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By lia_cullen

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By lia_cullen

- Leiam A Court of Embers and Illusions, da beebryce !!! O Eris dela é mais duvidoso, e a história é mil vezes mais bem escrita que essa. Juro!





🔥🌗





Mesmo entregue ao sono e ao cansaço, eu ainda era capaz de sentir a estranha movimentação em meu quarto. Não era muito sonoro, apenas sutil o suficiente para que eu não me obrigasse a levantar e conferir o que estava acontecendo, como o arrastar leve de uma cortina ao vento. Então, virei na cama, jurando que iria dormir até tarde em meu próprio aniversário.

Mas eu estava muito enganada. Um grasnido alto soou em frente ao meu rosto, me assustando tanto que quase caí da cama. Eu segurei minha cabeça, pressionando o lugar onde tinha ido de encontro com minha cabeceira. Em meio a confusão e a dor, abri meus olhos, tentando enxergar mais claramente dessa vez. Meu quarto tinha tantos novos pontos visuais que era difícil olhar e perceber todos. Em meio a decoração roxa e verde, muitas e muitas caixas redondas - preenchidas com tulípas lilases, rosas brancas e crisântemos azuis - ocupavam o chão, criando um novo piso, lindo e harmonioso. Eu inspirei o ar, sentindo o cheiro natural das flores preenchendo o lugar.

Em uma cômoda bem em frente, estava bem posicionada uma bandeja retangular de ferro, suas bordas eram forjadas delicadamente com ramos de flores, e tampas ovais e brilhosas cobriam três pratos em sua superfície. Um cartão amarelado estava posicionado bem no meio, me chamando atenção. Até, é claro, sentir uma mordida em meu pulso, que agarrava as cobertas.

Eu dei um pulo no colchão, vendo o animal branco e rechonchudo ao meu lado. A coisa virou o pescoço, focando um dos olhos pequenos e estranhos em mim. Seu bico alaranjado abriu, soltando um grasnado questionador.

- Estou tão confusa quanto você, Senhor... - Uma pequena medalhinha balançava em uma fita vermelha e frouxa no fim de seu pescoço. Eu a peguei nos dedos, de forma cautelosa, mas acabei percebendo que o animal não era arisco como parecia ser. - Bem, Senhora... Patty?

Eu sorri com o nome de mal gosto. Patty grasnou alto, como se confirmasse, me fazendo rir. Nos encaramos por alguns segundos, e eu ousei deslisar meu indicador pela plumagem lisa de sua cabeça. Seus olhinhos fecharam e suas patas se recolheram. Patty se encolheu, parecendo um pãozinho, e eu me levantei, engatinhando pela cama. Foi difícil encontrar um caminho livre para pisar no chão de madeira, mas logo percebi um pequeno corredor, que se dividia entre a porta e a cômoda. Eu pulei no chão, ajeitando minha camisola prateada e cobrindo minha nudez entre as pernas. Penteando meus fios e os jogando pra trás dos ombros, logo alcancei a carta.

"Aproveite seu dia. Feliz aniversário, meu amor.

-V.

P.s. O pato é um presente de Ares. Toda e completamente ideia dele. Não tenho nada haver com isso."

Eu não consegui evitar uma gargalhada, sorrindo largargamente. Agarrei a carta, a segurando em meu peito, sentindo o trovejar de meu coração abaixo da pele. Seu carinho não passou despercebido, eu quase podia ouvir sua voz arrastada me chamando de meu amor. Tudo sobre Eris era tão memorável. Eu mordi o lábio inferior, tentando fazer sumir a alegria estúpida e plena ao receber tanta atenção dele. Segurei a bandeja pesada, a levando até a cama.

Iogurte com aveia e sementes de girassol, frutas vermelhas e banana - e o que eu mais amava, os enroladinhos com creme de baunilha - tudo muito bem apresentado e decorado nos pratos. Eu comi devagar, notando que o dia ainda clareava lentamente. Acabei dando algumas frutas para Patty, que estava rondando a bandeja como um cachorro. Quando terminei, conjurei uma caneta, escrevendo um bilhete.

