Torta de Maçã (TobiIzu)

By _rayhxx

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Izuna Uchiha é o filho mais novo de um dos maiores e mais ricos marqueses da cidade de Viena no século XIX, q... More

Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Epílogo

Capítulo 8

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By _rayhxx

— Tobirama?

O chamado foi feito em meio à admiração, um olhar direcionado para a frente, para as flores, para seus brotos e pólen.

— Sim, Izuna?

— O que você queria ser quando criança?

Sua cabeça finalmente virou para Tobirama, as mãos enveludadas para trás do corpo enquanto permaneciam em pé, um do lado do outro. O Senju ainda fitava seu norte, entretido demais com a abelha que pousou em uma das pétalas de murta do jardim da casa de Izuna.

— Eu não sei. — respondeu o loiro, ainda atento aos movimentos naturais nos arbustos cheios — Na verdade, acho que a única coisa que eu desejava quando mais novo era ficar com meus irmãos. Tenho quatro. — ele sorriu ao falar, finalmente virando para o observar também, corando um pouco; mas sem quebrar o contato visual. Ele estava um pouco mais corajoso ultimamente. Isso era bom

— Você é o mais velho?

— Sou o mais velho do meio. — explicou — Não os via muito quando menor, porém, os vejo muito agora que voltei para a França.

Seus olhos cintilaram de curiosidade, o maior quase pôde ver estrelas em seus olhos e riu baixo por isso, quase uma tosse disfarçada. O Uchiha bradou vitorioso em sua mente, sabia que ele tinha nascido ou ao menos vivido por um tempo no exterior. Seu sotaque o entregava — por mais que agora estivesse meio fraco por sua convivência com franceses à meses.

— Como assim? — perguntou, excitado, se aproximando um pouco mais

A vergonha do carteiro finalmente se mostrou, e agora ele se pôs a desviar o olhar, virando o rosto para este não ficar tão perto do Beaufay. Sua face enrusbeceu e agora ele fitava o chão. A decepção já veio rápido para o interior do moreno, que já sabia que Tobirama recuaria. O Senju riu forçadamente e baixo.

— Acho que já respondi muitas das suas perguntas hoje, Izuna. — deu de ombros, os deixando encolhidos em seguida ao se afastar — Quem sabe outro dia.

O menor bufou solitário, voltando a olhar emburrado para frente quando o olhar do louro logo voltou a sua direção. Este observou os traços de Izuna, seu maxilar firme, o nariz reto e arredondado, seus olhos finos como pedras preciosas em meio a luz do sol e a boca grossa como os lábios de um príncipe encantado charmoso de livros românticos. Falando com honestidade, o Uchiha tinha seu charme exclusivo. Seus cabelos eram tão belos quanto o ondas do mar em meio a uma noite escura, um céu noturno cheio do brilho das estrelas, volumoso por suas nuvens macias como os fios dele. Eles chegavam até a cintura mais ou menos, presos por alguma armação simples com sua franja ainda batendo no rosto.

Tinha ido ali somente o visitar de novo, e acabou passando tempo demais, até o sol atingir seu ponto de partida, o céu alaranjado sendo tudo que iluminava o ambiente. Por sorte, as nuvens estavam distantes; não iria pegar chuva em seu caminho para casa.

O Beaufay então, percebendo a atenção sobre si, virou o rosto a tempo de ver o mais alto alternar o dele para a direção oposta. O observou por alguns segundos; a face rígida e quente, vermelha como o céu que os rodeava. Seus cabelos balançaram minimamente com a brisa que passou, os olhos tremeram, brilhantes e rubros como rosas murchas. A roupa de tons bege lhe caía bem, se misturando de forma elegante com a pele clara realçada pelos últimos raios solares. Ele era bonito...

— Senhor Beaufay.

O chamado o fez virar o rosto repentinamente, quase como se tivesse levado um susto com a presença inusitada de Heather — não que não estivesse. A Remy os olhava estranho, seriamente, como se tivesse reprovação em seus olhos, especialmente para o carteiro, como se ele fosse algum tipo de erva daninha em meio a uma plantação de flores.

— Está anoitecendo, é melhor entrar. — pronunciou, a voz de uma avó mandona. Então, ela se virou para Tobirama desta vez — E o senhor Senju deveria voltar para casa, também.

— Heather tem razão, Tobirama. — disse o moreno, assentindo com a fala da mulher — Sua casa é longe, vá logo antes que fique perigoso.

