crescent moon - Lua Nova

By Violetaever

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Depois que Kris se recupera do ataque de um vampiro que quase lhe tirou a vida, ela decide comemorar seu aniv... More

CAPÍTULO I
CAPÍTULO II
CAPÍTULO IV
CAPÍTULO V
CAPÍTULO VI
CAPÍTULO VII
CAPÍTULO VIII
CAPÍTULO IX
CAPÍTULO X
CAPÍTULO XI
CAPÍTULO XII
CAPÍTULO XIII
CAPÍTULO XIV
CAPÍTULO XV
CAPÍTULO XVI
CAPÍTULO XVII
CAPÍTULO XVIII
CAPÍTULO XIX
CAPÍTULO FINAL
EPÍLOGO

CAPÍTULO III

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By Violetaever

Pela manhã, eu me sentia absolutamente horrível. Não tinha dormido bem; meu braço queimava e a cabeça doía. Não ajudou em nada o fato de que o rosto de Edward estivesse calmo e distante quando ele beijou minha testa às pressas e saiu pela janela do quarto. Eu tinha medo do tempo que passara inconsciente, medo de que mais uma vez ele tivesse pensado no certo e no errado enquanto me via dormir. 

A angústia parecia intensificar o latejar em minha cabeça.

Edward esperava por mim na escola, como sempre, mas sua fisionomia ainda não estava boa. Havia algo no fundo de seus olhos que eu não conseguia entender.

Ele abriu a porta para mim.

– Como você está?

– Bem – menti.

Andamos em silêncio, ele diminuindo o ritmo para me acompanhar. Havia tantas perguntas que eu queria fazer, mas a maioria delas teria de esperar, porque eram para Alice: Como estava Jasper esta manhã? O que eles disseram quando fui embora? 

A manhã passou devagar. Fiquei impaciente para ver Alice, embora não pudesse de fato conversar com ela na presença de Edward. Ele continuou indiferente. De vez em quando, perguntava sobre meu braço, e eu mentia. — mentir para um leitor de mentes era algo impossível, mas eu descobri que ás vezes eu conseguia confundir os meus pensamentos e quando Edward os lia eles ficavam "nublados".

Alice, em geral, chegava antes de nós no almoço; Mas ela não estava à mesa, esperando com uma bandeja de comida que não ia consumir.

Edward não disse nada sobre a ausência dela. Imaginei se sua aula teria se estendido até mais tarde — até que vi Conner e Ben, que frequentavam a aula de francês com ela no quarto tempo.

– Onde está Alice? – perguntei a Edward ansiosa.

Ao responder, ele olhava a barra de granola que quebrava devagar com as pontas dos dedos.

– Está com Jasper.

– Ele está bem?

– Ele se afastou por um tempo.

– O quê? Para onde?

Edward deu de ombros.

– Nenhum lugar específico.

– E Alice também – eu disse. É claro que, se Jasper precisava dela, ela também iria.

– Sim. Ela vai ficar fora por um tempo. Estava tentando convencê-lo a ir a Denali.

Era em Denali que morava o outro clã de vampiros singulares — bons, como os Cullen. Tanya e a família dela. De vez em quando eu ouvia falar deles. Edward tinha fugido para lá no inverno passado, quando minha chegada tornou Forks difícil para ele. Laurent, o membro mais civilizado do pequeno bando de James, tinha ido para lá em vez de ficar ao lado de James contra os Cullen. Fazia sentido para Alice incentivar Jasper a ir.

Engoli em seco, tentando desalojar o bolo repentino na garganta.

– Seu braço está incomodando? – perguntou ele, cheio de atenção.

– Não.

No final do dia, o silêncio estava se tornando ridículo. Não queria que fosse quebrado por mim, mas, ao que parecia, essa seria a única opção se quisesse que Edward voltasse a falar.

– Vai aparecer esta noite? – perguntei enquanto ele me acompanhava em silêncio até a picape. Ele sempre me acompanhava.

– Mais tarde?

Fiquei satisfeita por ele parecer surpreso.

– Tenho que trabalhar. Preciso compensar com a Sra. Newton por ter faltado ontem.

– Ah! – murmurou ele.

– Então, você vai quando eu estiver em casa, não vai? – eu odiava me sentir, de repente, insegura.

– Se quiser.

– Eu quero.

– Tudo bem, então – disse ele com indiferença.

