Diário de Bordo - Jikook (ABO...

By Lariekookie

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Era Dourada da Pirataria - Livro 3 [CONCLUÍDA] Em breve, livro físico pela Editora Euphoria. Oito anos após... More

Introdução
[1] Tulipas
[2] Rumores
[3] A Reunião
[4] Promessa
[5] Submundo
[6] Furto
[7] Força
[8] Suspeitos
[9] Acertos
[10] A Fuga de Puffy
[11] Caça ao Tesouro
[12] Em Busca de Respostas
[13] Confirmação e Exigências
[14] Em Apuros
[15] Com a Marinha
[16] De Mãos Atadas
[17] No Encalço do Inimigo
[18] Se Livrando das Provas
[19] Um Alfa Corajoso
[20] A Resposta do Capitão Jeon
[21] O Fim da Guerra
[22] República Pirata
[23] Confiança
[24] O Início de Um Sonho
[25] Déjà-vu
[26] Deep Sea
[27] Deu Tudo Certo
[28] Em Acordo
[29] Mudanças
[30] Heat
[31] Cooperação
[32] Tragam o Suco
[33] O que é Justo
[34] Respeito
[35] Novo Membro
[36] Inaceitável
[37] Ataques
[38] Mudança de Curso
[39] Um Ômega Corajoso
[40] Ajuda Improvável
[41] Guiando O Navio
[42] Ilha de Raran
[43] Os Novos Integrantes
[44] A Batalha de Raran
[45] O Início de Tudo
[46] O Fim do Submundo
[47] Bandeira Vermelha
[48] Incógnita
[49] Apenas Um
Personagens
[50] Azul e Cinza
[51] Resistente
[52] O Festival
[53] Confuso
[55] Feliz Aniversário
[56] Tomorrow
[57] Filter
[58] Prelúdios
[59] Um Lado Para Lutar
[60] O Caos em Nabuco - Parte 1
[61] O Caos em Nabuco - Parte 2
[62] Mais Um Novo Membro
[63] Butter
[64] Longe de Casa - Parte 1
[65] Longe de Casa - Parte 2
[66] Longe de Casa - Parte 3
[67] Revelações
[68] Somos Um
[69] Conversando
[70] Prancha
[71] De Volta Aos Mares
[72] Febre
[73] Porões Cheios, baús ainda mais
[74] Retornando a Nabuco
[75] Presepadas
[76] O Novo Navegador
[77] Numb
[78] Prioridades
[79] Às vezes é bom não fazer nada
[80] Heat
[81] Marcas
[82] O Que Vem Depois
[83] A Fossa
[84] O Campeão
[85] Recrutamento
[86] O Motim
[87] Tudo Em Dia
[88] Infeliz Descoberta
[89] As Quatro Estações...
[90] Ada Ada
[91] Nós Resistimos ( FINAL )

[54] Acerto de Contas

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By Lariekookie

Boa leitura:



A temperatura caiu durante a madrugada, Lian cochilou algumas vezes enquanto Jungwon permanecia em sono profundo. O Ômega era capaz de dormir tranquilamente durante um ataque do Black Swan, mas o frio de certa forma o fazia estremecer. 

O Alfa notou como o mais novo movia os braços, abraçando a si mesmo, em uma tentativa instintiva de se manter aquecido. Ele então removeu o sobretudo do uniforme e o colocou sobre o corpo do Ômega. 

Lian observou através de uma fresta que o sol já estava nascendo, o céu encontrava-se ligeiramente claro quando decidiu abrir a porta do depósito. Enquanto o Ômega dormia, ele transportou sozinho o restante das maçãs e conectou os cavalos à carruagem. 

— Jungwon… — ele sacudiu o Ômega suavemente. 

— Quê? Não quero.

— A gente precisa ir…

— Hm? — Jungwon abriu os olhos vagarosamente. — Eles já abriram a porta?

— É...

— Mas ainda é tão cedo. — Ele se levantou esticando os braços, abrindo a boca de sono. Franziu o cenho quando sentiu algo caindo de seus ombros. — O que é isso?

— Meu uniforme. Você estava com frio.

— Ah, obrigado…

Jungwon ficou sentado por um tempo, situando-se. Enquanto esperava seu corpo despertar, ele se lembrou do que havia acontecido na noite anterior, e a culpa caiu sobre ele novamente.

— Está com fome? Temos maçã pro café da manhã.

— Era tudo o que eu queria. — O Ômega riu, entrando na brincadeira. — Lian, sobre ontem… Aquele beijo não devia ter acontecido. 

— Eu não me arrependo do que fiz — ele foi sincero. — Segui o que meu lobo estava desejando. Mas peço perdão por não ter levado em conta o que você queria.

— Você perguntou se havia outro Alfa… eu tenho o Jay.

— Estou confuso… você gostou e retribuiu, eu senti isso.

— Eu gostei… mas o que eu sinto por ele é muito maior do que um desejo. Então eu peço para que não faça mais isso.

— Me desculpa… Não sabia que estavam juntos. 

— Tudo bem.

— Não farei novamente. A não ser que você peça…

— Há um minuto estava me pedindo desculpas, e agora insinua que quer me beijar novamente. — Jungwon cruzou os braços. 

— Você me pegou… eu vou parar com isso.

— Ótimo. Vamos terminar de encher as caixas e ir embora.

— Eu já fiz isso. A carruagem tá pronta.

— Ah, certo… então vamos — o Ômega se levantou e quando foi sair, quase bateu de frente com Lian. Ele o contornou e seguiu para a porta. — Por aqui…

O Alfa lhe acompanhou com o olhar, logo em seguida rumou logo atrás. Os dois subiram no lugar do cocheiro, mas foi Lian quem assumiu as rédeas dos cavalos. Eles tiveram de seguir pela estrada, visto que o caminho alternativo que usaram para chegar até o pomar não era largo o suficiente para uma carruagem passar.

