OUR DEMONS - ᴛʜᴇ 100

By _ImAnna

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Como um planeta que fora dominado pela radiação durante quase um século poderia transmitir um ambiente acolhe... More

Da autora
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Vocês serão enviados à Terra
We're back, bitches! (Pt. 1)
We're back, bitches! (Pt. 2)
Minha salvadora
Nightmare
Ele merece morrer
Shooting stars
Ela sabe o que faz
Hallucinations
Começaram uma guerra
I became the death
Não sou tão horrível quanto pensa
It was a mistake
É o único jeito
We are grounders (Pt. 1)
We are grounders (Pt. 2)
Onde estão todos?
You're under arrest
Não entregaria sem lutar
Get me out of here
Acampamento Jaha
We're... What?
Névoa ácida
Jus drein jus daun
Chamas de adeus
First act
Erros acontecem, querida
Containment breach
Vermelho reluzente
Do not leave me
Segunda posição
Your own hell
Seres infames
Silence
Manhã vazia
Run
Raven
The flame
Último suspiro (Pt. 1)
Último suspiro (Pt. 2)
Dark age
Girassóis para a chuva
Radioactive pond
A morte clama
I prefer to get high
Desconhecido
Me prometa (Pt. 1)
Me prometa (Pt. 2)
Don't be my opposite (Pt. 1)
Don't be my opposite (Pt.2)
Cairemos juntos
I'll be here
Você?
Dirty invaders
Cortante chuva
Don't talk
Infiltrada
Natural disaster
Traição
Can't resist
Sempre e para sempre
Grey sky
Prevalecer
We can't say goodbye
Agradecimentos

Loneliness hurts

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By _ImAnna

Admita que sou melhor.

Minha visão duplica e eu estreito os olhos buscando foco. Minhas mãos suam e quase cedem ao peso do taco de madeira, mas retiro forças de qualquer outro lugar que possa me transferir. Um mar de bolinhas coloridas insiste em tomar novamente a superfície, porém, quando acho o único ponto branco, deposito o que me resta para acerta-lo, ouvindo um estalo baixo sob a música famosa de um DJ antigo. Recuo e apoio o taco no chão, limpando minha testa com o antebraço. Sigo a bola vermelha que logo cai no buraco — indo direto ao chão pela falta de rede — e torço para que a roxa alcance o do meio, arrancando comemorações minhas e dos outros quando o faz.

—Admita que você já era!—rio da cara do meu conhecido oponente agora emburrado—Não tem chance.

Ele apoia o copo na ponta da velha mesa de bilhar, pigarreando com deboche e tomando seu taco em mãos. Avalia as possibilidades e dá a volta, parando do lado direito. Pode escolher entre umas três para encaçapar sem problemas, optando pela que lhe dará uma certeza e mexerá o restante seguindo a sorte. Bellamy consegue uma somente, apenas chegando muito perto de quase fazer uma segunda. Os olhares dos outros jogadores os segue, oferecendo palmas pela jogada. Um "mandou muito!" vem de uma das garotas loiras com entusiasmo, mas apenas rio por não enxergar seu rosto com nitidez.

Hora da troca!—anunciam.

—Qual é? Agora que estava ficando bom?—reclamo estendendo o que seguro para outra pessoa.

Bufando, desço os dois degraus e me junto ao moreno quase tropeçando em meus próprios pés pelos passos mal dados. Ele volta a me equilibrar, me fazendo rir feito criança.

—Ali! Ali. Vamos sentar.—estico meu indicador para um dos sofás que acabou de ficar livre.

—Passou horas sentada no mesmo lugar.—implica com um riso de canto—Não prefere dançar? Ou, não sei, sair daqui?

—Céus, controle seu guarda-fake interior. Está quase agindo como o Bellamy que conheci.—paro a caminhada e levanto nossas mãos dadas, avaliando qualquer coisa que minha cabeça me mandou olhar. O efeito distorcedor das nozes está passando, entretanto o das bebidas que Jasper diz serem sem álcool não—Mas, bom, ali parece bem quieto. Vem.

Começo a guia-lo para o sofá, independente do que tenha dito.