Edward me deu outro beijo na testa antes de fechar a porta para mim. Depois virou as costas e saltou, gracioso, para o carro dele.

Consegui sair do estacionamento antes que o pânico realmente me atingisse, mas estava sem ar quando cheguei à loja dos Newton.

Ele só precisava de tempo, eu disse a mim mesma. Edward superaria aquilo.

Hoje Mike Newton havia chegado antes de mim, e sorriu e acenou quando entrei. Peguei meu avental, assentindo vagamente para ele.

– Como foi seu aniversário?

– Argh – murmurei. – Fico feliz que tenha acabado.

Mike me olhou pelo canto do olho como se eu fosse louca.

O trabalho se arrastava. Eu queria ver Edward de novo, rezando para que ele tivesse superado o pior da situação, o que quer que fosse exatamente, quando o visse de novo. Não é nada, disse a mim mesma repetidas vezes. Tudo vai voltar ao normal.

O alívio que senti quando entrei na minha rua e vi o carro prata de Edward estacionado diante da minha casa foi dominador e estonteante. E me incomodou profundamente que fosse assim.

Corri para a porta da frente, chamando antes de entrar por completo.

– Pai? Edward?

Ao falar, eu podia ouvir a inconfundível música tema do SportsCenter da ESPN vindo da sala de estar.

– Aqui – gritou Charlie.

Pendurei minha capa de chuva e corri para o canto.

Edward estava na poltrona, meu pai no sofá. Os dois tinham os olhos grudados na tevê. O interesse era normal para meu pai. Mas não muito para Edward.

– Oi – eu disse baixinho.

– Ei, Kris – respondeu meu pai, sem desviar os olhos. – Acabamos de comer pizza fria. Acho que ainda está na mesa.

– Tudo bem.

Esperei na soleira da porta. Por fim, Edward olhou para mim com um sorriso educado.

– Vou logo depois de você – prometeu ele. Seus olhos se voltaram para a tevê.

Fiquei olhando por um minuto, chocada. Nenhum dos dois pareceu perceber. Eu podia sentir alguma coisa crescendo em meu peito, talvez pânico.

Fugi para a cozinha.

A pizza não me interessava. Sentei em minha cadeira, botei as pernas para cima e abracei os joelhos. Algo estava muito errado, talvez mais errado do que eu percebera. 

Não queria mais pensar nisso. 

Observei a minha câmera em cima da mesa e sorri, por que não aproveitar o meu presente de aniversário?

Estava com a câmera pronta ao chegar na sala, andando de modo furtivo. Tinha certeza de que não era possível pegar Edward de surpresa, mas ele não olhou. Senti um breve tremor, como se algo gelado revirasse em minha barriga; ignorei a sensação e bati a foto.

Os dois olharam para mim, Charlie de testa franzida. A cara de Edward era vazia, sem expressão.

– O que está fazendo, Kris? – reclamou Charlie.

– Ah, sem essa. – sorri ao me sentar no chão diante do sofá em que Charlie se espreguiçava. 

– Mas por que está tirando fotos de mim? – perguntou Charlie.

– Porque você é lindo – respondi, animada. – E porque, como comprou a câmera, tem a obrigação de ser um de meus modelos.

Ele murmurou alguma frase ininteligível.

– Ei, Edward – eu disse com uma indiferença admirável. – Tire uma de mim e meu pai juntos.

Entreguei a câmera a ele, com o cuidado de evitar seus olhos, e me ajoelhei ao lado do braço do sofá, onde estava o rosto de Charlie, que suspirou.

– Sorriam – murmurou Edward.

Papai fez o melhor que pode e o flash da câmera disparou.

– Deixem que eu tire uma de vocês, crianças – sugeriu Charlie.

Eu sabia que ele só estava tentando desviar dele mesmo o foco da câmera.

Edward se levantou e jogou a câmera para ele cuidadosamente.

Fui me colocar ao lado de Edward, e a composição me pareceu formal e estranha. Ele pôs a mão de leve em meu ombro e eu abracei sua cintura. Eu queria olhar no rosto dele, mas não o fiz.

– Sorriam.

Respirei fundo e sorri. O flash me cegou.

– Chega de fotos por hoje – disse Charlie então, enfiando a câmera numa fresta das almofadas do sofá e rolando sobre ela. – Não precisa usar o filme todo agora.

Edward tirou a mão de meu ombro e livrou-se com delicadeza de meu braço. Voltou a se sentar na poltrona.

