Algumas semanas se passaram depois do primeiro beijo dos dois vizinhos. E depois daquilo, ambos faziam questão de se verem de noite para conversaremm e, às vezes (sempre), trocarem alguns beijos também.
Minho havia voltado ao trabalho e já estava praticando as coreografias que faria backdance, então, agora era mais difícil ver Jisung de noite, já que ele chegava mais tarde da noite do que o outro.
Jisung estava vivendo seus dia de glória, literalmente. Se sentia nas nuvens só de pensar em Minho. E o outro não estava diferente, se sentia enérgico para executar qualquer passo de dança e os fazia sempre com um sorriso no rosto.
Dois bobos apaixonados.
Naquela sexta feira, Jisung chegou mais cedo e foi direto para o apartamento de Lino, mesmo sabendo que esse ainda não havia chegado. Preparou arroz e kimchi para ambos, enquanto ouvia algumas músicas.
Embora o som estivesse meio alto, Jisung ouviu o telefone fixo da casa tocar, achou meio estranho – já que este, dificilmente tocava –, mas logo foi atender.
— Ah, Appa!?
— O-oi, quem é? — Jisung gaguejou meio confuso.
— Puxa, você não é meu appa. Mas você conhece ele, né? Porque esse é o número dele! Eu tenho certeza.
— Qual o nome do seu appa?
Jisung estava começando a suar frio e sabia que era porque estava, claramente, suspeitando que aquela fosse Sophie, filha de Minho.
— É Lee Minho! Você conhece ele?
— Conheço. Conheço, sim. Você é Sophie, então?
— Ah, você sabe meu nome? Meu appa falou de mim pra você?
Jisung sorriu, Sophie era muito elétrica ao telefone.
— Falou muito.
— Puxa, eu queria ir ver ele. Mas a omma disse que agora ele não é mais meu appa, porque eu tenho um novo appa. Só que aquele moço não é meu appa, não. Meu appa é o meu appa. — A garota disse confusa.
Apesar de ter quatro anos, Sophie falava com clareza e muito bem.
— Como assim? Outro appa?
— Sim. O nome dele é Taeyong, eu não gostei dele porque ele disse que Harry Potter não é bom. Meu pai disse que quem disse isso é trouxa e eu tenho certeza que ele é um. Ele é namorado da minha omma. Ah, qual seu nome Oppa?
Jisung engoliu em seco, Minho demoraria para chegar? Sua filha estava ao telefone e ele não estava ali para falar com ela...
— Jisung.
— Nome bonito! Mas, Oppa, cadê meu pai?
— Tá no trabalho.
— Você pode dizer pra ele que eu liguei? Minha mãe não me deixa falar com ele, então eu peguei um telefone velho aqui e tentei ligar pra ele agora porque ela saiu. Oppa, diz pra ele vir me buscar. Eu não quero mais ficar aqui. É chato e ninguém na escola nova gosta de Harry Potter!
Jisung sentiu um bolo se formar na garganta. Se perguntou onde estaria Sophie...
— Quando ele chegar eu digo, sim. Mas, Sophie, você sabe em que cidade vocês estão?
— Uhum! Mamãe disse que é Busan. E que é muito longe pro meu pai vir me buscar. A gente mora num prédio grande e muito bonito que é de frente pra padaria do tio Jooheon. — Ela conta, observadora como era, contando os detalhes que lembrava e havia anotado na mente, tudo para dar detalhes ao pai assim que pudesse ligar para ele ir buscá-la.
Jisung anotou as observações imediatamente.
— Certo, Sophie. Sua mãe está em casa?
— Não, ela saiu e só volta nove e meia, agora são nove e oito, então ela deve estar no caminho.
Jisung notou que Sophie era mesmo diferente das outras crianças. Além de observadora e tagarela, sabia calcular de forma exata as coisas.
— Consegue ficar na linha por mais alguns minutos ?
— Não sei, Oppa... Você acha que precisa de mais pistas pro meu pai saber aonde eu tô? É isso?
— Sim. Quanto mais pistas, melhor. Do que sua mãe trabalha? Você sabe?
A linha ficou muda por alguns minutos e Jisung pensou seriamente se a ligação havia caído ou Sophie havia desligado.
— Não sei. Ela nunca diz. Mas moramos em um prédio muito bom e caro. O namorado dela tem uma Porshe, sei disso porque é o sonho do meu pai ter uma Porshe. E ela vive dizendo que sempre quis me ter, que ama ser minha mãe, mas ela só fala isso na frente do Taeyong, quando está só nós duas ela reclama do meu cabelo e das minhas roupas, além de falar que deveria ter me deixado com meu pai mesmo. Se ela me ama, porque não gosta do meu cabelo e das minhas roupas, Oppa? Por que ela não me levou de volta pra ficar com meu pai?
— Não sei, pequena. Mas prometo que eu e seu pai vamos tentar encontrar você, okay?
— Tá bom, Oppa. Diz pra ele que eu amo muito ele e tô com saudade.
— Tá bom, vou dizer.
Quando Jisung pensou que ela iria desligar ela exclamou de repente.
— Oppa, espera! Eu lembrei de uma coisa! Amanhã nós vamos no parque Yongdusan!