O Senju anuiu, concordando ao pôr o chapéu novamente na cabeça e ser guiado até a entrada da casa, se despedindo do mais baixo e seguindo seu caminho.

×××

Delilah riu, agraciando a cabeça de sua irmã mais nova com a mão. Esta brincava com alguma boneca de sua coleção, fazendo sons engraçados em meio a isso. Estava conversando com a mãe, esta, estava fazendo algum bordado num lenço, provavelmente um para uma de suas irmãs. Seu pai não estava, tinha ido até o banco para supervisionar tudo e como seus funcionários estavam indo.

— Delilah, minha filha querida. — sua mãe chamou, tomando sua atenção para si — Como andas seu matrimônio?

— Anda muito bem, mamãe. — respondeu, a voz treinada para ser suave agindo como um discurso — Izuna anda sendo um ótimo marido, e eu, estou fazendo o meu melhor para ser a melhor esposa para ele.

— Isso é muito bom, admito. — Ophelia Beaufay levantou o olhar então, a encarando ao parar de bordar o tecido branco e macio nas mãos — Já conversaram sobre o futuro?

— Não, não entramos neste assunto ainda. Estamos aproveitando o presente, por enquanto, somente.

— Hum, mas logo terão de ter conversas como esta. Gravidez sem planejamento prévio está sempre condenada ao fracasso.

O corpo da Beaufay mais nova congelou por um momento, olhando para o rosto de Ophelia com incompreensão por alguns instantes antes de franzir minimamente o cenho. Algo se embrulhou em seu interior, como um presságio ruim.

— Gravidez?

— Sim, mas é claro! Não estava pensando nisto ainda?

— Não, ainda não... Nós casamos a apenas alguns meses...

A Beaufay mais velha riu, como se tivesse alguma piada naquilo.

— Eu já planejava sua gravidez antes mesmo de conhecer seu pai, acredita? — ergueu um pouco a cabeça, olhando para cima e parecendo recordar belas lembranças — Foram bons tempos os meus quatorze anos. Já planejava que fosse uma menina, e talvez isso tenha influenciado em seu nascimento, minha mãe sempre dizia que mães conseguiam prever o sexo do bebê mesmo antes de engravidar.

— Ah, é mesmo?

Seu tom era monótono, pensativo, mas a mãe não pareceu perceber, voltando a falar.

— Sim, com certeza. Izuna é um bom homem, muito bonito também, lhe daria lindos filhos. — suspirou — Já pensou qual sexo quer que seja?

— Mãe, na verdade...

Sua expressão a calou, sentindo que se falasse algo que queria naquele momento com certeza teriam algum tipo de desentendimento.

Queria falar sobre Izuna. Queria falar que mesmo após a noite de núpcias, nada demais acontecia entre eles desde então. Nada. Nenhum beijo, nenhum abraço com sentido diferente, nada... Queria externar a decepção, a frustração com o sentimento faccioso por sua parte, a tristeza por mesmo sabendo que ele não sentia o mesmo, insistir como se algo fosse mudar, como se o Uchiha fosse a olhar de alguma forma diferente em algum momento.

Mesmo que tenham casado, nada mudou.

— Eu não tenho pensado muito nisso. — disse isso ao invés do que realmente desejava — Prefiro aproveitar um pouco mais o meu tempo com ele antes de alguma gravidez.

— Ah, minha querida. — ela negou, uma cara como a da última vez, contudo, sem indícios de que fosse rir — Sim, aproveite. É sua escolha. Só que, em algum momento, vai acabar se sentindo solitária.

— Como assim? Izuna e eu passamos muito tempo juntos, não me sinto solitária de forma alguma.

— Eu sei, eu sei, já passei por isso também. — anuiu, desviando o olhar — Porém, toda mulher deve querer ter filhos em algum momento. Sabe o real motivo para isso? — a morena negou, com certo receio do que a progenitora falaria — Além do instinto materno, de cuidar e proteger, é comum que uma das causas seja o marido também. Sabe, chegará algum momento, para qualquer homem, em que ele irá se afastar. Acredite, todo casamento são as mil maravilhas no início, depois, esfria; seu homem começa a sair mais de casa, passar mais tempo com amigos. A traição também pode ser algo inevitável, se quer saber. Não podemos sair de casa com constância, temos empregados que façam as compras e nossos maridos não permitiriam nossa saída a não ser em casos importantes. A solidão vira como a sombra da noite, e ficará às suas costas em breve. Filhos servem para deixar o legado seguir e para lhes fazer companhia. Darão certo trabalho, mas ficará agradecida, sim, disso tenho certeza.