Eu hesitei, depois me sentei encostada no sofá de novo. 

Quando o programa terminou, não me mexi nem um centímetro. Pelo canto do olho, vi Edward se levantar.

– É melhor eu ir para casa – disse ele.

Charlie não desviou os olhos do comercial.

– Tchau.

Coloquei-me de pé — eu estava rígida de ficar sentada tão imóvel — e acompanhei Edward até a porta da frente. Ele foi direto para o carro.

– Vai ficar? – perguntei, sem esperança na voz. Já sabia qual seria a resposta dele, então não me incomodou tanto assim.

– Esta noite não.

Não pedi um motivo para isso.

Ele entrou no carro e arrancou enquanto eu fechava a porta.

Foi uma noite longa, com pouco descanso.

Levantei assim que uma luz fraca entrou pela janela. Vesti-me mecanicamente para a escola esperando que o tempo clareasse, e depois que comi uma tigela de cereais concluí que havia luz suficiente para fotos. Tirei uma da minha picape, depois uma da frente da casa. Virei-me e tirei algumas do bosque ao lado da casa de Charlie. 

Coloquei a câmera na mochila da escola antes de sair. E me perguntei se Edward já teria superado o acidente com Jasper.

Eu começava a sentir impaciência. Quanto tempo isso duraria?

Durou a manhã inteira. Ele andou em silêncio ao meu lado, sem parecer olhar realmente para mim. Tentei me concentrar nas aulas, mas nem a de inglês conseguiu prender minha atenção. O Sr. Berty teve de repetir a pergunta sobre Lady Capuleto duas vezes antes que eu percebesse que estava falando comigo. Edward sussurrou a resposta correta e voltou a me ignorar.

No almoço, o silêncio continuou. Que seja assim então, se ele quer silêncio ele vai ter silêncio. 

Para me distrair, inclinei-me sobre a mesa com a câmera nas mãos e bati uma foto indiscreta de Eric com a boca cheia.

– Epa – disse Eric, pegando a câmera de minhas mãos.

Eu o vi enquanto ele batia algumas fotos do pessoal da mesa, Jonas reclamava, dizendo que suas fotos estavam esquisitas e Marcos apenas fazia algumas caretas.

Eu ouvi o som do flash e me assustei quando percebi que Eric me fotografava.

– Passe essa câmera para cá. – eu pedi, mas Eric negou. 

– Não é justo só ter foto da gente – outro flash – Faça umas poses bonitas, Kris ! – pediu ele.

E eu obedeci, ouvi Jonas e Marcos se aproximarem de mim para saírem nas fotos também.

Quando Eric devolveu a minha câmera ele se desculpou por ter usado todo o filme.

Depois da escola, Edward andou em silêncio comigo até o estacionamento. Eu tinha de trabalhar de novo, e desta vez fiquei feliz. Era óbvio que ficar comigo não estava ajudando. 

A caminho da loja dos Newton, deixei meu filme para revelar, depois peguei as fotos prontas ao sair do trabalho. Em casa, cumprimentei Charlie com afobação, peguei uma barra de granola na cozinha e corri para meu quarto com o envelope de fotos enfiado debaixo do braço.

Sentei-me no meio da cama e abri o envelope com uma curiosidade cautelosa. 

Quando retirei a primeira foto, suspirei. Edward estava lindo como na vida real, fitando-me da foto com aqueles olhos calorosos dos quais sentia falta nos últimos dias. Folheei com pressa as outras da pilha, depois coloquei três delas na cama, lado a lado.

A primeira era a de Edward na cozinha, os olhos calorosos com um toque de diversão tolerante. A segunda era de Edward e Charlie, assistindo à ESPN. A diferença na expressão de Edward era patente. Aqui os olhos eram cuidadosos e reservados. Ainda era incrivelmente bonito, mas o rosto estava mais frio, mais como uma escultura, menos vivo.

A última era a foto de Edward e eu, lado a lado, desajeitados. A expressão de Edward era a mesma da última, fria e de estátua.

Em vez de fazer o dever de casa, fiquei acordada colocando as fotos no álbum. Com uma caneta esferográfica, escrevi legendas embaixo de todas as fotos, os nomes e as datas. 

Quando terminei, coloquei o meu álbum de fotografias junto com os demais. Eu tinha praticamente uma coleção.