Um pouco mais a frente eles viram de longe uma grande porteira de madeira, e um Alfa que controlava a entrada e saída das frutas. Ele viu quando a carruagem surgiu um pouco distante, e já estava pronto para vistoriar seu interior, assim como exigir os devidos documentos de quem as levava.

— Imaginei que isso poderia acontecer — Lian suspirou. — Fique atrás e fora de vista, deixa que eu resolvo isso.

— Assim como fez no depósito? — O Ômega pulou descendo do veículo. — Fique aqui você, agora é a minha vez. Vou te mostrar como fazem os piratas…

Dito isso, Jungwon seguiu rápido com passos sólidos rumo a porteira, sem tirar os olhos do Alfa, que já o observava vindo em sua direção. Ele não ficou alarmado, visto que era “apenas” um Ômega, mas esperou que chegasse mais perto para questionar sua presença naquele local.

Contudo, assim que este Ômega chegou a poucos metros de distância, o Alfa mal teve tempo de proferir sua primeira pergunta, Jungwon já estava com uma pistola apontada para si.

— Alto! Quem é você?

— Sou Jungwon, e você é?

O Alfa observou a arma nas mãos do pirata e gaguejou engolindo em seco:

— C-casey.

— Estamos apresentados. Agora você vai abrir o portão  — ele exigiu, austero e firme. — Ou deixarei um buraco no meio da sua cara e abrirei eu mesmo.

O Alfa sobressaltou e fez como ele instruiu. 

— E agora? 

— Deite-se com o rosto virado pro chão e pense no seguinte: o que jogamos fora quando precisamos, e pegamos de volta quando não queremos mais? — Ele esperou até que o Alfa estivesse deitado para concluir: — Pode se levantar quando chegar a uma resposta.

Jungwon fez sinal indicando a Lian que já podia se aproximar. Casey ouviu o barulho das rodas percorrendo a estrada de terra com pouca aderência, mas não ousou mover um músculo.

— Obrigado pela cooperação, Casey — Jungwon deu meia volta e fechou a porteira, antes de subir na carruagem e continuar seu caminho.

O grande mercado ainda estava sendo montado para mais um dia de comércio. Os donos das tabernas e outros estabelecimentos abriram suas portas, e organizavam as cadeiras para receber os primeiros clientes. 

Assim que entrou na pousada a primeira pessoa que Jungwon encontrou foi Jay, no topo da escada que levava aos quartos. Ele desceu correndo para ir de encontro ao Omega e abraçá-lo. 

No momento em que o tocou, Jay percebeu que o Ômega cheirava a sândalo. Ele sabia a quem pertencia aquele aroma, mas, antes de qualquer coisa, estava aliviado por vê-lo bem.

— Eu fiquei tão preocupado! Onde esteve?

— Desculpa… passei a noite preso no depósito de um pomar não muito longe daqui.

 — O Tae ficou muito preocupado. Nem dormiu. Quando amanheceu ele foi atrás do Almirante Wo, pensamos que você foi levado pela Marinha

— Céus… temos de ir buscá-lo!

— Talvez você queira tomar banho antes… — o mais novo sugeriu sutilmente, como forma de fazê-lo se livrar daquele aroma. — Pode deixar que eu aviso a ele que você já chegou.

— Tá bom… 

Assim que o Alfa saiu, Jungwon cheirou a si mesmo. Era óbvio que Jay, tendo um olfato mais apurado, sentiu aquilo de forma mais intensa. Mas nem por isso gritou com ele ou exigiu explicações. A mente do Ômega girou, e ele subiu devagar, temendo que o peso que estava sentindo, lhe derrubasse escada abaixo.

Em seus aposentos havia uma tina de madeira já pronta para uso. Ele se desfez das armas e removeu toda a roupa, para em seguida entrar na água. Ele sentou com as pernas dobradas contra o peito, apoiou a testa nos joelhos e chorou. 

🏴‍☠️

Enquanto seguia para o local onde a Marinha se encontrava instalada, Jay encontrou Taehyung pelo caminho. O Beta lhe contou que, no momento que chegou nas estalagens, Lian estava se reportando sobre o que havia acontecido.

— Onde ele está agora?

— Em seu quarto, provavelmente.

Os dois retornaram para a pousada, onde Taehyung subiu para ter com o Ômega, enquanto o mais novo permaneceu pelo pátio a céu aberto, que ficava no centro da construção.

Quando terminou o banho, Jungwon vestiu novas roupas e, agora sim, o único aroma que provinha dele era o chocolate. Ele encaixou o cinto com as armas, e abriu a porta para deixar o quarto. 

Taehyung estava do lado de fora, no corredor, e assim que viu o Ômega com seus próprios olhos lhe abraçou, imensamente feliz por vê-lo bem. 

— Achei que a Marinha o tivesse levado! Ficamos tão preocupados. Eu nem sabia com que cara eu diria isso pro Jimin, depois de ter prometido que cuidaria de vocês.

— Desculpa por ter preocupado vocês. Fiquei preso em um depósito...

— Estou sabendo. — Quando o abraço foi desfeito Taehyung percebeu o semblante do Ômega. — Estava chorando?

— Não é importante… — Ele desviou o olhar. — Você deve estar muito cansado, durma um pouco.

— Isso pode esperar — o mais velho segurou em sua mão e o levou consigo para dentro do cômodo, obtendo mais privacidade. — Agora me conte, o que aconteceu?

— Já faz um tempo que o Jay e eu estamos envolvidos um com o outro. Mantemos segredo porque ele teme que meu pai o expulse da tripulação...

— Se isso realmente for um segredo eu aconselho que escondam melhor. Mas não vem ao caso agora… O que exatamente isso tem a ver com o fato de você ter chorado?

