Autodestruição

By gilavert

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A anos, o Rei estudava meios de fazer com que os humanos se tornassem mais fortes e vivessem por mais tempo... More

Dedicatória
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
...
...
...

Capítulo 3

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By gilavert

Eu rodopiava uma caneta entre as mãos, meus pés estavam acima da mesa do senhor Julian.

-Vou perguntar mais uma vez. – Ele disse arrumando os óculos. – Você já usou alguma dessas armas?

Respirei fundo.

-Já disse que não. – Coloquei a caneta sobre a mesa.

-Então como você explica a arma encontrada no seu armazém?

-Até isso conseguiram encontrar? – Disse, indignada.

-Por favor senhorita Kate. – Ele juntou as mãos em forma de oração. – A senhorita precisa colaborar comigo para que eu te ajude.

-Onde está a minha joia? – Olhei ao redor, para os guardas posicionados atrás de mim. – Onde vocês guardaram a minha joia?

Eles me olharam carrancudos, mas não responderam nada.

-Senhorita. – Julian chamou minha atenção. – Se colaborar comigo, darei a quantia dobrada do valor da joia. – Ele cruzou os dedos, sério.

-Não quero o dinheiro, quero a joia, quase morri tentando pegá-la. – Me encostei na cadeira.

Um dos guardas exclamou.

-Foi essa maluca que roubou a joia vermelha? – Ele olhou indignado para Julian.

-Agora entende porque precisamos dela? – Julian retrucou.

-Precisam de mim para que? Desembuchem logo!

-Nós falaremos sobre isso em outra ocasião. – Ele se endireitou. – Agora falemos sobre a arma.

-Olha, não sei porque você está fissurado com ela, eu a ganhei de um cliente que não tinha o valor em dinheiro, já a usei algumas vezes, mas é isso. – Cruzei os braços.

-De qualquer forma, obrigado. – Ele fez um gesto para os soldados. – Podem leva-la, cela 189.

-Pera ai! Cela? Para onde vocês v...

Os seguranças me seguraram cada um de um lado e me levaram para fora da sala.

Decidi não dizer mais nada, a situação estava feia para o meu lado.

Descemos umas dezenas de degraus até parar na 'prisão' do castelo.

Sai dos meus pensamentos quando chegamos as celas. Um corredor longo se estendia, escapando da minha visão. As paredes eram todas de pedras, e a maior parte do chão era coberta por feno.

Havia centenas de celas com prisioneiros, homens, mulheres, crianças e jovens. Enquanto os guardas me arrastavam, observei homens amolando facões e dando sorrisos maliciosos em minha direção. Logo uma mulher colocou o braço para fora das grades segurando o guarda que me carregava.

-Me tire daqui, por favor, eu não fiz nada. – Ela não era velha, mas seus cabelos desgrenhados, suas olheiras profundas, e as manchas pelo rosto demostravam um cansaço eminente.

-Fique na sua cela. – O guarda da esquerda ordenou.

189 celas depois, chegamos onde aparentava ser a minha.

Eles me colocaram para dentro e começaram a trancar pelo lado de fora. Coloquei as mãos sobre a grade

-Disseram que o rei queria me ver.

-Ele vira ver você, vocês na verdade. – Ele debochou.

-Vocês?

-O rei vai fazer uma visitinha para os amiguinhos da cadeia. – Ele riu imitando o som de um porco, o outro guarda deu um soco nas costas dele.

-Pare de rir homem, temos mais pessoas para buscar. Vê se não sai daí. – Ele olhou na minha direção e os dois saíram dando risada.

-Idiotas.

-Até demais.

Procurei pela voz.

Uma garota loura estava na cela a frente da minha, ela ostentava um par grande de olhos azuis. Ela segurava nas barras da cela, usava um vestido branco com um corpete vermelho, a longa saia branca cobria toda a sua perna até seus pés.

-Está aqui a quanto tempo? – Perguntei, encarando-a.

-Duas semanas, mas já tinha bastante gente quando eu cheguei. – Ela olhou de relance para as celas anteriores.

