Torta de Maçã (TobiIzu)

By _rayhxx

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Izuna Uchiha é o filho mais novo de um dos maiores e mais ricos marqueses da cidade de Viena no século XIX, q... More

Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Epílogo

Capítulo 6

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By _rayhxx

— Ah, Izuna! — exclamou Delilah assim que ouviu a porta abrir e fechar, esperando pacientemente até que Izuna estivesse na sala mais próxima da entrada — Então, como foi com os seus pais?

O Uchiha então se virou para a Beaufay, a vendo sorrir e esperar esperançosa por algo. Sua expressão não deveria estar das melhores, provavelmente pálida e ainda estática, mas forçou até que saísse um sorriso — falso, contudo, um sorriso — para não a atormentar.

— Foi ótimo. — disse em tom mentiroso, porém, fingido o suficiente para a morena acreditar — Falamos sobre muitas coisas.

— Sério? Como eles estão? Sempre foram tão gentis comigo.

O Beaufay engoliu em seco, pensando em todos os motivos pelos quais eles eram tão bons para com a menor. Seu estômago embrulhou, querendo vomitar novamente ao relembrar a conversa. Todavia, continuou como estava, indo se sentar junto a mulher no sofá.

— Estão muito bem, graças a Deus.

— Que ótimo! E seus irmãos, como andam?

A fala de sua esposa o fez recordar que não viu nenhum deles lá. Saiu mais cedo que o planejado por conta da incredulidade, no entanto, seus passos eram tão lentos até sua casa que chegou numa hora que era a média boa. Não viu Madara, nem Akira e nem Kenji. Pensar nisso o entristeceu um pouco. Eram seus irmãos acima de tudo, mesmo que tenham apoiado o seu casório. Sentia falta deles mais do que sentia de seus pais.

— Muito bem, também. — a enganou novamente, inventando enquanto ria através dos olhos tristes e imperceptíveis para Delilah — O Kenji cresceu tanto, você tinha que ver.

— Aahh, quem sabe da próxima vez, não?

E continuaram conversando, o moreno ainda falando mentiras, não só pra ela, entretanto, para si também.

×××


A chuva caía lá fora de novo, incessante e descontrolada. O período do outono não tinha misericórdia, banhando a natureza e incendiando florestas com seus raios. Tobirama apertou a xícara em suas mãos enquanto olhava constantemente a janela quando não encarava as costas de Izuna, que parecia muito concentrado no que fazia. Novamente a chuva importunou seu caminho para casa, e mais uma vez, estava na cozinha do Uchiha, agora com este fazendo cuidadosamente algum tipo de massa, um bolo provavelmente.

Aquilo o surpreendeu minimamente, ver algum homem fazendo trabalhos assim quando, primeiro, tinha uma esposa; e segundo, quando poderia ter um monte de empregados fazendo milhares de bolos para ele todos os dias. Na verdade, só tinha reparado naquele detalhe agora. Aquela mansão não tinha criados, o que era realmente estranho. Em sua concepção, o Beaufay poderia ter quantos empregados quisesse.

— A torta fica pronta daqui alguns minutos. — disse o moreno, se virando para si e o tirando de seu devaneio com seu sorriso gentil — Não sei quanto tempo a chuva demorará, mas espero que pelo menos possa levar um pedaço consigo.

— Então você sabe cozinhar? — a pergunta foi feita automáticamente, e acabou que corou por sua indelicadeza; mas o menor não parecia abalado, na verdade, este se mostrou animado com sua pergunta, indo até a cadeira ao seu lado na mesa e se sentando ali

— Bem, diria que em partes. — falou sem graça — Sei mais fazer bolos e doces, pães eu sei de certa forma, mas coisas salgadas ou que não sejam sobremesas ou lanches não.

— Entendo, ainda assim é um belo dom, a arte da cozinha. Principalmente a de confeitaria, vi como você fazia aquilo tão bem.

Foi somente um elogio simples, contudo, que fez Izuna corar as orelhas. O Senju, que acabou por perceber, se envergonhou, baixando a cabeça e encarando a xícara vazia, a qual foi recolhida por um animado Uchiha de ego inflado por conta do enaltecimento que recebeu.