Prometeu que não daria mais presentes. - Eu enviei, vendo a louça sumir junto.

Um brilho amarelado invadia a janela de meu quarto quando caminhei até meu banheiro. E ao terminar de usá-lo e trocar de roupa, me vi parada em meio ao mar de flores, pensando o que eu faria com elas. Quando finalmente decidi realocar o máximo de plantas que eu pudesse em minhas jarras e copos de vidro, um bilhete apareceu ao meu lado no chão.

Não sou a pessoa mais confiável do mundo, sabe disto. Mas, me diga, como estava o café?

Eu sorri, animada, percebendo só agora o quanto estava ansiosa por sua resposta demorada. Eris tinha me dito que estaria ocupado hoje, mas mesmo assim, era difícil não ansiar por sua atenção completa.

Estava maravilhoso, obrigada por lembrar da minha comida favorita no mundo.

E obrigada pelas flores, devem ter custado uma fortuna.

Está trabalhando muito?

Eu enviei de volta, me sentindo estranha ao saber que ele demoraria para responder. Meu peito se apertou, mas eu ignorei, voltando a arrumar as flores.

Levou um tempo até que eu conseguisse ajeitar tudo de uma forma bonita e elegante, então passei a espalhar os vasos pela casa. Terminei de colocar o último em cima da lareira, junto de outros cinco, de tamanhos diversos. Um grande espelho enfeitava a parede atrás delas, dando um ar elegante, que lembrava muito a decoração da casa de meus pais. Eu coloquei as mãos na cintura, admirando a combinação de cores brancas, azuis e lilases, com o azul acinzentado das paredes da sala. Por mais que a casa já estivesse mobiliada, ainda faltava decoração, algo que dissesse que aquele lugar era meu.

Uma batida soou, chamando minha atenção. Eu caminhei até a porta, a abrindo, atrás de mim o som de Patty correndo pelo piso se fez alto na manhã silenciosa. A imagem de minha mãe parada na varanda me fez sorrir, e eu abri a porta completamente para recebê-la. A abriguei calorosamente em meus braços, ouvindo seus sussurros de felicitações.

- Obrigada, mãe. - Eu disse ao me afastar, apertando suas mãos. Ouvi alguns murmúrios em uma voz muito conhecida e olhei para o quintal da frente, vendo meu pai reclamar de algo com uma das mãos na cintura.

- Vou arrumar alguém pra cuidar desse jardim. - Ele disse, olhando em volta, vindo finalmente ao meu encontro. Eu o olhei com tédio, porque o que ele tinha chamado de jardim, não passava de dois pequenos espaços preenchidos por grama, ao lado do caminho de pedra que levava até a varanda. - Olha só, se não é a fêmea mais bonita de todo o mundo. - Ele sussurrou sorridente, me aninhando debaixo de seus braços fortes e amorosos.

- Ouviu isso? - Eu perguntei pra minha mãe, que riu, cobrindo a boca.

- Você é uma criança terrível. - Ele disse, fazendo aparecer em sua mão um buquê simples de tulípas roxas envolto em papel amarelo. Adulta, minha mãe acrescentou zombeteira, rindo com meu pai. Eu fiz uma careta pra eles. - Comprei essas pra você, sei que são suas favoritas. - Ele disse galante, me fazendo sorrir.

- Alguém foi mais rápido, Rhys. - Minha mãe disse, caminhando até o centro da sala. Eu segurei o buquê, já desesperada por não saber onde colocar as flores idênticas ás dos vasos. E em meio ao silêncio e minha preocupação, demorei a perceber a seriedade de meu pai. Sua mandíbula ficou tensa e eu me afastei sorrateiramente, não querendo presenciar alguma crise de ciúmes. Eu conhecia meu pai, sabia como ele lidava com as coisas, e por mais que negasse, ele ainda era metade ilyriano - territorialista com todos, sentindo ciúmes até de meu irmão.

Ao me afastar, ouvi os passos tranquilos de minha mãe, provavelmente indo o tranquilizar. Me senti inquieta com a situação, mesmo sabendo que eles não poderiam saber o remetente. Enquanto eu estava na cozinha, ouvi Patty no quintal de trás, brincando nas margens do pequeno lago que caía no Sidra. Eu abandonei o buquê em cima de uma mesa antiga de madeira, sem cadeiras, e me aproximei do batente da porta aberta.