-Sabe porque estamos aqui? Acredito que não sejamos apenas presidiários.

-Me desculpe. – Ela direcionou seu olhar para o chão. – Mas não sei muita coisa, apenas que nossos nomes estão em uma lista.

Na cela do lado esquerdo da loura, havia um homem, estava um pouco escuro, mas pude vê-lo. Seu cabelo estava elegantemente penteado para trás, suas orelhas ostentavam um par de alargadores, sua barba parecia feita recentemente e suas roupas não estavam tão amassadas. Ele estava escorado na parede, rodando uma faca nas mãos, como ele conseguiu entrar armado? Não quero nem imaginar onde ele possa ter escondido essa faca.

Não pude ver sua vestimenta de baixo, pois usava um casaco marrom da cor de seus olhos, calças pretas e um par de botas da mesma cor. Parecia alguém de classe alta.

Já a cela do lado direito, havia outro homem, esse tinha cabelos até o pescoço, a barba já estava grande e suas vestimentas estavam amassadas e até rasgadas, ele estava sentado no chão, olhos baixos, mas nesse instante, ele direcionou seu olhar para mim e pude ver que seus olhos eram cor de mel. Desviei o olhar lentamente, o que menos precisava agora era uma disputa desnecessária.

Voltei a encarar a loura, que estava me acompanhando com os olhos até agora. Queria perguntar a ela o motivo de ela estar aqui, mas com o tanto de olhares e ouvidos atentos me contentei em resmungar.

-Tscc

Fui até o fundo da cela, encostei minhas costas na parede e deslizei até o chão, fiquei largada ali, sem saber o que fazer, pela primeira vez eu estava sem saída. Minha atenção foi para os passos que ecoavam no corredor, guardas gritavam e corriam, dando ordens e executando-as.

As coisas começaram a embaçar, eu estava cansada, era nítido, relaxei meu corpo e deixei que minhas pálpebras descansassem.

Minutos depois eu acordei, meu cansaço tinha ido completamente embora. Me remexi sobre minhas vestimentas, minha mão pousou sobre algo frio.

Tirei a joia do meu casaco.

-Mas oque?

Direcionei meu olhar na cela a frente, mas estava vazia. Fui vagarosamente até as grades, até onde minha visão alcançou, todas as celas estavam vazias.

Tentei abrir minha cela, soltei um som de indignação quando percebi que estava destrancada.

Minhas armas haviam voltado, como? Eu não sei, no entanto, fui a passos curtos em direção ao fim do corredor.

Um barulho vindo da entrada me tirou do transe, as luzes balançavam enlouquecidamente acima da minha cabeça, como se o teto estivesse prestes a cair.

Algo como um tiro soou, e o teto começou a despencar, as luzes explodiam de acordo com a destruição que se aproximava, percebi que dentro das celas, o teto continuava intacto, então abri uma das grades, e me lancei dentro da cela. O som de tudo sendo destruído era horrível, cobri meu corpo com os braços, na tentativa de me proteger.

Ouvi pequenos ruídos em volta de mim.

-Ratos?

Uma onda de ratos se apossou da cela que eu estava, me atropelando como se eu não estivesse lá. Eles logo começaram a subir pelo meu corpo.

-Não! Saiam! Me deixem em paz! – Eu gritava mais alto, tentando abafar o som da destruição e dos ruídos que se tornavam mais altos.

Acordei sentada na minha cela.

-Ei! – Um homem batia um cassetete na grade. – Acorda, não me faça abrir essa cela.

Eu passei as mãos nos olhos, olhei em volta, não havia nada.

-Mas os ratos... – Minha voz falhou, ainda estava sonolenta.

-Olha Gary, essa aqui está drogada. – O Guarda riu cutucando o homem que estava atrás dele. – Onde eles encontram toda essa gente? Só me faltava essa. – Ele continuou passando pelas outras celas, dando risada.

-Sonhar com ratos nunca é bom sinal.

Levantei meu olhar, a voz vinha de um pequeno buraco na parede, onde eu apenas enxerguava olhos, grandes olhos azuis.