— Há um outro Alfa… — Taehyung ergueu uma sobrancelha, aquela conversa estava lhe cheirando a algo particularmente íntimo. Jungwon prosseguiu: — O Lian… ele me beijou ontem no depósito.

— Eita…

— Eu poderia ter parado, mas retribui. Eu sei que estou errado de todos os lados e jeitos possíveis. Não espero que entenda.

— Meu amor — o Beta sorriu. — Eu tenho um relacionamento com dois Alfas, se há uma pessoa que te entende aqui, sou eu.

De verdade. Jungwon estava tão distraído pensando em sua parcela de culpabilidade, que nem ao menos se lembrou daquela situação.

— Você ama os dois, certo? — Ele perguntou ao mais velho.

— Absolutamente.

— De maneira igual?

— Sem tirar nem pôr… Mas e você, o que sente pelo Jay?

— Eu o amo.

— E o Lian?

Jungwon hesitou. Ele não sabia ao certo o que dizer. 

— Eu tenho sentimentos por ele, só não tenho certeza do que pode ser. Não é como quando estou com o Jay, mas quando ele me beijou eu senti-...

— Uma ligação. — Taehyung continuou. 

— Sim. Você sabe do que estou falando?

— Eu sei exatamente… — o Beta contou sobre como conheceu Hoseok e Yoongi. — Assim como você e o Jay, eu já possuía uma ligação com o Hobi, muito antes do Guinho entrar pra tripulação.  Mas assim que eu vi aquela katana enorme, humhum… eu me senti atraído por ele. 

— Deve ter sido muito difícil pra você. Não se sentiu culpado?

— No início não. Eu queria os dois, fiquei com os dois. Mas são dois Alfas, com pensamentos diferentes, cada um me queria para si. Eu ignorei isso por muito tempo, mas não vá por esse caminho, vai magoá-los ou até pior…

— O que poderia ser pior?

— Podem querer matar um ao outro.

— Meu Deus…

— Mas no fim deu tudo certo como você pode ver. Seu pai me aconselhou a ser sincero, e eu fui.

— Com isso está querendo dizer que devo contar pro Jay o que aconteceu?

— Sim. O que sentiu e tudo.

— Ah, não…

— Ah, sim. 

— Foi apenas um beijo. Eu não quero ficar com os dois…

— Então fale pra ele, mas seja sincero sempre. Não deixe nada pela metade. 

— E o que exatamente você quer que eu diga? Oi Jay, como você tá? Olha, o Lian me beijou e eu gostei. 

Taehyung ergueu as sobrancelhas e olhou na direção da porta, depois para o Ômega. Jungwon sentiu todas as células do seu corpo congelar. Ele olhou vagarosamente para trás, e encontrou o Alfa parado na porta, mais do que isso, ele viu raiva e decepção nos olhos dele. 

O Alfa girou e saiu da sua vista. Jungwon foi atrás, mas assim que chegou no corredor, o mais novo já seguia com pressa descendo as escadas. Ele ainda o chamou, mas Jay obviamente não parecia interessado em ouvi-lo.

— O que eu faço?! — O Ômega voltou para o quarto.

— Dê um tempo a ele. Não há muito o que possa fazer agora, ele está magoado, decepcionado e com muita raiva. 

— Você acha que ele pode fazer alguma coisa…?

— Naah… os Alfas são muito orgulhosos, mas o Jay é um menino tranquilo… 

Jungwon sentou na cama e encostou a cabeça no ombro de Beta, que o abraçou de lado. 


🏴‍☠️


Três dias haviam se passado desde que a tripulação do Black Swan deixou o arquipélago de Arbolgreen. O tesouro estava oculto em um grande salão, no interior de um monte. Protegido por alguns explosivos que foram colocados ainda na entrada. 

Pretendiam aumentar a proteção do local, mas recebida a mensagem do filho, a prioridade de ambos os capitães foi voltar a Nabuco imediatamente.

Quando um navio de velas negras foi visto no horizonte, a notícia de que o Black Swan havia retornado a Nabuco chegou rapidamente no gabinete do Representante. Yuri estava no deque quando o navio pirata ancorou.

— Você vai me dizer que caralhos tá acontecendo aqui. — Namjoon desceu a rampa já exigindo, assim que o viu.

— Farei uma reunião hoje, na maior taberna, com todos os capitães e o Almirante — Yuri afirmou. — Tudo será esclarecido. 

— Eu acho bom mesmo. 

— Eu posso ir, pai? — Eunji puxou o sobretudo de Jungkook. — Eu quero brincar com a Zoe.

— A Zoe e a Lis não estarão presentes — Yuri informou gentilmente. — Mas você poderá encontrá-la com minha Ômega em casa. 

  — Eu pretendo analisar as torres do Forte — Jisung afirmou. Se a Marinha estivesse com segundas intenções, eles precisavam estar com a defesa pronta. — A casa da Celina fica pela Fortaleza. A Sarah vem comigo, se você quiser vir também, Eunji. 

— Sim! — A pequena pulou para junto da prima, que estava ao lado de Jisung, e cruzou os braços com ela.

— E eu fico sobrando, como sempre… — Hyun sussurrou, deu meia volta e retornou ao Black Swan.

— Ficarei guardando o navio. — Namjoon disse, o Capitão Jeon assentiu. 

Todos os capitães que estavam com seus navios ancorados na ilha, foram convocados a participar da reunião, que aconteceu na maior taberna da ilha, localizada dentro da própria Fortaleza. A taberna foi anteriormente criada para Fenn Barba-Ruiva exibir-se perante as tripulações que o serviam.