— Já é muito importante, Sophie. Vamos dar um jeitinho, tá bom? Não se afoba, nem conta pra sua mãe sobre a ligação, tá?
— Tá bom. Não vou-
A ligação é cortada por algum motivo e, depois, finalizada. Jisung respirou fundo, precisava resolver isso rapidamente com Minho. Céus, Minho! Ele ficaria feliz com aquilo, a filha estava dando sinal de vida e dera os caminhos exatos para os dois.
Quando Jisung pensou nesse, ele entrou pela porta da sala com a mochila nas costas e um semblante confortável. Assim que viu Jisung, não pode evitar de sorrir, foi logo em direção aos braços do outro e se aconchegou ali.
— Hmm, que cheiro é esse? Tá cozinhando o quê? — Ele pergunta.
— Comida. Pedra que não é. — Jisung brinca.
Minho acaba rindo, porque eles tinham jeitos diferentes de estarem apaixonados.
— Que bom, né? — Ele brinca também.
— É arroz com kimchi, besta. — Han responde, deixando um selinho nos lábios dele. — Posso só conversar com você antes de você tomar banho?
Minho ficou preocupado. Han havia mudado repentinamente o semblante para sério e isso deixou Lee, realmente, preocupado.
Será que ele vai terminar o que nem tem nada pra terminar? — Ele pensou.
Jisung fez ele se sentar no sofá e se sentou ao lado dele. Agarrou, primeiro, sua mão, depois olhou em seus olhos, então, reunindo muito fôlego, contou toda a conversa que teve com a filha dele.
Minho não tirava os olhos dos de Jisung, que contava tudo com calma. Quanso este terminou, o mais velho ficou em silêncio e depois abriu um sorriso imenso, daqueles que transmitiam tanta felicidade...
— Jisung, minha filha tá bem! Meu Deus! Minha filha tá bem! — Ele disse animado.
Jisung sabia da apreensão de Minho com a filha. Do medo dele de ter a perdido para sempre.
— Ela tá, hyung! — Jisung retribuiu a animação do outro.
— Meu coração de pai se sente aliviado, mas ainda me sinto mal por não poder vê-la. Não sei se podemos simplesmente sair daqui pra Busan e chegar de surpresa no parque, Sungie... — Minho deita a cabeça no colo de Jisung. — Eu precisaria entrar com um processo pra ter a guarda dela e sei que esses processos às vezes são demorados.
— Você não deveria pensar tão negativo, hyung... — Jisung respondeu acariciando os cabelos de Minho.
— Eu sei, mas... Nayeon agora está com condições legais, né? Sophie mesmo disse, o namorado dela tem uma Porshe e elas moram num apartamento caro. E se eles me perguntarem e eu responder que moro num apartamento que não é meu, não tenho carro e sou deserdado da família? O que vai acontecer, Jisung? — Minho argumentou.
— Você sabe que a opinião dela, Sophie, importa também, né? Ela já deixou claro que prefere morar com o pai.
Minho suspirou.
— Na verdade, nem sei porque tô me questionando isso... Óbvio que eu quero minha filha de volta! — Ele diz. — Então, é melhor lutar pela guarda dela, do que não tê-la.
Jisung sorriu, realmente orgulhoso. Minho entrelaçou seus dedos nos de Han e ali os deixou, realmente confortável onde estava e sentindo que realmente só faltava sua filha para ele ficar 100% bem.
Depois de ter tomado banho, ambos se sentaram na mesa e comeram juntos.
— Você falou que é deserdado da família, como assim? — Jisung quis saber.
— Depois que eu larguei a faculdade de administração pra estudar na K-Arts e me assumi bi eles simplesmente decretaram seu desamor pelo filho mais velho. — Ele contou simples. — Então, faz tipo... três anos que não vejo eles nem falo com meu irmão.
— Desculpa? — Jisung disse, como se não tivesse entendido. — Mas só porque você trocou o curso e se assumiu?
— Sim. Mas também não liguei muito não, já tava louco pra sair do pé deles, então vim pra cá com a Sophie. E bem, minha filha também era um problema pra eles, às vezes. Eles não queriam que eu fosse pai tão cedo.
— Já parou pra pensar no quão contraditório os pais podem ser? Alguns mandam as filhas embora porque engravidou, sendo que eles próprios tinham filhos aos dezessete ou quinze! — Han contou. — Minha mãe me teve com dezesseis!
— Isso era falta de uma boa Netflix. — Minho brinca.
— Também acho errado o "não aceitar" o filho por ser gay. Ah, vai pra porra!
— Jisung?
— O que? É a verdade, Ué! — Se defende o mais novo. — A gente passa uns quinze anos tentando se aceitar do jeito que é, aí eles que descobrem no momento não podem aceitar? Meu cu, né!
Minho gargalha.
— Para de rir, isso não é caso de rir, Lee Minho! Minha mãe foi desse jeito, hoje em dia eu mando ela ir catar abóbora no asfalto.
O Lee para de rir, com medo de, na verdade, levar umas bofetadas.
— Somos dois que não dão certo com a família, então? — Minho faz graça.
— Com certeza. Almas gêmeas.
— Almas gêmeas. — Minho responde, sorrindo.