—O que tem de errado com meu guarda-fake interior? Não gosta dele?—sua voz precisa sair mais alta para superar as caixas de som próximas.

—O quê?! Não posso te ouvir!—finjo risonha, levando a mão ao ouvido e o fitando por cima do ombro.

Solto sua mão e dou um giro para me jogar no estofado judiado, não tenho certeza se o creck que ouvi veio dele ou de mim. O moreno levanta minhas pernas que pegam o resto do móvel e se senta, as apoiando no seu colo. Fecho meus olhos e me deixo flutuar junto as batidas fortes da música. As vozes de dezenas de conversas giram ao meu redor, junto a sons que prefiro não descrever. As pessoas realmente não perdem tempo por aqui. Minha cabeça fica zonza e quase sinto que vou colocar tudo para fora, portanto resolvo me sentar lentamente diante uma careta.

—Quanto tempo acha que passou?—questiono franzindo o nariz e virando para o olhar.

—Quanto menos pensar nisso, melhor.—finge fazer contas mentalmente. Já não temos raciocínio para isso—Caramba, nós vamos morrer.

Bellamy deita sua cabeça para trás e deixa os braços abertos no apoio do sofá. Puxo meus fios de cabelo sobre um dos ombros e ajeito meu corpo — já quase rendido de mais para ter coragem de sequer se manter sentado dignamente — no seu colo, deixando uma perna de cada lado.

—É, nós vamos morrer.—essas palavras deveriam sair tristes da minha boca, mas são acompanhadas de uma risada longa—Desde que seja com uma boa companhia...—me contenho.

Borrões de pessoas me fazem desviar os olhos para trás, no exato momento em que passam distribuindo bebidas vibrantes em uma bandeja. Estendo o braço para alcançar uma qualquer e estou pronta para provar do conteúdo quando ele me impede.

—Já está virada demais, vai acabar passando mal.—arruma-se no sofá, retirando o copo gentilmente da minha mão e o colocando sobre a mesa ao lado—E isso tem álcool.

—Qual é, mamãe? As nozes e o que quer que Jasper tenha me dado parecem ter neutralizado meu probleminha.—apoio meus antebraços nos seus ombros, passando meus dedos no seu pescoço—Nem parece que encheu a cara.

Visualizo seu rosto, deixando que quase todo o resto suma. As luzes coloridas rodopiantes doem meus olhos, me fazendo piscar repetidas vezes para amenizar e rir pelo meu estado. Estou infinitas vezes pior.

—Não usamos as mesmas coisas.—passa seus braços pela minha cintura.

É difícil resistir às suas íris escuras e sua aproximação confortante, então destruo a distância restante e o beijo apaixonadamente, mas não sem um outro objetivo por trás. Estico meu braço direito e lentamente o passo de um lado para o outro, pegando a bebida que me foi tirada de cima da mesa. Empurro o Blake com uma mão em seu abdômen e dou um sorriso de vitória balançando o copo.

—Isso é traição.—me fita desgostoso.

Jogo meu corpo no lado livre do sofá, degustando o sabor terrível do álcool presente. O que é mais uma recaída para o fim dos tempos? Exato, nada. Talvez Ben tenha mirado no diagnóstico errado, não é formado ou coisa do tipo, apenas pegou coisas que presenciou na criação. Abaixo a mão quando a última gota entra em contato com a minha língua e o silêncio entre nós dois entra em ação, permitindo que minha atenção recaia na pessoa que emite um ressonar pesado no sofá mais afastado, dormindo feito pedra.

Queria poder dormir tranquila mais uma vez. Mas toda essa merda catastrófica de passado nunca se vai. Apenas volta, mais e mais vezes, reforçando tudo o que já vivi, principalmente meus feitos mal feitos.

É extremamente estranho como se pode ir do topo ao poço. Você está lá, brilhando, e um desfiado mínimo na sua roupa pode te levar para baixo por ter sido presente de alguém muito importante; uma metáfora distante, mas válida para o que quero retratar agora. Meu riso frouxo se enrijece e eu esmoreço, me afundando mais do que eu achava possível no estofado. Numerando, relembro algo que me feriu. Tanto eu mesma quanto outros.

