi-escuridão. A cantora fez uma nota alta, requintadamente—e então a segurou enquanto a harmonia apaixonada crescia. A plateia aplaudiu, mas nenhum deles olhou para a cantora.

- Estarei aqui se você precisar de mim, - Westcliff disse finalmente, acariciando a palma da mão contra a bochecha de Louis. - Apenas peça, Tomlinson.

- Ok. - Louis murmurou, os olhos se fechando enquanto ele se aninhou na mão do duque.

Era tão bom. Ele tinha a sensação de que estaria ronronando se fosse um gato. Ele beijou a palma da mão de Westcliff modestamente.

- Porra, - Westcliff disse, a voz firme e baixa, o ar engrossando com os feromônios de alfa. - Mal posso esperar para você morar na minha casa. Eu vou cuidar tão bem de você, eu prometo.

Louis respirou trêmulo, o interior se aquecendo enquanto ele imaginava isso: morar na mesma casa que Westcliff e tendo acesso a ele a qualquer hora do dia. Sim, por favor.

Outra rodada de aplausos quebrou o estado nebuloso e agradável em que ele estava. Louis abriu os olhos turvos, sentindo como se estivesse acordando de algum tipo de sonho.

- Se sentindo melhor? - Westcliff disse, afastando a mão.

Louis quase choramingou com a perda do toque e imediatamente se sentiu irritado consigo mesmo. O que ele estava esperando? Ter Westcliff grudado a ele o tempo todo?

- Sim. - ele disse, se afastando.

E bem a tempo—a performance chegou ao fim.

Westcliff se virou para Aslan, e Louis desviou o olhar, enrolando os braços contra o peito. Estava muito frio essa noite.

Estava mais frio lá fora.

O clima aparentemente esfriou enquanto eles estavam na Opera House, e Louis se viu tremendo enquanto caminhavam para o helicóptero de Westcliff. Ao contrário de Aslan, Louis não se preocupou em usar um paletó, imaginando que uma camisa social seria o suficiente—ele era só um acompanhante, afinal—mas agora ele estava começando a se arrepender.

- Toma, - Westcliff disse por trás dele e então Louis foi envolvido em seu aroma com um pesado paletó escuro envolvendo seus ombros. - Você está com frio.

- Obrigado, Vossa Graça, - Aslan disse. - Eu disse a Louis que ele deveria usar um paletó, mas ele pode ser tão teimoso às vezes. - a voz era afetuosa, mas exasperada.

Louis não disse nada. Ele também não olhou para Westcliff enquanto segurava o paletó mais apertado em torno de si. Era muito grande para ele, é claro. Isso o fez se sentir pequeno. Protegido.

Ele olhou pela janela durante todo o passeio de helicóptero, ignorando a conversa educada sobre ópera entre Aslan e Westcliff.

Quando finalmente chegaram à casa da cidade de Tomlinson, um manobrista se apressou para abrir a porta para Aslan e ajudá-lo a sair do helicóptero. Westcliff saiu em seguida e ofereceu a mão a Louis.

Louis aceitou a ajuda, mas Westcliff não a soltou quando Louis colocou os pés no chão.

- Você está bem? - Westcliff disse, apertando os dedos. - Você tem estado muito quieto. É estranho.

Louis riu.

- Você está insinuando que eu nunca calo a boca, Vossa Graça?

A expressão de Westcliff ficou um pouco tensa.

- Harry, - ele disse. - Me chame pelo meu nome.

Louis encarou.

- Eu estou bem—Harry. - ele disse.

Harry sorriu para ele, o sorriso que fazia o rosto bonito ainda mais injustamente bonito.

- Está muito frio, - ele disse, soltando a mão e abotoando o paletó em Louis. - Vai para dentro. Eu não quero que você fique resfriado.

- Você não quer seu paletó de volta? - Louis disse, olhando para a camisa social azul fina que abraçava o torso musculoso do duque.

Lambendo os lábios, ele olhou de volta para os olhos de Harry, o rosto quente.

Harry balançou a cabeça.

- Alfas Xeus são mais quentes que os ômegas. Eu mal sinto frio. - ele estudou Louis no paletó dele por um momento, e então assentiu, o olhar embaçado. - Vai para dentro, brat.

Louis foi.

Ele percebeu que estava sorrindo só quando chegou no quarto. Pressionando as mãos nas bochechas coradas, Louis olhou ao redor do quarto, tentando e falhando em suprimir o sorriso. Era estúpido. Ele não tinha motivos para sorrir.

Ele tirou o paletó de Harry e o encarou por um momento, mordendo o lábio inferior.

Ele não deveria. Seria bizarro. E errado. Ele não deveria.

Mas...

Louis levou o paletó ao rosto e respirou fundo. Porra, cheirava tão bem, como a melhor coisa do mundo. Ele não conseguia ter o bastante, inspirando o aroma tremulamente como um viciado inalando a droga favorita. O corpo estava formigando inteiro, quente, muito quente—no coração, no estômago, entre as coxas. Precisando. Desejando. Ele se lembrou de como era bom estar envolto naqueles braços fortes, a sensação de estar seguro, protegido. O cheiro de um homem. Um alfa.

Caindo de costas contra a porta, Louis quase rasgou o zíper e pegou o pau vazando na mão. Ele esfregou, forte e rápido, o rosto enterrado no paletó de Harry, até que finalmente gozou em longos jatos, o buraco molhado pulsando ao redor do nada.

Depois, se sentiu tão envergonhado e culpado que não conseguia se olhar no espelho.

Capítulo 14

Harry seguiu o mordomo dos Tomlinson até a sala de estar, já sentindo a tensão nas têmporas diminuir em antecipação.

Verdade seja dita, ele não esperava gostar de cortejar um ômega por razões de relações públicas, mas acabou sendo surpreendentemente agradável ao invés de irritante. As visitas aos Tomlinson tinham sido o ponto alto de seus dias ultimamente—certamente eram melhores do que todas as artimanhas políticas cuidadosas que ele tinha que fazer no resto do tempo. Não que casar com Aslan Tomlinson não fosse uma decisão política—claro que seria—mas pelo menos ele achou um ômega perfeitamente agradável tanto na aparência quanto no comportamento. Aslan não era nem de longe arrogante e vaidoso como era de se esperar de um ômega de tão extraordinária beleza.

Além disso, ele gostava da família de Aslan.

A memória de Louis agasalhado por seu paletó cintilou na mente, fazendo os dedos formigarem, as garras querendo sair.

Harry olhou para as mãos com uma carranca, um pouco abismado, mas não surpreso. Louis tinha um talento especial para trazer à tona seus instintos protetores, o que era ao mesmo tempo reconfortante e irritante. Era reconfortante porque nem ele podia ignorar completamente as necessidades da designação. Um alfa era um provedor e protetor por natureza. O fato de que o irmão mais novo de Aslan ativava essa proteção nele era bom. Isso facilitaria criar um vínculo com Aslan. Mas esses instintos estavam se tornando muito imprevisíveis. Eles eram algo que ele não podia controlar ou planejar.

- Vossa graça. - Aslan se levantou do sofá graciosamente e sorriu para ele.

Depois de um momento de hesitação, ele estendeu a mão, com o pulso descoberto: um convite para marcá-lo com o cheiro, um gesto que era um pouco familiar, mas perfeitamente adequado para casais se cortejando.

Harry olhou para o pulso oferecido antes de se aproximar e tocá-lo com os dedos levemente. Ele teve que se concentrar para exalar conscientemente os feromônios, porque o instinto de o marcar com o cheiro simplesmente não existia.

- Aslan. - ele disse, não permitindo que o desagrado e irritação aparecessem no rosto.

O que tinha de errado com ele? Ele tinha um ômega incrivelmente lindo o convidando para marcá-lo com seu cheiro e ainda assim ele teve que forçar a natureza de alfa a cooperar.

Soltando a mão de Aslan, ele olhou para o sofá no canto onde Louis geralmente ficava enrolado com o tablet, mas estava vazio.

Um vinco se formou entre as sobrancelhas.

- Seu irmão não vai se juntar a nós?

- Eu temo que Lou não esteja se sentindo bem.

- O que tem de errado? - Harry disse.

Quando Aslan deu a ele um olhar assustado, ele percebeu que a voz tinha saído mais afiada do que pretendia.

- Eu não tenho certeza, - Aslan disse, franzindo a testa ligeiramente. - Ele disse que se sente mal, mas geralmente nunca fica doente, então...

- Poderia ser por causa do vínculo rompido?

Aslan se encolheu, olhando para a porta com cautela.

- Lou não gosta de falar sobre isso, Vossa Graça. Estou realmente surpreso que ele tenha te contado sobre o vínculo. É um... um tópico muito sensível.

Mordendo o interior da bochecha, Harry desviou o olhar. Não era da conta dele. O ex companheiro de Louis estava obviamente morto se o vínculo tinha rompido. Não era da conta dele quem ele era ou como Louis o conheceu.

- O companheiro de vínculo dele morreu há muito tempo? - ele ainda se pegou perguntando.

Aslan hesitou por um momento.

- Não faz muito tempo.

- Por que eles não se casaram?

O que aconteceu sobre isso não ser da sua conta?

Harry fez uma careta por dentro. Verdade seja dita, ele não sabia porquê o assunto o interessava tanto. Apenas... não era bem engolido por ele.

- Eu não acho que seja da minha conta falar sobre isso, Vossa Graça. - Aslan disse, evitando o olhar dele.

Harry o encarou, os instintos insistindo que algo estava errado. Mas ele dificilmente poderia o interrogar. Além disso, Aslan estava certo de que o relacionamento do irmão não era algo que eles deveriam discutir.

- Você está certo, - ele disse. - Me desculpa. Podemos ir? A corrida começará em breve.

Aslan assentiu com um sorriso, claramente aliviado por Harry ter acabado com o assunto.

O encontro deles nesse dia foi inesperadamente tedioso.

Harry achou difícil manter a atenção no encontro, o humor ruim e distraído. Ele estava ciente de que estava agindo como um babaca, a atitude provavelmente muito fria e inacessível. Aslan parecia ter desistido de tentar conversar com ele depois de algumas tentativas hesitantes e concentrou a atenção inteiramente na corrida de carros aéreos. Quando Aslan falava, ele falava apenas com o acompanhante beta que foi com eles na corrida.

Quando a corrida acabou, Harry sentiu dor de cabeça mais uma vez, o corpo transbordando de tensão e ansiedade, cuja fonte ele não conseguia identificar. Ele mal teve paciência para sorrir para os paparazzi quando eles deixaram a pista, e o sorriso provavelmente estava muito tenso. Com sorte ele não ia aparentar querer dar um soco em alguém.

Ele deixou Aslan em casa e então hesitou, olhando para a casa Tomlinson. Seria simplesmente educado perguntar como Louis estava se sentindo.

Harry tirou o celular do bolso e digitou as credenciais. A rigor, ele estava usando a posição privilegiada para acessar dados privados, mas tinha autorização de segurança para isso.

Depois de encontrar o número de celular de Louis no banco de dados, ele hesitou. O que diabos ele estava fazendo? Isso era abuso de poder.

As dúvidas, no entanto, não o impediram de enviar mensagens para Louis.

Você está bem? Achei que você queria assistir a corrida. - Harry

A resposta veio quase instantaneamente.

Como você sabe meu número? Não me faça adicionar "stalker" à lista de suas qualidades duvidosas, Vossa Graça.

Harry se viu sorrindo. Ele praticamente podia ver a carranca encantadora no rosto de Louis, as sobrancelhas franzidas, o lábio inferior preso entre os dentes.

Tenho minhas fontes, ele digitou de volta. Você não respondeu minha pergunta.

Dessa vez a resposta demorou mais. Louis estava digitando e depois parou antes de começar a digitar novamente.

Harry tamborilou os dedos no estofamento do banco, olhando para o celular com impaciência.

O motorista limpou a garganta.

- Devo ir embora, Vossa Graça?

- Um momento. - Harry disse enquanto a tela do celular se iluminava com uma notificação de mensagem.

Eu simplesmente não estava com vontade de segurar vela essa noite. Tenho certeza de que você ficou feliz por não me ter no encontro pela primeira vez.

Feliz não era a palavra que ele usaria. O encontro tinha sido tedioso.

Depois de um momento Harry digitou: eu estava ansioso para saber seus comentários sobre a corrida. É sempre divertido.

Louis não começou a digitar a resposta imediatamente. Por fim, ele respondeu:

Foi boa? A corrida? Você se divertiu?

Harry encarou a mensagem. Ele não tinha ideia se a corrida tinha sido boa ou não—ele não tinha prestado atenção. O irmão dele pareceu gostar.

Você vai ao baile dos Irvings amanhã?

Sim, Louis respondeu depois de um momento. Aslan tem algum tipo de surpresa para mim no baile. Eu prometi ir.

Harry franziu o cenho. Vejo você lá, então.

Louis não respondeu.

***

O baile dos Irving's foi tão desagradavelmente avassalador para os seus sentidos aguçados quanto todos os bailes. Em momentos como esse, Harry desejava ter nascido em Kadar: os kadarianos não tinham uma temporada social cheia de festas e bailes, a sociedade deles há muito tempo parou com essas coisas.

Ele tinha que suprimir conscientemente os sentidos em tais funções sociais, empregando técnicas meditativas que Ilona tinha pesquisado para ele quando era criança. Porra, ele não sabia o que ele teria se tornado se a babá de infância não tivesse sido tão simpática e prestativa—ele provavelmente teria virado um desastre social como a maioria dos alfas Xeus. Tinha tão poucos alfas Xeus na sociedade de classe alta por um motivo: a agressividade e sentidos aguçados eram muito difíceis de controlar em grandes multidões. Os que serviam no exército tinham que tomar alguns supressores para se comportar adequadamente.

Os olhos de Harry procuraram pela cabeça dourada de Aslan no salão lotado. Assim que o encontrou, cercado pela habitual multidão de admiradores, ele continuou procurando. Louis deveria estar por perto. Ele normalmente estava.

Mas não desta vez.

Demorou mais alguns minutos para Harry localizá-lo. Louis estava dançando. Ele estava dançando com o visconde Nasr—e sorrindo para ele. Não era o sorrisinho falso e tenso, era genuíno, o que o fazia parecer ridiculamente cativante. A julgar pela forma como Nasr olhava para ele, ele também o achava mais do que um pouco cativante.

Harry franziu o cenho. Nasr não era o tipo de homem para quem Louis deveria sorrir desse jeito. O visconde era muito velho para ele. Ele devia ter, o quê, trinta e seis anos? Velho o suficiente para ser o pai de Louis.

Harry se moveu em direção ao casal dançando, ignorando as pessoas que tentavam iniciar uma conversa com ele.

Ele deu um tapinha no ombro de Nasr e disse:

- Posso roubar seu parceiro de dança?

Sem esperar pela resposta de Nasr, ele o empurrou com o ombro e tomou seu lugar.

- O quê—

Mas Harry já estava levando Louis para longe na dança.

Louis fuzilou ele, as maçãs do rosto um pouco rosadas.

- Isso foi uma atitude babaca. - ele disse, olhando para Nasr, que ficou de pé no meio da pista de dança.

- Ele é muito velho para você. - Harry disse, acariciando o pulso de Louis com o polegar.

- Para de me marcar com seu cheiro, - Louis reclamou, o rubor aumentando. - E ele não é muito velho. Ele tem metade da idade de Korf.

- Essa não deveria ser sua referência base, - Harry disse. - Eu te disse que não permitiria que seu tio te entregasse a Korf. Você merece melhor.

Louis riu.

- Melhor? Quem?

Os lábios de Harry se estreitaram.

- Alguém melhor que Nasr.

- Não tem nada de errado com o visconde Nasr. Ele é perfeitamente legal e agradável, e ele enxerga o verdadeiro eu. Eu o conheço faz tempo—ele tem uma propriedade vizinha. Ele era sempre legal comigo quando eu era criança.

- Isso dificilmente dá uma boa imagem à ele, não é? Que doente.

Louis pisou no pé direito dele.

- Você está sendo um idiota. - ele disse, a voz uma mistura de irritado e confuso, piscando algumas vezes. - Eu não te entendo. Você pode ser tão bom comigo às vezes, e então você age—assim!—como um idiota arrogante e superior que eu quero socar. - a voz abaixou. - O visconde foi perfeitamente legal comigo, Harry. Eu gosto dele. Mas agora você o assustou sem motivo. Duvido que ele se aproxime de mim novamente.

- Se ele se assusta tão facilmente assim, ele não é digno de você. - Harry disse rigidamente. - Terão melhores opções.

O sorriso de Louis estava um pouco distorcido.

- Certo.

Harry o deu um olhar frustrado. Ele sabia que depois do fiasco do "quase que bonito", nada que ele pudesse dizer convenceria Louis de que ele não era pouco atraente. Ele não acreditaria em Harry se dissesse algo diferente agora. E ele gostaria de dizer algo diferente. Harry podia se lembrar de pensar durante o primeiro encontro que o irmão de Aslan não era nada especial, mas agora esses pensamentos pareciam estranhos e ridículos. Louis era... ele era bonito de se olhar. Embora a aparência não fosse impressionante e ele pudesse parecer simples à primeira vista, Louis tinha o tipo de rosto que te cativava com o tempo. Era bizarro, mas ele parecia ficar mais adorável a cada vez que se encontravam. Harry gostava de olhar para ele, observar o rostinho encantador e olhos expressivos.

- Eu gosto do Visconde Nasr, - Louis disse sem olhar para ele. - Ele é uma boa opção.

- Uma boa opção? O que aconteceu com casamento não ser uma transação comercial?

Uma expressão estranha cintilou no rosto de Louis.

- Você aconteceu. - ele disse calmamente.

Harry errou um passo.

- O quê?

Louis sorriu forçadamente, ainda sem olhar para ele.

- Quero dizer que você me convenceu do seu ponto de vista, Vossa Graça. Parabéns. Você estava certo.

Harry encarou ele, inquietação agitando o interior.

- Isso não significa que você deve se contentar com algum alfa medíocre que é—

- Não é da sua conta.

- Estou apenas cuidando de você. - Harry disse brevemente.

- Obrigado, mas eu não preciso que você cuide de mim. Se concentre no meu irmão. É dele que você deveria estar cuidando.

Antes que Harry pudesse dizer qualquer coisa, a dança terminou, e Louis se afastou e desapareceu na multidão. Harry ficou ali sozinho, ignorando os olhares curiosos das pessoas em cima dele e se sentindo mais frustrado do que tinha se sentido em muito tempo.

Louis passou o resto da noite o evitando—ou pelo menos parecia ser isso. A cada hora que passava, Harry ficava mais irritado. Ele ficou ao lado de Aslan, mal ouvindo o que ele estava dizendo enquanto os olhos seguiam Louis na pista de dança.

Ele estava dançando com Nasr novamente.

- Eu acho que eles combinam, - Aslan disse, seguindo o olhar dele. - Você não acha, Vossa Graça?

Harry não disse nada, tomando um gole da bebida.

- Estou muito feliz por ter lembrado que o visconde Nasr sempre gostou do Lou, - Aslan disse. - Ele recentemente ficou viúvo e tem uma criança ômega que precisa crescer sob os cuidados de outro ômega. É perfeito.

Harry tomou outro gole da bebida.

- Você não acha que seu irmão merece mais do que ser um pai substituto para a criança de outro ômega? E Nasr é um pedófilo se "sempre gostou" dele.

Aslan olhou para ele estranhamente. Ele pareceu hesitar antes de dizer:

- Sem ofensa, Vossa Graça, mas acho que sou um melhor julgador de caráter do Visconde Nasr, já que o conheço a minha vida toda. E deixa eu te lembrar de que você é dez anos mais velho que eu, o que é praticamente a mesma diferença de idade.

- Você tem problemas com matemática se acha que dezessete é praticamente o mesmo que dez.

Aslan franziu o cenho.

Droga. O que você está fazendo? Se controla.

- Peço desculpas, Aslan, - Harry disse com um suspiro, se forçando a suavizar a voz. - Tem sido um dia agitado para mim, e não sou uma boa companhia essa noite.

A carranca de Aslan desapareceu.

- Claro. Eu entendo. Eu mesmo estou bastante cansado. Vamos embora do baile?

Harry assentiu.

Ele deixou Aslan buscar o irmão, não querendo ser acusado de ser um babaca intrometido novamente.

Louis ainda o olhou desconfiado.

- Eu não preciso sair do baile com vocês dois, - ele disse, cruzando os braços no peito. - Eu estou me divertindo.

- Tudo bem—

Aslan começou a dizer, mas Harry o cortou:

- Seu irmão não pode ir embora do baile comigo, - ele disse, olhando para Louis. - Você não quer que rumores desagradáveis ​​comecem a circular por aí, não é?

Ele conseguia ouvir Louis ranger os dentes.

- Tudo bem. - ele disse, ainda soando uma mistura de irritado e confuso.

A volta de helicóptero até a casa Tomlinson foi estranha. Aslan era o único falando, tagarelando sem parar sobre a perfeição que era o Visconde Nasr, enquanto Louis decididamente não olhava para Harry.

Harry cravou os olhos nele, as pontas dos dedos formigando, as garras querendo sair. Ele fechou as mãos em punhos e respirou superficialmente, tentando ignorar o aroma de Louis. Era impossível. Louis fedia pra caralho. Ele cheirava a outro alfa. Harry queria ajeitar isso, passar as mãos por todo o pirralho, até que ele cheirasse bem.

Provavelmente foi uma coisa boa que Louis tenha sido o primeiro a sair do helicóptero quando eles chegaram, porque Harry não confiava em si mesmo.

Tirando o olhar das costas de Louis, Harry mal conseguiu se despedir educadamente de Aslan, ele se sentia tão no limite. Porra, ele não se sentia tão nervoso assim em décadas.

Quando voltou para casa, levou horas para descontar a frustração em um saco de pancadas até se livrar da agressão reprimida. Por muito pouco.

Exausto e suado, Harry se sentou no tapete, respirando com dificuldade. A pele ainda se cobria de agitação.

Droga.

Ele não sabia o que tinha de errado com ele. Anos de autocontrole e compostura—parecia ser tudo para nada. Ele estava mais uma vez agindo como uma criatura movida pelos instintos, incapaz de controlar a agressividade. Pouco melhor que um animal. E por quê? Só porque o irmão mais novo de seu futuro companheiro de vínculo cheirava a um alfa diferente? Ele estava perdendo a porra da cabeça.

Capítulo 15

No dia seguinte, Louis se recusou a acompanhá-los novamente, porque não se sentia bem. Ou pelo menos foi o que Aslan disse quando Harry perguntou.

Não deveria tê-lo incomodado tanto quanto incomodava. Louis não precisava acompanhá-los. Ele pode realmente estar se sentindo mal. Ou ele pode estar com Nasr.

De qualquer forma, não era da conta dele.