Edward ainda não tinha aparecido. Eu não queria admitir que ele era o motivo de eu ficar acordada até tão tarde, mas é claro que era.

 Tentei me lembrar da última vez que ele ficara longe desse jeito, sem uma desculpa, um telefonema... Ele nunca tinha feito isso.

Mais uma vez, não dormi bem.

Na escola seguiu-se o padrão de silêncio e frustração dos dois dias anteriores. 

Foi um alívio ver Edward esperando por mim no estacionamento, mas a sensação logo desapareceu. Ele não estava diferente, a não ser, talvez, mais distante.

Era difícil até me lembrar do motivo para toda essa confusão. Meu aniversário já parecia pertencer a um passado distante.

Depois da aula, Edward e eu resolveríamos isso, prometi a mim mesma. Eu não ia aceitar nenhuma desculpa.

No final da aula ele me acompanhou até a picape e eu ia começar a fazer minhas exigências.

– Importa-se se eu aparecer hoje? – perguntou ele antes de chegarmos ao carro, antecipando-se.

– É claro que não.

– Agora? – perguntou novamente, abrindo a porta para mim.

– Claro. – mantive o tom firme, embora não gostasse da urgência na voz dele. 

Ele abriu meu sorriso torto preferido, mas era o sorriso errado. Não chegava aos olhos dele.

Fui incapaz de sorrir também.

Ele fechou a porta e foi para o próprio carro.

Edward chegou antes de mim. Tinha estacionado na vaga de Charlie quando parei na frente da casa. Isso era um mau sinal. 

Então, ele não pretendia ficar. 

Quando desci da picape, ele saiu do carro e veio ao meu encontro. Estendeu a mão para pegar minha mochila com os livros e a colocou na traseira do carro.

– Vamos dar uma caminhada – sugeriu numa voz sem emoção, pegando minha mão.

Eu não estava gostando. Isso é ruim, é muito ruim, a voz na minha cabeça repetia sem parar.

Mas ele não esperou por uma resposta. Puxou-me para o lado leste do jardim, onde o bosque o invadia. Eu o segui de má vontade, tentando pensar. 

Demos somente alguns passos entre as árvores quando ele parou. Mal estávamos na trilha — eu ainda podia ver a casa.

Edward encostou numa árvore e me fitou, a expressão indecifrável.

– Tudo bem, vamos conversar – eu disse. 

Ele respirou fundo.

— Kris, eu vou embora.

Olhei para Edward, tentando entender o que ele queria dizer.

– Kris, está na hora. Afinal, quanto tempo mais poderemos ficar em Forks? Carlisle não pode passar dos 30, e ele agora diz ter 33. Logo teremos de recomeçar, de qualquer forma.

Ele me encarou com frieza.

Balancei a cabeça para trás e para a frente mecanicamente, tentando organizá-la. Ele esperou sem nenhum sinal de impaciência. Precisei de alguns minutos para conseguir falar.

– Qual o motivo disso tudo ? – perguntei, com raiva.

– Meu mundo não é para você – disse ele de maneira sombria.

– O que aconteceu com Jasper… Foi um acidente, Edward! Um acidente!

– Foi exatamente o esperado.

– Mas eu tô bem! – eu gritava, furiosa, as palavras saindo de mim numa explosão. – Você não pode decidir o que é melhor pra mim.

Ele respirou fundo e por um longo momento encarou o chão, sem ver. Sua boca se retorceu um pouco. Quando enfim ele se voltou para mim, seus olhos estavam diferentes, mais duros — como se o ouro líquido tivesse solidificado.

– Eu vou embora, eu não a quero comigo e nada do que você me falar vai mudar minha decisão.– ele pronunciou as palavras de modo lento e preciso, os olhos frios em meu rosto, observando-me absorver o que ele realmente estava dizendo.

Houve uma pausa enquanto eu repetia as palavras em minha cabeça algumas vezes.

Eu olhei, sem compreender, nos olhos dele. Ele me fitava de volta sem desculpas. Seus olhos eram como topázio — duros, claros e muito profundos. Eu parecia poder enxergar dentro deles por quilômetros, e, no entanto, em nenhum lugar nas profundezas sem fim conseguia ver uma contradição para o que ele acabara de dizer.

– Bom, isso muda tudo. – minha voz saiu estranhamente calma.

Ele desviou os olhos para as árvores ao voltar a falar.

