Entre nós

By mrsfalves

106K 10.1K 6.1K

Marília é uma mulher que vive em um relacionamento aberto com a vocalista de uma banda de rock que só consegu... More

Este não é um capítulo!
Cap 1
Cap 2
Cap 3
Cap 5
Cap 6
Cap 7
Cap 8
Cap 9
Cap 10
Cap 11
Cap 12
Cap 13
Cap 14
Cap 15
Cap 16
Cap 17
Cap 18
Cap 19
Cap 20
Cap 21
Cap 22
Cap 23
Cap 24
Cap 25
Cap 26
Cap 27
Cap 28
Cap 29
Cap 30
Cap 31
Cap 32
Cap 33
Cap 34
Cap 35
Cap 36
Cap 37
Cap 38
Cap 39
Cap 40
Cap 41
Cap 42
Cap 43
Cap 44
Cap 45
Cap 46
Cap 47
Cap 48
Cap 49
Cap 50
Cap 51

Cap 4

1.9K 202 62
By mrsfalves

Enquanto conversávamos, eu pensava um pouco sobre as palavras da Júlia. Será que realmente já deveríamos estar pensando sobre algo mais? Não penso que devemos começar a namorar hoje, fazer planos para um casamento em seis meses, e adotar um cachorro de pequeno porte amanhã em uma feira de adoção, não é isso, é apenas alinhar os ideais, e tentar descobrir se estamos na mesma sintonia. Mas a quem eu quero enganar, não é mesmo? Meus últimos relacionamentos foram um verdadeiro fiasco, é óbvio que as minhas expectativas pesam sobre o que comecei com a Paula, e que eu nem faço ideia de como nomear. É óbvio que eu queria um pedido de namoro em cima do palco, ela dedicando uma música de sua autoria para mim, enquanto todos os presentes gritam e aplaudem a nossa performance romântica.

— Mari? — Olhei para ela me dando conta que não estava sozinha, e sorri fraco vendo que deixei o motivo dos meus pensamentos falando sozinha.

— Perdão. Sério, me perdoe. Estou com a cabeça cheia de tanto trabalho. — Menti. — O que era?

— Estava perguntando se você e a Júlia vão amanhã. — Explicou tomando um gole de sua bebida.

— Sim, claro, já confirmei com ela. — Respondi.

Depois do jantar demoramos algum tempo para escolher um filme, na maioria das vezes divergimos nos gostos, eu fazia o estilo mais romance, ou comédia romântica, e ela preferia ação, mortes, sangue e violência. Coloquei o filme para iniciar, e me aconcheguei em seus braços. Sua respiração era calma, ela fazia um carinho gostoso nos meus cabelos cheirando o meu pescoço. Suas mãos passeavam pelos meus ombros em uma calmaria relaxante, e sorri procurando o seu olhar.

Seu cabelo loiro, cobria parcialmente seus olhos como se fossem fios de ouro, me estiquei tomando seus lábios com urgência, sentido suas mãos me pressionarem. Subi sua blusa e encostei os lábios com calma em seu mamilo, minha língua brincava devagar em uma tortura gostosa, enquanto eu os mordia levemente, ouvindo sua respiração entrecortada.

Eu me afastei dela puxando minhas roupas, ela fez o mesmo sem tirar os olhos dos meus, suas bochechas coradas a deixavam ainda mais charmosa. Ela me empurrou contra a cama ficando por cima de mim, e eu sorri com seu jeito rude ao tomar o controle da situação

— Esse é o único ponto que conseguimos entrar em um consenso rapidamente. — Ela sussurrou no meu ouvido enquanto deslizava seus dedos fazendo um caminho até a minha virilha. Eu sorri puxando-a para mim e a beijando.

Me estiquei em minha cama pela manhã, os lençóis estavam bagunçados e o meu corpo deliciosamente dolorido. Me sentei, e olhei para o meu lado esquerdo, mas a Paula já tinha saído bem cedo, ela precisava ensaiar com a banda para a apresentação desta noite, e tinha me avisado durante o banho delicioso que tomamos juntas na noite passada.