Harry de alguma forma conseguiu colocar um sorriso para as câmeras. Ele de alguma forma conseguiu manter uma espécie de conversa com Aslan durante o jantar. Ele provavelmente não estava tão atento quanto deveria, a julgar pelos olhares perplexos e irritados de Aslan, mas era melhor do que a alternativa.

Quando o encontro deles finalmente acabou, Harry deixou Aslan na casa dos Tomlinson—e então olhou para a fachada da construção.

- Espera por mim. - ele disse finalmente ao motorista e saiu do helicóptero.

Aslan tinha desaparecido há muito tempo na casa, e Harry não o viu quando ele abriu a porta da frente. O mordomo também não estava à vista.

Harry hesitou antes de subir as escadas, onde sabia que os quartos estavam localizados.

Seria simplesmente educado visitar Louis e perguntar como ele estava se sentindo.

Educado. Certo.

Harry parou no topo da escada e olhou para um lado e para o outro no corredor vazio. Ele passou a mão pelo cabelo, ciente de que não deveria estar ali. Ele deveria descer, procurar o mordomo e pedir que perguntasse a Louis se estava aceitando visitas. Embora esse plano tivesse uma desvantagem óbvia: se Louis estivesse dormindo ou realmente doente, ele não poderia ser incomodado por empregados.

Mas ele pode ser incomodado por você?

O pensamento o fez fazer uma careta. A parte perturbadora era que a primeira resposta que lhe veio à mente foi sim. Era irracional e ilógico—para não mencionar mais do que arrogante—mas ele realmente sentia que tinha o direito de o incomodar.

Porra, ele deveria ir para casa.

Ele deveria ir para casa e dar um jeito na cabeça. Ele estava se comportando irracionalmente. Como um Xeus.

Harry não se moveu. Ele fechou os olhos e deixou os sentidos aguçarem ao invés de suprimi-los como ele normalmente fazia. Três batimentos cardíacos nesse andar. O batimento ligeiramente mais rápido claramente pertencia a um alfa, provavelmente o tio. Não foi difícil adivinhar qual dos outros dois pertencia a Louis: o cheiro distinto de Aslan levava ao quarto à direita. O da esquerda devia pertencer a Louis.

Harry caminhou em direção a ele e então bateu os dedos contra a porta antes que pudesse pensar duas vezes.

Depois de alguns momentos, ele ouviu passos abafados, e então a porta se abriu.

Louis parecia ridiculamente encantador em uma camiseta branca enorme e uma calça na altura do joelho. Ele estava descalço, e Harry se viu olhando para os dedos pálidos dele.

- Vossa Graça? O que você está fazendo aqui?

- Eu não disse para você me chamar de Harry? - ele disse, mudando o olhar para o rosto de Louis.

Louis esfregou a nuca, uma expressão estranha aparecendo nos olhos azuis. Vergonha? Nervosismo?

Harry se concentrou nos sentidos novamente, mas o cheiro de Louis ainda era muito fraco para servir como um bom indicador das emoções dele.

- Você e Aslan não deveriam estar no restaurante? - Louis disse.

Ignorando a pergunta, Harry o estudou cuidadosamente.

- Você se sente melhor?

- O quê? - Louis disse, as sobrancelhas se unindo.

Harry deu um olhar cortante.

- Seu irmão disse que você não se sentia bem.

Louis desviou o olhar.

- Certo! É claro. Eu me sinto melhor agora. Muito melhor—

- Você não queria ir com a gente.

O ômega se encolheu, mas nem tentou negar. Então era verdade.

Não deveria ter o incomodado. Realmente não era da conta dele.

- Por quê? - Harry disse.

Louis deu de ombros.

- Não é exatamente divertido segurar vela. - ele ainda não encontrava os olhos de Harry.

- Você não está dizendo a verdade. - Harry disse, se tornando mais convencido disso quanto mais Louis evitava olhar para ele.

Entrando no quarto, ele fechou a porta atrás de si.

Ela fechou com um clique.

- O que você está fazendo? - Louis disse. - E eu não estou mentindo. Você acha que é divertido—

- Louis, - Harry disse calmamente. - Olha para mim.

Depois de um momento, o ômega finalmente fez o que foi dito. Tinha uma carranca quase formada no rosto, mas alguma outra emoção nos olhos. Algo preocupante e incerto.

- Me diz o que tem de errado. - Harry ordenou, roçando os dedos contra a bochecha lisa de Louis.

Parte dele, a parte racional que observava o próprio comportamento com perplexidade e desaprovação, o dizia para parar com isso. Ele não tinha o direito de adotar esse tom arrogante. Mas era como se ele não tivesse mais controle sobre a boca, os instintos sobrepondo o lado racional mais uma vez. Algo está errado, os instintos insistiam. Ele tinha que consertar, Louis precisava dele para consertar. Louis precisava dele.

O pensamento era ridiculamente inebriante, a liberação de endorfinas fazendo com que ele perdesse os últimos resquícios da racionalidade.

- Me diga. - ele exigiu novamente, acariciando a bochecha do ômega—esfregando o cheiro nela.

Louis estremeceu e se inclinou para o toque, a expressão suavizando e os olhos embaçando. O cheiro indescritível se tornou mais forte, adocicado, e Harry o inalou profundamente, antes de repentinamente perceber qual era o problema.

Um olhar para fora da janela confirmou: Dainiri estava perto da lua cheia.

- Você está se aproximando do seu cio. - Harry disse, exalando, irritado consigo mesmo por não perceber o problema mais cedo.

- Sim, - Louis disse, olhando para qualquer lugar, menos para ele. - Meus supressores não vão me deixar entrar em um cio por completo, obviamente, mas já que baixei a dose, provavelmente será bem desconfortável para mim. Então não posso ir a lugar nenhum nos próximos dias.

Harry lambeu os lábios.

- Como você costuma passar seus heats?

- Isso não é exatamente da sua conta, é? - Louis estava corando. - Como você acha? - ele disse, o tom sarcástico em desacordo com o constrangimento óbvio. - Como todos os ômegas solteiros fazem.

Com brinquedos.

Harry limpou a garganta um pouco.

- Você percebe que pode não ser suficiente para você desta vez, certo?

As sobrancelhas de Louis franziram.

- O quê?

- Esse é seu primeiro heat desde que você perdeu seu companheiro?

Quando Louis assentiu, Harry ruminou, nada surpreso. Ele suspeitava disso.

- Você tem sorte de Dainiri orbitar nosso planeta tão lentamente, - ele disse, acariciando a bochecha de Louis e o vendo estremecer. - Se você fosse um ômega Vos, teria sofrido com isso duas vezes por mês.

Louis zombou, embora ele estivesse se inclinando para o toque como um felino faminto por contato, os olhos vidrados.

- Isso só mostra o que vocês alfas acham que sabem. Os heats de ômegas Vos não são nada. Eles nem precisam tomar supressores.

Isso era verdade. Ômegas Vos só sentiam uma excitação muito elevada duas vezes por mês, quando a lua estava cheia. Eles nunca se reduziam a bagunça necessitada que ômegas Dainiri se tornavam a cada três meses.

- Eu não estou falando sobre isso. - Harry disse, arrastando as juntas dos dedos pela bochecha de Louis lentamente, acariciando a mandíbula, o queixo, o pescoço e observando arrepios aparecerem na pele.

Ele olhou para baixo, para a marca de vínculo enfraquecida, os lábios torcendo em desgosto.

- Eu estou falando sobre isso. - ele pressionou o polegar contra a marca. - Quão apegado você era ao seu alfa?

- Para de me marcar com seu cheiro, - Louis sibilou trêmulo, os lábios entreabertos, o encarando com olhos vidrados. - Eu não quero falar sobre isso de qualquer maneira. O assunto está encerrado. Por favor, saia.

- Você precisa falar sobre isso com alguém—e não, um ômega sem companheiro como Aslan não conta. Quão apegado você era ao seu companheiro? É importante, Louis.

- Por quê? - o pirralho disse, cruzando os braços no peito.

Harry balançou a cabeça.

- Você dormiu durante sua aula de biologia na escola? - ele disse, exasperado. - Você sabe por que costumava existir tantas histórias de ômegas morrendo se o companheiro deles morresse? Era por causa do heat. Ômegas—especialmente ômegas Dainiri—muitas vezes não conseguiam sobreviver ao primeiro cio após a morte do companheiro. Heat não é só sexo, Louis. Quando sua lua está cheia, todos os seus sentidos, emoções e vínculos se intensificam. Seu vínculo rompido vai doer muito quando o heat chegar. Quanto mais apegado você for do seu falecido companheiro, mais difícil será o heat para você.

- Oh. - Louis murchou, mordendo o lábio. - Meu companheiro... Nós não—nós não nos conhecíamos muito bem.

- Vocês não se conheciam bem e ainda assim vocês se tornaram companheiros. - Harry disse em conclusão.

Louis corou.

- Foi meio que uma coisa do momento, depois do—

Depois do sexo.

Harry assentiu curtamente, apertando as mãos atrás das costas. Os dedos e a mandíbula formigaram, como faziam quando ele estava prestes a se transformar. Por pura força de vontade, ele conseguiu manter as garras para dentro.

Era uma reação bastante normal, se sentir protetor de um jovem ômega com quem ele se importava.

Era normal.

- Mas o vínculo fez efeito? - ele disse, a voz bem neutra.

Louis assentiu, sem olhar para ele.

- Nós éramos naturalmente compatíveis.

As garras de Harry cravaram na palma. Ele se virou e caminhou até a janela.

Ele respirou fundo, olhando para o disco quase cheio de Dainiri, e depois mais outra respiração funda, até que ele tivesse as garras sob controle.

- Entendo, - ele se ouviu dizer. - O risco ainda existe, então. Uma intervenção médica pode ser necessária.

- O que você quer dizer? - Louis disse. - Mais supressores?

- Aumentar a dose novamente pode fazer mais mal do que bem, - Harry disse rigidamente. - Eu não sou um médico, mas até eu sei que você não pode continuar mudando a dose de seus supressores—eles são drogas hormonais muito fortes e podem destruir completamente seu sistema se você continuar os tratando como pílulas para dor de cabeça.

- Então o que você quis dizer com intervenção médica?

Harry pensou na marca de vínculo feia do pescoço de Louis. Isso colocava seus dentes no limite. A marca estava obviamente desaparecendo, mas não rápido o suficiente.

- Nós podemos remover a marca cirurgicamente. É uma cirurgia complicada e tem um certo risco de danificar sua glândula odorífera, mas pagarei pelo melhor—

- Não.

Harry se virou.

- É uma boa solução, - ele disse com a voz entrecortada. - Você realmente quer arriscar sua saúde—e talvez até sua vida—por causa da marca de um alfa que está morto e não se importa mais—

- Não, - Louis disse novamente, o encarando com olhos cintilantes. - Eu não vou retirar ela de mim como algum—algum tipo de parasita. Não vou apagá-la, como se ele nunca tivesse existido. Ele existiu. - os olhos estavam úmidos agora. - Eu posso não conhecê-lo há muito tempo, mas ele... - a voz caiu para um sussurro áspero. - Ele me escolheu. Ele foi a única pessoa no mundo que viu algo especial em mim. Essa marca é a única coisa que eu tenho como lembrança dele.

Harry não queria ouvir isso. Ele zombou.

- Isso não diz nada de bom sobre ele, não é?

- Saia.

Harry apertou a mandíbula.

- Você está sendo estúpido—

- Talvez eu esteja, - Louis disse com um pequeno sorriso torto. - Mas a decisão é minha, não sua. Você não é... você não é nada para mim. Continue cortejando Aslan. Você pode mandar nele o quanto quiser. Me deixe de fora disso.

- Pelo amor de Deus, Louis. - ele retrucou, dando alguns passos em direção a ele e estendendo a mão, mas Louis pulou para longe.

- Não me toque. - ​​ele disse trêmulo.

Ele abriu a porta e disse sem olhar para ele:

- Por favor, saia, Vossa Graça. Não me obrigue a chamar os seguranças.

Xingando baixinho, Harry saiu do quarto.

Ele mal se lembrava de chegar à porta da frente, tão zangado e frustrado do jeito que estava.

- Para o palácio. - ele falou enquanto subia no helicóptero.

O piloto se encolheu. Quando Harry olhou pelo espelho retrovisor, ele percebeu o por quê: os olhos estavam brilhando.

Porra.

Ele não conseguia se lembrar da última vez que tinha parcialmente se transformado fora da lua cheia—e do desastre com a Kerosvarin.

Faziam anos. Mais de uma década.

O que estava acontecendo com ele?

Capítulo 16

Louis mal dormiu naquela noite.

Ele estava muito quente, a pele muito sensível, o pau dolorosamente duro, apesar dos supressores. Ele temia imaginar como seria o heat sem eles. Ele teve que se masturbar quatro vezes até agora, mas não aplacou a fome por baixo da pele. Ele sentia dor. Ele estava queimando.

Para ser mais direto, ele queria um pau dentro de si. Ele queria um nó, grosso e duro. Era assustador o quanto ele queria isso, o quanto os pensamentos se fixavam nisso, imaginando um pau alfa ereto em detalhes sinistros.

Se odiando um pouco, Louis virou de bruços e tentou adormecer, mas o corpo parecia ter vontade própria, afundando o pau duro contra o colchão, o buraco se fechando ao redor do vibrador. Ele suspirou derrotado e apertou um botão no controle remoto. O vibrador começou a mexer, para dentro e para fora, com sons obscenos e molhados. Porra.

Louis aumentou a velocidade, mas de alguma forma ainda não era suficiente. Parte dele sabia que era um pau falso. Ele queria a coisa real. Ele queria um alfa em cima dele, o atacando com força. Queria seu Xeus, o corpo pesado em cima dele, o comendo como uma cadela.

O pensamento fez Louis gemer, o buraco se fechando ao redor do vibrador. Mais forte.

Em sua fantasia, a mão com garras do Xeus agarrou o quadril dele com mais força, as coxas poderosas batendo contra as nádegas de Louis com cada impulso, os olhos brilhando no rosto feio e predatório enquanto o Xeus o fodia no colchão. Meu, o Xeus rosnava em seu ouvido antes de afundar os dentes na glândula odorífera.

Exceto que mesmo essa fantasia não era suficiente. Pensar no Xeus apenas fazia o vínculo rompido doer. Doía e machucava como uma velha ferida que estava começando a sangrar novamente. A dor de alguma forma amplificou o desejo, e logo Louis estava soluçando no travesseiro, os quadris empurrando avidamente contra o vibrador. Preciso dele, preciso dele, não posso precisar dele, preciso dele. Ele se foi, preciso dele, ele se foi. Eu preciso—eu preciso—eu preciso. Era horrível pra um caralho. Louis nunca se sentiu pior em toda sua vida, os músculos tremendo, o pau dolorido, o corpo mais sensível e carente, e o vínculo dolorido.

Então ele tentou não pensar em seu Xeus. Ele se fez pensar em outros alfas, tentando dizer a si mesmo que qualquer alfa serviria. Qualquer alfa com um pau grosso e duro serviria. Ele estava desesperado o suficiente para quase acreditar nisso.

Ele se imaginou indo para um baile, o pau duro e a lubrificação escorrendo pela perna. Ele imaginou alfas se virando para ele, as narinas dilatadas e os paus esticando nas calças. Ele seria atraente para alfas pela primeira vez. Eles iriam o querer.

Ele imaginou um alfa o segurando indecentemente perto durante uma dança até que Louis estivesse desesperado o suficiente para implorar por seu pau. O alfa então o levaria para a mesa mais próxima e o curvaria em cima dela. Ele abriria o zíper e o comeria, assim mesmo, perfeitamente vestido, exceto pelo pau. Louis gemeu, imaginando isso, imaginando dedos fortes e grandes, um corpo duro atrás dele, e o familiar cheiro de alfa que o cercaria. O alfa iria fodê-lo, forte e rápido, sem se importar com seu conforto, daquele jeito arrogante e irritante dele, como se ele soubesse melhor do que Louis o que ele precisava. Ele dizia no ouvido dele, a voz grave familiar ainda mais baixa do que o habitual:

- Você é uma vadia, brat. Eles estão todos nos olhando, e você nem se importa. Certo, Lou?

Louis estremeceu e gozou, apertando o pau dentro dele, se sentindo tão culpado por tantas razões que não sabia por onde começar.

Razão 1: Louis tinha perdido recentemente um companheiro. Ele não deveria estar fantasiando sobre outro alfa durante o cio. Como ele pode ser tão depravado?

Razão 2: Esse outro alfa estava cortejando publicamente o irmão de Louis, e o casamento deles era iminente. Você não pode cobiçar o companheiro do seu irmão—era uma regra não falada que todos conheciam.

Razão 3: Mesmo que a Razão 2 fosse inválida, o tal alfa era o Duque de Westcliff, o alfa mais bonito e desejável do planeta. Ele era uma praia inteira de areia pro caminhãozinho de Louis que nem era engraçado.

Razão 4: Louis odiava a atitude insuportavelmente arrogante dele. Odiava. Isso o fez franzir o cenho só de lembrar da maneira como Har—Westcliff—tentou pressioná-lo a remover cirurgicamente a marca de companheiro, a maneira como ele era um babaca com Nasr, agindo como se soubesse melhor do que Louis. Ele não deveria estar fantasiando sobre o babaca quando se masturbou.

Razão 5: Westcliff o via como o irmão mais novo de seu futuro companheiro. Ele nunca iria querer ele de volta. Ele era só um parente pouco atraente que Westcliff cuidava como um alfa, não um objeto de atração.

Então, sim, tinha muitas malditas razões pelas quais essa... atração era estúpida e errada.

Atração. A palavra de alguma forma parecia errada também.

Independentemente da palavra que ele chamasse, ele precisava cortar esse sentimento dentro dele.

Porra, Louis se recusava a ser patético e desejar por algo impossível.

Ele estava decidido a ignorar Westcliff a partir de amanhã.

***

"Amanhã" passou em um torpor do heat. No final do dia, Louis sentia vontade de rastejar pelas paredes—ou rastejar para fora do corpo. Tudo doía. E quando ele dizia tudo, ele queria dizer tudo: os músculos, o vínculo, o pau, o buraco—inferno, até o cabelo doía, o que era algo que não deveria ser possível. Em certo momento, ele achou que poderia estar morrendo.

Quando finalmente terminou, já era noite. Louis se encolheu miseravelmente no sofá da sala de estar, porque não suportava a ideia de ficar no quarto que fedia a heat, desespero e solidão.

- Tem certeza que está bem agora? - Aslan disse do sofá oposto.

Louis deu um pequeno aceno de cabeça.

Aslan suspirou, ainda olhando para ele com uma carranca.

- Sem ofensa, mas estou tão feliz por eu não ser um ômega Dainiri.

Louis não se ofendeu, mas ele olhou para o irmão não-Dainiri irritantemente lindo e perfeitamente arrumado. Ele resmungou:

- Alguém já disse que você é péssimo em confortar as pessoas?

Aslan sorriu.

- Ele fala! E sim, você me disse. Várias vezes.

- Sinto pena de seus futuros filhos. - Louis resmungou.

O sorriso desaparecendo, Aslan olhou para a revista na mão sem realmente enxergar.

- Filhos... não consigo imaginar ter filhos em um futuro próximo. - a testa enrugou. - Suponho que Westcliff gostaria de ter filhos em breve.

Ignorando a forma como o estômago se revirou dolorosamente, Louis disse:

- Se os rumores forem verdadeiros e o rei estiver realmente planejando tornar ele o herdeiro do trono, é claro que Westcliff gostaria de ter filhos. - ele fez uma careta. - Caramba, o rei provavelmente exigiria isso também. - ele desviou o olhar, olhou para o teto, depois para o chão, antes de continuar em seu tom mais neutro. - Você está falando como se fosse uma coisa certa. Eu perdi alguma coisa? Ele já te pediu em casamento?

- Não, mas acho que ele vai propor hoje à noite, - Aslan disse. - É simplesmente lógico. Ontem ouvi uma conversa dele no celular com alguém—alguém das relações públicas, acho. Westcliff disse que o rei faria o anúncio em poucos dias—sobre o príncipe Haydn, quero dizer. Westcliff também gostaria de anunciar nosso noivado durante esse momento. Faria sentido.

Louis estudou o irmão cuidadosamente.

O lindo rosto de Aslan era difícil de ler, mas os olhos dele não estavam exatamente brilhando de felicidade.

- Você não precisa dizer sim. - Louis disse, se sentindo dolorosamente desconfortável.

Ele estava tão dividido sobre o assunto que não sabia que conselho dar. Ele não queria que Aslan se casasse com um alfa que ele não amasse pelo bem da família, mas... ele estava com medo de que, se dissesse a Aslan para não se casar com Westcliff, seria um conselho egoísta.

Para tornar as coisas mais complicadas, tinha uma pequena e horrível parte dele que queria Westcliff como o alfa da família. Essa parte dele se contentaria com as menores migalhas da atenção dele. Se Westcliff se casasse com Aslan, ele também seria o alfa de Louis, e Louis o veria o tempo todo e—

Se encolhendo, Louis reprimiu o pensamento patético. Ele se recusava a ser tão patético. Recusava.

- Claro que eu tenho, não seja bobo, - Aslan disse com um sorriso pesaroso. - Ele é o melhor partido da temporada. Todo ômega e beta gostaria de ser eu.

- Mas você não o ama. - Louis disse.

- Eu não o conheço, - Aslan o corrigiu. - Tenho certeza de que vou amá-lo depois que nos casarmos.

- Você não parece exatamente muito seguro disso.

Franzindo os lábios, Aslan puxou os joelhos para o peito e passou os braços ao redor deles. Ele parecia terrivelmente jovem agora, tão longe da elegante e impecável imagem de queridinho da sociedade que as pessoas o conheciam.

- Só não o conheço, - repetiu. - Eu mal falo com ele sozinho. Sempre temos um acompanhante.

- Desculpa. - Louis murmurou, baixando o olhar.

- Não, está tudo bem, - Aslan disse, fazendo uma careta. - Não tenho certeza se quero ficar sozinho com ele. Ele é tão intimidador.

- Intimidador? - Louis repetiu, a testa franzindo em confusão.

Ele chamaria Westcliff de muitas coisas, mas intimidador não era uma delas. Ele era muito fácil de conversar. Fácil demais, na verdade. Louis não tinha conhecido outra pessoa com quem se sentisse tão à vontade para falar o que pensava.

Aslan deu de ombros.

- É difícil de explicar. Provavelmente é o cheiro dele.

- O cheiro dele?

- Quero dizer, eu sabia que alfas Xeus tinham cheiros muito fortes e agressivos, mas não gosto que o cheiro dele me faça querer concordar timidamente com qualquer coisa que ele diga. É seriamente inquietante. - Aslan sorriu torto. - Westcliff provavelmente pensa que sou muito dócil e tenho cabeça de vento.