Eu admirei o pequeno animal nadando por alguns segundos, até ouvir passos, me fazendo virar para ver a pessoa. Um bilhete apareceu ao lado do buquê, envolto em fagulhas de fogo. As chamas sumiram no exato segundo em que minha mãe pisou na cozinha. Atordoada pelo quase flagra, eu ainda olhava para o pedaço de papel em cima da superfície.

- Precisa de ajuda? - Ela perguntou depois de alguns segundos, não deixando de notar o pedaço de papel em cima da mesa.

- Não tenho vasos sobrando. - Eu disse, me aproximando e recolhendo o papel, o enfiando no bolso. Seus olhos também seguiram esse movimento, mas sua expressão não passava de serenidade.

- Podemos dividir entre os outros vasos. - Ela deu de ombros, vindo em minha direção e começando a tirar flor por flor, arrancando as folhas e deixando o caule liso. Eu fiquei em silêncio, a ajudando no trabalho. - Velarie-

- Mãe- Dissemos ao mesmo tempo. O ambiente estava tomado por desconforto de minha parte, mas acabamos rindo. - Pode falar. - Eu indiquei, prestando atenção no trabalho em minha mão.

- Eu ia dizer que você é uma mulher adulta. - Ouvi ela dizer, o sorriso calmo era palpável em suas palavras. Era engraçado o fato de minha mãe não ter aprendido a falar fêmea ao se referir à alguém próximo, sendo eu, ou tia Nestha e Alina. - Sabe o que está fazendo e o que é melhor pra si mesma. Não é da minha conta.

Eu coloquei a última flor no montinho que criamos e olhei pra ela, lhe lançando um sorriso tímido.

(...)

Meu pai tinha me levado até a casa do vento, envolto em mau humor e azedume hilário. A manhã de outono estava incrivelmente ensolarada, apesar da primeira madrugada ter sido fria. O sol queimava minha pele exposta na espreguiçadeira ao lado de Alina, e vez ou outra eu sentia um vento gelado bater contra minha pele, provocando um enorme arrepio. Minha mãe também estava pegando sol, um pouco mais próxima da sombra, onde tia Nestha estava, já que ela desaprovava o sol excessivo em sua pele pálida. A mesma possuía uma aparência esverdeada e doente esta manhã, e se abanava vez ou outra com o livro que estava lendo. Eu fiz uma careta, jurando que ela iria vomitar a qualquer segundo.

Arrastando meu olhar para longe, ajeitei a parte de baixo da minha veste de banho minúscula. E então, olhei para Alina, que me encarou de volta por um segundo tão desconfortável quanto nosso silêncio. Eu olhei pra outro lado, mal acostumada com aquela situação entre nós duas. Eu e Alina nunca tínhamos sido próximas, e nos últimos anos quase não tivemos contato fora das reuniões famílias e Valquírias.

E eu também me mantinha longe, não fazia questão de interagir com ela fora dos encontros ocasionais com meu irmão e primo. Algumas coisas simplesmente não deveriam ser cutucadas ou remexidas. Mas aquele silêncio estava demais pra mim, então, me voltei para ela novamente, observando seus olhos fechados. - Você já leu Princesa cruel? - Eu perguntei. Era bobo, mas eu sabia que Alina gostava de romances tanto quanto eu.

- Não. - Ela disse simplesmente, balançando a cabeça. Eu esperei por alguns segundos, mas ela não disse mais que isso.

- Eu comecei recentemente, é muito bom. Você deveria ler. - Eu disse. E dessa vez, Alina não respondeu, nem mesmo fez algum gesto de entendimento. Eu comecei a pensar em outros assuntos pertinentes, e pensei em perguntar sobre a cor que ela escolheria pra pintar suas unhas, já que iríamos todas juntas fazer após o banho de sol. Mas quando me virei novamente, abrindo a boca pra perguntar, a fêmea virou de bruços, voltando seu rosto para o lado oposto ao meu. Suas asas se abriram, caindo no chão, uma de cada lado em sua espreguiçadeira, formando uma cortina, me separando dela.