Continuaram a conversar, o moreno animado como era, e o loiro com a voz baixa e maçãs vermelhas como sempre. E isso continuou até o mais baixo perceber algo escondido nas sombras do comportamento do maior. Por mais que o carteiro sempre fosse assim, introvertido e acanhado o tempo inteiro, percebia ele ainda tenso ali, na sua casa, onde pretendia receber amigos e fazer de lá um lugar confortável para eles, não um local onde se sentissem inseguros.

— Tobirama?

— Sim?

— Está tudo bem? Parece meio incômodo com algo.

Tobirama suspirou pesado, desviando o olhar. Ele sempre fazia isso, parecia até rotina que pelo menos uma centena de vezes o Senju fizesse tal gesto.

— Eu só não me sinto bem aqui, entende? — a expressão chateada de Izuna o deixou preocupado, ansioso para se corrigir, gaguejando — Não é por sua causa ou algo do tipo, só que... Você é gentil comigo, gentil até demais. Eu estou muito acostumado em ser tratado como capacho por pessoas com seu status, e estar dentro dessa casa, com você praticamente me servindo, coisa que eu deveria fazer, me deixa incomodado. Mas isso é só uma questão de costume, e... E eu espero que passe logo. Não quero que se sinta mal por essas coisas, você é uma pessoa boa demais para isso.

O loiro não disse nada demais em seu ponto de vista, porém, pareceu afetar muito o Uchiha, que se permitiu sorrir tão grande que o mais alto poderia considerar aquilo impossível antes de se presenciar. Seus olhos estavam cheios e brilhantes, como jóias negras que acabaram de ser polidas. Tal reação fez novamente o carteiro corar como antes, ainda mais intensamente. Todavia, não desviou o rosto ou o olhar daquela vez, permanecendo no contato visual, ambos sem falar nada e só olhando um para o outro.

Tobirama discretamente baixou o olhar, encarando os lábios sorridentes do moreno, tão bonitos e carnudos que poderia passar a noite toda imaginando-os e se sentiria nas nuvens.

Se assustou com o pensamento, finalmente franzindo o cenho e quebrando o contato visual, seu rosto se ruborizando como o menor nunca tinha visto. Este, por achar ser uma reação normal e rotineira, riu baixo e pôs a mão sobre o ombro do Senju, piorando seu estado.

No entanto, Izuna se atentou a outra coisa quando percebeu que a torta estava pronta por seu cheiro. Logo se levantando com rapidez, entretanto, acabando por se atrapalhar quando não achou as luvas para tirar a torta do forno. O loiro achou minimamente engraçado seu jeito, e se levantou quando avistou as luvas, as levando até o Uchiha, que rapidamente as tomou e buscou a torta para poderem comer.

×××


As risadas e conversas ao redor de seu ser faziam Izuna sorrir constantemente, extremamente feliz por estar com as pessoas que mais gostava na vida. Caroline conversava animadamente com Delilah, ambas com os braços entrelaçados. Victor estava ao seu lado dizendo algo sobre o trabalho e Marcel estava bebendo o resto da cerveja que conseguia, fazendo uma careta no final.

— Não sei como vocês aguentam beber tanto. — ele resmungou, sentindo com desgosto o sabor amargo em sua língua

O Uchiha riu da cara dele, sendo acompanhado por Caroline, que pegou seu próprio copo ao tomar um gole generoso. A mulher negra sorriu satisfeita e logo voltou ao seu diálogo com a Beaufay, que assim como o padeiro, não se afeiçoava ao álcool. Mas em compensação, ficava com a boca rachada e seca ao ver uma boa carne assada, a qual estava sendo servida pela criada que contrataram.

Heather Remy era uma mulher de meia idade, quase em sua vida idosa. Sua face era óssea e com rugas destacadas, olhos finos e rígidos, como se os repreendesse o tempo inteiro. Seus cabelos eram prendidos em um alto coque, que fazia a pele da testa e têmporas fossem puxadas e apertadas. Usava o uniforme característico dos criados da família Beaufay e sempre se mantinha mais ao canto, sempre prestando atenção neles e esperando algo que pudesse servir enquanto não tinha tarefas domésticas para fazer.