Louis franziu a testa. Westcliff apenas cheirava bem para ele, não intimidante. Mas talvez ele se sentisse diferente se ainda não estivesse parcialmente usando supressores.

- Ele já... - ele começou, não tendo certeza se queria saber. - Ele já marcou você com o cheiro?

Aslan deu um sorriso desconfortável.

- Sim. Eu permiti que ele me marcasse com o cheiro—com os dedos, obviamente.

O estômago de Louis se apertou.

- É? Você gostou?

- Foi... estranho, - Aslan disse, o olhar distante. - Até o duque, nossa mãe era a única alfa que me marcava com o cheiro. Bem, eu me lembro vagamente de Anthony fazendo isso também, mas faz tanto tempo desde que ele se foi que... - Aslan parou, e ambos ficaram em silêncio por um momento. - Ter o cheiro de um alfa estranho me marcando foi definitivamente estranho, - Aslan disse, limpando a garganta um pouco. - Mas não foi nojento nem nada. Eu posso me acostumar com isso.

Não foi nojento?

Louis olhou para o irmão em perplexidade. Ele não conseguia entender o conceito de Aslan não gostar da marcação do cheiro de Westcliff.

Mas também, talvez fosse o vínculo rompido de Louis o tornando mais necessitado e mais receptivo aos feromônios do alfa.

Louis ainda estava pensando nisso quando o mordomo anunciou a chegada do duque.

O coração pulou e começou a bater mais rápido.

Lambendo os lábios secos, Louis se forçou a se sentar. Ele pegou o tablet e fingiu estar absorto nele. Ele não levantou a cabeça ao som dos passos.

- Aslan, - Westcliff murmurou. - Boa tarde.

- Vossa Graça. - Aslan disse.

Agora que Aslan contou sobre a dificuldade em falar com o duque, Louis notou como Aslan soava estranhamente dócil.

- Você está lindo esta noite. - Westcliff disse sem muita inflexão.

Ele parecia... distraído?

- Só essa noite? - Louis murmurou maliciosamente, sabendo que Westcliff o ouviria.

Mas assim que ele disse isso, ele se arrependeu. O que aconteceu com sua decisão de ignorar Westcliff? Embora, para ser justo, ele não estava falando com ele, estava? Não era da conta de ninguém o que Louis estava murmurando.

Aslan disse algo em resposta, mas Louis mal podia ouvir. Todos os sentidos pareciam se sintonizar com o alfa na sala. Ele não sabia se era o efeito colateral do heat recente, mas ele podia sentir o cheiro das coisas muito melhor. Ele podia sentir o cheiro de Westcliff apesar da distância entre eles, e o cheiro o deixava um pouco tonto. Louis fez uma careta quando ele se pegou inalando cada vez mais fundo, tentando absorver mais do cheiro almiscarado e inebriante do alfa.

Depravado, ele disse ao corpo estúpido que claramente não tinha recebido a mensagem que eles iriam ignorar Westcliff de agora em diante. Porra, como ele deveria ignorá-lo quando se sentia como um viciado tremendo impacientemente com a proximidade da droga? Os dedos estavam literalmente tremendo. Literalmente. Ele teve que segurar o tablet com mais força para parar os tremores.

E não ajudava, porra, que ele pudesse sentir o olhar de Westcliff em cima dele.

- Boa noite para você também, Louis. - ele disse na voz grave e levemente baixa.

Louis apertou as coxas, se sentindo molhado. Deuses, isso era horrível. O heat não deveria ter terminado? Ele não deveria reagir a um alfa dessa maneira.

O noivo do meu irmão, ele disse ao corpo com firmeza. Para de ser uma puta. Você deveria estar sob efeito dos supressores.

O corpo estúpido ignorou o cérebro. Claro que sim.

Quando o silêncio se estendeu, Aslan tossiu incisivamente, claramente escandalizado pelo silêncio rude de Louis.

Louis suspirou.

- Vossa Graça. - ele disse, sem olhar para cima.

- Vejo que você ainda está de birra com o que eu disse.

De birra?

- Eu não sou uma criança, - Louis falou. - Eu não fico de birra. Vossa Graça.

- Você fica, ou você não estaria falando Vossa Graça para mim.

- Achei que era assim que deveríamos nos dirigir a um duque. Embora eu tenha escutado falar que vamos te chamar de Vossa Alteza em breve. Por curiosidade, qual é a sensação de roubar a coroa do seu primo?

O ar na sala ficou espesso, vibrando com feromônios de alfa.

Louis respirou fundo, a mente se tornando um pouco nublada. Era bom e horrível ao mesmo tempo.

Aslan fez um barulho estrangulado, e Louis finalmente olhou para cima. Aslan estava pálido no sofá oposto, o corpo subconscientemente se tornando menor, os olhos arregalados enquanto encaravam Westcliff.

Por fim, com grande relutância, Louis seguiu o olhar dele.

Westcliff estava... "Irritado" parecia uma má escolha de palavra, mas Louis não conseguia pensar numa melhor. O olhar era intenso. E quente. Escaldante. Estava fixo nele com uma expressão que fez Louis querer expor o pescoço e abrir as pernas.

Engolindo em seco, Louis lutou contra esse impulso com grande dificuldade.

- O quê? - ele disse, o tom hostil provavelmente uma reação exagerada, mas parecia que ele não conseguia controlar a boca, a frustração após o heat insatisfatório precisando de um alvo para descontar. - Eu toquei num ponto sensível? Vossa Graça.

Um músculo se contraiu na mandíbula esculpida de Westcliff.

- Se você quer saber, eu não tive nada a ver com a decisão do rei. Ele teria deserdado Haydn de qualquer maneira. Existem outros alfas de linhagens menores que se tornariam o príncipe herdeiro ou princesa mesmo se eu recusasse.

Louis sorriu.

- Não posso deixar de notar que você disse "alfas". Acho que betas e ômegas não são pessoas, certo?

- Eu não disse isso, - Westcliff grunhiu, dando um passo mais perto. - Não faça das minhas palavras algo que elas não são.

- Não estou fazendo nada. São suas palavras, não minhas.

- É a opinião do rei, e é a que conta neste caso.

Louis zombou.

- Você está realmente me dizendo que não teve nada a ver com o rei deserdar o príncipe Haydn? Que você não disse sim quando o rei te consultou?

Westcliff riu. Era uma risada áspera.

- Isso mostra que você não conhece o rei. Ele não se importa com a opinião de ninguém além da própria.

- Tal tio, tal sobrinho? - Louis disse, levantando o queixo.

Uma expressão estranha cintilou nos olhos de Westcliff.

- Eu não sou nada como ele. - ele disse, muito uniformemente.

Algo no tom dele fez Louis prestar atenção, a ira esquecida. Louis estudou a forma como o corpo alto do alfa estava praticamente exalando tensão, a forma como o rosto bonito estava terrivelmente em branco.

- Você o odeia, - ele disse suavemente quando essa percepção o atingiu. - Você odeia o rei.

Westcliff fez uma careta, se sentando ao lado de Louis.

Ele suspirou.

- Ódio é uma palavra muito forte, - ele disse, de repente parecendo cansado. - Mas sim, eu não gosto dele.

Os dedos de Louis se moveram em direção a ele, querendo tocá-lo, oferecer conforto. Ele os fechou em punhos, tentando suprimir esses instintos. Eles eram naturais para um ômega em relação ao seu alfa, mas eram completamente inadequados em relação a Westcliff.

Era tão difícil. Não ajudava que ele também tivesse que lutar ativamente contra a vontade de subir no colo de Westcliff, desabotoar o botão de cima da camisa, pressionar o rosto contra o pescoço dele e inspirar.

Porra, às vezes parecia que ele tinha um distúrbio de multipla personalidade.

- Por quê? - Louis disse, olhando o pequeno espaço entre eles com desânimo e aborrecimento.

Westcliff não poderia se sentar no sofá de Aslan? Louis ignorou a parte dele que se sentia ridiculamente satisfeita por Westcliff ter escolhido se sentar ao lado dele—essa parte dele era um ômega estúpido que pensava com o pau ao invés do cérebro.

Westcliff suspirou e se recostou no sofá naquela pose de macho alfa padrão—grande, relaxado, as coxas abertas para acomodar o—

Não, não pense no pau ou no nó de Westcliff.

Estremecendo, Louis decidiu culpar os pensamentos no heat recente.

- É complicado. - Westcliff disse, tocando o pulso de Louis e o acariciando com os dedos distraidamente.

Louis congelou, os lábios se separaram e as narinas dilataram enquanto ele era preenchido com a maravilhosa sensação familiar de bem, seguro e protegido originado do alfa.

- Descomplique para mim. - Louis disse, quando recuperou a capacidade de falar.

Ele ainda não conseguia puxar o pulso e parar a marcação de cheiro.

Os olhos verdes de Westcliff estavam sombrios quando ele murmurou:

- Ele é meu pai.

Espera, o quê?

Louis piscou.

- Você quer dizer, o rei e a irmã dele...

Westcliff riu.

- Não, a irmã dele não é minha mãe, - ele disse com um sorriso pesaroso. - Ele é um filho da puta, mas ele não é tão doente assim. Ele convenceu—forçou—a irmã a fingir que ela me deu à luz enquanto ela estava no campo.

- Então quem é sua mãe?

Westcliff deu de ombros, ainda acariciando o pulso. Os cheiros estavam tão misturados neste momento que a cabeça de Louis parecia nublada com o prazer caloroso e discreto, o rosto de Westcliff a única coisa em foco.

- Eu não faço ideia. - o duque disse, a tensão nos ombros diminuindo enquanto eles olhavam um para o outro. - Ela ou ele provavelmente morreu. - os lábios sensuais se curvaram em um sorriso irônico. - O rei e eu dificilmente temos o tipo de relacionamento que me permitiria perguntar sobre isso e obter uma resposta direta. Ele gosta de agir como se eu não fosse seu filho.

Louis pensou por um momento, pressionando a bochecha contra o ombro de Westcliff. Ele respirou fundo. Ele se sentia melhor do que em dias, a terrível frustração dos últimos dias mudando para outra coisa.

- Então você é o real filho primogênito dele, - ele disse. - Você é um pouco mais velho que Haydn, certo?

- Eu não sou o primogênito dele, - Westcliff o corrigiu, brincando com os dedos de Louis. - O rei teve outro filho, muito mais velho que eu e Haydn: Thander. Você não se lembra dele?

Thander. Certo. O príncipe que tinha morrido décadas atrás na guerra.

Louis teria ficado envergonhado por esquecer a existência de um príncipe de seu país, exceto que a mente estava tão nublada agora que ele mal conseguia lembrar os nomes dos próprios irmãos, muito menos de outra pessoa.

- Em minha defesa, ele morreu antes de eu nascer. - Louis murmurou, tentando organizar os pensamentos, mas era tão difícil.

Westcliff cheirava tão bem. Louis queria pressionar a boca contra a mandíbula esculpida e chupar, descobrir se a pele de Westcliff tinha um gosto tão bom quanto o cheiro. Louis umedeceu os lábios com a língua. Foco, Louis.

- Então, você não está realmente roubando a coroa do príncipe Haydn.

Um pequeno e amargo sorriso curvou os lábios de Westcliff.

- Mas isso é o que as pessoas pensariam de qualquer maneira, - ele disse, soltando os dedos de Louis. - Que eu estou roubando.

Franzindo a testa, Louis pegou a mão de Westcliff novamente e a apertou, os dedos se entrelaçando.

Os olhos verdes se suavizaram, perdendo a dureza e amargura enquanto olhavam para Louis.

Westcliff ergueu os dedos cruzados e olhou para eles.

- Obrigado. - ele disse baixinho, olhando Louis nos olhos antes de roçar a boca contra as juntas dos dedos de Louis.

E o coração de Louis disparou e depois caiu, quebrando em um milhão de pedaços.

Ele agora tinha uma palavra para o que sentia por Harry Styles, o duque de Westcliff. Não era atração. Era muito, muito pior.

Louis não sabia o que ele teria feito—ele estava tão perto de sair correndo da sala, se encolher em uma pequena bola e chorar no travesseiro—se alguém não tivesse pigarreado sem jeito.

Louis se encolheu e virou a cabeça.

Ele quase se encolheu novamente quando viu Aslan.

Aslan. Ele tinha esquecido completamente que o irmão estava na sala também.

Enrubescendo, Louis afastou a mão e a enrolou na coxa, embora racionalmente soubesse que não tinha nada para se sentir culpado, além de ter se apaixonado pelo alfa que ia se casar com o irmão.

Com o estômago apertado, Louis forçou um sorriso.

- Vou para o meu quarto. Você estava certo, Ash: ainda me sinto muito cansado.

Aslan tinha uma expressão estranha no lindo rosto. Por um momento, ele não disse nada, parecendo uma mistura de atordoado e pensativo, antes de assentir distraidamente.

- Certo. Vai descansar um pouco.

Quando Louis se levantou, Westcliff fez o mesmo.

- Você está bem? - ele disse, a voz cheia de tensão mais uma vez. - Eu disse que era perigoso.

Louis não conseguia olhar para ele. Não agora, quando ele se sentia tão frágil e machucado.

- Sim, você disse, - ele disse. - Boa noite.

Em sua visão periférica, Westcliff fez um movimento abortado, como se estivesse prestes a agarrar o braço dele, mas pensou melhor.

- Boa noite. - ele disse.

E Louis foi embora, o coração quebrando um pouco mais a cada passo enquanto deixava o homem por quem estava apaixonado sozinho com o lindo irmão.

Acho que ele vai propor hoje à noite, a voz de Aslan soou nos ouvidos, repetidamente. Acho que ele vai propor hoje à noite. Acho que ele vai propor hoje à noite.

Quando Louis chegou ao quarto, a visão estava tão embaçada que ele mal conseguia enxergar.

Capítulo 17

Aslan Tomlinson estava acostumado com as pessoas pensando que ele era só uma coisinha burra e decorativa, incapaz de qualquer coisa além de piscar os cílios e ser bonito. Era uma suposição que ele não se importava—ele até usava isso para sua vantagem às vezes—mas pessoalmente, ele se considerava uma pessoa bastante observadora.

Exceto que agora ele se sentia um burro por não perceber isso antes.

"Isso" o fato de que o irmão mais novo tinha uma queda pelo Duque de Westcliff. Pelo menos Aslan esperava que fosse apenas uma queda. Ele não queria que Louis se machucasse.

Tinha outra coisa que o surpreendeu completamente: até agora, ele não tinha percebido que o duque tratava Louis de maneira completamente diferente da maneira como o tratava.

Não que Westcliff o tivesse tratado mal; não. Ele era perfeitamente charmoso e educado, e ele nunca era tão arrogante e agressivo quanto alguns dos outros alfas—ele nunca marcava Aslan sem a permissão dele—e Aslan tinha apreciado isso, pensando que Westcliff era uma das raças raras de educados e civilizados alfas. Mas ele tinha acabado de ver Westcliff marcando Louis com o cheiro, o marcando com o cheiro sem pedir para ele. Aparentemente, as maneiras civilizadas de Westcliff não se estendiam ao irmão mais novo de Aslan. Aslan teria se ofendido em nome de Louis, exceto que o comportamento de Westcliff claramente não incomodava Louis—muito pelo contrário.

Isso fez Aslan se sentir... um pouco desolado. Como se ele fosse o que estava sobrando na sala.

Ele disse a si mesmo que era estúpido se sentir assim. Mas ele não pôde deixar de comparar o relacionamento de Louis e Westcliff com o dele. Cada gesto de Westcliff em direção a Aslan parecia cuidadosamente planejado e cortês, enquanto a maneira como ele se comportava com Louis parecia instintiva: a maneira como o duque tinha marcado Louis com o aroma certamente não parecia ser algo consciente. E então Louis pegou a mão de Westcliff. Bem desse jeito. Como se não fosse nada.

Aslan não conseguia imaginar pegar a mão de Westcliff. O duque era tão... intenso. Ele era meio intimidador. Não era a aparência de Westcliff ou o título. Aslan era vaidoso o suficiente para admitir que sabia como era isso e sabia como usar a aparência. Alfas raramente o intimidavam, não importava quão poderosos ou bonitos eles fossem.

Mas algo em Westcliff o tinha incomodado desde o primeiro encontro. Os sorrisos encantadores dele eram incrivelmente atraentes, mas Aslan não conseguia ler o homem. Às vezes, ele achava que esse charme era apenas uma máscara e não tinha certeza de que tipo de homem Westcliff realmente era. Nas raras ocasiões em que Westcliff se esquecia de ser encantador, ele parecia muito frio e inacessível, beirando a grosseria. Ele não era como Aslan o tinha imaginado antes de conhecê-lo. Antes do início da temporada, Aslan estava um pouco iludido pela ideia de se casar com o duque de Westcliff, de se apaixonarem instantaneamente, mas a realidade era tão diferente das expectativas. A ideia de se casar com Westcliff o deixava nervoso ultimamente. Como ele poderia se casar com um homem que não conhecia? Que parecia distante e frio quando não estava sendo charmoso e educado?

Exceto que ele tinha acabado de ver um lado completamente diferente de Westcliff—com seu próprio irmãozinho. Westcliff nunca tinha agido assim com Aslan. Ele nunca foi tão... sincero. Ele nunca tinha olhado para Aslan com tanta intensidade—como se ele fosse a coisa mais interessante na sala. Ele olhava para Louis desse jeito. Provavelmente não era intencional da parte de Westcliff—Aslan duvidava que Westcliff o cortejaria se ele estivesse interessado em Louis dessa maneira, mas mostrava o quão pouco afetuoso e superficial era esse lance entre eles.

Eles tinham que falar sobre isso.

Eles precisavam falar sobre isso. Porque o comportamento de Westcliff poderia ser facilmente interpretado errado e causar mal entendidos, e provavelmente só alimentava a paixonite de Louis.

Pobre Louis.

O coração de Aslan doía pelo irmão. Desde o início da temporada, Aslan estava tão decepcionado e irritado com o quão superficial os alfas da sociedade eram: tudo o que eles queriam em um ômega era a beleza convencional e um cheiro atraente. A aparência sutil e o cheiro inexistente de Louis o tornavam praticamente invisível para todos, e doía em Aslan ver o irmão sorrir e fingir que não se importava que ninguém o convidasse para dançar enquanto Aslan estava sempre cercado por uma multidão de alfas.

E agora isso. Embora Aslan tivesse certeza de que era só uma paixão passageira, nada sério, ele ainda precisava falar com Westcliff e avisá-lo que deveria segurar as rédeas. Ele não queria que o irmão se machucasse.

Aslan limpou a garganta assim que Louis desapareceu no andar de cima.

Westcliff finalmente olhou para ele e, depois de um momento, sorriu—o sorriso encantador e educado que Aslan estava começando a odiar.

- Eu queria falar com você, Vossa Graça. - Aslan disse.

Westcliff apenas deu um aceno com a cabeça.

Aslan de repente se perguntou porquê ele não tinha nenhum problema com Aslan o chamando de Vossa Graça.

- Eu queria te dizer que, embora sua atenção seja lisonjeira, percebi que não é suficiente, - Aslan disse. - Sei que tivemos um... entendimento por um tempo, mas gostaria de dar um passo para trás e reavaliar se combinamos um com o outro.

Westcliff lançou um olhar que parecia vagamente impaciente.

- Eu não entendo o que tem para reavaliar, Aslan, - ele disse, um pouco distraído, olhando para cima. - Seu irmão deveria consultar um médico. Um heat após a recente morte do companheiro poderia ter sido muito perigoso para a saúde dele.

Aslan franziu a testa, momentaneamente distraído do assunto em questão.

- Falando no meu irmão... - ele disse.

- O que tem ele?

- Você deve ter notado que ele tem uma queda por você. - Aslan disse.

O rosto de Westcliff ficou totalmente em branco.

- Perdão? - ele disse finalmente.

- Louis tem uma paixonite por você, - Aslan disse com uma risada desconfortável. - Não é tão surpreendente assim. Nossa alfa era do sexo feminino, e nosso pai e irmão mais velho partiram para a guerra há muito tempo. Louis não tinha uma figura masculina mais velha para admirar—nosso tio não conta. Louis estava praticamente fadado a desenvolver uma queda por você, considerando que você é o único alfa que ele vê regularmente.

E o único alfa que prestou atenção nele até Nasr, pensou Aslan, mas não disse isso em voz alta. Ele sabia o quão orgulhoso Louis era: ele se sentiria absolutamente humilhado se Aslan contasse isso para um homem que Louis estava apaixonado.

- Eu não sei porquê você está me dizendo isso. - Westcliff disse calmamente, a expressão inescrutável.

- Porque eu não quero que meu irmão se machuque, - Aslan disse. - Claro que é só uma paixão boba e infantil, mas paixões também podem machucar, e eu não quero me casar com um homem que inadvertidamente machucou meu irmão.

Os olhos de Westcliff brilharam com uma estranha emoção.

- Ainda não entendo o que você espera que eu diga ou faça. - ele disse.

- Para de encorajar. - Aslan disse exasperado.

- Eu não estou encorajando nada. - o tom de Westcliff era lento, como se Aslan estivesse falando bobagem.

- Você está! Todas as marcações de cheiro, segurando e beijando as mãos—é muito... ambíguo. Alguém não acostumado com a atenção de um alfa pode facilmente interpretá-la errado.

- O que você está sugerindo que eu faça? - Westcliff disparou.

Aslan se encolheu.

Westcliff respirou fundo por entre os dentes cerrados.

- Peço desculpas, - ele disse depois de um momento. - Mas estou realmente perdido aqui. Está sugerindo que devo tratar Louis com frieza?

- Sim. - Aslan disse fracamente, ainda se recuperando da explosão de Westcliff.

Essa era a verdadeira face de Westcliff?

- É para o bem dele. Ponha alguma distância entre vocês.

Um músculo se contraiu na bochecha de Westcliff.

- Isso é ridículo. Mesmo se você estiver certo, é só uma paixão inofensiva.

- Eu não quero que meu irmão se machuque. - ​​Aslan repetiu.

- Eu também não quero machucá-lo, - Westcliff disse, desviando o olhar. - Obrigado pelo aviso, mas foi desnecessário. Louis recentemente perdeu um companheiro e é natural que ele inconscientemente gravite em direção a um alfa em quem confia para aliviar a ferida em sua psique.

Aslan franziu o cenho, nem um pouco convencido. Ele não gostava que Westcliff tivesse descartado completamente suas preocupações—que ele estava se recusando a fazer o que Aslan estava pedindo. Que tipo de casamento eles teriam se Westcliff já o estivesse tratando com tanto desdém?

- Eu discordo, - ele disse. - Mas voltando ao primeiro assunto em questão: ainda não estou convencido de que combinamos, Vossa Graça. Precisamos falar sobre isso.