Eu não pude evitar em me afundar na cadeira, me sentindo mal e incoveniente. Suspirei baixinho ao sentir uma rajada de vento mais severa, trazendo consigo um odor muito, muito leve de flores.

(...)

Ao anoitecer, eu me arrumava em meu quarto na casa de meus pais. Seria uma pequena festa de aniversário, apenas para a família, mas ainda assim, todos nós estaríamos impecáveis. Nyx tinha me comprado um vestido violeta, curto, colado e brilhante, ao qual marcava bem minhas curvas, e contrastava com minha pele, agora queimada. Eu estava terminando de ajeitar meu cabelo, em mechas elegantes e brilhosas, quando houve três batidas na porta. Olhando pra trás, ainda sentada em minha penteadeira, vi Zion adentrar timidamente, fechando a porta atrás de si.

Seus passos eram incertos e sua expressão era temerosa. O jovem vestia um casaco azul escuro, de gola alta, que o deixava com uma aparência infantil e inocente. Suas mãos carregavam um grande embrulho de livros grossos, presos por uma fita branca. Ele parou em uma distância confortável, segurando o amontoado com as duas mãos.

- Oi. - Ele sussurrou. Eu respondi, voltando a arrumar meu cabelo. Não tinha visto ou falado com Zion desde nossa briga, e simplesmente não conseguia vê-lo com bons olhos novamente. - Eu gostaria de conversar com você.

Eu ri pelo nariz.

- Não sou muito... Como você disse...? Pé no saco? Não sou muito pé no saco pra isso? - Eu perguntei, apontando e gesticulando com a escova em minha mão. Zion abaixou a cabeça por alguns segundos, apertando os lábios.

- Lhe devo desculpas. - Ele disse, voltando a me olhar nos olhos, decidido. Suas sombras estavam revoltas em seus ombros, fugindo.

- Não me deve nada-

- Fui um cuzão, Velarie. - Ele soltou, quase esbravejando. Eu arregalei os olhos, pois nunca tinha visto Zion xingar. O jovem suspirou, fechando os olhos e apertando a ponta do nariz. - Sinto muito, prima.

Eu umedeci os lábios, engolindo em seco. Zion parecia estressado, transtornado com algo. - Bem, essa é uma palavra muito feia. Mas, sim, você foi. - Eu disse, sorrindo levemente, tentando amenizar o clíma, já que eu não tinha gostado nem um pouco de sua depreciação. - Mas eu também fui, então estamos quites, não?

- Não. - Ele respondeu como se fosse óbvio. Eu suspirei.

- Olha, Zion, todo mundo passa por momentos estressantes, e eu tenho certeza que você está passando por um. - Eu soltei a escova sobre a madeira, e me virei no assento, para vê-lo melhor. - Sua vida está mudando bruscamente, logo os gêmeos estarão aí e... caramba, três de uma só vez? Isso é demais pra qualquer um, eu entendo que você-

- Velarie, isso não é sobre mim. - Ele me cortou, balançando a cabeça. - Você passou por coisas terríveis e eu não a vejo sendo rude com as pessoas pra se sentir melhor. Pelo contrário... - Ele riu sem humor. Seus olhos brilharam e eu me levantei lentamente. - Está tentando me fazer sentir melhor, mesmo eu sendo o errado em toda a história.

- Você foi obrigado a fazer algo. - Eu dei de ombros. - E eu também... E pensando melhor, se não fosse você a ser idiota primeiro, eu teria sido. - Eu apertei seu ombro, ignorando as sombras se afastando imediatamente daquele espaço. - Desculpe por ter te batido.

- Eu meio que mereci. - Ele confessou, fazendo uma careta, enrugando o nariz.

- Mereceu. - Eu concordei, cruzando os braços e fingindo seriedade. Zion riu, me arrancando um sorriso.

Um silêncio agradável tomou o ambiente, e meu primo estendeu os livros pra mim. Eu peguei, erguendo uma sobrancelha. - Feliz aniversário.