Jungwon encontrou-se com seus pais a fim de contar sua versão do que estava acontecendo na ilha, durante os últimos dias. Ele sabia que na reunião, alguns piratas iriam exagerar com seus depoimentos. 

Enquanto o Ômega contava sobre a venda do açúcar que presenciou, Capitão Jimin viu quando Jay passou direto por eles, mas ao invés de parar ao lado de Jungwon como sempre fazia, o Alfa seguiu até onde Scott estava e sentou perto dele.

— Está tudo bem com o Jay?

Jungwon notou que seu outro pai estava prestando atenção no que ele iria responder, com isso, ele adiou o assunto:

— A reunião já vai começar, depois a gente conversa. — E entrou na taberna. Jimin entrou em seguida e Jungkook foi logo atrás. 

Todas as mesas e cadeiras estavam posicionadas em círculo, para que um espaço ficasse livre no centro, e todos pudessem se ver quando estivessem debatendo. 

Cada capitão levou consigo alguns membros que considerava de sua total confiança. Jungwon ficou sentado entre seus pais, o Capitão Jeon estava do lado direito enquanto o Capitão Jimin, no esquerdo. Perto de Jungkook estavam Yoongi e Jackson, Hoseok ocupou uma cadeira atrás de Jungwon, próximo a Jimin estavam Baekhyun e Arata.

O Almirante Wo estava com os quatro oficiais que o acompanhavam, ocupando lugares do lado direito da taberna. Perto deles estavam mais alguns capitães. Do lado esquerdo do recinto, alguns piratas de todas as tripulações sentaram-se espalhados. Da tripulação do Black Swan estavam Taehyung, Chaerin, Scott, Sven e Jay, sentado entre o pai e o tio.

Jungwon olhou ansioso para Jay, o Alfa já estava olhando para ele, mas quando o viu olhando para si, logo desviou a atenção para Yuri, que seguia para o centro vago da taberna. O Ômega suspirou tristonho e olhou para o lado direito, onde encontrou Lian olhando para si também, o Alfa sorriu, Jungwon desviou o olhar para Yuri.

— Boa noite. Acredito que já saibam porque estamos aqui-... — o Representante iniciou. 

— Deixe de blá blá blá e vamos logo aos finalmente! — Capitão Joo Mentus interrompeu Yuri. — Quando essa corja vai se retirar da nossa República? 

— Pois é, eu também quero saber! — Capitã Lúcia apoiou batendo a palma na mesa. 

— Desde a época de Barba-Ruiva a Marinha enviou corsários à ilha para tratar de negócios — Yuri argumentou. — Qual a diferença agora?

— Quando Barba-Ruiva foi morto, a Marinha assumiu o controle da ilha e os piratas tiveram de migrar para Cabuga. — Capitão Marcus lembrou. — Qualquer pirata que se aproximasse de Nabuco seria capturado e preso. O próprio Capitão Jeon quase foi enforcado. 

— Não tenho nenhuma pretensão de tomar o domínio de Nabuco — Almirante Wo esclareceu. 

— Ah, claro, está escrito na sua testa que és de confiança! — Lucia bradou mais uma vez, e virou-se para o Capitão Jimin: — O que você pensa de tudo isso?

Assim como a capitã do Oasis, todos olharam para o Ômega. Mas não estava nos planos de Jimin assumir a liderança da ilha, por isso logo tratou de deixar claro:

— Eu não serei o novo Barba-Ruiva de Nabuco. Mas não gosto da Marinha frequentado a nossa República. Não confio neles.

— Não seria toda a Marinha com galeões e tudo… — Yuri alegou. — Apenas cinco oficiais acompanhando cada navio mercante. 

— Você vai lucrar bastante — disse o Capitão Jeon. 

— E com isso, poderei aumentar o valor pago pelo contrabando dos piratas. — A proposta de Yuri chamou a atenção dos ambiciosos capitães. Ele aproveitou a ocasião para concluir: — A Marinha não tem permissão para ancorar com galeões, e serão apenas cinco oficiais em cada navio mercante, acompanhando as cargas. É um bom acordo. 

— Serão revistados? — Capitão Jimin quis saber.

— É um pouco abusivo, não acha? — O Almirante sorriu. — Revistar simples marujos de navios mercantes. 

— Até onde sabemos, vocês podem trazer armas escondidas. 

— Quem, em sã consciência, esconderia armas em barris de rum?

— Ai, que maldade… — Taehyung lamentou.

— Concordo com o Capitão Jimin. — Yuri afirmou. — Se quiser que o acordo continue de pé, Almirante Wo, esses são os novos termos.

— Tudo bem. Como seria essa revista?

— Dois Alfas de cada tripulação — Yuri olhou para Jimin e se corrigiu: — ou Ômegas — o Capitão assentiu, Yuri continuou: — e mais dois Alfas de minha confiança farão as vistorias. 

— Serão educados, eu suponho. Nada de violência.

— Se eu soubesse que esse sujeito é tão frívolo, eu teria trazido flores para ele — Jackson comentou com Yoongi, sem se importar que seu tom de voz estivesse alto.

Houve algumas risadas entre os piratas. O Almirante Wo pigarreou antes de comunicar:

— Estou de acordo com os novos termos.

Enquanto os capitães assinavam o acordo com Yuri, bem como o Almirante Wo, Jay se levantou para se retirar sem ao menos falar com Jungwon. Scott percebeu a saída repentina de seu filho e foi atrás. Ele o encontrou do lado de fora da taberna.

— Por que a pressa? 

— Quero voltar pro navio mais cedo.

— Mas e o Jungwon? Não vai esperar por ele? 

— Eu tenho que ficar o tempo todo atrás dele só porque ele é filho dos capitães?

— Desde quando você fala assim comigo? — Scott franziu o cenho, se aproximando um pouco mais. — O que há de errado? Converse comigo.