Westcliff lançou outro olhar irritado.

- Achei que tínhamos um entendimento. Você estava ciente desde o primeiro dia que eu tenho consideração por você. Nossa união é benéfica para nós dois. O que tem para falar?

O que tinha para falar, de fato. Aparentemente, querer alguma afeição e atenção do futuro marido era pedir demais.

Aslan sentiu os olhos queimarem com lágrimas de raiva.

- Teremos que concordar em discordar, então, - ele retrucou. - Até que você prove que pode ser um alfa atencioso para mim, falar em casamento é muito prematuro. - ele ergueu o queixo.

Ele tinha o próprio orgulho, droga. As pessoas o chamavam de Diamante da Temporada. Ele não tinha que se contentar com um alfa que não se incomodava em ouvir sua opinião, não importa o quão bonito e intitulado esse alfa fosse.

- Tenho outros pretendentes, Vossa Graça. Eu não preciso de você. Considerando os eventos futuros, você precisa de mim mais do que eu preciso de você. Tenha um bom dia. - ele se levantou e caminhou para fora da sala, a cabeça erguida.

Ele não deixaria ninguém o desvalorizar. Ele era Aslan Tomlinson, o ômega mais procurado do país. Westcliff voltaria rastejando para ele em um ou dois dias.

Capítulo 18

- Você realmente terminou com Aslan? - Louis disse no momento em que Har—Westcliff entrou na sala de estar.

Westcliff fez uma pausa antes de fechar a porta.

E então eles estavam sozinhos.

Louis engoliu em seco. Ele seriamente disse para o coração para parar de ser estúpido. Este era o futuro companheiro do irmão dele. Do irmão. Não dele. Nunca dele.

Mas porra, Westcliff estava injustamente lindo no terno escuro e camisa azul clara, fazendo o queixo e pescoço bronzeados dar água na boca.

Louis arrastou os olhos para longe.

- Aslan não está, - ele disse quando o silêncio se estendeu. - Se sua intenção era se desculpar com ele. Ele está passeando com outro pretendente.

Aslan estava confiante de que isso deixaria Westcliff com ciúmes e arrependido e ele logo "voltaria rastejando" para ele, implorando por seu perdão.

Exceto que Westcliff não parecia particularmente arrependido. A expressão era muito estranha, na verdade. Ele estava olhando para Louis como se... como se o estivesse vendo pela primeira vez.

Isso fez Louis se sentir constrangido, ciente da roupa simples e casual. Não que usar roupas extravagantes o tornasse menos comum.

O pensamento fez o estômago apertar. Ele sempre disse a si mesmo que não se importava que não fosse bonito como outros ômegas, mas no momento desejava ser mais atraente. Não ajudava que ele ainda se sentisse muito... despreparado após a percepção do dia anterior. Ele mal dormiu na noite passada, e a manhã não começou bem. Ele acordou com um irmão muito irritado, que o informou que Westcliff era um babaca insensível e arrogante, e que Aslan tinha terminado tudo para o ensinar uma lição.

A notícia tinha dado a Louis sentimentos muito confusos. Ele odiava não poder esmagar a pequena e estúpida esperança que tinha erguido a feia cabeça. Ele sabia quão tola era essa esperança. Não importa o estado atual das coisas, Westcliff e Aslan ainda iriam se casar. E mesmo que não se casassem, não mudaria nada para ele.

- Eu não estou aqui para falar sobre seu irmão, - Westcliff disse, se sentando ao lado dele e colocando um braço atrás de Louis no sofá. - Como você está se sentindo? - ele disse, a voz caindo para um murmúrio grave e íntimo quando ele se inclinou. - Você disse que não se sentia bem ontem.

Louis apertou as coxas.

Porra. Essa voz.

- Eu estou bem. - ele respondeu, inspirando uma pitada cuidadosa do cheiro de Westcliff.

Porra, como um homem pode cheirar tão bem? Louis queria rolar nesse cheiro para sempre até que fosse tudo que ele pudesse cheirar. Não aja como um viciado, não aja como um viciado, não aja como um viciado—você é melhor que isso. Repetindo esse mantra na cabeça, Louis disse em voz alta:

- Você não deveria ter irritado Ash. Ele pode ser muito mal humorado quando está com raiva. Sobre o que vocês dois discutiram, afinal? Ele não me contou.

Westcliff o encarou por um momento antes de falar.

- Aslan disse que você tem uma queda por mim.

Louis abriu a boca e fechou, sentindo como se tivesse levado um soco no estômago. Ele piscou para Westcliff atordoado, os olhos arregalados e o coração batendo em algum lugar da garganta. Como—? Ele era tão óbvio assim? Aparentemente ele era.

- Eu vou matar ele. - ele disse fracamente.

Algo mudou na expressão de Westcliff.

- Então é verdade.

O rosto de Louis estava tão quente que provavelmente era um vermelho nada atraente. Ele não conseguia encontrar os olhos de Westcliff, olhando para qualquer lugar, menos para ele.

- Ei, - o duque disse, pegando os dedos trêmulos dele na mão e apertando. - Está tudo bem. Como seu irmão disse, é normal na sua situação.

Uma risada histérica borbulhou na garganta de Louis quando ele olhou para as mãos unidas. Na situação dele? O que isso significava exatamente?

- Certo. - ele disse.

- Olha para mim. - Westcliff disse. Comandou.

Louis não o desobedeceu. Ele não conseguia. Em algum nível primitivo que não fazia a porra de nenhum sentido, esse alfa parecia ser dele. Ele queria obedecê-lo. Era bom obedecê-lo—certo. Merda, ele está tão ferrado, não é?

O olhar de Westcliff sustentou o dele.

- Não é nada para se envergonhar. - ele disse com firmeza, levando a mão livre para a bochecha de Louis e a acariciando com as juntas dos dedos.

Louis estremeceu, engolindo um gemido.

- É normal em sua situação. - Westcliff disse, observando a reação dele com um brilho estranho nos olhos.

Era sua imaginação, ou ele parecia predatório?

- Você está tremendo. - ele afirmou, acariciando a mandíbula de Louis.

Desta vez, Louis não conseguiu conter um pequeno gemido. Ele estava tão duro e tão molhado que a cueca parecia pegajosa.

Louis fuzilou ele sem vontade.

- Para com isso. - ele disse trêmulo, mas ele não estava se afastando do toque.

Ele estava tão sensível e carente, como se fosse doer fisicamente se Westcliff parasse de tocá-lo.

O cheiro de Westcliff se tornou mais inebriante, o ar espesso com os feromônios de alfa. Ele olhou para Louis por um longo momento, o olhar bem sério e intenso.

- É só uma paixonite, certo?

- Obviamente. - Louis mentiu, esperando que não fosse óbvio que ele meio que queria se enrolar em uma bola e se esconder do mundo.

De preferência depois de rastejar para o colo de Westcliff. Sim, aparentemente ele era masoquista o suficiente para querer conforto do homem que era a razão pela qual ele se sentia um merda.

- Estou falando sério, Louis. - Westcliff segurou a bochecha dele com a mão grande e acariciou com o polegar.

Louis tentou não tremer. Westcliff sustentou o olhar com firmeza.

- Seu irmão acha que eu deveria ser mais frio com você. É por isso que discutimos—eu disse não. Não vou deixar seu irmão ditar minhas ações. Mas se você realmente quer distância, eu te darei distância. Mas só se você quiser.

Louis quase derreteu, o coração tão quente que ele mal sabia o que fazer com ele. Deuses, ele amava esse homem.

Se jogando para frente, ele beijou Westcliff na bochecha com barba.

- Obrigado, mas estou bem, - ele mentiu, pressionando a bochecha contra a de Westcliff e respirando profundamente. - Não é nada. Não preciso de distância.

Ele provavelmente deveria querer distância, mas porra, ele era fraco. Ele não seria capaz de suportar qualquer distância entre eles. Mesmo a pequena distância entre eles agora parecia horrível. Ele os queria mais perto, tão perto que não existisse nada entre eles além de pele.

Droga, ele realmente precisava se controlar. Mas era tão difícil quando ele estava cercado pelo aroma e feromônios de Westcliff e podia senti-lo tão perto. As picadas da barba do alfa contra a bochecha eram tão boas, e Louis não pôde deixar de imaginar como seria contra o estômago, a parte interna das coxas, as nádegas.

- Tudo bem, - Westcliff disse em voz baixa, dando um selinho no canto da boca de Louis. - Sem distância. Se é isso que você quer.

Louis quase gemeu, a boca procurando cegamente a dele, querendo. Foi puro êxtase quando os lábios esfregaram contra a mandíbula firme de Westcliff, o cheiro do alfa tão espesso no ar que ele se sentia chapado.

- Coração, - Westcliff disse com a voz rouca, acariciando a bochecha dele. - Baby. Eu te adoro pra caralho, você sabe disso, certo?

Louis estremeceu, o calor envolvendo o coração e se espalhando para baixo até que se transformou em um calor necessitado entre as pernas. Ele estava queimando. Ele ansiava por ele, por esse alfa que não pertencia a ele, mas parecia seu. Era muito errado sentir isso por ele, mas o corpo de Louis não se importava. Ele desejava. Ele desejava esse alfa. O toque. A boca dele. O pau. O nó.

- Me diga o que você precisa. - Westcliff disse, beijando a bochecha dele, a respiração quente e instável, antes de mordiscar a mandíbula de Louis, até o pescoço.

Louis só conseguiu absorver, a cabeça girando e o olhar desfocado. Ele não entendia mais o que estava acontecendo, mas que se foda, ele aceitaria qualquer coisa que Westcliff lhe desse. Qualquer coisa.

Quando a boca de Westcliff se fechou na glândula odorífera, Louis estremeceu, como se tivesse sido eletrocutado, o slick escorrendo pela perna, o buraco latejando. Ele queria ser tocado na entrada. Ele queria ser fodido.

- Me diga. - Westcliff disse.

Louis fechou os olhos com força.

- Você não consegue sentir pelo cheiro?

Ele pensou que estivesse fedendo com a excitação e luxúria, mas Westcliff balançou a cabeça contra o pescoço dele.

- Seu cheiro ainda é muito fraco para discernir quaisquer nuances, - ele disse, respirando fundo. - Não são só os supressores. Até que a marca desapareça completamente, seu cheiro será fraco. Ômegas vinculados param de cheirar fortemente para outros alfas.

Certo. Westcliff não era seu alfa. Como se Louis precisasse de outro lembrete de quão errado isso era. Seu companheiro tinha morrido apenas alguns meses atrás. Ele não tinha nada que agir como uma cadela no cio com outro alfa, não importa o quão bom esse alfa cheirasse para ele.

- Me diga. - Westcliff disse novamente, o tom como uma demanda. Uma ordem.

Era doentio que isso só deixasse Louis mais excitado?

Alfa, os lobos frontais do cérebro pensaram atordoados. Para de lutar, conta tudo para ele, ele cuidará de você.

Louis enterrou o rosto em chamas na cavidade da garganta de Westcliff e respirou fundo. Se sentindo bêbado com os feromônios de alfa, ele guiou as mãos unidas para a virilha, qualquer vestígio de vergonha e etiqueta esquecidos. Ele pressionou a mão de Westcliff contra o pau, estremecendo com o contato.

Ele não disse nada. Não conseguia.

Westcliff ficou muito quieto, apenas segurando o volume por um momento que pareceu se estender para sempre.

Louis gemeu impacientemente, o pau latejando sob o toque.

- Babe, - Westcliff respirou finalmente, a voz baixa e rouca. - Acho que não deveríamos—

- Eu não sou um virgem inocente, - Louis retrucou, levantando a cabeça, a frustração sexual finalmente superando o constrangimento e vergonha. - Ainda estou com tesão depois do meu heat, é isso. Eu quero um pau. Me dá o seu.

Westcliff olhou para ele como se tivesse crescido uma segunda cabeça. Mas o cheiro se intensificou, se tornando mais almiscarado e ainda mais delicioso, o ar carregado de feromônios alfa.

- Vamos, - Louis disse, o olhando nos olhos. - Estou com tanto tesão, qualquer pau serve. Você não quer que eu vá procurar por um nó, quer?

O olhar de Westcliff escureceu, a mandíbula apertando.

- Para de dizer coisas tão grosseiras. Não combina com você.

- Por quê? - Louis disse, empurrando o quadril contra a mão de Westcliff.

Porra, ele estava tão duro que sentia vontade de chorar de frustração.

- Porque eu sou um ômega nobre? Eu já tive um companheiro. Eu fui fodido e preenchido por um nó—

Westcliff rosnou, os olhos brilhando e as garras deslizando para fora.

Louis congelou, um pouco atordoado com a perda de controle de Westcliff, mas principalmente, ele estava embaraçosamente excitado com isso. Era a primeira vez que Westcliff agia como um Xeus em sua presença, e era mais excitante do que deveria.

Westcliff fechou os olhos e respirou fundo. As garras afundaram de volta para a pele, e quando ele abriu os olhos novamente, eles não estavam mais brilhando. Mas o cheiro permaneceu espesso e almiscarado, o corpo poderoso tenso e rígido. E tinha um volume muito grande entre as pernas.

Louis lambeu os lábios secos, o buraco se fechando ao redor do nada. Porra, ele o desejava. Ele precisava do alfa dentro dele. Agora.

- Você vai ser meu alfa se casar com Aslan, - ele disse com a voz rouca, arrastando as unhas contra o volume embaixo da calça do terno de Westcliff. - Você não vai ser um bom alfa e cuidar de mim?

Westcliff respirou fundo, as pupilas tão dilatadas que os olhos pareciam escuros.

- Geralmente ser um bom alfa não envolve colocar um nó no irmão mais novo do seu companheiro.

- Eu sei. - Louis disse levemente, ignorando a forma como o coração doía e ardia com o pensamento de Westcliff se tornar companheiro de Aslan.

Com os dedos trêmulos de impaciência, ele desafivelou o cinto de Westcliff e abriu o zíper da calça.

- Mas você não é o companheiro dele ainda. Na verdade, Aslan cancelou tudo, então não tem nada de errado com isso. Não existem promessas para se quebrar, e não é como se vocês se amassem. Não vai fazer mal a ninguém.

Além de mim e meu coração estúpido, ele pensou quando finalmente puxou o pau de Westcliff para fora. Ele quase gemeu quando o apertou na mão. Tão grosso e duro, a cabeça gorda já vazando pré-gozo. Porra, ele desejava.

Louis se inclinou e lambeu a cabeça do pau. Mmm.

Westcliff fez um som baixo e gutural quando Louis tomou seu pau na boca. Deuses. O pau dele era impossivelmente largo na boca e os lábios estavam esticados ao máximo, mas Louis o chupou, o gosto de Westcliff inundando os sentidos. Ele tinha ouvido falar que ômegas ficavam chapados com o gosto da excitação de um alfa, mas ele nunca tinha acreditado até agora. Ele se sentia bêbado, chupando o pau avidamente e incapaz de ter o suficiente, gemendo em torno dele como uma prostituta, todo o seu mundo se reduzindo a esse pau grosso e delicioso—até que a mão de Westcliff se enterrou no cabelo de Louis.

- Vem aqui. - ele falou, puxando Louis para cima e colocando no colo.

E então ele abriu o zíper de Louis. Um momento depois, a grande mão envolveu a ereção dolorida de Louis e começou a esfregar. Louis fechou os olhos com força e enterrou o rosto no ombro largo do alfa. Porra, era tão bom, ele não podia acreditar que finalmente estava acontecendo, mas ainda não era o suficiente. Ele queria mais. Ele queria algo diferente. Ele queria a mão de Westcliff no buraco vazio e dolorido.

Como se estivesse lendo seus pensamentos, Westcliff moveu a mão para baixo, acariciando a abertura molhada, e Louis soltou um longo e desavergonhado gemido. Ele esperava que nenhum dos empregados estivesse do lado de fora da porta—eles ouviriam tudo—mas, para ser sincero, Louis não tinha certeza de que seria capaz de parar de foder com a mão de Westcliff, mesmo que todos os funcionários os assistissem.

- Pau, - ele engasgou, agarrando a ereção de Westcliff novamente e acariciando avidamente. - Preciso de seu pau em mim. Quero ser fodido.

- Puta merda. - Westcliff grunhiu.

Um momento depois, teve um som de rasgo—a calça, Louis percebeu atordoado—e então Westcliff o estava levantando e—

Louis gemeu, enfiado no pau duro e latejante.

Porra, porra, porra.

Nada deveria ser tão bom assim. Ele quase tinha esquecido como isso era incrível, ser comido, usado como uma boneca de pano para o prazer enquanto Westcliff o fodia, o movimentando para cima e para baixo, como se Louis não pesasse nada. A força dele era uma enorme excitação, e Louis só podia receber, os gemidos ficando cada vez mais altos, não importa o quanto ele tentasse abafá-los contra o ombro de Westcliff. Eles ainda estavam vestidos caralho, ele percebeu distantemente. De alguma forma isso tornava o ato ainda mais obsceno, e Louis gemeu alto, apertando em torno do pau enorme metendo nele. Os sons molhados e chamativos do seu buraco o teriam envergonhado—se ele fosse capaz de ficar envergonhado. Tudo o que ele podia fazer era sentir. Sentir e desmoronar no pau de Westcliff.

Demorou um tempo ridiculamente curto para gozar, mas Westcliff não parou. Ele os deitou, as costas de Louis batendo no sofá, e continuou metendo. E estocando. E surrando. Logo, Louis estava se empurrando de volta para o pau de Westcliff, precisando gozar novamente. O próprio pau estava macio depois do primeiro orgasmo, mas a necessidade dentro dele não diminuiu, o prazer estranho o deixava cada vez mais chapado, e ele não conseguia ter o bastante. Com as unhas cravadas nas costas de Westcliff, ele o incitou, gemendo a cada impulso.

Louis gritou quando gozou novamente, o segundo orgasmo ainda mais avassalador que o primeiro. Westcliff estremeceu em cima dele e se retirou com um xingamento, gozando em cima do estômago de Louis.

Piscando turvamente, Louis franziu os lábios, mais do que um pouco decepcionado, não importa o quão bem ele se sentisse.

- Você não me deu seu nó.

Westcliff soltou uma risada estrangulada contra o ombro dele.

- Você é inacreditável, - ele disse, ainda respirando instável. - Claro que eu não te dei um nó. Teria sido irresponsável—mais irresponsável do que já é. Você acabou de sair do seu heat. Você provavelmente ainda está fértil, mesmo com os supressores.

Louis estremeceu. Fértil. Ao invés de o assustar, a palavra trouxe uma pontada de desejo irracional ao coração. Ele de repente imaginou isso e rapidamente afastou o pensamento da mente. Não adiantava pensar em coisas que nunca aconteceriam. Não para ele. Não com esse homem. Irresponsável. Certo.

- Louis. - o tom de Westcliff era calmo, mas pesado. - Eu—

- Não, - Louis disse rapidamente, saindo de debaixo dele e ficando de pé com os pés trêmulos. - Está tudo bem. Não tem nada para se desculpar. - ele ajeitou a roupa, olhando para qualquer lugar menos para Westcliff. - É só sexo. Nós dois somos adultos que consentem. Está tudo bem. Eu tenho que ir!

Ele saiu correndo da sala antes que Westcliff pudesse dizer o temido "Sinto muito, foi um erro".

Ele não precisava ouvir.

Ele sabia.

Ele sabia que era tudo o que ele poderia ser.

Capítulo 19

- Você cheira a Westcliff.

Louis congelou com a colher a meio caminho para a boca. Colocando-a de lado, ele lançou um olhar para o irmão do outro lado da mesa, esperando que o rosto não traísse o desconforto que sentia. No entanto, "desconforto" não parecia ser uma palavra adequada para descrever a mistura de culpa e ansiedade que se instalou na boca do estômago desde que deixou Westcliff na sala de visitas.

A pior parte era que ele não se sentia culpado pelo que eles tinham feito. Ele se sentia culpado por não se sentir culpado. Porra, ele se sentia uma pessoa terrível. Aslan pode não amar Westcliff, mas ainda assim queria se casar com ele. Isso tinha que significar alguma coisa, certo? Ele deveria ter se sentido culpado. Exceto que a parte irracional dele, o lado ômega, não via nada de errado com o que eles tinham feito—ele sentia que Westcliff era seu alfa—e não adiantava tentar aplicar lógica aos sentimentos.

- Então, ele me ligou enquanto eu estava fora, - Aslan disse. - Eu sabia que ele voltaria implorando por perdão rápido. Ele precisa de mim.

Louis franziu o cenho, o desconforto esquecido por um momento.

- O que você quer dizer? Ele é um duque da realeza. Ele não precisa se casar com você em específico. Ele poderia se casar com qualquer um.

- Não seja ingênuo, - Aslan disse, balançando a cabeça. - Quando for anunciado que Westcliff está tirando a coroa do príncipe Haydn, provavelmente terão grandes protestos em todo o reino. As pessoas não ficarão felizes com um Xeus roubando a coroa do herdeiro legítimo—pelo menos quem eles veem como o herdeiro legítimo. Westcliff vai precisar de uma vantagem publicitária, algo positivo para que as pessoas comentem. Sou o ômega mais desejado e procurado do país—

- E o mais modesto. - Louis disse, revirando os olhos com afeição sôfrega.

Ele amava o irmão, mas ele podia ser tão vaidoso. Mas era vaidade quando se era verdade?

- E Westcliff está me cortejando há um tempo, - Aslan continuou. - Nosso suposto romance é um dos assuntos mais populares do país. As pessoas estão investindo nisso. Se Westcliff se casar comigo, isso lhe dará uma vantagem muito necessária nos índices de aprovação. Se ele de repente mudar as atenções para outra pessoa, isso apenas arruinará sua reputação ao invés de ajudá-lo: ele será visto como inconstante e irresponsável, o que apenas confirmaria as opiniões das pessoas sobre alfas Xeus. Então, sim, Westcliff não pode se dar ao luxo de mudar de ideia. - Aslan tomou um gole do chá. - Eu me sinto mal por ele, sabe. Eu entendo que é uma situação muito difícil. Eu não estou sendo cruel só por ser. Mas eu não vou aturar meu futuro marido me tratando como uma bela decoração da casa e ignorando completamente minha opinião. Então ele terá que se desculpar—sinceramente—antes que eu permita que ele continue nosso cortejo.

Louis olhou para o chá antes de levar a xícara à boca. Ele tomou um longo gole, lutando contra a irritação irracional e a antipatia que de repente sentia pelo irmão. Aslan não disse nada de errado. A atitude dele era racional e muito lógica. Harry não era dele. Ele não tinha o direito de se sentir tão possessivo.

Mas como ele poderia se convencer disso quando ainda podia sentir o cheiro de Harry na própria pele? Quando ele ainda podia sentir os hematomas nos quadris, o calor agradável entre as pernas? Quando toda vez que os pensamentos se desviavam, eles se desviavam para o que tinha acontecido algumas horas atrás? Era impossível.