—Sabia que eu ficaria de fora?—palavras enuvedas pela bebida saem desanimadas pela minha boca.

—Não sei se já quero fazer as pazes.—se vira. Minha falta de humor o pega, quebrando o seu—De fora do quê?

—Da bem elaborada lista da Clarke.—repuxo um sorriso tristonho—Você estava nela.

Seus efeitos do álcool parecem ficar de lado.

—Ela não seria capaz, você é uma das nossas.—diz em descrença—Quem te contou?

—Por favor, não pense que eu me importo com isso.—faço um gesto bobo com a mão—Ela me disse que posso ser como a minha mãe... e isso me fez pensar, em tudo. Mesmo que eu não seja, o que acho que não sou, o que me faria ser merecedora de uma vaga tão importante?

—Hey...—vira o resto do corpo na minha direção, contemplando a quase gosma esparramada e deprimida que me tornei—Lembra? Só momentos bons aqui, tudo isso ficou do lado de fora.

—Eu... Eu preciso. Bellamy, eu matei pessoas, eu quase matei você, podia ter matado a Echo.—disparo excepcionalmente rápido, fazendo uma mínima pausa para molhar a garganta—Tinha matado mais da metade do nosso povo quando destruí a Estação Verde da Arca junto com Alie e deixei uma amiga morrer. Esses pensamentos não vão embora.

Empurro meu corpo para cima com o auxílio dos pés pesados e limpo de maneira rápida um vazamento não previsto do meu olho. Respiro algumas vezes para estabilizar e esfrego as palmas das mãos no tecido que recobre minhas coxas que estão perto do meu peito. Drogas podem ser bem traíras com um mínimo gatilho de ronco alheio.

—Eu acho que perdi minha melhor versão por minha culpa, trazendo erros imperdoáveis junto.—solto o que em grande parte perambulava na minha mente—Uma piscina quilométrica de erros, é a minha definição. Não teria direito à salvação.

Meu olhar se perde em desfoque, embaçando e derramando de forma quente. A sensação de ter a cicatriz sendo rasgada queima minha pele, revivendo um de tantos momentos ruins. Outra vez, minha culpa. Quero me esconder abaixo do piso tanto quando quero me fundir ao tecido velho quando percebo lágrimas se acumularem no meu queixo. O som excessivo já me incomoda, mas ameniza minha circunstância sem graça.

—Em quantas dessas vezes você estava fora do controle da I.A?—estreita o olhos por um forte feixe de luz os atravessar, fazendo sombra com a mão estendida a frente.

—Não faz diferença, eram minhas mãos e...

—Essa não é a resposta.—balança a cabeça me cortando—Quais dessas coisas você fez no seu controle?

Mordo o lábio inferior. Deus, como é difícil guiar uma conversa séria sem se perder entre palavras onduladas e sentimentos agora.

—Raven esteve no seu lugar, também fez coisas terríveis, mas não era ela.

—Ela não aterrorizou uma vila.

Bellamy repuxa os cantos dos lábios meneando a cabeça por uma teimosia de quem encara.

—Jaha, então.—bufou—Ele quem trouxe a tecnologia do chip e expandiu o alcance. Convenceu as pessoas a o aceitarem e no fim de tudo tinhamos cruzes em tamanho humano por toda Polis.—faz uma pausa—Pode culpa-lo pelo que fez? Sob efeito do chip.—resmunga o final.

Me perco quase por completo em uma viagem, onde Jaha encontra Alie e estupidamente encara como uma boa ideia aceitar a oferta de um holograma, mas volto para a realidade sem muita demora.

—Não?

—Infelizmente, não. Assim como não pode se culpar.—toma minha mão, entrelaçando lentamente seus dedos aos meus enquanto os observa—A grande maioria aqui aceitou Alie... Se você não se vê digna, também os vê assim?