– É claro que sempre a amarei... de certa forma. Mas o que aconteceu na outra noite me fez perceber que está na hora de mudar. Porque... estou cansado de fingir ser uma coisa que não sou, Kris. Não sou humano. – ele voltou a me olhar. – Permiti que isso durasse tempo demais, e lamento.

– Covarde! – o acusei – Vá embora então, se é isso o que você realmente quer! 

Ele assentiu uma vez.

Eu respirei fundo, eu não começaria a chorar agora… 

– Faça uma boa viagem, Edward. – todo o meu corpo ficou dormente. 

– Prometo que esta será a última vez que vai me ver. Não voltarei. Não a farei passar por nada como isso novamente. Você poderá seguir com sua vida sem qualquer interferência minha. Será como se eu nunca tivesse existido.

Meus joelhos devem ter começado a tremer, porque de repente as árvores oscilaram. Eu podia ouvir o sangue martelando mais rápido do que o normal em meus ouvidos. A voz dele parecia distante.

Ele sorriu gentilmente.

– Não se preocupe. Você é humana... Sua memória não passa de uma peneira. O tempo cura todas as feridas para a sua espécie.

– E as suas lembranças? – perguntei. Parecia que havia algo preso em minha garganta.

– Bem... – ele hesitou por um breve segundo – ... não vou esquecer. Mas minha espécie... Nós nos distraímos com muita facilidade. – ele sorriu; o sorriso era tranquilo e aparecia em seus olhos.

Ele se afastou um passo de mim.

– Acho que isso é tudo. Não vamos incomodá-la de novo.

O plural atraiu minha atenção.

– Alice não vai voltar – percebi. Não sei como ele me ouviu; as palavras não tinham som algum, mas ele pareceu entender.

Ele sacudiu a cabeça devagar, sempre olhando meu rosto.

– Não. Todos já foram. Fiquei para trás para lhe dizer adeus.

– Alice foi embora? – Minha voz descrente era inexpressiva.

– Ela queria se despedir, mas a convenci de que uma ruptura sem trauma seria o melhor para você.

Não me aguentei, eu soquei aquele rosto de pedra com o meu braço ainda enfaixado. Precisei reprimir um grito de dor.

Edward me olhava preocupado, mas ainda imóvel.

– Você não pode decidir o que é melhor pra mim! – rosnei – Vocês não podem simplesmente sumirem da minha vida como se nada tivesse acontecido!

– Adeus, Kris – disse ele com a voz baixa e tranquila.

Veio uma brisa leve, nada natural. Meus olhos tentaram focar no lugar onde Edward deveria estar. As folhas de um pequeno bordo estremeceram com o vento suave de sua passagem.

Ele se foi.

– IDIOTA! IDIOTA IDIOTA! – eu gritava, enquanto tentava por a minha cabeça em ordem. Edward se fora, ele e a família dele se foram. Essa informação de alguma forma não conseguia ser processada em minha cabeça.

Precisei de cinco minutos para conseguir ao menos controlar minha respiração irregular.

Caminhei devagar até a minha casa, com a cabeça vazia. Nada fazia sentido…

Quando entrei em casa, fui direto para a cozinha… peguei uma compressa de gelo e coloquei no meu braço, a dor cedia vagarosamente.

Edward se foi, eu repetia isso na minha cabeça… ele simplesmente se foi — esperei que o pânico ou as lágrimas viessem, mas elas não vieram…

Fui para o meu quarto, tranquei a porta e caminhei até a minha cama

O álbum que Renée me dera estava na estante, exatamente onde eu o colocará junto com os outros.

Peguei ele e não precisei passar da primeira página. As pequenas cantoneiras de metal não prendiam mais a foto. A página estava vazia, a não ser por minha própria letra rabiscada embaixo: Edward Cullen, cozinha de Charlie. 13 de setembro.

Fui até o CD player que ficava próximo a minha cama.

Apertei a tampa do CD. A trava se soltou e a tampa se abriu devagar.

Estava vazio.

Parei por ali. Tinha certeza de que ele tinha feito o serviço completo.

Será como se eu nunca tivesse existido, ele me prometera.

Eu não desci para jantar, apesar de Charlie ter passado meia hora insistindo na porta do meu quarto para que eu comesse.

Naquela noite eu dormi em um sono tão profundo que nada seria capaz de me acordar.

Edward Cullen foi embora…

Não, eu me corrigi; 

Edward Cullen nunca existiu…

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