-O que disse? – Me aproximei do buraco na parede.

-Sonhar com ratos significa presságios negativos. – Ela me examinou.

-O teto estava desabando. – Continuei.

-Qualquer tipo de destruição é um aviso, suas ações podem se voltar contra você. – Ela me analisou, ou melhor, analisou meus olhos.

-Quem é você?

-Meu nome é Sfhia, e você, jovem?

-Me chamo Kate.

-Fique de olhos abertos Kate, as coisas não serão fáceis para você. – Com isso, ela se distanciou, ela era parda, sua pele tinha diversas manchas, era uma mulher velha e tinha longos cabelos brancos, com aqueles olhos azuis, podia jurar que era uma ninfa.

-A quanto tempo está aqui? – Eu continuava com os olhos no buraco.

-A muito, muito tempo. –Ela havia se sentado, estava ajustando seu vestido roxo escuro cheio de pedras, ele tinha alguns detalhes, mas ela estava longe demais para mim decifra-los. O vestido tinha um laço na base da cintura.

-A sua vestimenta não condiz muito com o fato de você estar presa. – Argumentei.

-Ninguém fica vestido como se esperasse ser preso. – Sfhia continuava olhando o vestido.

-O que você fez para estar aqui? – Indaguei.

-Vi coisas de mais, as pessoas não gostam daqueles que veem coisas demais. – Ela levantou o olhar na minha direção.

-As pessoas não gostam daquilo que não podem controlar.

-Você é jovem, mas é sabia, com a determinação certa, passará pelos seus problemas sem muita dificuldade. – Ela começou a andar pela cela, a cena era cômica, uma mulher vestida elegantemente andando por uma cela da prisão, ainda mais uma prisão imunda.

-Quais problemas? – Meus olhos acompanhavam seus movimentos.

-Problemas, todos passamos por problemas, alguns mais, alguns menos, mas todos passamos por problemas. – Ela parou e soltou um suspiro. – Acontece que aqui, nessa prisão, todos passarão por grandes problemas, e acredito que muitos não serão capazes de ultrapassá-los.

-Por que diz isso? – Minhas sobrancelhas se arquearam.

-Eu apenas sei.

Ia continuar a conversa, mas um grito me interrompeu.

-Hora da janta, hora da janta. – Um pequeno sino ecoou.

Quantas horas eu havia dormido? Acredito que a tarde toda.

Um homem abriu minha cela.

-Aqui está sua comida, pegue antes que eu mude de ideia. – Me aproximei rápido, olhando a comida, senti meu estomago revirar, tanto caldo, tanta coisa misturada.

Aquela não era a primeira vez que eu comia algo 'diferente', então sem muita hesitação, me sentei no chão com as pernas cruzadas e comecei a comer.

Entre uma colherada e outra, eu levantei meus olhos para a loura da cela do outro lado.

Ela olhava para a comida com desgosto, ela se vestia como camponesa, provavelmente não tinha que comer refeições assim.

-Coma ou morrerá de fome. – Disse, alto o suficiente para que ela me ouvisse.

Seu olhar encontrou o meu.

-Não quero ser enjoada ou algo do tipo. – Ela disse tão baixo que quase não escutei. – Mas isso está com uma cara péssima. – A loura fez uma careta.

-Não está tão ruim assim. – Dei uma colherada, mostrando a ela.

-Tudo bem. – Ela deu uma colherada, relutante. Quando engoliu, fez uma careta e me mostrou um 'joinha'

Aquilo me fez rir, uma parte de mim se remoía com a ideia de uma garota como ela estar presa, mas por outro lado, eu apenas aceitava.

-Eu não quero comer essa meleca! – Uma voz ressoou ao longe.

Eu olhei para a loura, que até então eu não sabia o nome, e me contentei em revirar os olhos.

Ela sorriu, colocando a mão sobre a boca.

Talvez eu estivesse imaginado coisas, mas com ela logo ali, eu não me sentiria mais tão sozinha.

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