Acompanho o seu foco que recai sobre mim, virando minimamente o corpo para observar por cima do ombro as pessoas que se espalham pela festança. Elas se divertem, se abraçam, se ajudam em quesito baldes para... enfim. Não são assassinas. Invadiram a sala do trono e lutaram porque algo maior as compelia, assim como eu. Vi tudo. Absolutamente todas as cenas. Era como se fosse uma telespectadora sem senso crítico, vazia demais para levantar um dedo contra, mas Clarke foi capaz de me trazer a luz por um breve instante e, nisso, percebi como estava agindo arrado. Todos aqui passaram pelo mesmo, e entendo o porquê de fazerem o que fizeram.

Não sou a única no mundo.

Estava pensando como uma puta egoísta.

E então?

Viro a cabeça lentamente na sua direção, captando o cheiro de reticências. Minha concepção mais demorada me faz parar, até que sinto render à primeira coisa que bate à porta, que é o choro se expressando de forma tímida. Passo meus braços em seu pescoço e me desmonto em seu corpo, reconhecendo um sentimento de alívio e solidificando duas coisas na minha mente:

Primeira: ter Bellamy abordo na nave dos cem foi a melhor coisa que já aconteceu na minha vida.

Segunda: meu ódio por drogas passou a ser muito, muito real.

—Está tudo bem...

Seus braços passam pelas minhas costas me ofertando segurança e eu aplico esforço para controlar minha respiração descontrolada. As coisas tornam a me cercar com mais suavidade, até mesmo o som abaixou, indicando que minha sobriedade caminha de volta aos eixos um passo após o outro. O aperto forte, uma última vez respirando fundo, e me afasto, notando que ainda tenho a visão bem afetada ao vizualizar o lixo espalhado pelo chão.

—É bom que continuemos no escuro, porque minha aparência está um caos.—seco o rosto com as mãos, emitindo um riso fraco e embargado.

—Acho que nem temos mais luzes normais.—mira o teto—Apenas vermelhas, azuis e verdes.

Busco ainda relaxar meus nervos, massageando a têmpora direita e tentando me lembrar o que diabos estávamos fazendo uma hora atrás. Enchendo a cara talvez deva ser o que melhor se encaixa. Diversos pés invadem meu campo de visão, onde percebo um grande número de arcadianos migrando para o fundo. Junto as sobrancelhas. E as junto ainda mais quando uma luz extremamente branca incide novamente nos olhos do Blake e consequentemente nos meus quando me viro curiosa para ver sua origem.

Me adaptando a cegueira dolorosa, as formas de três pessoas estão paralisadas como em uma linha, fazendo a do meio se destacar diante os passos avançados e permitir que a luz direcionada ao chão revele Kane, logo atrás Monty e Jaha. Bom, então a música mais baixa estava além de meus sentidos. Estou pronta para recebê-los no clube, porém deixo que suas palavras altas saiam antes:

—Peguem suas coisas, todos nós iremos ao bunker.—Marcus anuncia, levando consigo o volume das caixas de som e dando espaço para os assombros alheios—Se agilizem, temos apenas dois Rovers para realizar as viagens até Polis.

Estatizo com uma mão apoiada no encosto do sofá e outra na minha perna dobrada sobre ele. As drogas do Jordan já passaram dos limites. Maldita hora em que pensei que as nozes já estavam fora do meu organismo.

—Espera, o bunker é real?—Bellamy dá o sinal verde para o meu verdadeiro choque um pouco lento demais de realidade—Como vocês...?

—É real? Funcional? Não vamos morrer?—realizo as duas últimas indagações ligeira como uma arma de fogo, diante uma expressão neutra.

Jaha se retira na direção das caixas, deixando evidentemente seu desgosto em estar aqui.

—A radiação ficará ao lado de fora e nós dentro, ilesos.—enfatiza seu "nós", passando de rosto em rosto coberto por perplexidade.

—E a lista dos cem?—o moreno questiona e vejo seu olhar de canto de olho me abordar.

Kane desliga sua lanterna.

—Teremos espaço de sobra, portanto, sem lista.—esvazia os pulmões tranquilamente, abrindo os braços para se apoiar no móvel.

—HEY! QUEM PAROU A MÚSICA?—Jasper surge no meio do salão segurando uma garrafa imunda, abrindo um sorrisão quando fixa uma direção específica—MONTY!