— O Capitão Jeon não pode saber… 

Scott olhou para os lados e viu algumas alternativas de lugares mais reservados para conversar. Jungkook ainda estava na taberna assinando os papéis, assim como os demais capitães. 

O Alfa puxou o filho consigo, para continuar a conversa debaixo do alpendre de uma pousada, onde ficaram ocultos pelas plantas que ornamentavam o saguão.

— Pode falar. 

— Jungwon e eu estamos meio que namorando escondido…  

— Quê!?

— É, aconteceu…

— Ele tá grávido, é isso?! 

— Não! A gente nem… Aconteceu da gente gostar um do outro. 

— Ah… — Scott suspirou aliviado. 

— Pensei que estava tudo bem, mas aí um Alfa beijou ele, e ele ainda disse que gostou.

— Ele falou isso pra você?

— Não. Eu ouvi ele falando pro Taehyung.

— E o que mais?

— Não sei, eu não quis mais ouvir. Me senti um idiota e sai correndo.

— E você não quer ouvir uma explicação dele?

— Não! Eu já ouvi o suficiente. Afinal, de qual lado você está?

— Do seu, por isso estou fazendo essas perguntas. O quanto você gosta dele?

— Muito…

— Escuta, filho — Scott apoiou a mão no ombro dele. — Você tem todo o direito de estar bravo, e de não perdoar. Mas lembre-se que, quando você nega uma segunda chance ou até mesmo a oportunidade de alguém se explicar, isso pode ser tirado de você também. Não esqueça que todos erramos, você não está isento disso.

— Você acha que eu devo ouvir e perdoar ele?

— Eu acho que você pode tentar ouvir o que ele tem a dizer, e aí decidir o que seu coração mandar. Mas se quer saber a minha opinião, se ele procurou conselhos do Taehyung, é porque não quer magoar você.

Alguns grupos de diversas tripulações deixaram a taberna onde ocorreu a reunião, dispersando-se pelas ruas. Scott e Jay fizeram o mesmo, saindo debaixo do alpendre e seguindo para o Black Swan.

Assim como Scott, Jimin também notou a mudança no comportamento de seu filho com Jay. Ao deixarem o estabelecimento, ele acompanhou Jungwon à medida que ambos retornavam para o navio.

— Vai me contar agora o que está havendo entre você e o Jay? — O Capitão perguntou abraçando o filho de lado, pelos ombros, enquanto caminhavam.

— Estamos juntos… sabe?

— Sim.

— Então, aí… quê?! Como você sabe?

 Jimin sorriu esperto. 

— Eu sei, até seu pai sabe.

— Ai meu Deus, se o Jay souber disso ele morre.

— Seu pai gosta do Jay, por isso ele ainda está vivo. — Jimin brincou. — Mas o que se passa?

— O Lian me beijou… — o mais velho arregalou os olhos. — E eu gostei… — a cada confissão, Jimin fazia uma expressão diferente. — Eu contei pro Taehyung e o Jay acabou ouviu.

— Ah, não. Jungwon… 

— Eu sei — suspirou tristonho. — Agora ele vem me ignorando desde então.

— Eu não tiro a razão dele, meu amor… Mas eu sei que quando essa raiva passar, ele vai conversar com você. Abra seu coração, seja sincero. 

— Acho difícil ele querer falar comigo.

Jimin o beijou na bochecha carinhosamente.

— Tudo vai se resolver, meu bolinho.

— Faz muito tempo que você não me chama assim — Jungwon sorriu. 

Era tudo o que Jimin queria ver, aquele sorriso que tanto se parecia com o de seu Alfa. Jungwon ficava muito mais bonito com uma expressão alegre, do que um semblante melancólico.

Os dois continuaram seguindo em direção ao Black Swan, onde se encontraram com Namjoon e outros bucaneiros. Logo, os que participaram da reunião também estavam de volta. 

Quando voltou para o navio, Jay ajudou Scott com alguns serviços no convés. Pela idade que tinha, ele era considerado um grumete. Sempre auxiliava os demais bucaneiros no que precisavam, fazendo de tudo um pouco.

Enquanto ajudava seu pai a prender as velas nas retrancas, ele pensava na conversa que teve com o mais velho, e decidiu que daria uma chance a Jungwon, para que se explicasse. Quando terminou o serviço, ele desceu até o quarto do Ômega e bateu na porta.

— Oi? — Quem abriu foi Hyun.

— Oi — Jay sorriu para ele. — Pode chamar o seu primo?

Hyun assentiu, sorridente. Ele abriu um pouco mais a porta, e o Alfa pode ver Jungwon sentado enquanto devorava um livro, completamente alheio ao que se passava ao redor. O lúpus sequer percebeu a presença do Alfa, até o pequeno loirinho chamar:

— Jun, olha quem tá aqui.

— Hm? — Jungwon quase deixou o livro cair quando olhou na direção da porta. — Jay!?

— Tem um minuto?

— Sim! Hyun, pode esperar um pouquinho lá fora?

O menino deu de ombros e deixou o cômodo. 

— Quer explicar o que aconteceu entre você e o Lian?

Jungwon estava com as mãos inquietas, mexendo nos próprios dedos, sem saber ao certo o que falar. Queria dizer tudo, mas não sabia como começar.

— Estava procurando maçãs pro Krazinho, mas não tinha moedas suficientes, aí o Lian me chamou pra roubar algumas…

— O Lian, roubando maçãs?

— É, também achei estranho… Então ele me levou até um pomar cheio de macieiras. Aconteceu da gente ficar preso em um dos depósitos…

— E aí ele te beijou.

 — Mas eu não esperava. Fui pego totalmente de surpresa.

— Nós dois sabemos que você poderia impedi-lo.

— Sim, ele nem ao menos sabia que estávamos juntos. Eu sou o único culpado.