Caroline Bastien, por sua vez, era uma moça alta e negra, a qual estudou na mesma escola do Beaufay e se tornou uma grande amiga, se aproximando ainda mais deles quando começou uma amizade com Delilah também. Gostava de moda e se casou cedo com um rapaz mais rico até mesmo que ela, ganhando o seu sobrenome e milhares de presentes todos os meses. Era carismática e tinha um senso de humor duvidoso, contudo, uma grande pessoa para se ter algum tipo de laço.

Já Victor Laviolette era um homem somente um pouco mais velho que eles. Era branco como marfim, pálido. Os cabelos escuros e pintas se contrastavam com a pele, assim como suas olheiras roxas. Era um rapaz de classe média baixa, porém que conseguiu uma vida muito melhor ao começar sua carreira na medicina, conhecendo Delilah quando a mesma se acidentou e precisou ir até o hospital. Era frio, todavia gentil na maior parte das vezes. Bonito como um belo potro, conquistava muitas mulheres por seu jeito indiferente e ao mesmo tempo provocador.

E por fim, Marcel Gagnon, ao qual já tinha descrito anteriormente como sendo alto e gordo. Extremamente fofo e atencioso, secretamente — ou nem tanto — apaixonado pela Beaufay, a qual aparentemente não sabia sobre tais sentimentos, e tão pouco os correspondia.

Aquilo era triste para o moreno, parecia um dos romances trágicos de Shakespeare. Um Romeu e Julieta mais simples, no entanto, não menos trágico.

— Você é muito fraco para isso, Marcel. — disse Victor, um sorriso provocador — Até mesmo uma garota vence de você, está sendo tão rebaixado...

— Ora, cale-se, adúltero.

Izuna quase cuspiu a cerveja que estava prestes a beber; Caroline pondo a mão num impulso sobre a boca para não acabar rindo, entretanto, risinhos saíam pelas brechas de seus dedos. Delilah estava à mesma imagem de Bastien. Victor expôs uma expressão nervosa diante do sorriso vitorioso, agora, vindo de Marcel.

— Isso... — gaguejou, sem argumentos nas mangas

— Adúltero! — quase berrou a mulher negra antes de gargalhar, recebendo outras risadas e um revirar de olhos por parte do Laviolette

— Vocês são tão ausentes de elegância...

Heather se aproximou, pegando os pratos para recarregá-los de comida logo após, ainda assim, parecia que todos já estavam satisfeitos.

O Uchiha sentiu-se descarregar com a partida dos amigos ao fim da tarde, o cansaço tomando conta do corpo como se tivessem jogado um punhado de pó de sono sobre sua cabeça e olhos, que estavam sonolentos e caídos. A Beaufay pediu para a Remy os servirem chá para dormirem, e esta os serviu como pedido com algumas fatias de pão com geleia de cereja.

A empregada iria dormir em um dos quartos de hóspedes da casa, para sempre estar em alerta e ao lado do casal, desde cedo até tarde da noite.

Aquele encontro era tudo que o Beaufay precisava depois daquela conversa com seu pai no dia anterior, nem mesmo conversar com a morena ou Tobirama o ajudou. Mas reencontrar todos os seus amigos daquela forma, crescidos e livres de certo modo era tão gratificante que elevava seu astral o suficiente para não pensar sobre aquilo por boa parte do resto da noite. Contudo, não pôde parar a mente ansiosa quando já estavam na cama e o breu enchia-se da cidade e devorava as casas e cortiços. A mulher ao seu lado às vezes tremia levemente, como se sonhasse com algo.

O moreno sorriu para a adormecida, o rosto virado e fixado no dela enquanto escutava as horrendas palavras de seu pai em sua mente, como se o progenitor estivesse ali, agachado ao lado de sua cama como quando era ainda uma criança e sussurrasse tais coisas. Pensava se ele já tivesse feito tal coisa com sua mãe. Já tinha escutado alguns gritos na infância, chamados de socorro, às vezes, vindo do quarto deles, porém seu irmão sempre tapava os seus ouvidos para não ouvir. Ele só poderia estar bêbado, pensou o homem. Todavia, sabia muito bem que quando ele se aproximou de si e dizia coisas, o bafo não era de alguém que bebeu, pelo menos não bebida alcoólica. Cheirava à chá. O mais puro e caro chá da cidade de Viena, o cheiro de hortelã misturado com cidreira no hálito de seu pai.

Era como se a riqueza do chá fosse pior do que a falência da cerveja de bar. E aquilo era realmente decadente ao seu ver.

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