Júlia veio me buscar para irmos ao shopping, combinamos de fazer compras já que eu precisava de roupas novas para o trabalho, e também para o show da Paula logo mais. Andamos por horas, e fizemos boas compras, admito, mas eu realmente não sou o tipo de pessoa que tem o prazer em passar horas do dia em uma loja provando mil peças de roupa.

— O Léo vai hoje? — Questionei comendo um hambúrguer gigante com muito molho cheddar e uma porção enorme de batatas fritas com bacon.

— Vai sim. Saímos para jantar após a apresentação dela, né? — Eu tomei meu refrigerante e assenti. — Vou para sua casa, e nos arrumamos lá. 

Deixei as compras em cima da cama, abri as janelas do meu quarto e tirei os sapatos que usava e que apertavam os meus pés. Me deitei e fechei os olhos. A verdade é que em condições normais, eu jamais sairia da minha casa no final de semana para ir a um show, mas é inegável que estou fazendo um esforço quase que sobrenatural, para que isso que estou começando com a Paula dê certo.

Acordei de um breve cochilo com a campainha tocando, me arrastei até a porta e abri, minha amiga estava com uma mala maior do que o necessário. Ignorei sua presença, e fui para o banho quente. Ela estava na porta e falava empolgada sobre o Léo, enquanto a água caía forte sobre meus ombros na tentativa falha de me animar, e eu interagia concordando com absolutamente tudo o que ela dizia.

Meus cabelos estavam enrolados em uma toalha branca, e eu suspirei ao vê-la praticamente pronta. Sequei os fios em uma lentidão torturante, modelei ondas marcadas e me sentei ao lado dela na minha penteadeira preparando minha maquiagem. Joguei um vestido soltinho e florido sobre meu corpo, uma jaqueta jeans, e um par de tênis branco. O local da apresentação era descolado, e eu não tinha a menor criatividade para bolar algo incrível e extraordinário.

— Vamos no seu ou no meu carro? — Ela olhou para mim segurando as chaves.

— Vamos no seu, acredito que a Paula vem dormir aqui, e volto com ela. — Respondi dando a última encarada no espelho corrigindo imperfeições do meu batom vermelho. 

Seguimos até a casa de shows que ficava localizada em um bairro nobre da cidade, o local já estava consideravelmente cheio, encontramos uma mesa um pouco afastada do palco e nos sentamos, Júlia ligou para o Léo, e fizemos os nossos pedidos enquanto nada começava. Um pouco distante, vi uns meninos da banda começarem a arrumar algumas coisas no palco, um deles acenou para nós, e soltou uma piscadela para Júlia que fingiu não perceber. Léo se aproximou, e beijou Júlia tomando um gole da cerveja dela, e se afastando para buscar mais bebidas para nós.

Paula entrou alguns minutos depois, com seu carisma e sua segurança inabalável, e com aquele jeito leve que eu amava. Tudo bem, devo confessar que não é tão difícil assim estar aqui, não quando eu a vejo, tudo de repente parece ter algum sentido, e sair de casa para vê-la, parece uma boa opção.

Quase uma hora inteira de apresentação se passou até que o show fosse encerrado. Quando Paula deixou o palco, eu a segui com o olhar, e vi uma garota loira indo ao seu encontro e a abraçando demoradamente. Júlia acompanhou o meu olhar e viu o mesmo, já Léo, estava do outro lado conversando com um grupo de rapazes. Em total silêncio, continuamos a observar a cena, agarrada a cintura da Paula, a loira conversava com um homem alto, ele gesticulava animado e deixou um beijo no topo da cabeça da loira.

— Conhece a Barbiezinha? — Júlia perguntou por fim.

— Barbie? Você viu o tamanho da garota? Ela está mais para polly pocket! — Revirei os olhos encarando e vendo Júlia gargalhar.

— Ai amiga, eu te amo. Seu senso de humor é o melhor. — Continuei séria e pensativa.