— Só piora a cada segundo… — o Alfa riu sem graça. — Era só isso?

— Não. 

— Ah, é claro. Como eu poderia esquecer? Ainda tem a parte que você gostou do beijo.

— Sim, é verdade… fiquei sem reação a princípio, só deixei acontecer. Foi como se eu estivesse ligado a ele, não conseguia parar. Mas também senti algo dentro de mim, como uma força me puxando contra.

— Deve ter sido sua consciência. 

— Era você. Como um sinal claro na minha mente. E então eu me afastei.

— Você está confuso?

— Não! Sei muito bem o que sinto por você.

— E pelo Lian?

— Eh… eu… e você? O que sente por ele?

— Eu? Que tipo de pergunta é essa? A questão aqui são vocês dois.

— Não. Nós três somos a questão. Você me perguntou o que sinto por ele, estou jogando a pergunta de volta.

— Jeon Jungwon — o Alfa cruzou os braços. — Eu te conheço… você está tentando fugir da resposta.

— Eu só estou tentando entender o que você teria feito no meu lugar. — O Ômega também cruzou os braços.

— Se o Lian me beijasse? — Ele perguntou abismado. — Eu teria vomitado! Credo! Somos Alfas, que nojo.

— Está sendo preconceituoso. Hoseok e Yoongi se relacionam.

— Sim, mas eles tem um Beta entre eles que..  — Jay parou de falar repentinamente. Havia um Ômega entre ele e Lian. — Meu Deus…

— O que foi?

— Nada! Nada, nada, nada… esquece. Mas reforçando o que eu havia dito, nada contra, mas não curto esse tipo de coisa. Se o Lian vier me beijar eu vou dar um socão na cara dele. Eu juro. É serio, não gosto de Alfas.  

— Você reafirmando isso tantas vezes prece até que tá tentando se convencer… — Jungwon foi pego de surpresa quando o mais novo avançou contra si. Ele recuou sem perder o contato visual, até ter as costas pressionadas contra a porta. — Ui…

— Quer que eu te mostre o quanto gosto de Ômegas?  

Jungwon sorriu, assentindo devagar. Ele se entregou completamente quando Jay o beijou. Sem pressa, mas com fervorosidade. Abrindo caminho lentamente através da boca do Ômega. 

O mais novo envolveu seus braços em volta do corpo de Jungwon, mantendo-o mais próximo, pressionando o corpo contra o dele. As mãos do Ômega acariciavam os ombros do mais alto.

Jay afastou-se interrompendo o beijo, e observou o Ômega ainda com os olhos fechados, mas com a boca ligeiramente aberta e um sorriso malicioso.

— Isso significa que eu fui perdoado? — Ele indagou olhando-o, encarando profundamente os olhos verdes do mais novo. 

Qualquer raiva que estivesse sentindo daquele Ômega, desapareceu no momento em que o beijou. 

— Sabe que sim… mas você ainda não respondeu minha pergunta. O que sente por ele?

— Eu gosto dele. — “Seja sincero, abra seu coração”, Jungwon se lembrou dos conselhos que recebeu. — Ele me atrai, como… não sei explicar.

— Ele é bonito, tem um corpo atraente. Eu sei, pode falar. Também reparei nisso. 

— Também reparou, é? — Jungwon estreitou os olhos.

— Sim. Como qualquer outra pessoa que olha para ele — Jay deu de ombros. — Normal.

— Jungwon, vai demorar muito? — Hyun bateu na porta. — Quero pegar meu caderno de desenhos.

O Alfa se afastou para que o mais velho pudesse abrir a porta. Jungwon abraçou o primo quando este apareceu diante de si.

— Desculpa, Hyun… pode entrar. Seu caderno está bem ali. — O pequeno entrou, pegou o objeto e deixou o cômodo logo em seguida. Jungwon virou-se para o Alfa: — É melhor você sair também. Meu pai vira bicho se souber que está no meu quarto.

— Eu deveria falar com ele sobre o que sinto por você.

— Não precisa, ele já sabe.

— Por que você não me disse nada?!

— Eu não sabia. Papai que me contou hoje mais cedo. 

— Então ele não se importa mesmo? Porque, sei lá… ele coloca pra correr qualquer Alfa que chegue perto de você.

— Você não é qualquer Alfa. Ele sabe disso.

— É, mas ele me assustava bastante quando eu era criança. — Jay se corrigiu no instante seguinte: — Ainda me assusta.

— Porque você o vê como o terrível Capitão Jeon. Meu pai não é exatamente o que demonstra. Ele é muito gentil e atencioso. Você vai perceber que ele não é tão assustador assim, quando começar a enxergar ele apenas como Jungkook.

— Se eu chamar teu pai desse jeito, é capaz dele acerta uma na minha cara, que minha cabeça vai girar por três dias.

Jungwon riu alto. 

— Para. Também não é assim…

 O Alfa também riu. Havia exagerado de propósito. Estava feliz por ter feito as pazes com o Ômega. O menor foi sincero, e embora estivesse um pouco confuso em relação a Lian, Jay tinha certeza que Jungwon sabia exatamente o que sentia por si. Naquele momento, isso era o que mais importava.

🏴‍☠️

Alguns dias passados após a reunião, onde foi estipulado as condições para que a Marinha chinesa pudesse fazer comércio em Nabuco, o Almirante Wo finalmente deixou a ilha para comunicar ao Imperador, que a primeira fase de seu grande plano foi concluída com sucesso.

Lian e demais oficiais permaneceram em Nabuco, posto que eles ainda não tinham conhecimento das intenções que se escondiam por trás daquele acordo. Estavam ali apenas para anotar os registros e repassar as cargas que fossem enviadas.