- Obrigada. - Eu sussurrei, virando os livros em minha mão e quase perdendo o ar ao perceber que eram...

- "A vingança dos mortos." - Zion ecoou o que eu acabara de ler. - Essa edição não existe mais, e eu lembro que você sempre olhava pra eles em minha estante, então... - Ele se atrapalhou com as palavras, coçando a nuca. As vezes eu esquecia que Zion e eu tinhamos mais em comum do que parecia.

- É perfeito, Zion. - Eu apoiei o presente na madeira ao meu lado e o abracei pela cintura. O mesmo correspondeu o abraço, deixando um beijo afetuoso em meus fios.

Quando nos afastamos, Zion percorreu meu corpo com seus olhos de espião. O azul esverdeado, cristalino, misturado ao amêndoa contornando sua pupila, pareceu escurecer. Sagaz e desejoso. Sua cabeça balançou em aprovação e eu o empurrei, socando seu peito, o fazendo rir. - Está maravilhosa, Velarie.

- Sei que estou. - Foi tudo o que disse, dando uma última olhada no espelho.

(...)

Quando desci com Zion, todos já estavam "alegres" demais, e Nyx me recepcionou com um assobio, seguido de um aplauso que se tornou uma coisa constrangedora e hilária.

- Como está seu namorado, Velarie? - Tio Cassian perguntou, já muito alterado. Meu pai, em uma poltrona ao seu lado, vestiu sua carranca costumeira.

- Qual deles? - Eu respondi, tomando um gole de vinho. Sua risada estrondosa inundou a sala, e seu dedo indicador voou em direção a face de meu pai, que forçou um sorriso irritado antes de virar metade da taça. Eu gargalhei junto, me divertindo mais que o normal por conta do álcool.

A noite correu leve e alegre. Todos nós vestimos coroas coloridas de papel machê e cortamos o bolo antes do jantar, como a tradição de nossa família diz. E por mais que as coisas estivessem tranquilas, como todo evento familiar, as coisas começaram a ficar caóticas depois de um tempo. Noeli atirou ervilhas no rosto de Alina com uma colher, e acabou ficando com uma presa em sua própria narina. Como? Eu não sei. Já tia Nes e tio Cass, acabaram sumindo por um tempo, e eu consegui ouvi-la vomitar em certo momento. Tia Gwyn, com sua enorme barriga e cansaço digno da gravidez gemelar, dormiu sentada em uma poltrona, acordando apenas na hora dos presentes. E o momento todo se tornou uma disputa, não era mais sobre me presentear, era sobre quem dava o melhor presente.

E eram tantos; a própria ruiva, tinha me dado um gorro de inverno - algo de tricô, em forma de sapo, feito por ela mesma. Todos riram, sabendo que eu seria obrigada a usá-lo no próximo inverno. Tio Az também me deu algo, apesar de sua frieza estranha no comportamento - ao qual eu ligava ao fim da gravidez de sua parceira. Ele tinha me dado cristais de vento, para pendurar em minha varanda.

Já tio Cassian tinha me dado um livro de receitas, dizendo que eu provavelmente estava vivendo de sanduíches e porcarias - e ele estava certo, mas eu não admiti. Tia Nestha me deu uma nova série de romance e um conjunto lindo de pratos em cerâmica colorida e diversa.

Morrigan me deu um par de luvas para o inverno e sua parceira, Emerie, me presenteou com lindos vasos de cerâmica, feitos e pintados por ela mesma. Todos vaiaram Emerie, já que eu fiquei super emocionada e maravilhada com seu trabalho, o que nos fez gargalhar.


Nyx me deu uma pulseira gêmea á sua, preta, roxa e azul, assim como Gwyn já nos havia ensinado. Eu o abracei por um longo tempo, antes de abrir o presente que Noeli me empurrou: Um colar de pérolas, com uma grande pedra rosa no meio - parecia ser antigo e meu pai brincou, dizendo que Tarquin estava querendo se livrar do amontoado de jóias de alguma sala em particular. Noeli riu, sabendo de alguma piada interna que eu desconhecia. Em outra caixa, possuía duas enormes conchas - serviam como um meio de comunicação, explicou Noeli, para nos falarmos quando ela estivesse na Estival.