Harper se gruda no Green antes mesmo do Jordan terminar de gritar o nome de seu amigo. Gruda tanto que posso jurar que vão se fundir para um só. A garota está tão no clima quanto qualquer um aqui, não dando segurança sobre seus próprios pés.

—Por favor, fica comigo, Monty.—o fita com melancolia—Não vou sair daqui.

—Eu vim aqui para te buscar, não nos deixar morrer.—ele afaga seus cabelos.

Deixo a conversa dos dois de lado — agora três, com a participação de Jasper —, permitindo minha atenção ser levada pelo caminhar de Marcus até nós, dando a volta no sofá e parando na nossa frente sem revelar algo em sua expressão. Bellamy se levanta e o cumprimenta, já eu estou pensando que perdi minha cabeça de vez e entrei em surto. Estou pronta para morrer e de repente me oferecem uma segunda chance, caindo direto do céu, e indo para baixo do solo. Excepcional. Digo, preciso ficar sóbria. Me equilíbrio e me junto aos dois, vendo o olhar pesado de Kane sobre o Blake.

—Ah, não o culpe, eu que o estraguei.—cruzo os braços encolhida e comprimo os lábios, sentindo uma leve tontura me fazer firmar os pés novamente—Então... bunker, certo? Sem informações escondidas ou...?—dou de ombros querendo insinuar qualquer outra coisa.

O mais velho ameniza o olhar quando me analisa.

—Beatriz tem razão, o bunker está em Polis. Não podem ter cedido só porque nós encontramos.—Bellamy pontua de forma certeira—Qual o acordo?

Nós dois encarando Kane não é o suficiente para que desembuche logo, mas um segundo olhar estranho dele é direcionado até o moreno. Quando suspira indicando falar, Monty entra no meio, deixando que a visão de Harper sendo "consolada" por Jasper fique evidente ao fundo.

—A sua irmã envolveu todos os clãs em um conclave. Quem vencer leva tudo.—o garoto diz áspero.

—Octavia fez o quê?—questiona como se quisesse pegar uma outra explicação, trincando a mandíbula e elevando o cenho franzido.

É, achei que estivesse bêbado demais para entender.—se vai, deixando ressentimento para trás. Esse que agora eu entendo.

—Kane, me diz que ele está mentindo...—fita o homem com voracidade, tendo a quietude como afirmação do que foi dito. Apoio a mão em seu ombro, me afundando sozinha em pensamentos relacionados a Oc. Um conclave... Octavia apostará sua vida por seu povo. Sinto Bellamy respirando fundo, recobrando o controle pouco a pouco—Por que está mandando todos para lá então? Não somos donos do bunker.—balança a cabeça.

—Porque é a nossa única chance!—exclama—Se vencermos, ficamos, caso contrário as opções serão livres.

—Sempre escondem algo...—desvio o olhar para minhas unhas—Muito bem, precisamos ir.—pigarreio ajeitando a coluna, ainda como se conversasse no automático.

—Quando o conclave se iniciará?—Bellamy parece mais centrado.

—Daqui duas horas. Peguem o primeiro jipe, já deve estar quase carregado.—assente e me fita—Com você eu converso depois.

Ah, claramente não era isso que eu queria ganhar, independente do assunto que cobre de sua voz mais firme. Meneio um positivo mínimo e saio com Bellamy para pegar algumas coisas atrás do longo balcão de bebidas, desejando simplesmente aparecer em Polis nos próximos segundos. Semicerro os olhos e busco por uma jaqueta que abri mão nas primeiras horas de desistência. Tem muitas delas aqui, em sua maioria pretas e marrons, porém alcanço a avermelhada que queria. A visto e espero que ele pegue sua segunda arma em mãos.

—Estava com uma o tempo todo?—pergunto escondendo as mãos no bolso.

—É, estava.—esboça um sorriso sem vontade—Ainda precisava garantir nossa segurança de alguma forma.

—Sério?—levanto uma sobrancelha.

—Não queria morrer por causa de algum ataque, você sim?—me chama para ir até o carro com um gesto. O acompanho e não o respondo—Achei que não...—avista Jasper, Harper e outros perto da saída—Melhor nos despedirmos.