- Você não quer mais do que um casamento político? - Louis disse, sem olhar para Aslan. - Tudo parece muito frio e impessoal, Ash.

O irmão suspirou.

- Obviamente eu queria um casamento por amor, - ele disse depois de um momento, mexendo na salada, a voz estava calma, um pouco derrotada. - Mas eu conheci inúmeros alfas nesta temporada, Louis. Milhares. A maioria deles tinha títulos e eram ricos, alguns eram muito bonitos. Mas não tem... nenhuma faísca, sabe? Não senti nada. Nada da atração insana descrita nos livros. - Aslan zombou. - Aparentemente, esses livros só falam merda.

Louis desejou poder concordar.

- Então, sim, - Aslan disse. - Se eu tiver que me contentar com um alfa que não amo, é melhor pegar o melhor. - ele deu de ombros com um sorriso pesaroso. - Acho que tem uma chance maior de eventualmente me apaixonar por meu esposo se ele for gostoso, bonito e podre de rico. Então Westcliff será. - ele fez uma pausa, como se só agora se lembrasse de algo, antes de lançar a Louis um olhar desconfortável. - Sua paixonite por ele não é séria, certo?

Louis forçou um sorriso.

- Você é a segunda pessoa a perguntar isso hoje. A propósito, obrigado por contar a Westcliff sobre minha paixão.

Aslan corou.

- Minhas intenções eram boas, - ele disse rigidamente. - A maneira como ele se comporta com você é quase cruel, considerando tudo... Eu contei a ele sobre sua paixonite porque não queria que você tivesse falsas esperanças e acabasse machucado.

Louis quase ficou tocado. Quase. Ele também se sentia mais do que um pouco magoado. Doía que até mesmo Aslan, que sempre lhe assegurou que ele não era pouco atraente, pensasse que um alfa como Westcliff nunca o acharia atraente.

- Eu entendo. - Louis disse calmamente, lutando contra o aperto na garganta.

- De qualquer maneira! - Aslan disse em um tom de voz estranho, provavelmente só agora percebendo como as palavras soaram. - O Westcliff disse alguma coisa? Sobre mim, quero dizer? Ele parecia arrependido?

Não, ele estava muito ocupado me fodendo, Louis quase explodiu, e fez uma careta para a comida no prato.

- Não, - ele disse, ficando de pé. - Prometi a Eric que ligaria para ele. - e ele saiu da sala de jantar antes que Aslan pudesse dizer qualquer coisa.

Ele passou o resto do dia escondido no quarto e praticamente enlouquecendo, pois as consequências do sexo imprudente tinham finalmente sido ingeridas.

O que ele tinha feito? Como ele iria ver Harry como um cunhado? Sorrir quando o visse beijar e marcar Aslan com o cheiro? Fingir que não se sentia arrasado quando os olhasse de manhã, com Aslan parecendo satisfeito e bem fodido? Como ele conseguiria sorrir quando quissesse chorar?

- Você pode e você vai. - ele disse com firmeza, pressionando as mãos contra os olhos ardendo.

O que aconteceu foi um erro. Harry claramente já estava se arrependendo, desejando nunca ter cedido. Harry realmente precisava de Aslan, e ele provavelmente considerava o sexo com Louis uma complicação desnecessária da situação. Um passo em falso. Uma vergonhosa perda de controle. Na verdade, Louis provavelmente deveria esperar por uma conversa muito embaraçosa com Harry—com Westcliff—em breve. Ele não poderia evitar isso para sempre. Louis praticamente podia ouvir as palavras dele: "Não é você", "Foi um erro que devemos esquecer", "Eu respeito você e valorizo ​​sua amizade"—todas as coisas clichês que as pessoas diziam quando queriam rejeitar gentilmente alguém e escolher outra pessoa.

Estava tudo bem.

Não iria doer tanto se ele estivesse esperando por isso, certo?

Capítulo 20

Harry teve um dia agitado. Ele passou a maior parte do tempo trabalhando com a equipe de relações públicas no seu discurso de posse—porque aparentemente ele não poderia simplesmente improvisar. Cada palavra tinha que ser perfeita e alcançar o público certo. Hoje em dia, as monarquias eram uma forma impopular de governo e, para permanecerem apoiadas pelo povo, precisavam trabalhar duas vezes mais do que as repúblicas. Harry entendia que era necessário, mas todo o trabalho de relações públicas era muito exaustivo e frustrante e, no final do dia, ele sentia vontade de mostrar as garras e rosnar, só para finalmente calar Cormack.

Certamente não ajudava que ele estivesse incrivelmente distraído o dia todo.

Suspirando, Harry se recostou na cadeira e olhou para o computador à sua frente sem ver nada. No fundo, Cormack estava falando sobre os índices de aprovação, como se Harry não pudesse ler os dados na frente dele.

Ele podia ler, mas não conseguia se concentrar. Era um problema recorrente nesse dia, desde...

Harry tentou afastar o pensamento, sabendo que se começasse a pensar sobre isso, não faria mais nada.

Não funcionou.

Claro que não funcionou.

Ele não parava de pensar em Louis ao redor dele, apertado e molhado, tão molhado que era como estar envolto na mais fina seda... o jeito que ele olhava para Harry com aquele olhar vidrado e turvo, os lábios vermelhos mordidos e entreabertos enquanto gemia—

- ...Como você pode ver, Vossa Graça, se você não conseguir garantir o casamento com o Diamante da Temporada em breve, isso fará com que seus índices de aprovação caiam. Não podemos arcar com isso quando há uma chance tão alta de agitação civil...

- Basta. - Harry disse.

Cormack franziu os lábios.

- Mas Vossa Graça—

- Eu disse basta, - ele repetiu, olhando para ele. - Você está dispensado.

Cormack abriu a boca, mas a fechou novamente sob o olhar irritado de Harry. Assentindo, ele finalmente saiu.

Apertando a ponta do nariz, Harry fechou os olhos, a postura caindo agora que estava sozinho. Tudo o que Cormack disse era verdade. Ele não podia desistir do relacionamento com Aslan; seria mais do que irresponsável. O fato de ele estar pensando nisso era irresponsável. Ele sabia o que deveria fazer: precisava visitar os Tomlinson e esclarecer as coisas com Louis. Era importante que eles estivessem na mesma página. Ele tinha que se desculpar. A falta de autocontrole era inaceitável. Louis era jovem e relativamente inexperiente. Ele podia não ser virgem—Harry cerrou os dentes, lutando contra a onda inapropriada e feia de possessividade—mas era jovem e vulnerável depois do recente cio. Ele tinha que ter certeza de que Louis não tinha sido magoado por suas ações descuidadas. Ele tinha que se desculpar e limpar o ar para que a amizade deles não fosse arruinada por esse erro—porque era isso que era.

Ele não podia permitir que fosse outra coisa. Ele tinha responsabilidades das quais não podia se afastar facilmente.

O problema era que tudo nele se rebelava com o pensamento de machucar Louis. Ele realmente não acreditava que tinha sido só sexo sem sentido para ele. Ou melhor, Harry não queria acreditar nisso. Porra, ele realmente era um idiota. Ele deveria desejar que Louis não tivesse sentimentos por ele, ao invés de querer egoisticamente que ele ficasse preso a ele. Isso era foda. Ele estava fodido. Ele não podia se dar ao luxo de se sentir assim. Ele tinha responsabilidades das quais não podia fugir.

Harry suspirou e ficou de pé. Tudo bem. Claramente ele não estava chegando a lugar nenhum. Ele estava pensando em círculos novamente.

Ele precisava de uma nova perspectiva sobre o assunto.

Tinha apenas uma pessoa no palácio em quem ele confiava: Ilona. Sua babá de infância ainda trabalhava no palácio, tendo sido promovida a chefe de gabinete, e ela sempre parecia genuinamente encantada quando ele a visitava. À medida que envelhecia, ele não a visitava tanto quanto costumava na infância, mas ainda gostava dela e confiava nela. Ela sempre foi gentil com ele e não parecia tão intimidada por sua posição quanto os outros servos.

Os corredores da ala dos empregados estavam vazios a essa hora—ainda não era tarde o suficiente para os empregados irem para seus quartos—então Harry não encontrou muitos deles a caminho do escritório de Ilona.

Ele parou na porta dela e levantou a mão para bater quando o barulho na sala o fez parar.

A porta estava aberta, tornando as características à prova de som inúteis. Harry podia ouvir os sons da intimidade: gemidos ofegantes e sons de carne se movendo contra carne.

Ele ergueu as sobrancelhas, honestamente surpreso. Ilona ainda era uma mulher muito atraente, mas ele não sabia que ela estava saindo com alguém. Ela nunca mencionou ninguém e mal falava sobre o falecido marido.

No entanto, havia o som inconfundível de beijos, molhados e urgentes.

Fazendo uma careta de desconforto, Harry se virou. Ele voltaria mais tarde. Claramente não era um bom momento.

- Não aqui, - Ilona disse sem fôlego. - Stefan.

Harry enrijeceu e olhou para a porta. Stefan?

Não era um nome raro, mas quando ele se concentrou nos sentidos, os deixando aguçados, ele reconheceu o cheiro alfa do rei. Ilona e Stefan? Desde quando? Harry nem sabia que o rei tinha casos com ômegas. Era bem conhecido o quão pouco ele pensava dos ômegas. Dito isso, o rei tinha apenas sessenta e quatro anos—um homem saudável de meia idade em excelente forma. Claro que ele teria alguns casos. Todos sabiam que ele e a rainha não dormiam no mesmo quarto há décadas.

- Cala a boca, - Stefan falou. - Eu não quero ouvir sua voz ou seu—

Ele soltou um som gutural, e então houve o som rítmico inconfundível de um pau se movendo dentro de um buraco molhado.

- Todas essas décadas, mas você ainda está envenenando meus pensamentos, - ele grunhiu, a voz grossa com ressentimento. - O que você fez comigo, sua pequena... - a voz falhou e se transformou em um gemido, os baques de carne contra carne ficando mais rápido.

A ômega não respondeu, apenas respirou em engasgos e gemidos, os sons abafados como se ela estivesse tentando não fazer barulho.

Harry ficou paralisado, a mente girando enquanto ligava os pontos—as esquisitices que ele notou quando criança, mas desconsiderou. Ilona, ​​uma simples empregada, sendo designada como sua babá. Ilona, ​​uma simples empregada, sabendo que ele era filho do rei. Ilona, ​​sempre estando lá por ele e mostrando um claro favoritismo com ele comparado a Haydn—apesar de todos os outros funcionários preferirem Haydn. Ilona, ​​que aparentemente era amante do rei há décadas. Ilona, ​​que tinha olhos verdes, assim como os dele.

Harry quase riu. Ele não podia acreditar o quão cego ele tinha sido. Todos esses anos, ele se perguntou sobre a mãe, mas ele procurou pelas próprias características em membros da alta sociedade. Ele nem tinha considerado que o rei orgulhoso e poderoso que desprezava ômegas se rebaixaria a uma empregada ômega—e legitimaria o filho dela.

A sala estava quieta agora. Eles devem ter terminado.

Harry olhou para a porta por um momento antes de bater nela com as juntas dos dedos e empurrá-la para abri-la.

Ele quase se arrependeu quando Ilona soltou um grito assustado e saltou para longe do rei, endireitando as roupas apressadamente, o rosto corado.

- Vossa G-Graça! - ela gaguejou, olhando para qualquer lugar menos para ele.

Com pena dela, Harry desviou o olhar para Stefan.

O rei estava ajeitando as roupas sem pressa, o rosto arrogante ligeiramente corado, mas com uma expressão dura e metida.

As garras de Harry queriam sair.

- Vossa Majestade, - ele disse com um sorriso. - Que surpresa inesperada.

Stefan franziu os lábios, fechando o zíper da calça. Ele não disse nada, trocando um olhar com Ilona.

O ar na sala estava tão espesso com a tensão que era palpável.

Harry se sentou na poltrona, pegou um cigarro e o acendeu.

Normalmente, Stefan o teria repreendido por fumar dentro de casa. Ilona o teria repreendido por fumar, ponto final.

Ninguém disse nada.

Ele deu uma longa tragada, olhando para Stefan preguiçosamente.

- Sabe, pela primeira vez, estou realmente convencido de que os alfas não metamorfos são superiores aos alfas Xeus, - ele disse, o tom de conversa. - Se você fosse um Xeus, seria mais provável que você desse um nó na minha babá de infância, e essa pequena cena teria sido muito estranha. Mais estranha do que já é.

Stefan fuzilou ele.

Os lábios de Harry se contraíram, o olhar frio.

- Embora, suponho que eu deveria ter dito "minha mãe", certo?

Ilona fez um som engasgado.

Os olhos de Stefan endureceram.

- Escuta—

- Nos deixe a sós, Stefan. - Ilona disse quietamente.

Para imensa surpresa de Harry, o rei fez o que foi dito. Com um último olhar duro para Harry, ele saiu.

E então eles ficaram sozinhos—ele e a mulher que o tinha dado à luz. A mulher que mentiu para ele toda a sua vida.

Harry olhou para ela, e ele não tinha certeza do que sentia. Ele pensou que deveria ter odiado ela por mentir, mas tudo o que podia sentir era confusão e... mágoa. Sim, mágoa.

O silêncio se estendeu.

- Sinto muito, - Ilona deixou escapar finalmente, remexendo as mãos, os olhos arregalados no rosto pálido. - Eu sinto muito.

Harry desviou o olhar por um momento.

- Eu não preciso de suas desculpas, - ele disse. - Quero uma explicação.

- É... uma longa história. - Ilona disse.

- Eu tenho tempo. - Harry disse, olhando para ela.

Ilona mordeu o lábio, a expressão preocupada e incerta. Era meio engraçado a facilidade com que ele podia ver sua feição no rosto dela agora que ele sabia. As pessoas realmente viam apenas o que queriam ver. Era meio irônico que fosse uma lição que essa mulher o ensinou quando criança.

- Eu tinha dezessete anos quando comecei a trabalhar no palácio como empregada doméstica, - Ilona disse finalmente. - Seu pai já era casado com a primeira esposa e teve um filho com ela. Quando nos conhecemos, foi... - o olhar se tornou distante, um sorriso torto curvando os lábios. - Foi atração à primeira vista. Ele cheirava perfeito para mim—ele cheirava como meu—mas... - o sorriso ficou mais triste, amargo. - Mas ele não era. Ele já era casado. E ele era o rei. Um homem que tinha uma responsabilidade com seu país e sua família. Eu fugi dele, de volta para minha cidade natal. Eu não confiava em mim mesma. Eu não queria ser a outra mulher—e isso é tudo que eu teria sido se tivesse cedido à atração entre nós—mesmo que ele fosse meu companheiro destinado.

Quando Harry zombou, Ilona riu um pouco.

- Eu sei que você provavelmente pensa que os companheiros destinados são uma coisa dos contos de fadas—eu pensava da mesma maneira, também—mas se as últimas três décadas me ensinaram alguma coisa, é que os companheiros destinados são reais. Fiz tudo para lutar contra a atração que sentia por seu pai—e quero dizer tudo. - os olhos estavam brilhando agora. - Voltei para minha cidade natal, esperei meu cio e me entreguei a outro alfa. Eu esperava que funcionasse. Eu esperava que meu primeiro heat compartilhado com outro alfa me ajudasse a me relacionar com ele. Mas isso não aconteceu. Nada nunca funcionava. Eu ainda sentia o anseio por Stefan. Mas engravidei do filho de outro alfa. E eu casei com ele. - a voz caiu para um sussurro rouco. - Stefan chegou no dia seguinte. Eu nunca o vi tão bravo—e tão quebrado. Ele me chamou de puta e foi embora. - Ilona deu um sorriso sem humor. - Veja, eu sou a razão de Stefan desprezar ômegas. Ele pensou que eu dormi com outro alfa porque eu não tinha seu vínculo. Ele não entendeu que eu tinha feito isso porque eu não queria ser alguém sem seu vínculo. Ele era um homem casado. Eu não queria destruir a família de um homem casado.

- E depois o que aconteceu?

- Tive dois filhos com Charles, meu marido, antes de ele morrer na guerra, - Ilona disse, ​​baixando o olhar. - Verdade seja dita, eu... Fiquei aliviada quando ele morreu. Não me orgulho disso, mas... Mas você sabe como é dividir a cama com um homem que você não ama quando seu coração bate por outro?

Harry não disse nada. Ele ficou muito surpreso com a notícia de que Ilona tinha outros filhos—seus irmãos.

Ilona ficou quieta por um tempo antes de continuar.

- Alguns dias após a morte do meu marido, recebi uma oferta de emprego do palácio.- ela deu um sorriso frágil. - Eu sei que deveria ter recusado. Mas eu tinha duas criancinhas para pensar. Nossa situação financeira não era boa, e era um trabalho muito bem pago, com abrigo e alimentação incluídos. Eu tive que concordar—ou assim eu disse a mim mesma. - ela balançou a cabeça, os lábios curvados. - Em retrospectiva, eu era fraca. Fraca e tola. Depois de anos lutando contra isso, eu cedi. Eu o desejava. Eu ansiava por ele. Só ele.

Harry desviou o olhar. Ele desejou poder desprezá-la, mas... tudo o que sentia era pena. Ele realmente não podia culpá-la: ela era jovem e vulnerável. Stefan tinha tanto poder sobre ela, além de ter idade e experiência ao seu lado. Ele sabia que Stefan tinha se tornado o rei e se casou com a primeira esposa muito jovem—aos quinze anos—mas ele era um homem adulto quando conheceu Ilona. Ele não tinha desculpa.

- A esposa dele morreu nessa época também, e eu me tornei amante de Stefan. - Ilona continuou, claramente tentando soar natural e sem emoção, mas ela ainda parecia envergonhada. - Foram os anos mais felizes da minha vida. Eu não tive que compartilhá-lo com ninguém, ninguém além de seu reino. Mas no final, o reino o tirou de mim. Seu filho—seu único herdeiro—morreu na guerra e ele teve que se casar novamente.

- Por que ele não se casou com você se ele te amava?

Ilona riu. Não foi uma risada feliz.

- Me amava? Ele nunca disse que me amava. Nosso relacionamento nunca foi fácil. Tenho certeza que ele me odeia metade do tempo. Ele nunca me perdoou por dormir com outro alfa—por ter filhos com outro alfa. Claro que é altamente hipócrita da parte dele, mas vocês alfas não conseguem pensar racionalmente sobre essas coisas.

Harry deu um aceno cortante. Realmente era imensamente difícil lutar contra os instintos territoriais.

- Além disso, - Ilona disse calmamente. - Ele é o rei. Eu sou uma serva. Reis se casam com servas apenas em contos de fadas, Harry. - ela mordeu o lábio inferior com força. - Eu já estava grávida de você quando ele se casou pela segunda vez. Foi apenas uma jogada política, ele tinha dito. Não mudaria nada, ele tinha dito. Mas é claro que mudou. Eu não podia ser amante. Então terminamos. - ela fechou os olhos, uma lágrima escorrendo pelo rosto.

Ela ainda era muito bonita, especialmente para uma mulher de meia-idade. Não era de admirar que o rei estivesse tão fixado nela.

- Por que você desistiu de mim? - Harry disse, mantendo a voz neutra.

Parecia que não tinha sido neutra o suficiente, porque o rosto de Ilona se enrugou.

- Eu sei que você provavelmente me odeia por isso, - ela sussurrou. - Mas toda mãe quer o mundo para seu filho. Eu queria que você crescesse no mundo dele, não no meu. Eu não queria que você tivesse que servir o próprio pai e os filhos legítimos dele. Foi a decisão mais difícil que já tomei. Eu disse a mim mesma que pelo menos eu não estava abandonando você. Eu poderia estar perto de você. Eu poderia ver você crescer mesmo se eu não pudesse ser sua mãe. - ela caiu de joelhos na frente dele e agarrou as mãos dele, o olhando nos olhos desesperadamente. - Eu amo você, meu querido. Por favor, nunca pense por um momento que você não foi amado. Uma boa mãe nunca deveria ter um filho favorito, mas você sempre teve um lugar especial no meu coração, porque você é o filho do único homem que já amei.

Harry pigarreou um pouco, engolindo o desconforto.

- Você ainda deveria ter me contado a verdade. - ele disse rigidamente.

- Eu queria contar, - disse Ilona, ​​a voz falhando um pouco. - Eu quis fazer isso tantas vezes, especialmente quando vi você sofrendo—quando vi quanto ódio e crueldade você teve que enfrentar quando menino por causa de sua designação. Mas prometi ao seu pai que nunca lhe contaria a verdade. Ele nem queria que você soubesse que ele era seu pai. - ela apertou as mãos dele. - Você se lembra de como descobriu isso?

- Eu ouvi ele falar, - Harry disse, franzindo o cenho. - Stefan estava discutindo com a irmã sobre mim. Ela queria me mandar para o campo, e ele a proibiu de fazer isso.

Ele é meu filho, e ele vai ficar aqui, Stefan tinha retrucado. Foi assim que Harry descobriu.

Ilona assentiu, enxugando as lágrimas com as costas da mão.

- Ele me prometeu que você sempre estaria por perto para que eu pudesse ver. Mas ele também te ama muito, querido.

Harry riu.

- Ele ama, - ela disse firmemente. - Pode não parecer, mas ele está muito orgulhoso de você. Eu sei que ele sempre te exigiu muito, mas foi porque ele sabia que você poderia lidar com isso. Ele te ama.

- Temo que você esteja delirando, senhora. - Harry disse com um sorriso torto.

Ela deu a ele um olhar plano.

- Você é um Xeus, e ainda assim ele está prestes a torná-lo o herdeiro do trono, - ela disse. - Que mais provas você precisa? Todos sabemos que será uma decisão muito impopular.

Harry abriu a boca e depois a fechou sem dizer nada. Ele tinha que admitir que essa revelação tinha respondido à pergunta sobre a qual ele se perguntava há décadas: por que o rei se deu ao trabalho de fazer do filho bastardo um duque? Ele ainda não acreditava que Stefan tivesse muita afeição por ele, mas muitas coisas agora faziam sentido em retrospecto. Ele era um filho nascido da ômega de Stefan. Stefan pode não aceitar os sentimentos por Ilona, ​​ele pode se ressentir dela por ter esses sentimentos, mas alfas realmente são criaturas territoriais. A criança nascida da companheira destinada seria importante para qualquer alfa.

- Você disse que terminou o relacionamento quando Stefan se casou novamente, - ele afirmou, mudando o assunto para algo um pouco mais confortável. - Mas e o que acabei de ver?

Ilona corou, uma expressão de desconforto e vergonha cintilou no rosto. Ela não precisava dizer nada; o rosto dizia tudo.