A Paula me deve satisfações? Não, o máximo que posso fazer é fingir que não vi e relevar, mas estarei mentindo se dissesse que estou tranquila. Talvez a expectativa de ter algo a mais, seja só minha. Vamos ser realistas, com certeza é só minha. Pagamos a conta e saímos, estávamos no estacionamento esperando por Paula. Ela saiu ao lado do cara que agora estava de mãos dadas com a Polly, conversando entretidos, ela olhou em nossa direção e abraçou a loira e o homem antes de se aproximar de nós.

— Oi. — Disse com um sorriso beijando levemente meus lábios e se afastando. — Boa noite, gente.

— Quem é aquela garota? — Eu olhei para a minha amiga implorando mentalmente que ela não fizesse isso. — Acho que conheço ela de algum lugar. — Tentou consertar sua pergunta evasiva.

— Provavelmente. — Respondeu Paula com tranquilidade. — Ela é Melissa Moraes, além de ser uma blogueira famosa, é também filha do meu empresário, Evandro Moraes.

— Vamos? — Perguntei encerrando o assunto.

Fui no carro com Paula que falava animada sobre sua carreira que estava a cada dia mais promissora. Ela acariciava minha coxa subindo o tecido do meu vestido com lentidão, sem tirar os olhos do trânsito calmo daquele fim de noite. Eu estava feliz por vê-la tão animada, embora não me saísse da cabeça a cena de alguns minutos atrás. Será que elas têm alguma coisa?

Entramos no restaurante, e seguimos até o piso superior. Paula se sentou ao meu lado, e minha amiga de frente para mim. Fizemos os nossos pedidos, e conversamos tomando boas doses de um vinho tinto adocicado. Percebi por diversas vezes o Léo inquieto, Paula trocava olhares com ele e sorria, Júlia não percebia muito, ou apenas estava fazendo vista grossa para tal fato.

O jantar estava delicioso, posso garantir que já tenho o meu restaurante favorito, e que tem a massa fresca com camarões mais deliciosa que eu já provei na vida! As sobremesas chegaram, e encarei a Júlia que prendeu um grito tampando a boca com as duas mãos, observei minha amiga por um momento, vendo o Léo tirar do bolso uma caixinha de veludo preta, e só depois vi que o prato estava decorado com um singelo pedido de namoro.

— Você quer namorar comigo? — Júlia estava mais vermelha do que a cereja que decorava o seu Petit Gateau, e sua resposta foi um beijo demorado, atraindo olhares para nossa mesa, e alguns gritos acompanhado de palmas.

Passado o momento constrangedor e romântico, comecei a provar minha sobremesa. Júlia ainda tinha as bochechas coradas e um sorriso largo, tão largo que não sei como ela não tinha dor no maxilar. Eles mantinham as mãos unidas com alianças reluzentes, era tão meloso, que por pouco não chegou um enxame de abelhas em nossa mesa.

— Agora só faltam vocês. — Eu senti o chocolate descer atravessado na minha garganta e me engasguei, Júlia sorriu e Paula bateu nas minhas costas tentando me ajudar. Maldita!

— Eu vou matar você! — Falei baixinho e ela sorriu ao fazer leitura labial enquanto eu tomava água ainda sentindo o chocolate grudado na minha garganta.

— Verdade, prima!  — Claro que Léo ia se meter, o recém casalzinho tinha que complicar um pouco mais a minha noite! — Já está na hora, Paulinha.

— Não falamos sobre isso ainda. — Paula respondeu com a tranquilidade de quem responde uma pergunta banal. — Mas ainda estamos nos conhecendo. — Completou.

— Pois é! Estamos nos conhecendo. — Sorri tímida e sem graça, era óbvio que eu esperava uma resposta diferente. Eu sou muito carente mesmo, meu Deus do céu. Se eu tiver um anjo da guarda, com certeza ele está de braços cruzados rindo da minha cara de palhaça, fechando os olhos envergonhado por mim, ou está na porta do restaurante me esperando ir embora para não assistir a essa cena patética.