Subo meus ombros conforme puxo ar para refrescar a mente e concordo. Conforme nos aproximamos lentamente, deixo meu olhar ser levado pela paisagem triste do verde agora sofrido. Nenhum pássaro canta mais, assim como nenhum grilo exibe sua melodia; que constumava me irritar. Nem mesmo as folhas têm energia para se manterem firmes nos galhos. Não achei que pudesse me sentir extremamente abalada por isso, mas estou sendo afetada dez vezes pior, talvez ganhando impulso dos meus ânimos cabisbaixos que trago da balada.

Jasper bate o pé na plataforma de metal e faz minha cabeça se virar bruscamente na sua direção, começando a estudar sua feição aborrecida. Monty acrescenta dois tons a mais na sua voz que recai sobre o amigo, fazendo com que nossos passos sejam triplicados até que paremos ao lado de Harper que abraça o próprio corpo.

—...pega essa lata imunda e dá o fora daqui, por favor!—o Jordan rebate o que quer que seja.

—Eu não vou deixar vocês aqui!—Monty mexe o corpo frenético, indo do garoto até sua namorada—Harper, você tem uma vida inteira pela frente... Sei que não quer abrir mão disso...—suplica com os olhos brilhando.

—Como assim deixar eles aqui?—Bellamy se intromete, intercalando seu olhar confuso entre os três—Nós vamos partir, agora.

—Esse é o problema. Os dois preferem morrer aqui! Aqui onde a radiação vai... ugh!—o Green se exalta. Quando para seus passos incessantes, consigo ver rastros molhados por suas bochechas—Como reagiria se fosse sua irmã nessa posição? A deixaria para trás?—seca o rosto com brutalidade.

—Jasper...—vou para o lado do garoto, observando com pesar ele virar o conteúdo de sua garrafa por inteiro—Me diz que é uma de suas brincadeiras?

—Olha, você muda de lado bem rápido.—recebo um meio sorriso escarnioso.

Se fosse Octavia no meio deles, eu pelo menos teria a chance de me despedir...—pego as palavras de Bellamy por cima.

—Deixei meu mundo de lamentações pra trás. Tenho a chance de fazer melhor a cada dia, desistir se tornou uma opção fraca.—rebato.

—Viva ao Jasper, nesse caso.—ergue a mão como em um brinde.

—Não, espera, não foi isso o que eu quis dizer.—fecho meu punho e o encosto na testa, abaixando com um aperto demorado de pálpebras.

Fico em silêncio deixando que minha jogada fora se dissipe no ar de sensação estranha, o qual faz minha pele arder minimamente. Bellamy segue firme na conversa com Monty, o qual ouve tudo cabisbaixo estudando a feição da garota frágil como uma preciosidade loira e gentil. Não sou tentada a entrar no diálogo dos três quando em meio a um choro irrompido Harper se joga nos braços do Green:

—Vou para qualquer canto que você for, qualquer canto, Monty Green!—ela esconde o rosto em seu ombro.

O Blake os aprecia como se visse um trabalho cumprido. Tomo ar para arejar minhas palavras de forma correta e volto a abordar Jasper com meus braços cruzados. Ele já se livrou de sua garrafa, segurando um copo que não faço a mínima ideia de onde surgiu. Acompanha tudo de maneira neutra.

—Jordan... Por favor, vem com a gente...

Deixo de alongar meu pedido, depositando minha mais plena sinceramente nele. Prendo seus olhos relaxados aos meus agora tensos. Precisa surtir algum efeito nele, nem que aceite de má vontade, mas preciso que aceite. A expectativa perambula pelas minhas veias de maneira acelerada se juntando ao medo que seu displicente sorriso me oferece.

—Vai... Cuida desse bocó por mim.

_______________________________
Finalmente, atualização!

E... CHEGAMOS AOS 8K DE VOTOS!!! Obrigada por demonstrarem seu carinho com a fic a cada comentário, voto e surto hehehe.
Para (talvez, espero) alegrar o dia de vocês, vou liberar mais dois capítulos completos! Chegando ao fim dessa season e preparando o coraçãozinho de vocês para a próxima e última da fic (sim, dor </3)

Enfim, obrigada pela participação de cada um até aqui.

—Anna ♡

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