Os quatro oficiais estavam no deque, prontos para tomar nota do que havia sido enviado pela China, quando um casal de piratas chegaram exatamente para fazer a vistoria que foi acordada. 

— Quando a gente terminar, vocês podem fazer a vistoria que quiserem. — Bruce, como sempre, estava dificultando as coisas.

— Faremos a vistoria primeiro — Chanyeol afirmou. 

— Podem ir. — Lian abriu caminho.

— Sai. — Baekhyun exigiu, pois Bruce ainda estava barrando sua passagem.

O oficial encarou os olhos do assassino, e apesar de sempre implicar com todos em qualquer ocorrência, com o ruivo ele não teve essa mesma coragem. Bruce deu um passo para o lado, sem expressar uma palavra.

Após a demorada inspeção, os piratas concluíram que não havia nada de suspeito naquele navio, e o liberaram. Após o repasse, os oficiais não tinham mais nada a fazer, a não ser aguardar por outras embarcações. Aquela teria sido apenas a primeira. 

Da proa do Black Swan, Jay viu alguns oficiais parados ao longo do píer. Ele reconheceu Lian ao lado de Bruce, que aparentemente estava perturbando o mais novo. 

— Olha só quem tá ali — o Alfa chamou Jungwon, que estava sentado em uma pequena caixa de madeira.

— Quem? — O Ômega se levantou. — Ah, é o Lian e aquele oficial Seboso. Como é o nome dele mesmo? 

— Também não lembro, mas gostei do nome que você deu. — Os dois trocaram olhares divertidos e riram.— Parece que estão se desentendendo.

— Vamos ver. — Jungwon desceu do navio, sendo seguido pelo mais novo.

Assim que chegaram mais perto já era possível ouvir os insultos e acusações, por parte de Bruce.

— Idiota! Se ficar colaborando com os piratas só vai fortalecer a ideia de que somos perdedores!

— E não é o que são? — Bruce sentiu chamas saírem de seus poros, quando ouviu a provocação de um Alfa bem atrás. Ele girou devagar, para encontrar Jay e Jungwon parados, observando a cena.

— Era só o que faltava — Bruce riu sem graça. — Ninguém chamou vocês aqui. Eu tô muito estressado. Pro seu bem, acho melhor dar o fora daqui.

— Ninguém vai a lugar algum — Jungwon afirmou, cruzando os braços. — Você não se cansa de criar problemas? 

Bruce rosnou, apoiando a mão no cabo da pistola. Ele não a removeu, mas avançou cheio de fúria na direção de Jungwon. Jay deu um passo a frente para enfrentá-lo, mas antes disso, um tentáculo surgiu da água e enroscou-se em Bruce, erguendo-o do chão.

Jiang e Tiff puxaram suas armas para disparar contra a criatura, mas outros dois tentáculos emergiram e chicotearam contra as oficiais, jogando-as para trás, onde caíram ligeiramente desorientadas.

Bruce, por sua vez, foi lançado um pouco mais distante, indo parar de cabeça para baixo dentro de uma lata de lixo.

O Kraken, não atacou Lian, retornando suavemente para as profundezas do cais.

— Você é genial! — O Alfa mais novo riu.

— Não foi eu… — Jungwon esclareceu, também rindo do ocorrido. — Mas eu vou dar muitas maçãs pra ele, depois dessa.

— Ele merece aquele pomar inteiro. — Lian afirmou sem pensar. Ele mesmo percebeu que não devia ter dito aquilo, e riu sem graça. — Então…

— Pois é… — Jungwon olhou para o céu. — Será que vai chover hoje?

— Não sei, mas olha aquela nuvem ali — o oficial mostrou duas nuvens que antes pareciam duas árvores, mas se moveram e agora pareciam um casal se beijando. — Deixa pra lá…

— Eu tive uma ideia. — Jay propôs, cortando a tentativa dos outros dois de deixar a atmosfera menos desconcertante. — E se a gente recriar aquela brincadeira que fizemos no quarto do Lian?

— Que eu fui o Almirante e vocês dois os piratas?

— Sim.

— Pode ser divertido — Jungwon disse. — Eu continuo sendo o capitão…

— Na verdade, Jun — o mais novo interrompeu —, eu gostaria de ser o primeiro. Naquela época eu era muito pequeno e perdi fácil. Eu tenho direito a uma revanche.

— Será que ele guarda rancor? — Lian brincou. — Por mim, tudo bem.

— Vou buscar três espadas de madeira que minha irmã e meus primos possuem, para os treinos.

— Não precisamos disso — Jay desembainhou a espada. 

— É perigoso, mesmo que sejam habilidosos alguém pode se machucar.

— Tem medo de se machucar, Lian? — O Alfa mais novo sorriu de forma provocativa.

— Até parece. — Sorriu de volta, removendo da bainha a própria espada. 

Jungwon olhou de um Alfa para o outro. Os dois se encaravam sorrindo, porém, desafiando um ao outro pelo olhar.

— Pra quem você vai torcer? — Lian perguntou. 

— Pro meu contramestre, é claro — Jungwon beijou o rosto do mais novo.

— Só por causa disso eu irei vencer — o mais velho disse brincando, fazendo os outros dois rirem também.

— O que você diz são apenas palavras — Jay se colocou em posição. — A não ser que as torne realidade.

Quando Lian caminhou até ficar a cerca de 10 metros de distância dele, Jungwon saiu deixando o espaço disponível para que os Alfas pudessem lutar livremente. Ele subiu e sentou em uma das caixas de madeira no deque, para assisti-los.

O primeiro ataque veio por parte do mais novo. Jay lançou a espada que facilmente sofreu um desvio quando Lian posicionou a sua, em defesa. 

A luta a princípio parecia equilibrada, Lian segurava a espada com as duas mãos, para impor mais força em seus movimentos. Enquanto o mais novo segurava com apenas uma só mão. A espada dele era leve, mas possuía o metal bastante afiado.