- Entendo. - Harry disse.

- A rainha sabe, - Ilona disse desconfortavelmente. - E ela também tem um amante. Eu sei que isso não me inocenta. Você está certo em me julgar—eu me julgo, Harry. - pressionando os dedos contra os olhos, ela engoliu em seco. - Mas... mas você não tem ideia de como é lutar contra a atração pelo seu companheiro destinado. É como lutar contra a gravidade. É impossível. Não importa quão forte seja sua mente, a carne é fraca. O coração é mais fraco ainda.

Harry franziu o cenho e desviou o olhar.

- O que foi? - Ilona disse, ​​tocando na mão dele.

- Não é nada.

- Você não está sendo honesto. Eu conheço você, meu querido.

Suprimindo a vontade de dizer que ela não o conhecia, Harry beliscou a ponta do nariz. Ele respirou fundo.

- Não é nada, - ele repetiu, ficando de pé. - Acabei de lembrar que tenho um lugar para ir.

Ele caminhou em direção à porta, mas a voz dela o deteve.

- Você me odeia? - ela disse, a adorável voz embargada.

Harry olhou para ela. Os olhos estavam brilhando com lágrimas, as mãos tremendo antes que ela envolvesse os braços ao redor de si mesma. Ela parecia pequena, vulnerável e quebrada.

Suspirando, Harry voltou para ela e a puxou contra o peito.

Ela se agarrou a ele, a camisa rapidamente encharcada de lágrimas.

Ele a segurou com força, a garganta desconfortavelmente grossa. A mãe dele. Essa era sua mãe.

- Eu não odeio você, - ele disse, olhando para a parede atrás dela. - Eu só acho que você merece mais do que ser o segredinho sujo de um homem que não sabe o que quer.

Assim que ele disse isso, ele sentiu um calafrio percorrer a espinha.

Ele ficou parado, a mente correndo, enquanto a mãe chorava em seus braços.

Capítulo 21

Ele conseguiu entrar sorrateiramente na casa sem ser visto pelos servos. Ele bateu na porta de Louis, uma vez, e esperou, o coração batendo forte e os sentidos em alerta máximo. Ele se sentia desconcertantemente semelhante ao que acontecia antes do rut: a pele quente, os sentidos aguçados e a fera desconfortavelmente perto da superfície.

Ele tinha ensaiado o que ia dizer.

Isso foi um erro. Não pode acontecer novamente. Eu não quero ser meu pai. Eu não quero te machucar. Precisamos colocar alguma distância entre nós. Você merece melhor do que isso. Melhor do que eu.

Mas todos os argumentos ensaiados e lógicos deixaram a mente no momento em que Louis abriu a porta.

Louis não estava usando nada sedutor. Tudo o que ele estava vestindo era uma velha e enorme camisa vermelha escura—e nada mais, até onde Harry podia dizer.

Engolindo em seco, Harry arrastou o olhar dos dedinhos fofos dos pés para as pernas e coxas bem formadas de Louis. Como a maioria dos ômegas Dainiri, Louis era mais curvilíneo, e as mãos de Harry queriam levantar a bainha da camisa enorme e descobrir se a bunda dele era tão redonda e macia quanto tinha parecido em suas mãos...

Chega. Se controle, porra.

Era mais fácil falar do que fazer. Harry fez uma careta, percebendo que ele estava bombeando feromônios alfa—agindo como um animal.

- O que você está fazendo aqui? - Louis disse, dando um passo para trás, o rosto estava corado, as narinas dilatadas. - Esquece. Eu sei porquê você está aqui e concordo: foi um erro. Não deveríamos ter feito isso. Devemos ser amigos e esquecer a coisa toda.

Harry se viu entrar no quarto e fechar a porta.

Ele se viu dar um passo à frente. Parecia que ele não tinha controle algum sobre o corpo.

As palavras da mãe ecoaram na mente. Você não tem ideia como é lutar contra a atração por seu companheiro destinado. É como lutar contra a gravidade.

Louis não era seu companheiro destinado. Mas ele cheirava a ele. Ele ainda fedia a ele, ao Harry; ele cheirava como dele—ele parecia dele, tinha uma sensação de o pertencer. Harry não conseguia fazer nada para se impedir de estender a mão e tocá-lo com as mãos desejosas.

- Me diga para parar. - ele grunhiu, colocando as mãos nos quadris de Louis, desprezando a falta de controle, mas incapaz de parar.

Talvez ele fosse filho de seu pai, afinal.

- Eu preciso que você me diga para parar.

Os lábios de Louis tremeram. Visivelmente.

- Nós não deveríamos fazer isso. - ele gaguejou, olhando para ele de uma forma faminta e temerosa.

Não era um não.

A parte fodida era que esse olhar era apelativo para seu lado mais primitivo, para o predador que vivia dentro dele. O predador queria que o ômega corresse. Queria capturar o ômega e o montar ali mesmo, independentemente de quaisquer testemunhas possíveis.

Droga.

Tentando anular os instintos de Xeus, Harry conseguiu dizer:

- Sinto muito.

Os lindos olhos azuis piscaram para ele em confusão.

Porra, ele era tão cativante. Tão puro. Harry se sentia como um pervertido por querer enfiar o pau nele e sujá-lo com o gozo.

- Pelo quê?

- Por isso. - Harry empurrou Louis contra a porta, prendendo-o com o corpo.

A imensa satisfação que ele obteve com a óbvia diferença de tamanho deles o fez se sentir vagamente envergonhado, mas não o suficiente para se impedir de empurrar a ereção entre as pernas do ômega. Louis soltou um gemido, o corpo imediatamente ficando flexível, o pescoço inclinado para o lado para dar a Harry acesso a glândula odorífera.

E Harry se perdeu. Enterrando o rosto no pescoço do ômega, chupando forte.

Louis choramingou, os quadris empurrando contra os de Harry, o aroma enfraquecido adoçando com excitação. Harry chupou mais forte, mal se impedindo de romper a pele. Ele queria morder. Ele queria apagar a marca do outro alfa e colocar a sua própria. Os dentes coçando.

- Nós não podemos fazer isso. - Louis disse, enterrando os dedos no cabelo de Harry e o puxando para mais perto do pescoço. - Deveríamos parar.

-Deveríamos. - Harry disse, beijando e lambendo o pescoço fino de Louis.

Os lábios de Louis já estavam separados quando Harry os alcançou.

Ambos gemeram quando as bocas finalmente se juntaram. Não parecia um primeiro beijo; não tinha nada de hesitante ou incerto. Louis chupou a língua na boca dele como se fosse a coisa mais natural do mundo, a boca de alguma forma suave e flexível e faminta ao mesmo tempo. Beijá-lo era tão viciante. Harry não conseguia ter o bastante, o pressionando com mais força contra a porta, precisando de mais, precisando ir mais fundo. Ele se sentia esfomeado.

Ele deslizou as mãos pelas costas de Louis, puxou a cueca para baixo e apertou as nádegas lisas e redondas antes de acariciar a abertura molhada entre elas. Porra, ele já estava encharcado.

Louis estremeceu, choramingando e se esfregando na mão, os pequenos gemidos engolidos pela boca faminta de Harry. Porra, ele nunca se sentiu assim, nunca sentiu como se fosse explodir se não entrasse em outra pessoa, agora.

Levou apenas um momento para libertar o pau da calça. Louis o agarrou, o acariciando avidamente enquanto chupava a língua de Harry.

- Quero você, - ele sussurrou roucamente entre beijos. - Enfia, enfia.

Harry enfiou.

Mais tarde, ele ficaria envergonhado com a própria impaciência e falta de controle, mas agora ele não podia esperar. Ele virou Louis, empurrando o peito contra as costas do ômega. E então ele guiou o pau para dentro dele, um rosnado baixo emitindo da garganta quando o aperto molhado de Louis o envolveu.

Depois disso, tudo foi um borrão de desejo e necessidade angustiantes. Harry só teve consciência o bastante para esfregar o pau de Louis com cada estocada, o rosto enterrado na nuca de Louis enquanto eles transavam como animais—apenas um pau duro metendo para dentro e para fora de um buraco, o ar tão espesso com feromônios que Harry se sentia bêbado com isso. Com ele. Louis estava gemendo sem parar, pequenos gemidos sem fôlego que iam direto para o pau de Harry. Eles o deixavam absolutamente louco, os quadris se movendo mais rápido e mais forte, até que os gemidos de Louis se transformaram em gritos altos de "Ah ah ah". Ele se tornou tão alto que Harry teve que cobrir a boca com a mão. Louis o mordeu quando gozou, o buraco apertando em torno do pau, e porra, Harry estava gozando também, o nó crescendo e os prendendo um ao outro enquanto ele se derramava dentro dele, estremecendo com todo o corpo enquanto o prazer o invadia.

Ele não conseguiu se retirar dessa vez. Não queria. Louis provavelmente ainda estava fértil. O pensamento o fez rosnar, o pau jorrando novamente. Ele queria. Ele queria que desse certo.

Droga.

O que ele estava fazendo?

Louis caiu contra ele, deixando escapar um pequeno suspiro de satisfação que fez coisas terríveis no coração de Harry.

Beijando sua nuca, Harry passou os braços ao redor dele, ainda ofegante. Ele queria segurá-lo. Era uma sensação tão estranha. Ele normalmente não gostava de carinho pós-sexo, e era por isso que ele tentava não colocar o nó nos parceiros sexuais—ficar preso dentro de alguém que ele não queria estar tão perto fora do sexo podia ser estranho e desagradável. Abraçar depois do sexo geralmente não era coisa sua.

Ele geralmente não gostava de deixar o pau pensar por ele, também. No entanto, aqui estavam eles.

- Nós não deveríamos ter feito isso de novo. - Louis falou arrastado, soando sem fôlego e bêbado.

Os ômegas ficavam um pouco chapados com os feromônios que os alfas liberavam quando eles os atavam.

Isso significava que eles eram compatíveis.

Não que houvesse alguma dúvida sobre isso.

Harry suspirou, beijando Louis no ombro.

- Eu sei. - ele disse, fechando os olhos.

Eles ficariam presos assim por um tempo. Eles poderiam aproveitar para conversar.

- Você está confortável?

Louis fez um som estranho—algo entre uma risada e um gemido.

- Eu não posso acreditar que você está seriamente me fazendo essa pergunta, - ele disse, ainda parecendo bêbado. - Sim, seu nó é muito confortável, Vossa Graça.

Harry se viu sorrindo.

- Brat. - ele disse, o beijando no pescoço.

Mas era óbvio agora que uma conversa séria era impossível enquanto Louis ainda estava fora de si.

- Vamos deixar confortável. - ele disse, levantando Louis com cuidado e o levando para a cama.

Ele o deitou, o abraçando por trás.

- Durma. - ele disse, deslizando um braço em volta da cintura do ômega.

- Você vai ficar? - Louis murmurou sonolento, entrelaçando os dedos finos com os de Harry.

Harry olhou para as mãos unidas, o peito apertado. Ele teve que morder a língua para se impedir de prometer que ficaria, prometer qualquer coisa que Louis quisesse.

Maldito inferno.

- Só por essa noite. - Louis murmurou, bocejando, e então ele adormeceu, envolto nos braços de Harry.

Harry o observou dormir, se sentindo o pior tipo de idiota, mas incapaz de desviar o olhar.

Louis não era convencionalmente lindo ou bonito. O rosto não tinha nada de objetivamente notável. Mas ele parecia tão adorável para Harry, todas as características cativantes e atraentes. A boca era bem pequena, não era cheia como a de Aslan, e ainda assim era a boca que Harry queria beijar, sem parar. Olhar para os lábios carnudos de Aslan não fazia nada com ele, mas observar a boca pequena e móvel de Louis o fazia imaginar beijá-la por horas antes de alimentá-la com o pau—

Harry fez uma careta, sentindo que estava começando a ficar excitado novamente.

Ele deveria sair. Ir para casa e pensar no que ele ia fazer. Ele claramente não era capaz de pensar racionalmente perto desse ômega.

Mas ele não podia sair, não quando Louis lhe pediu para ficar. Ele não queria que ele acordasse sozinho.

Gado demais, Harry pensou, sorrindo torto para si mesmo.

Não era um sorriso divertido. Nem era um pensamento divertido.

Harry não dormiu naquela noite. Foi a melhor e a pior noite de sua vida.

Ele tinha muito em que pensar.

Capítulo 22

Louis acordou, se sentindo... mmm, maravilhoso.

A bochecha estava pressionada contra algo quente e confortável. Sorrindo sonolento, ele se aninhou no travesseiro. Cheirava bem.

O travesseiro se moveu.

- Bom dia.

Louis forçou os olhos a abrirem e se viu encarando o magnífico peito nu do duque de Westcliff—que era a coisa que ele aparentemente estava usando como travesseiro.

- Você não foi embora, - Louis afirmou, piscando. - E você está seminu. Tenho certeza de que você não estava seminu ontem quando adormeci.

Os lábios de Harry se contraíram, mas fora isso a expressão permaneceu estranhamente sombria.

- Precisamos conversar. - ele disse.

Louis se encolheu.

- Por favor, podemos não fazer isso? Eu sei como essa conversa vai terminar. Nós deveríamos pular ela.

- Pular. - Harry repetiu, olhando para ele estranhamente.

Louis deu um sorriso.

- Sim! Não se preocupe, eu entendo que foi um erro—dois erros, agora—e não vou tornar as coisas estranhas. Ninguém precisa saber disso. - ele acenou a mão vagamente entre eles, sorrindo mais amplamente, como se fosse uma piada gigante e o coração não estivesse quebrando ativamente com cada palavra que ele dizia.

Ele estava bem. Ou ele ficaria bem. Ele se recusava a ser o perdedor patético e pouco atraente que agia todo pegajoso e envergonhado perto de um homem que estava fora de seu alcance. Ele era melhor do que isso, caramba. Ele tinha o próprio orgulho. Essa era a única coisa que ele tinha.

Harry franziu o cenho.

- Louis—

Um celular tocou.

- É o seu. - Louis disse, se virando para arrumar a roupa amarrotada.

Ele corou, percebendo que estava nu abaixo da cintura. Idiota. Claro que ele estava nu abaixo da cintura.

- Você deveria atender. Parece urgente com a maneira como eles não estão desistindo.- não vendo a cueca em lugar nenhum, Louis resolveu puxar os lençóis até a cintura.

Atrás dele, ele podia ouvir Harry finalmente pegar o celular e atender.

- Sim? - ele disse brevemente, a voz misturada com irritação e impaciência.

- Onde diabos você está? - a ligação era tão boa que Louis conseguia ouvir a outra pessoa. - Você prometeu que estaria aqui!

Harry deu um suspiro.

- Olha, Haydn, sinto muito, mas não é uma boa hora—

- Você está tirando com a minha cara? - o chamador—Príncipe Haydn, aparentemente—disse, parecendo irritado. - Você é a razão de eu estar aqui. Meu pai me disse para não pisar em Pelugia enquanto ele estivesse vivo, e estava mais do que feliz em obedecer e nunca mais vê-lo. Estou aqui apenas por sua causa, Haz. O mínimo que você pode fazer é trazer sua bunda ingrata até aqui e não me deixar sozinho com o rei!

- Seu marido não está aí? - Harry disse.

Louis podia escutar ele pegando a roupa. Louis não se virou. Ele não queria vê-lo seminu novamente. Ele não confiava em si mesmo.

- Não, Royce tem um país para administrar de verdade, sabia. Ele queria vir comigo, mas eu lhe disse que era desnecessário, porque meu primo favorito estaria aqui para servir de apoio moral. Você está me tornando num mentiroso. - Haydn disse mais suavemente, um tom suplicante na voz. - Por favor, venha para cá logo. Não quero ficar sozinho com ele.

Harry exalou alto.

- Tudo bem, - ele disse. - Estarei aí em quinze minutos.

Quando ele desligou, Louis disse:

- Ele te chamou de primo. Ele ainda não sabe que você é irmão dele? Por que você não contou a ele?

Teve um som de roupa farfalhando.

- Não tinha sentido, - Harry disse. - Ele só se sentiria culpado pelo status privilegiado que teve toda a vida comparado a mim. Ele tem um coração mole. - a voz se tornou sarcástica. - Francamente, estou surpreso que nosso pai conseguiu produzir alguém tão bom e legal.

Louis se virou. Ele ficou ao mesmo tempo aliviado e decepcionado ao encontrar Harry quase inteiramente vestido.

- Você está falando como se não se considerasse uma boa pessoa.

Harry sorriu sem muita alegria.

- Porque eu não sou. Eu não sou um homem bom, coração.

- Você não deveria dizer isso. - Louis disse, franzindo o cenho.

Harry esfregou com o dedo entre as sobrancelhas de Louis, alisando o vinco ali.

- Eu minto para todo mundo desde que sou criança, Louis, - ele disse calmamente. - Aprendi a esconder minhas emoções atrás da máscara de um socialite bem-educado que às vezes se diverte com política. Eu usei essa máscara por tanto tempo que começou a parecer mais natural do que o meu verdadeiro eu. - Harry riu duramente. - Às vezes, nem tenho certeza de qual é o meu verdadeiro eu—se é que ele existe. Eu nunca me permiti agir como um Xeus. Eu sempre tive que ser melhor do que isso. Mais controlado. Mais do que a besta que todos esperam que eu seja. Eu fingi por tanto tempo que parece que é tudo o que sou: uma fraude.

O coração de Louis se apertou. Incapaz de suprimir o instinto de confortar, ele pegou a mão de Harry e a apertou.

- Eu acho que você está sendo muito duro consigo mesmo. Eu não acho que você é uma fraude.

Harry riu um pouco antes de repentinamente puxá-lo para perto.

- Isso é porque eu nunca tive que fingir perto de você, - ele disse, os braços apertando em torno de Louis com tanta força que era quase doloroso—e incrivelmente perfeito.

As pálpebras de Louis ficaram mais pesadas quando Harry enterrou o rosto no pescoço dele.

- Eu amo estar perto de você. Você me faz sentir... - Harry parou antes de suspirar e abraçá-lo ainda mais apertado. - Porra, eu não quero ir. Mas eu tenho que ir.

- Eu sei. - Louis conseguiu dizer.

Harry praguejou baixinho, tão baixinho que Louis mal o ouviu.

- Por que tudo é tão complicado... - ele murmurou. - Vou ter que falar com Aslan, porque o anúncio provavelmente será feito no baile de hoje à noite enquanto Haydn estiver aqui, e seria melhor se todos estivéssemos na mesma página.

Os olhos de Louis estavam ardendo. Ele olhou para a parede oposta sem ver.

- Ok. - ele disse, apertando os braços em torno de Harry e esperando que ele não estivesse realmente sendo pegajoso.

Ele provavelmente estava sendo. O conhecimento de que seria a última vez, a última vez que eles poderiam ser assim, antes de Harry ser vinculado a Aslan por toda a vida e ficar fora dos limites, o tornava grudento e carente. Era um momento roubado, algo que nunca tinha sido dele, e ainda assim doía abrir mão.

O celular de Harry começou a tocar novamente.

- Pelo amor de Deus. - ele grunhiu, não levantando o rosto do pescoço de Louis.

- Pode ser importante. - Louis disse relutantemente, ainda agarrado a ele.

Ele não conseguia largar. Ele nunca queria largar.

- Provavelmente é. - Harry disse, exalando.

Beijando o topo da cabeça de Louis, ele se afastou e atendeu o celular, a expressão já fechando quando saiu da cama.

- Sim, Vossa Majestade, - ele disse, os olhos endurecendo. - Eu estarei aí em breve.

Louis levantou os joelhos contra o peito e passou os braços ao redor deles.

- Adeus. - ele disse quando Harry desligou.

Harry olhou para ele, a mandíbula travando. Tinha frustração na linguagem corporal dele, os ombros tensos e os olhos preocupados.

- Louis... - ele começou antes de se cortar com um suspiro. - Teremos que conversar mais tarde. - ele disse, dando um passo em direção a Louis antes de parar e sair do quarto.

Ele nem olhou para trás.

Capítulo 23

- Sentem.

Harry e Haydn se entreolharam antes de se sentarem em frente ao rei.

Stefan olhou para eles com desgosto.

- Você está aqui apenas por causa do seu primo, - ele disse, olhando para Haydn. - Você ainda não está perdoado, garoto.

Haydn bufou.

- Eu não preciso do seu perdão. E você tem que ter coragem de bancar a vítima depois do que fez comigo. Harry é a única razão pela qual estou aqui.

- E o que eu fiz com você? - Stefan disse sarcasticamente. - Dei a você uma designação superior? Que crime.

Haydn corou, o cheiro engrossando com a raiva.

Harry beliscou a ponta do nariz. Ele não podia acreditar que teve que deixar Louis para isso.

- Basta, - ele disse friamente, fazendo o rei voltar o olhar para ele. - Não temos tempo para isso. Haydn está aqui como um favor para mim, Vossa Majestade. Trate-o com respeito ou nós dois vamos embora.

Agora o rosto de Stefan ficou vermelho também.

- Seu insolente—eu deveria expulsá-lo do país também, ao invés de torná-lo meu herdeiro.

Olhando nos olhos dele, Harry se recostou na cadeira e disse:

- Você poderia me expulsar. Mas você não vai. Isso deixaria minha mãe chateada, não é?

O rosto de Stefan ficou em branco.

- Você está se esquecendo do seu lugar, garoto. - ele sibilou.

- Do que você está falando? - Haydn interrompeu, a voz cheia de confusão.

Harry sorriu, ainda olhando para o rei. Foda-se. Ele estava cansado de mentir.

- Pergunta para nosso pai, Haydn.

Haydn fez um som estrangulado.

- O quê—

- Cala a boca, - Stefan rosnou, olhando para Harry. - Você não sabe de nada.

O sorriso de Harry se alargou.

- Na verdade, eu sei muito, pai. E agora entendo o que não entendia antes.

Os lindos olhos de Louis brilharam em sua mente enquanto Harry pensava no próprio desejo—necessidade—de fazer toda e qualquer coisa que seu ômega quisesse. Louis queria que ele ficasse ontem, e Harry não teria ido embora nem por todo o poder e dinheiro do mundo. Ele agora entendia que não era exagero quando as pessoas diziam que os alfas podiam matar para tornar seus ômegas felizes. Não importa o quanto Stefan pudesse se ressentir de sua atração por Ilona, ​​ela ainda era sua companheira destinada, e isso era algo que um alfa não podia lutar contra. Não se pode lutar contra a própria natureza. Seria uma batalha perdida se alguém tentasse. Harry não repetiria os erros do pai.

- Mas isso é irrelevante agora, - Harry disse, olhando para Haydn, que parecia ter sido atropelado por um caminhão. - Vou explicar tudo mais tarde. - ele disse a ele mais suavemente.

Haydn assentiu, ainda parecendo atordoado e confuso.