Abracei forte minha amiga xingando ela de biscate discretamente, e a jurando de morte com um sorriso nos lábios, enquanto me despedia dela. Paula me levava de volta para casa, e eu sinceramente não tinha o menor clima. Porra, posso ficar chateada pelas expectativas que eu mesmo coloquei sobre nós?

— Aconteceu alguma coisa? — Ela perguntou assim que me viu entrar diretamente para o banho.

— Não. — Respondi ligando o chuveiro vendo-a parada na porta. Saí enrolada em uma toalha grossa, e Paula estava sentada na beirada da minha cama, trocamos olhares rápidos e respirei profundamente.                   

— Mari. — Eu olhei para ela através do espelho sem deixar de pentear os cabelos molhados, e continuei em silêncio. — Sei bem o porquê da sua chateação. Acho que precisamos esclarecer algumas coisas.

— Não sei do que está falando. — Respondi tentando manter a calma.

— Você sabe sim. — Ela parecia calma. — Você esperava uma resposta diferente da que eu dei. Eu vi nos seus olhos, todos viram.        

Silêncio absoluto no quarto...

— Eu gosto muito de você, gosto do que temos, mas eu não sou uma pessoa para relacionamentos. — Eu me virei e a encarei.

— O que estamos fazendo juntas? — Ela me olhou pensativa.

— Mesmo que eu quisesse, eu não poderia ter um relacionamento. — Revirei os olhos e voltei a pentear os meus cabelos. — O Evandro me orientou a respeito disso. Estrategicamente não é bom para a minha carreira estar em um relacionamento.  

— É a coisa mais absurda que já ouvi de alguém. Seja mulher e assume de uma vez que você não quer namorar comigo, oras... — Minha voz já estava alterada e eu em pé encostada na parede.           

— Eu não gosto de me prender a relacionamentos. Não é sobre você, é sobre quem eu sou! — Tentou se justificar me fazendo ficar ainda mais irritada.

— Ótimo, obrigada pela sua sinceridade, assim não perco o meu tempo com algo que não tem a menor chance de dar certo. — Ela se aproximou de mim e me afastei. — Você pode ir embora agora?

— Mari, você está fazendo tempestade num copo d'água, caramba! — Argumentou.

— Vai embora, caralho. — Ela me encarou por alguns segundos que pareciam logos demais.

— Nossa conversa ainda não acabou. — Ela se aproximou roubando um beijo, e saindo em seguida.   

Já passava das duas da manhã, e eu estava na sala vendo filmes e tomando cerveja. Agradecia aos céus por amanhã ser domingo, e eu não precisar ir trabalhar com o rosto inchado de tanto chorar, me sentindo a pessoa mais idiota e carente da face da terra!

Continue Reading

You'll Also Like

13.1K 721 16
𝗣𝗼𝘀𝘁𝗮𝗿𝗲𝗶 𝗮𝗾𝘂𝗶 𝗮𝗹𝗴𝘂𝗻𝘀 𝗱𝗲 𝗺𝗲𝘂𝘀 𝗶𝗺𝗮𝗴𝗶𝗻𝗲𝘀 𝗱𝗲𝗱𝗶𝗰𝗮𝗱𝗼𝘀 𝗽𝗮𝗿𝗮, 𝘕𝘪𝘴𝘩𝘪𝘮𝘶𝘳𝘢 𝘙𝘪𝘬𝘪. © luvs_nishimura | 20...
1.7M 147K 99
Os irmãos Lambertt estão a procura de uma mulher que possa suprir o fetiche em comum entre eles. Anna esta no lugar errado na hora errada, e assim qu...
91K 8.1K 30
Amberly corre atrás dos seus sonhos em outro país deixando o passado pra atrás e ainda frustada com o término e a traição do ex que ficou no Brasil...
209K 17.8K 38
Soraya Thronicke é uma jovem atraente que sempre teve tudo que queria. Mimada pelos seus pais, ao auge dos seus 25 anos cursava direito em uma das un...