Aquela arma foi desenvolvida a mando do Capitão Jeon, que presenteou seu pequeno aprendiz atento ao desejo do mesmo, de lutar como Scott: a espada na mão e uma pistola na outra. Contudo, naquela ocasião em particular, o uso de armas de fogo estava obviamente fora do embate.

Ambos andavam em círculos, com suas espadas posicionadas, buscando uma abertura para atacar um ao outro. Lian notou que seu adversário estava mais próximo da água, com isso, ele se aproveitou da posição do mais novo para lhe infligir, mas Jay tinha plena noção de seu espaço, e se abaixou movendo-se para outro lugar, sempre mantendo a espada por cima de seu corpo. 

O Alfa recuou alguns passos enquanto Lian desferiu mais golpes, buscando desestabilizá-lo, assim como fez contra o pequeno de 6 anos, que lutou consigo há algum tempo. Mas Jay não era mais aquele garotinho. Durante o combate, ele percebeu que, depois que Lian investia contra ele, sempre retornava com menos vigor, para logo em seguida se recuperar e atacar novamente.

Foi então que o mais novo esperou o outro lançar seu ataque contra si, e quando Lian recuou para recuperar-se, Jay moveu sua espada de modo a fazer o oficial da Marinha perder o controle de suas mãos e soltar a arma instantaneamente. 

A espada de Lian caiu no chão de madeira, mas ele não deu atenção. Estava ocupado recuando dos ataques que Jay ainda lançava contra ele. Quando o Alfa mais velho sentiu suas costas batendo contra algo sólido, ele viu quando uma lâmina passou velozmente deslizando para dentro da madeira, bem ao lado de sua cabeça. 

Lian moveu os olhos para o lado e viu a espada cravada na árvore, onde ele se apoiou. Ele tornou a olhar para o mais novo, que o encarava intensamente.

— Ele te contou, não foi?  

— Sim. — Jay manteve o olhar fixo no dele.

— Em minha defesa, eu não sabia que estavam juntos.

Jay puxou a lâmina, fazendo algumas lascas de madeira saírem junto. Lian não se moveu.

— Agora você sabe. 

O mais novo se afastou quando percebeu que Jungwon se aproximava. Lian arrumou o uniforme que estava desalinhado.

— Está tudo bem aqui?

— Eu venci. — Jay sorriu para o Ômega.

— Eu vi. — Sorriu de volta.

— É claro que você venceu, eu baixei a guarda. 

— Não seja mau perdedor. Ele foi treinado pelo meu pai. O Jay é muito forte.

— Tudo bem — Lian ergueu as mãos e brincou em tom de ironia: — Eu tiro meu chapéu para o Jay, e sua bela espada. 

— É inveja? — Jay sorriu para ele. — Porque a minha é maior que a tua?

Jungwon ergueu as sobrancelhas e olhou para Jay, chocado com a afirmação que soou em duplo sentido. Lian riu, caminhando até ficar de frente ao mais novo.

— Você quer medir?

— Ai, Deus… eu não tenho que ouvir essas coisas… — Jungwon girou ocultando o rosto envergonhado, e se retirou. — Quanta infantilidade!

Os dois riram observando o Omega se afastar, ainda resmungando. 

— Ele é muito fofo, não é? — Jay perguntou sem tirar os olhos do menor.

— É sim… escuta, Jay — Ele o chamou. Tendo a atenção para si, o mais velho prosseguiu: — Se você quiser eu posso ficar longe dele.

— Por que eu iria querer isso? Já conversamos e resolvemos. Não precisa se preocupar.

— E você diz isso tranquilamente depois de quase enfiar uma espada no meu olho?!

— Desculpa… — Jay começou a rir pelo jeito dramático que o outro falou. — Meu lobo estava muito bravo…

— Eu percebi.

— Você baixou a guarda mesmo?

— Não. Eu fui com tudo. Você realmente me venceu — ele bagunçou os fios castanhos do cabelo do outro. — Parabéns pirralho.

— Não me chame assim! Tenho quase dezessete.

— Uau!

— Eu entendi a ironia dessa vez — Jay rolou os olhos e cruzou os braços. O outro riu.

— Falando sério agora — ele apoiou a mão no ombro do mais novo. — Você tá muito habilidoso, me deixou impressionado. 

Lian estava muito próximo. Jay podia sentir perfeitamente o aroma de sândalo que provinha dele. O olhar do mais velho era tão intenso, que ficava difícil manter contato por muito tempo. 

Jay notou a mão do outro ainda em seu ombro, e como se não bastasse, ele se lembrou da conversa que teve com Jungwon, sobre o relacionamento entre Alfas. 

— Lian… — ele olhou para a mão dele e depois para o próprio. — Você não vai me beijar, né?

— E se eu for? — Brincou. Jay arregalou os olhos. Lian riu da expressão dele. — Eu tô brincando! Já pode voltar a respirar.

Lian removeu a mão do ombro dele e se afastou, ainda se divertindo pela reação do mais jovem. Jay sorriu nervoso. 

— Mas você cresceu e ficou mesmo uma gracinha... — Lian provocou, observando o outro de baixo acima.

— Eu vou te mostrar a gracinha! 

Lian riu contornando a árvore, e fugiu do mais novo, tomando a direção seguida por Jungwon.

Continua…


Eu não tenho dias certos pra atualizar, não sei quando acontece a próxima atualização :') mas com o desenvolvimento de um dos brindes da pré venda q ta sendo um pouco mais complexo (Larie mistérios ksksks), eu acredito que a próxima att de Diário de Bordo só vai sair depois do lançamento do livro de Black Swan >> Cisne Negro 🖤 que sera dia 07/05 :3 até lá 💗

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