Harry deu um pequeno sorriso, de repente percebendo porquê ele nunca sentiu verdadeira animosidade em relação ao meio-irmão, apesar de ter muitas razões para se ressentir e invejá-lo. A natureza ômega suprimida de Haydn provavelmente o afetava em algum nível, fazendo Harry se sentir protetor com ele ao invés de agressivo. Isso explicava tanto. Afinal, alfas geralmente não se davam bem com outros alfas.

- Se serve de consolo, - Harry disse, olhando para Haydn, - Estou grato por você estar aqui. - ele sorriu torto. - Eu sei como deve ter sido difícil se desgrudar do seu marido.

Haydn deu uma risada fraca, ainda parecendo atordoado.

- Mas como? Por que você não me contou? Quem é sua mãe?

- Isso é irrelevante, - Stefan falou. - Voltemos ao assunto em questão. Esta noite, anunciaremos que Haydn está voluntariamente deixando o lugar de sucessão. - ele olhou para Haydn, como se o desafiasse a contradizê-lo.

Haydn não mordeu a isca, franzindo um pouco o cenho.

- Se Harry é seu filho, isso significa que ele deveria estar à minha frente na linha de sucessão de qualquer maneira—ele é alguns meses mais velho.

Stefan o fuzilou.

- Isso não significa nada, - ele disse friamente. - No que diz respeito ao público, Westcliff é meu sobrinho. Você vai renunciar, e vai sorrir e parabenizar seu primo no baile hoje à noite. Está entendido?

- Sim. Mas só estou fazendo isso porque é a coisa certa a fazer, - Haydn disse com firmeza. - Não porque você está ordenando que eu faça isso.

- Eu não me importo, - Stefan disse. - Tudo o que me importa é o resultado final. - ele voltou o olhar pesado para Harry. - Você. Você anunciará seu noivado com Aslan Tomlinson logo depois disso—

- Não.

Stefan encarou ele.

- Eu peço que repita?

Harry sustentou o olhar sem vacilar.

- O que eu acabei de falar. Eu não vou fazer isso.

- Você está me irritando de propósito? - Stefan gritou, um músculo pulsando na bochecha.

- Nem tudo é sobre você, Vossa Majestade, - Harry disse. - Não vou me casar com Aslan Tomlinson porque decidi não fazer isso.

- Você não pode simplesmente—você não pode simplesmente decidir não fazer isso! - Stefan rosnou, o rosto ficando vermelho novamente. - Você concordou com esse plano—

- Planos mudam. - Harry disse.

- Todo mundo espera que você—

- Eu não me importo, - afirmou Harry. - Eu não vou me casar com ele.

- Seu tolo—

- Minha decisão é final.

Stefan riu.

- Tudo bem! Seja um idiota. Afinal, você está só sabotando a si mesmo. E para quê? Outro ômega vadia chamou sua atenção? É isso?

Harry fechou os olhos por um momento, lutando contra o formigamento nos dedos. As garras queriam sair. Ignorando, ele disse, olhando para Stefan com firmeza:

- Acho irônico que você chame ômegas de vadias quando é você que não consegue manter o pau na calça por décadas por causa de uma ômega.

Stefan rosnou, a sala enchendo com o aroma de alfa.

Harry rosnou de volta, as garras se colocando para fora quando ele deixou o próprio aroma sair do controle restrito. Pela forma como a visão se iluminou, ele sabia que os olhos também estavam brilhando.

Stefan recuou, empalidecendo, a boca abrindo e fechando.

- Chega, - ele grunhiu, uma gota de suor escorrendo pela testa. - Para com isso. - acrescentou, olhando para Harry fracamente.

Harry quase sorriu. Ele tinha que admitir que era meio divertido ver um alfa orgulhoso como Stefan tentar lutar contra os feromônios de Xeus com os dele – e falhar, é claro. Essa era uma das razões pelas quais as pessoas não gostavam dos alfas Xeus: eles podiam ser "uma coisa do passado", uma minoria se extinguindo, mas eram alfas mais fortes do que alfas "normais". Às vezes, o estágio posterior de uma evolução não significava necessariamente algo mais forte. Alfas não metamorfos tinham suas próprias vantagens, como autocontrole, a Voz Alfa e ruts mais fáceis, mas a força não era uma delas.

- Para com isso, Haz. - Haydn interrompeu, se encolhendo.

Ele não parecia tão desconfortável quanto Stefan, mas o desconforto dele fez Harry controlar seu alfa.

Ele ficou de pé.

- Minha decisão é final, - ele disse novamente, olhando para Stefan. - Você pode me expulsar da linha de sucessão também, se quiser. Mas não vou repetir seus erros: não vou me casar com alguém que não amo para passar décadas em negação e miséria.

Os lábios de Stefan se estreitaram. Ele não disse nada.

Harry se virou e saiu. Haydn correu atrás dele para fora da sala.

Eles caminharam em silêncio por um tempo.

- Você deveria ter me contado, - Haydn finalmente disse. - Eu tinha o direito de saber.

- Mudaria alguma coisa? - Harry disse.

- Acho que não, mas ainda assim... - Haydn resmungou, a mandíbula apertando, ele meio que parecia com um cachorrinho chutado. - Você não queria que fôssemos irmãos?

Suspirando, Harry passou um braço ao redor dos ombros dele e o puxou para um abraço de lado.

- Você já era um irmão, seu idiota. - ele disse rigidamente.

Ele nunca foi muito bom em falar sobre os sentimentos. Ele bufou.

- Sabe, eu realmente tentei te odiar no começo, mas você era tão bonzinho que era impossível.

Haydn riu, o abraçando de volta.

- Estou feliz que você não me odiou. - se afastando um pouco, ele olhou para Harry com curiosidade. - Então, sobre o que você estava falando lá atrás? Você realmente não vai se casar com Tomlinson? Eu achei que você estivesse cortejando ele. Até em Kadar está em todas as mídias sociais.

Fazendo uma careta, Harry tirou um cigarro do bolso e o acendeu.

- Ah, eu pretendo me casar com um Tomlinson. - ele disse, dando uma longa tragada.

Isso não fez nada para aliviar a sensação de agitação por baixo da pele. Porra, ele queria ver Louis.

- Só não é o que as pessoas pensam.

- O quê?

Capítulo 24

Louis tinha ido a algumas festas e bailes desde que chegaram à capital, mas o baile real era outro patamar.

Ele nunca tinha estado no palácio antes, e o luxo era ao mesmo tempo esmagador e humilhante. Isso fez Louis perceber que eles eram pouco mais do que caipiras do campo, apenas convidados por causa do sucesso indiscutível de Aslan como o Diamante da Temporada—e porque Harry pretendia se casar com ele.

Louis mordeu o interior da bochecha com tanta força que sentiu gosto de sangue. Não pensa nisso, não pensa nisso, não pensa nisso.

Porra, ele era ruim em não pensar nisso.

Ele deveria ter ficado em casa. Ele deveria ter inventado alguma desculpa para faltar ao baile.

Mas ele era tão malditamente fraco. Tão fraco por ele. Ele queria estar aqui por Harry—esta era uma noite muito importante para ele. Harry seria declarado o herdeiro esta noite. Louis não tinha ideia de como as pessoas reagiriam, então ele queria que Harry tivesse pelo menos um apoiador no salão do baile, mesmo que fosse apenas um ômega comum que ninguém nunca notava. Talvez Harry nem se importasse se ele estivesse ali ou não, mas... Louis não podia deixar de vir. Mesmo que quebre seu coração em um milhão de pedaços quando o noivado de Harry com Aslan for anunciado.

Louis não tinha certeza se seria anunciado esta noite. Havia fortes rumores na Internet de que seria—aparentemente alguma fonte confiável do palácio já tinha vazado a informação. Aslan estava ciente dos rumores também, é claro, e ele estava vestido com esmero, em um terno azul claro que parecia incrível com a coloração dourada do cabelo. Ele estava ainda mais bonito do que o normal, embora parecesse um pouco pálido.

- Nervoso? - Louis disse com um sorriso.

O sorriso machucava o rosto.

Aslan deu de ombros, evitando o olhar dele.

- Claro que não. Só acho extremamente presunçoso da parte de Westcliff anunciar nosso noivado sem nem me perguntar primeiro. - ele zombou. - Mas é muito característico dele. Deus o livre ele querer realmente admitir que está errado.

Louis abraçou o peito com os braços.

- Dê uma chance a ele. Ele não é tão ruim.

Parecia que cada palavra arranhava o interior da garganta. Ele se odiava pelo ciúme feio e ardente que torcia o interior. Ele amava o irmão. Muito. Ele não deveria se sentir assim.

Murmúrios excitados de repente encheram o ar e Louis virou a cabeça.

- Aquele é o príncipe Haydn. - Aslan sussurrou, pegando o braço de Louis.

Louis podia ver isso.

Ele agora podia entender porquê o príncipe Haydn era tão amado. Ele praticamente exalava calorosidade. Ele era muito fácil de gostar. A maneira como ele sorria era bem humorada e pé no chão. Ele era lindo, mas não tão lindo quanto outros—nem de longe tão intimidantemente lindo quanto Harry era. Quando Harry seguiu Haydn para o salão de baile, Louis não pôde deixar de notar o forte contraste entre como as pessoas olhavam para eles: elas olhavam para Harry com uma mistura de atração relutante, inveja e cautela, enquanto olhavam para Haydn com sorrisos fáceis e carinho. Haydn realmente era o Príncipe Dourado: genuinamente amado por seu povo, apesar de toda a controvérsia recente em torno do casamento com um alfa kadariano. Louis agora entendia porquê a equipe de publicidade real estava com medo de manifestações quando a deserdação do príncipe Haydn for anunciada.

Franzindo a testa, Louis baixou o olhar. Mas voltou a olhar para Harry quase imediatamente, atraído por ele como um ímã. O estômago embrulhou quando os olhos se encontraram, o mundo inteiro se estreitando para Harry e apenas ele, os pensamentos um turbilhão de por que você está tão longe, preciso de você mais perto, preciso respirar você, preciso de você, preciso de você.

Mas então Haydn tocou o ombro de Harry e disse algo, e Harry se virou.

De repente, sons surgiram ao redor dele novamente, como se uma tampa tivesse sido levantada. Louis sentiu a perda do olhar de Harry quase fisicamente. Ele estava feliz que a entrada do Rei Stefan distraiu todos ao seu redor, porque ele provavelmente estava tão abalado quanto se sentia. Porra, isso era terrível. Como ele suportaria ser cunhado de Harry? O mero pensamento o deixava doente. Talvez ele devesse dizer ao tio Wayne que queria se casar com o visconde Nasr. Ou mesmo Korf. Qualquer coisa seria melhor do que viver sob o mesmo teto que Harry e Aslan.

Ele estava tão distraído com os pensamentos deprimentes que perdeu o discurso do rei.

-...por vir esta noite, - Rei Stefan estava dizendo no microfone, parecendo tão majestoso, orgulhoso e bonito como sempre. - Agora eu gostaria de dar ao meu filho a oportunidade de falar com vocês. - ele desceu do pódio e o príncipe Haydn tomou seu lugar.

- Boa noite, - disse o príncipe, sorrindo. - Primeiro de tudo, é maravilhoso ver todos vocês aqui.

Isso foi recebido com aplausos estrondosos. Louis achou um pouco estranho, talvez porque ele não fosse tão apaixonado pelo príncipe quanto todo mundo era. Ele gostava do príncipe, mas ainda não podia deixar de associá-lo à morte de seu Xeus. Louis sabia que não era justo—era altamente improvável que o príncipe tivesse algo a ver com isso—mas ainda assim.

- Vocês provavelmente estão se perguntando porquê estou aqui depois de ficar em Kadar por meses. - Haydn continuou, a expressão ficando séria.

Todos se aquietaram. Haydn puxou ligeiramente a gravata.

- Serei franco com vocês. Eu sei que tem circulado todo tipo de boatos—sobre Sua Majestade me deserdando. Eu queria afirmar pessoalmente que isso não é verdade.

Um murmúrio percorreu a multidão.

Haydn sorriu.

- Sei o que alguns de vocês devem estar pensando: que estou sendo forçado a dizer isso. Eu não estou. A verdade é que, com meus novos deveres como Lorde Chanceler do planeta, tenho pouco tempo para mais nada. Acho que todos vocês merecem um rei que será capaz de dar a vocês toda sua atenção e lealdade total.

Isso fez as pessoas começarem a sussurrar novamente.

- Dito isso, eu não renunciaria se não considerasse meu sucessor digno, - Haydn disse com firmeza. - Mas é o duque de Westcliff, e eu confio nele como confio em mim mesmo. - ele olhou para Harry, o sorriso se tornando melancólico. - Vocês todos sabem que crescemos juntos, mas provavelmente não sabem o quanto eu o admirava. O quanto eu o admirava por ser forte e calmo diante das adversidades, em situações em que eu teria perdido a compostura. Eu teria sido só um bom rei para vocês. Ele vai ser um incrível rei.

Alguém aplaudiu e, depois de um momento, as pessoas se juntaram, hesitantes no início, depois mais seguras e unânimes.

Louis suspirou, sentindo uma onda de carinho pelo príncipe Haydn, um homem com quem ele nunca tinha falado. Embora o rosto de Harry traísse muito pouco, os olhos dele eram calorosos e suaves enquanto ele olhava para o meio-irmão.

- Isso foi muito legal da parte dele, - Aslan murmurou quando Haydn desceu do pódio. - Isso deve fazer as pessoas aceitarem Westcliff mais facilmente.

Louis abriu a boca, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, o som de uma garganta pigarreando interrompeu.

O barulho diminuiu até que o salão ficou em silêncio mais uma vez.

- Gostaria de aproveitar esta oportunidade para fazer outro anúncio importante. - disse o rei Stefan.

Louis prendeu a respiração, o estômago se contorcendo em um nó. Certamente... Certamente eles não iriam fazer isso agora, certo? Certamente não era necessário depois do discurso do príncipe Haydn?

- Tenho o prazer de anunciar que meu sobrinho vai se casar com o Sr. Tomlinson em breve. Parabéns, filho.

Louis estava distantemente ciente dos aplausos. Eles tinham abafado o barulho que Louis fez, um som estrangulado que saiu da garganta.

Ele sabia que esse momento estava chegando. Ele sabia. Então por que ele ainda se sentia como se tivesse levado um soco no estômago? Não deveria tê-lo pego de surpresa, mas ainda parecia que o chão tinha sido arrancado debaixo dele. Ele realmente esperava algo diferente, lá no fundo? Idiota.

Mesmo que tudo que ele quisesse fosse fugir da sala, os olhos ainda procuraram por Harry. Ele parecia... zangado? Não era muito óbvio para o olho casual, mas ele podia ler raiva nas linhas tensas da mandíbula e ombros de Harry.

O rei sorriu para Harry, algo duro e presunçoso cintilando nos olhos.

Harry caminhou até o rei e pegou o microfone dele.

- Obrigado, Vossa Majestade. - ele disse de uma forma que se poderia assimilar a vai se foder, Vossa Majestade.

Ele se virou para a multidão e disse:

- Obrigado pelo apoio de vocês também, mas Sua Majestade deveria ter sido mais específico para evitar confusão. Eu sei que tem tido muita especulação sobre mim e Aslan Tomlinson na mídia, mas enquanto eu admiro muito Aslan, não é ele que eu tenho cortejado. Aslan foi simplesmente gentil o suficiente para acompanhar eu e o irmão.

O mundo de Louis inclinou. Distantemente, ele estava ciente dos murmúrios de confusão, de pessoas se virando e olhando para ele e Aslan, e de Aslan ficando muito quieto ao lado dele. Ele não conseguiu registrar nada disso. Ele olhou para Harry, que olhou diretamente para ele enquanto dizia:

- Gostaria de anunciar meu noivado com Louis Tomlinson.

Houve um zumbido engraçado nos ouvidos, e Louis teve que respirar profundamente para não desmaiar—isso teria sido mais do que mortificante quando centenas de pessoas estavam olhando para ele. Mas respirar era difícil, o rosto estava muito quente, o coração batendo muito rápido, e seria ótimo se as pessoas parassem de olhar para ele como se ele tivesse crescido uma segunda cabeça. Ele não estava acostumado com as pessoas olhando para ele, muito menos encarando ele.

Uma mão apertou seu cotovelo.

- Sorria, - Aslan sussurrou, sorrindo. - Sorria, Louis.

Louis sorriu—pelo menos ele pensou que estava sorrindo. Ele não tinha certeza. Ele estava em choque? Tudo parecia surreal e desconexo, incluindo pessoas com quem ele nunca havia falado de repente o parabenizando pelo noivado falso.

Depois do que pareceu uma eternidade, a multidão se separou e lá estava Harry.

Louis agarrou a mão oferecida como se dependesse disso para se salvar, o mundo finalmente entrando em foco. Harry levantou a mão e roçou a boca no pulso de Louis, os olhos sérios e atentos, embora os lábios estivessem sorrindo.

- Você me concede essa dança? - ele disse.

Louis assentiu, respirando mais fundo. O cheiro familiar de Harry inundou os sentidos, trazendo a clareza muito necessária a seus pensamentos, mesmo que essa clareza fosse bastante unidimensional. Qualquer que fosse a charada, Harry precisava dele para a executar junto. Ele poderia jogar esse jogo.

Sorrindo trêmulo, Louis permitiu que Harry o levasse para a pista de dança, e então houve música, e eles estavam dançando.

- Sinto muito, - foi a primeira coisa que Harry disse, muito baixinho, o olhar ansioso e apologético. - Foi uma coisa idiota de se fazer sem te perguntar primeiro, mas eu não tive escolha por causa do rei.

- O rei? - Louis disse fracamente, colocando a mão no ombro largo.

Harry deu de ombros ligeiramente, os olhos endurecendo por um momento.

- Deixa pra lá, só a postura de alfa típica. Ele está puto por eu não ter ouvido sua opinião. Não importa. - a mão apertou a parte inferior das costas de Louis, o puxando para mais perto enquanto Harry olhava para ele atentamente. - Eu não planejei fazer assim. Eu queria fazer corretamente. Obviamente você pode me rejeitar publicamente e depois me culpar. Mas espero que não.

Louis olhou para ele, a mente acelerada. Ele estava... ele estava realmente dizendo o que Louis achava que ele estava dizendo?

- Coração, - Harry murmurou, o puxando ainda mais perto, tão apertado que provavelmente parecia indecente. - Diga algo.

Louis olhou em seus olhos ansiosos.

- Eu não entendo. - ele conseguiu dizer finalmente.

Isso não poderia estar acontecendo. Não com ele.

O olhar de Harry suavizou.

- Louis, - ele disse gentilmente, os fazendo parar. - Casa comigo.

A visão de Louis escureceu, se tornando embaçada.

- Eu não entendo, - ele repetiu em voz baixa. - Isso é porque fizemos sexo? Você não precisa se casar comigo por causa disso, eu não era virgem de qualquer maneira, e prometo que não tornaria as coisas difíceis para você e Aslan—

- Eu não quero Aslan, - Harry disse, a voz endurecendo. - Quero você. Só você. Ninguém mais.

Louis abriu a boca e depois a fechou quando nenhum som saiu dela. Ele olhou para Harry, e Harry olhou de volta, o olhar uma mistura de exasperação e afeição e—

- Eu te amo, - Harry disse, a expressão um pouco tensa. - Provavelmente é com isso que eu deveria ter começado agora que penso nisso. - ele riu. - Eu juro que geralmente sou melhor em me expressar do que isso, mas você faz meu cérebro mudar de lugar para o meu nó, e eu viro só instinto, sem pensamento. - ele sorriu tristemente, parecendo tão lindo e afetuoso—e amoroso.

Louis fez um pequeno som e escondeu o rosto no ombro de Harry, em parte envergonhado pela visão embaçada e em parte porque precisava tocá-lo, estar mais perto dele, para sempre e sempre, respirar seu cheiro e nunca mais soltá-lo. Seu. Seu alfa. Realmente seu.

- Coração. - Harry disse suavemente, o abraçando perto.

Ele beijou o topo da cabeça de Louis, os fortes feromônios deixando Louis um pouco tonto de prazer.

- Todo mundo está nos encarando. - ele disse com uma risada.

Louis estremeceu. Mas ele não conseguia se afastar, sentindo um medo irracional de que assim que ele se afastasse, Harry iria embora e então ele acordaria e tudo seria apenas um sonho.

- Também te amo, - ele murmurou na garganta de Harry, as mãos apertando a parte de trás do paletó. - Tanto.

Muito.

Os braços de Harry se apertaram ao redor dele a ponto de doer, mas Louis não se importou. Era perfeito. Tudo era perfeito.

- Foda-se tudo, - Harry murmurou baixinho. - Vamos sair do baile. Eu preciso beijar você.

Tremendo, Louis esfregou o rosto contra a glândula odorífera, sentindo o cheiro dele descaradamente. Porque ele tinha autorização.

- Tudo bem. - ele disse com um sorriso.

Ele não olhou para ninguém além de Harry enquanto pegava a mão dele e deixava seu alfa guiá-lo para fora do salão. Ele estava apenas vagamente ciente dos olhares, de todas as fofocas que isso causaria. Ele não se importava. Tudo o que importava era a mão firme e forte em volta da sua e os olhos verdes de Harry cheios de desejo e afeição.

Eu te amo, o coração batia descontroladamente no peito, os lábios tremendo de impaciência. Ele queria beijá-lo. Ele queria devorá-lo. Ele ainda não conseguia acreditar que isso estava realmente acontecendo.

Assim que saíram do salão, Harry o levou a uma sala no final do corredor. No momento em que a porta se fechou atrás deles, eles estavam em cima um do outro, se beijando e gemendo na boca um do outro, os corpos pressionados tão forte que era difícil dizer onde ele terminava e Harry começava. Deuses. Ele o queria, ele precisava dele, ele o amava. Tanto. Ele queria consumir esse homem.

- Baby, - Harry disse quando eles finalmente se separaram para tomar um pouco de ar, ele embalou as bochechas de Louis com as mãos e olhou para ele seriamente. - Você ainda não respondeu. Você quer se casar comigo?

Louis riu e o beijou novamente. Porra, ele não podia acreditar que isso era real, que esse homem era dele.

- Claro que quero, - ele sussurrou, sorrindo. - Mas seus padrões estão caindo, Vossa Graça. Eu pensei que eu fosse apenas "quase que bonito"?

Harry deu um meio gemido e riso.

- Você nunca vai me deixar esquecer disso, vai?

Rindo, Louis enterrou o rosto no pescoço de seu alfa.

- Nunca. Irei contar essa história para nossos netos.

Harry o abraçou com força.

- Estou ansioso por isso. - ele disse, a voz cheia de admiração.

Louis sorriu.