Delilah estava estática. Um monte de informações deprimentes haviam sido despejadas em seu colo como fezes de pássaro, e seriam difíceis de serem limpas. Afastamento? Traição? Tudo isso parecia tão... Longe da realidade deles dois. O Uchiha era uma pessoa tão amorosa, tão presente que considerava aquilo impossível. Porém, não podia negar que sua mãe poderia estar certa. Nem mesmo faziam aquilo por amor, faziam por suas famílias, e não estavam com sinais de que aquilo mudaria. O Beaufay poderia muito bem ter amantes. Ele era atraente, sensual de certa forma e uma graça de pessoa. Ele era praticamente, o sonho de todas as mulheres da cidade.

Não ficaria nada surpresa caso se atirassem nele, e em algum momento, o moreno não resistisse à tentação, a traindo mesmo que não tivessem nada.

Aquilo perdurou na cabeça da Beaufay, tanto que, não conseguiu manter a conversa por muito mais tempo com sua mãe. Saiu mais cedo da visita naquele dia, e a progenitora ficou preocupada, sabendo que o que disse provocou aquela reação na filha, todavia, não retirou ou se arrependeu do que falou. Até a morena sabia que ela estava certa; era melhor a preparar para o pior do que ser otimista demais com uma situação que era triste e verdadeira.

Seus passos de volta para casa eram meio arrastados. A cabeça erguida para o céu, pensativa, deprimida. O que mais poderia fazer? Nada. Sua paixão pelo maior não iria passar da noite para o dia por conta de uma conversa com sua mãe. Talvez nunca passasse, na verdade. Tal possibilidade fez seus pelos finos dos braços arrepiarem e engolir em seco. Se fosse daquela forma, iria ser martirizada pelo resto da vida pelos seus sentimentos e emoções, sofrendo dia e noite sabendo que o homem com quem se casou não retribuía seus sentimentos; não a amava.

Seus passos, por mais que lentos, eram longos, fazendo com que o ritmo da caminhada não demorasse tanto assim. Quando olhou para a frente, em algum momento, somente viu um vulto se formar à sua frente, e logo sentiu a cabeça latejar, a testa batendo no poste e fazendo seus cabelos balançarem graciosos. Reclamou em tom baixo ao se afastar do poste, pondo a mão sobre o local da batida e cerrando os lábios por conta da dor.

— Ai...

Depois daquilo, seguiu para a mansão ainda mais abatida, pensando que seu azar era constante tanto quanto o perdurar do sol, que durava muitas horas e só se aquietava por algumas poucas outras. Soltou um suspiro pesado quando parou em frente à residência, abaixando a cabeça enquanto seguia até a porta, pronta para a abrir.

No entanto, parou. Piscou, os olhos encarando a porta enquanto os lábios se entre-abriam, chocados. Ouviu risadas, estavam perto do hall de entrada. Na verdade, somente ouvia risadas de Izuna, sua voz era alta, e dava para o escutar bem. E sabia que, com toda certeza, ele não estava rindo com Heather.

— Oh, meu Deus, você é tão adorável! — o ouviu, a voz tão risonha que a fazia lembrar da infância, quando ele ria daquele jeito para si

A traição também pode ser algo inevitável, se quer saber.

Soltou uma exclamação, seguida de um ofego. Se afastou da porta, dando passos para trás e consequentemente escorregando nas escadas da entrada, fazendo com que pela gravidade seu corpo caísse sobre o chão, que mesmo coberto pela grama, ainda detinha a lama da noite chuvosa dos dias anteriores.

Se sentia humilhada, ultrajada, como se o Uchiha estivesse pisando em suas costas agora, empurrando seus cabelos na terra com a força de sua voz. Aquela poderia ser uma frase simples, dada a qualquer um, uma visita inesperada talvez. Entretanto, para Delilah, aquelas frases e suas risadas significavam outra coisa. A pior coisa que poderia imaginar no momento.

Soltou um soluço alto, se levantando com pressa, cambaleante, até enfim conseguir sair dali, correndo sem cuidado nescessário por conta de seus sapatos de salto, no entanto, não se importando com nada no momento além de correr para longe dali, crítica ao mundo, desesperada por algum tipo de consolo.

Em algum momento, Heather abriu a porta da frente da casa dos Beaufay, olhando para os lados com confusão, ajeitando os cabelos no coque justo.

— Estranho. — divagou, murmurando — Pensei ter ouvido alguém. — deu de ombros então — Deve ter sido minha imaginação.

E voltou para dentro da casa.

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