Epílogo

As consequências do noivado inesperado—e escandaloso—não tinham sido tão ruins quanto Louis temia. A fofoca ainda era terrível, é claro, e enquanto alguns meios de comunicação questionavam o caráter mutável de Harry—porque ninguém realmente acreditava que ele nunca tenha se interessado por Aslan—o escândalo suculento ofuscou qualquer descontentamento sobre Harry se tornar o herdeiro do trono. Louis estava mais do que aliviado. Ele poderia viver com as fofocas—ele só não aguentaria tornar as coisas ainda mais difíceis para Harry.

E então tinha Aslan, é claro. A primeira conversa deles depois do baile foi... estranha. Felizmente, Aslan não estava realmente bravo ou tão chateado assim—ele continuava tendo uma legião de pretendentes—mas ainda foi um pouco estranha.

- Eu não vou alegar que não machucou meu ego, - Aslan disse com um sorriso torto. - Machucou. Mas isso não importa se você o ama. Você deveria ter me dito que não era apenas uma paixão, Louis. Sua felicidade é mais importante para mim do que meu orgulho.

Louis pode ou não ter chorado com isso.

De qualquer maneira. Teve muitos abraços, e as coisas surpreendentemente não ficaram estranhas depois da conversa. Aslan tinha sido uma ajuda imensa nos últimos meses, na verdade. Ele sabia muito sobre etiqueta real e preparativos para o casamento; Louis estaria absolutamente perdido sem ele.

Se dependesse dele, ele teria ignorado todos esses costumes inúteis e se casado com Harry amanhã, mas é claro que não era possível com quem Harry era. Era mais do que frustrante, especialmente porque agora eles estavam sob o olhar atento do público e mal podiam ter algum tempo sozinhos. Não ajudava que a nova posição de Harry o obrigava a viajar por todo o reino para participar de eventos públicos e dar inúmeros discursos.

Louis sentia falta dele, desesperadamente.

As ligações—e sexo por ligação—não satisfizeram nem um pouco o desejo. Ele sentia falta dele, do jeito que ele cheirava, do jeito que os braços de Harry ficavam ao seu redor, a voz profunda e olhos intensos que olhavam para ele como se Louis fosse seu mundo. Ele sentia falta dele.

Foi assim que Louis se viu entrando sorrateiramente no palácio naquela noite. Bem, "sorrateiramente" provavelmente não era a palavra correta, considerando que a segurança o deixou entrar, mas ele escapou da própria casa e não disse a Harry que estava vindo. Ele sabia que Harry tinha chegado naquela tarde depois da viagem de uma semana a alguma província remota. Normalmente Harry viria para a casa dos Tomlinson imediatamente, mas não esta noite.

Era uma lua cheia esta noite.

Louis olhou para o tom avermelhado do céu e enxugou as palmas das mãos suadas na calça. Xeus estava prestes a aparecer. Ele estava animado. E nervoso. Mas principalmente animado.

Levantando a mão, ele bateu na porta de Harry.

A porta se abriu. Harry olhou para ele.

- O que você está fazendo aqui? - ele disse, a voz entrecortada e os cachos escuros incomumente despenteados.

Louis absorveu a imagem dele. Porra, ele parecia bom o suficiente para comer. Louis queria beijá-lo.

Ele beijou—ou tentou.

A mão de Harry em seu peito o parou.

- Não me toca, - ele grunhiu, a expressão contraída, quase dolorosa. - Você deveria ir agora, antes que seja tarde demais.

Louis balançou a cabeça e entrou no quarto.

- Eu sinto sua falta.

A expressão de Harry suavizou um pouco, mas ainda estava dolorida, uma gota de suor escorrendo pela testa.

- Eu também sinto sua falta, mas agora não é um bom momento. Lou. Vai embora. É uma lua cheia esta noite.

- Eu sei, - Louis disse, fechando a porta. - Quero passar ela com você.

Harry encarou ele.

- Você não entende do que está falando.

- Eu entendo. Melhor do que você pensa.

- Eu serei um pouco melhor do que um animal, Louis.

Oh, "Louis" era ruim. Mostrava como Harry já se sentia no limite, assim como o brilho um tanto selvagem nos olhos.

- Eu sei. - Louis disse, se aproximando.

Harry enrijeceu, o observando com cautela. Louis deu outro passo e Harry deu um passo para trás. Louis disse:

- Eu confio em você. Eu não tenho medo de você.

- Você deveria ter. - Harry disse, agarrando a mesa atrás dele com tanta força que os bíceps incharam sob a fina camisa branca.

Louis lambeu os lábios, sentindo a cueca ficar desconfortavelmente pegajosa. Ele sempre foi insanamente atraído por esse homem, mas vê-lo à beira de perder o controle o excitava mais do que qualquer coisa.

- Eu não tenho medo de você. - ele repetiu, colocando a mão na bochecha com barba por fazer de Harry.

Harry ficou rígido, os feromônios disparando.

- Você deveria ir. Agora. Estou prestes a me transformar.

- Eu sei o que estou fazendo. - Louis disse, desabotoando a camisa de Harry com dedos trêmulos.

Ele não estava nervoso. Apenas impaciente, animado e muito excitado.

- Eu odiei que você passou seu último rut sozinho, trancado como um animal—

- Durante a lua cheia, eu sou um animal, - Harry falou. - Você não tem ideia do que está oferecendo. Vou parecer horrendo. Monstruoso.

- Eu não te amo por sua aparência. - Louis disse suavemente, olhando para o rosto bonito dele.

Ele amava esse rosto, mas não foi o rosto que o fez se apaixonar por Harry. Foi o carinho de Harry. A atenção. Proteção. O coração. Harry o fazia se sentir seguro e querido. A lua cheia não mudaria isso.

- Eu posso fazer isso. Eu quero fazer isso.

Harry lançou um olhar frustrado.

- Não é só a aparência física. Eu vou agir como um animal. Eu não quero que você me veja assim. Se você ficar comigo, eu posso te machucar. Eu vou querer foder com você e dar um nó em você, quer você queira ou não. O instinto de procriar dominará tudo. Eu vou ser muito bruto.

Louis umedeceu os lábios, o pau latejando, o slick escorrendo pela perna.

- Sei perfeitamente do que estou falando, - ele disse. - Eu já fui companheiro de um Xeus antes.

As narinas de Harry se dilataram, a mandíbula apertando.

- Eu não quero ouvir sobre isso, - ele disse concisamente, ainda segurando a mesa atrás dele com força. - Eu não ligo para o seu primeiro companheiro.

Sorrindo, Louis o beijou na bochecha e respirou o aroma dele. Deuses, ele sentia falta dele.

- Mentiroso. - ele disse carinhosamente.

Mas ele apreciava que sua falta de inocência não tenha afastado Harry completamente: a maioria dos alfas eram muito territoriais para suportarem não serem o primeiro alfa de seu ômega.

- Olha, eu sei que isso te incomoda, então eu não estaria falando sobre isso se não fosse importante. Eu fiz sexo com meu primeiro companheiro enquanto—

Harry empurrou o rosto no pescoço de Louis e chupou com força a glândula odorífera, os dentes quase afundando na carne. O grito surpreso de Louis se transformou em um gemido, prazer percorrendo o corpo.

- Meu. - Harry rosnou, empurrando Louis contra a mesa e pressionando o quadril entre as pernas dele.

- Porra, - Louis ofegou, as coxas se abrindo. - Espera, para—isso é importante.

Harry se afastou da garganta, os olhos brilhando em um verde não natural, as garras para fora.

Louis o encarou fascinado.

- Eu fiz sexo com o alfa Xeus enquanto ele estava em sua forma alterada. - Louis disse.

- Você é louco? Você sabe o quão perigoso—

- Eu não tive exatamente uma escolha—

- Ele forçou você? - Harry grunhiu.

- Não. Eu quis dizer que eu nunca falei com ele em seu juízo perfeito.

As sobrancelhas de Harry franziram.

- O quê?

Louis hesitou, mas então ele percebeu que futuros companheiros não deveriam guardar segredos um do outro.

- Ele já estava transformado quando o conheci. - ele fez uma careta. - E por "conheci" quero dizer que ele estava trancado em nossa masmorra em estado selvagem enquanto meu tio fazia experimentos malignos com ele.

Harry ficou muito quieto, o rosto em branco.

- O quê. - ele disse sem entonação.

Louis suspirou.

- Eu sei como isso soa—parece inacreditável, eu sei—mas é verdade. Meu tio estava fazendo experiências com ele, porque... olha, não é importante agora. Meu ponto é, eu estive com um Xeus feral antes, e não foi traumatizante nem nada. Tenho certeza de que será ainda melhor com você, porque confio em você e te amo. - ele corou, ainda se sentindo um pouco constrangido com os sentimentos.

Ele se sentiu ainda mais constrangido quando Harry continuou olhando para ele estranhamente.

- Quero dizer, eu gostava dele—éramos compatíveis—mas não era mais do que química e feromônios. Talvez pudesse ter se tornado mais se realmente tivéssemos uma oportunidade para isso, mas acabou tão rápido quanto começou. Ele foi... ele foi morto logo depois que eu o ajudei a escapar.

- Ele foi morto? - Harry disse em um tom de voz estranho.

- Sim, quero dizer, nosso vínculo de companheiros rompeu, então ele deve ter sido morto... - Louis engoliu em seco, sentindo uma pontada de dor.

Embora a marca de companheiro tivesse desaparecido completamente agora e o vínculo não doesse mais, ainda doía pensar nisso.

- Eu fiz Eric enviar uma mensagem para o príncipe Haydn. Eu esperava que Haydn encontrasse o Xeus antes que alguém pudesse machucá-lo, mas parece que o príncipe chegou tarde demais... Por que você está me olhando desse jeito? - Louis franziu a testa, completamente confuso com a estranha reação de Harry. - Por que você está sorrindo?

- Nenhuma razão. - Harry disse, com o mesmo sorriso estranho.

Ele embalou o rosto de Louis, o olhando atentamente.

- Então você se sentiu atraído por ele. Mesmo que ele estivesse em um estado alterado.

Corando, Louis fez uma careta.

- Você pode me julgar o quanto quiser, mas ômegas também têm desejo sexual, e não podemos evitar o que nos excita.

Os lábios de Harry se curvaram.

- Não estou julgando. Estou curioso. O pau dele era maior que o meu?

Louis fuzilou ele, mais do que um pouco perplexo.

- Como você não está com ciúmes? - ele disse.

Era meio insultante, na verdade.

- Eu estava. - Harry disse, os olhos escurecendo.

Uma das mãos desceu pelo pescoço de Louis, o acariciando com as juntas dos dedos e o fazendo tremer incontrolavelmente. As garras estavam tão perto.

- Me deixava louco toda vez que eu pensava em outro alfa tocando você, marcando você, dando um nó em você. Mas disse a mim mesmo que não importava: que eu posso não ter sido o primeiro, mas serei o último. Eu serei aquele cuja marca você terá por toda a sua vida, eu serei aquele que irá procriar.

Louis molhou os lábios secos novamente, o coração batendo forte.

- Mas você sabe o quê? - Harry disse, se inclinando para a orelha dele e mordendo o lóbulo sensível.

Louis engasgou quando Harry o lambeu.

- Ainda me deixava maluco. Você tem alguma ideia do quanto eu queria afundar meus dentes em sua garganta, encher você do meu pau e te engravidar? Eu acho que eu queria isso mesmo quando eu estava em negação—enquanto eu estava cortejando Aslan. - ele riu sombriamente, acariciando a bochecha de Louis. - Não tenho orgulho disso, mas iria querer fazer isso até se eu me casasse com Aslan. É por isso que não pude deixar de escolher você—não poderia fazer isso com você. Eu não confio em mim, não quando se trata de você. Eu não conseguiria ficar longe. Eu ainda iria ao seu quarto à noite, esfregar meu cheiro em você, e então ter você no meu pau, todas as noites.

Um gemido saiu da boca de Louis, as pálpebras ficando mais pesadas e o buraco mais molhado. Harry o segurou entre as pernas.

- Olha como essa ideia te deixa duro, - ele disse roucamente. - Você não teria me rejeitado. Você teria aberto suas pernas para mim como a putinha que você é, não importa o quão errado isso fosse. Porque você estaria molhado por mim, o tempo todo. - a mão de Harry deslizou para baixo, acariciando o buraco encharcado através da calça. - Porra, olha para você. Você está encharcado.

- Harry, por favor. - Louis resmungou, esfregando o buraco dolorido contra a mão.

Ele queria mais.

- Vadia, - Harry disse gentilmente, amorosamente, o mordiscando na mandíbula. - Qualquer um com um pau serviria, certo? Até mesmo um Xeus feio e bestial. Isso fez com que você fosse fodido por um alfa selvagem e estranho?

Louis esganiçou de novo, a cabeça girando, os olhos se fechando.

- Deu certo, não foi? Você deve ter sido receptivo a isso, ou a marca não teria funcionado. Aposto que o pelo dele era bom contra seus mamilos.

Louis gemeu, se esfregando na mão de Harry descaradamente. Ele só precisava de um pouco mais... um pouco mais...

- Não, coração, - Harry disse, tirando a mão, as garras rasgando a calça em pedaços. - A lua cheia está quase aqui. Eu vou me transformar a qualquer momento agora. Fique nu, se deite na minha cama e feche os olhos.

Tremendo, Louis fez o que lhe foi dito.

Os lençóis estavam frios e macios contra a pele aquecida, e ele quase gemeu de como era bom. Ele estava tão molhado e duro, ele queria muito se tocar. Mas ele fechou os olhos e esperou.

- Abra suas pernas. - Harry ordenou roucamente.

Louis obedeceu, corando.

Depois de alguns momentos, ele ouviu um grunhido baixo, e o cheiro de um alfa de repente subiu na sala, delicioso e avassalador. Ainda cheirava a Harry, apenas muito mais forte e mais primitivo. Ele deve ter mudado completamente.

Louis estremeceu, acariciando o pau dolorido.

Houve outro grunhido baixo e então ele sentiu as bochechas peludas entre as coxas. E depois tinha uma língua lambendo seu buraco, repetidamente, antes de empurrar nele—

Louis gritou, o corpo arqueando quando ele gozou, bem assim, o pau jorrando a porra em todos os lugares. Mas a língua não parou: era absolutamente impiedosa, mergulhando profundamente nele, cada vez mais fundo, tão boa e áspera, oh porra, mais, mais—

Louis gozou novamente, gemendo alto. No entanto, de alguma forma, não era suficiente. Ele queria o pau de Harry. Ele queria seu nó.

- Me fode. - ele exigiu sem fôlego.

A língua finalmente parou de torturá-lo, e Louis quase soluçou, o buraco se fechando ao redor do nada. Tão fodidamente vazio.

Quando a grossa cabeça de um pau pressionou contra a abertura, Louis se empurrou para trás ansiosamente.

Mas Harry o segurou parado, o aperto das mãos com as garras quase muito doloroso em nos quadris. Não deveria tê-lo excitado tanto, o perigo de ser rasgado.

Tremendo, Louis abriu os olhos—

E encarou.

Com a mão tremendo, ele tocou o rosto do Xeus, traçando as bochechas levemente peludas e a mandíbula afiada e angular.

- É você. - ele sussurrou, se sentindo atordoado, encantado—e mais do que um pouco confuso.

Seu Xeus estava vivo. Seu Xeus era seu Harry. Ele ainda cheirava como Harry, não como seu primeiro companheiro, mas era inegavelmente ele. Harry era seu Xeus. Agora a estranha reação de Harry fazia sentido, mas ele ia matar Harry por não contar a ele imediatamente.

Antes que ele pudesse expressar seu aborrecimento, Harry se moveu, empurrando com força nele.

Louis gemeu, o corpo estremeceu quando finalmente foi preenchido. Tão cheio. Tão fodidamente bom.

- Meu, - Harry rosnou, os olhos brilhando em um verde nada natural. - Sempre.

Louis só podia ruminar em concordância, envolvendo as pernas e braços ao redor do alfa enquanto ele recebia a melhor foda de sua vida. Harry era um pouco mais pesado e largo nesta forma, e a sensação do peito peludo contra os mamilos sensíveis era incrível. O pau metia nele como uma marreta, impiedoso, cada vez mais forte, e logo Louis estava gozando novamente, o buraco se fechando ao redor do pau dele quando Harry começou a se derramar nele, dando um nó tão bom que Louis viu estrelas.

Maldito inferno.

Ele se sentia incrível. Ele nunca se sentiu melhor na vida.

Mas os olhos se abriram quando dentes afiados tocaram na glândula odorífera.

- Para. - ele disse rapidamente.

Ele ficou meio atordoado quando realmente funcionou. Ele pensou que Harry estaria muito fora de si no rut para controlar as ações.

Mas Harry parou e levantou a cabeça, as narinas dilatadas e as sobrancelhas franzidas em algo como confusão.

Louis colocou a mão em sua bochecha peluda e a acariciou.

- Não assim, - ele disse suavemente. - Eu quero que você esteja no controle total de suas ações quando nos unirmos desta vez. Eu quero que você se lembre disso, amor.

Ele não sabia o quanto do que ele disse Harry entendia quando ele estava assim, mas ele deve ter entendido o suficiente, porque ele não tentou mordê-lo novamente.

O resto da noite foi um borrão. Um borrão de sexo violento e prazer avassalador.

Quando acabou, Louis se sentiu agradavelmente dolorido e muito bem usado.

Quando os primeiros raios de sol se infiltraram no quarto, o corpo de Harry finalmente voltou. Ele ainda estava dentro de Louis quando aconteceu, então foi meio... interessante. Aparentemente, o nó de Harry tinha uma forma ligeiramente diferente em sua forma alterada. Ambos pareciam igualmente incríveis.

- Bom dia. - Louis disse sonolento, tocando o peito liso e musculoso de Harry.

Mmm, ele gostava bastante dos pelos, mas isso era ainda melhor. Muito mais pele.

Harry abriu os olhos e encarou ele.

- Eu vou te matar por não me avisar, seu idiota, - Louis disse com um sorriso. - Eu quase tive um ataque cardíaco.

Mas Harry não sorriu de volta. O olhar que ele deu a ele era ansioso e inquisitivo.

- Eu não te machuquei ou te assustei?

Louis revirou os olhos.

- Pareço machucado? Ou com medo? Foi um ótimo sexo—sexo muito bom—embora eu prefira quando você pode realmente se comunicar em mais do que grunhidos e "meu". - ele sorriu. - Mas foi muito gostoso. Estou ansioso pelo seu próximo rut.

O sorriso apareceu primeiro nos olhos de Harry, os lindos olhos verdes se iluminando com diversão e afeição sem fim.

- Só você mesmo, - ele disse, acariciando a bochecha de Louis com o polegar. - Você é inacreditável.

O peito de Louis aqueceu. Ele ainda tinha dificuldade em acreditar que esse olhar era para ele, que esse alfa lindo, insanamente atraente e poderoso o queria—o amava. Ele era apenas Louis. Louis Tomlinson, comum e simples. Mas quando Harry olhava para ele dessa maneira, ele se sentia bonito e interessante, como se ele fosse a pessoa mais desejável do mundo.

- Você estava com ciúmes de si mesmo, hein, - Louis disse com um sorriso atrevido. - É meio hilário olhando para trás.

Harry bufou, a mão acariciando as costas de Louis.

- Era eu fisicamente, mas eu não era o mesmo alfa, - ele disse, a expressão ficando pensativa. - Eu cheirava diferente, não cheirava?

Franzindo o cenho, Louis assentiu.

- Meio parecido, sim, mas diferente o suficiente. Por quê? É isso que eu não entendo.

- O Xeus que você conheceu foi o resultado de quaisquer experimentos que seu tio fez comigo, - Harry disse, um vinco se formando entre as sobrancelhas. - Aparentemente, esses experimentos me tornaram capaz de pensar racionalmente, mas também afetaram a química do meu corpo o suficiente para alterar meu cheiro. Nós claramente ainda éramos compatíveis o suficiente para nos unirmos, mas...

- Você era um alfa ligeiramente diferente do que é normalmente. - Louis terminou por ele.

- Sim. - a expressão de Harry escureceu quando ele olhou para Louis, a mão o puxando com mais força. - Mas seria mentira se eu dissesse que não fiquei feliz em saber que sou seu primeiro e único alfa. Sou eu. Estou emocionado.

Louis sempre se considerou uma pessoa moderna e progressista que zombava do fetichismo arcaico da pureza ômega. Mas agora, vendo o olhar de satisfação nos olhos de Harry, tudo o que ele podia sentir era uma exasperação e prazer. Ele gostava de agradar seu alfa. Ele adorava fazê-lo feliz. Era o melhor tipo de droga.

- Estou feliz que foi você também. - ele disse suavemente.

Ele estava. O conhecimento de que Harry sempre foi dele, que ele nunca foi realmente de Aslan... era um alívio. Finalmente apagou a culpa que sentia por ter roubado o pretendente do irmão. Harry tinha sido seu companheiro muito antes de conhecer Aslan. Ele era dele, de Louis. Ele sempre seria.

Incapaz de suportar mais, o querendo mais perto, Louis se ergueu nos cotovelos e beijou Harry com força, inalando avidamente o cheiro viciante. Deuses, ele o amava. Muito, porra. Ele nunca se cansaria desse homem.

Harry os rolou e dominou o beijo, os lábios igualmente exigentes e famintos. Baby... Coração... Eu quero viver dentro de você.

Os olhos de Louis se abriram. Ele tinha ouvido isso. Ou seria mais correto dizer que ele sentiu isso. Ele sentiu as emoções de Harry. O que significava... o que significava que eles já estavam conectados, sintonizados um com o outro, embora Harry ainda não o tivesse mordido. Era incrivelmente raro.

Mas ainda não era o suficiente. Ele queria tê-lo mais profundamente, senti-lo sempre.

- Me morde. - ele sussurrou contra os lábios de Harry.

Harry respirou fundo e, se afastando, o olhou nos olhos.

Louis sorriu, enfiando os dedos no cabelo castanho de Harry.

- Sim, tenho certeza. - ele nunca teve tanta certeza de nada.

Quando Harry afundou os dentes em sua glândula odorífera, o corpo de Louis se arqueou, prazer como nenhum outro fazendo o mundo ao redor dele—ao redor deles—girar. Ele se agarrou a Harry enquanto eles passavam pela sensação juntos, os feromônios se misturando conforme a marca fazia efeito, criando um vínculo profundo na alma. Um alfa e um ômega, eles eram um e sempre seriam, para nunca mais se separarem.

- Eu te amo. - ele disse.

- Eu também te amo. - ele disse de volta.

Eles riram, porque por um momento não tiveram certeza de qual deles tinha dito qual. Mas não importava, não é?

Louis puxou seu alfa para baixo, pressionando as testas, se sentindo bêbado de felicidade e amor.

Sorrindo, ele murmurou contra os lábios de Harry:

- Então, sobre aqueles netos...

Fim.

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