Minha mãe sentou ao meu lado, já mais sóbria e interessada nos presentes, então me passou duas caixas, uma bem pequena e a outra, larga e fina. Eram da Corte Crepúscular; dentro da caixa pequena estava um colar com um pingente estranho, preenchido por um líquido gosmento e vermelho, junto de um cartão. E eu o li em voz alta:

"Esta cápsula contém um antídoto de cura, com ervas e meu próprio sangue. Basta bebê-lo, caso se machuque gravemente. Será de grande ajuda, já que não consegue fugir de problemas. - Thesan."

Eu ri, não sabendo se aquilo era algum tipo de insulto ou não. Minha mãe encarou meu pai, quase chocada com a grandeza do presente. Meu pai maneou a cabeça, deslisando o indicador abaixo do nariz.

Eu abri a outra caixa, olhando para o instrumento de cordas com estranheza. Eu o peguei, o posicionando em meu colo. Ele era todo feito de ferro, polido e forjado com diferentes desenhos confusos, sendo em sua maioria, figuras femininas seminuas. Eu testei as cordas, ouvindo o som novo e revoltado em meus ouvidos - mas afastei meus dedos imediatamente, sentindo um formigamento estranho e mágico percorrer meus ossos. Ar saiu de meus pulmões em admiração.


- Meywen é um gênio. - Eu sussurrei. Ela é, Nyx sussurrou de volta, sorrindo tão maravilhado quanto eu.

Passando para o próximo presente, da Corte Invernal: eu tinha ganhado uma coleção de garrafas de vinho quente, uma especialidade da Corte. Junto também veio um sobretudo de couro marrom claro, ao qual eu fiz uma careta, apesar de ser bem bonito.


Eu peguei o embrulho da Corte Diurna, sendo uma caixa quadrada branca, e puxei as fitas douradas: dentro tinha um grande e pesado livro, revestido em ouro e pedras preciosas - em um cartão, Helion dizia ser um antigo manual de feitiços de proteção. O livro tinha sido reescrito em uma nova versão, e ele confiava em mim para guardar esse antigo. Junto do livro, também estava um colar, com pingente de sol e lua, me fazendo sorrir.


- E este é o nosso. - Meu pai trouxe um amontoado de três caixinhas. E eu abri cada uma, maravilhada com os detalhes. A primeira continha um novo kit de pintura, com carvão e tinta. A segunda era de veludo, e tinha um conjunto de colar, anel e brinco estrelado, com safiras. A terceira e minha preferida, possuía uma adaga com lâmina em formato de dente. Cristais decoravam toda a extensão de seu cabo, e eu passava meus dedos alí, extasiada com o presente.


- Obrigada. - Eu sussurrei, com gratidão genuína. Era um presente muito significativo, visto que minha primeira adaga também tinha sido um presente em meu aniversário de quatorze anos, há cinco anos atrás.

- Que nome irá dar à esta? - Minha mãe perguntou, abraçando minha cintura e apoiando o queixo em meu ombro. Eu balancei a lâmina letal junto do cabo delicado em minhas mãos, vendo as pedras brilhares na luz. A arma possuía uma beleza traiçoeira, e por esse mesmo motivo, minha mente formou um jogo de palavras, criando nomes terríveis e inexistentes.

- Seir. - Eu disse, contendo um sorriso crescente. Nada como uma zombaria, um segredo, ou uma piada interna, para me divertir.

- Você era bem mais legal quando criança. - Tio Cassian confessou, fazendo alusão à "Cair da noite" e todo minha criatividade juvenil. Mal sabia ele.

- Bem, só faltam os presentes de Helena! - Minha mãe bateu palmas antes de se levantar e trazer caixas e mais caixas, uma em cima da outra. Eu arregalei os olhos, não acreditando na quantidade, mesmo que algumas fossem pequenas.

Minha mãe me empurrou a primeira, parecendo mais curiosa e animada que eu para descobrir o conteúdo das caixas de papel brilhante. Então eu abri, uma por uma. Ao todo, eram sete pares de sapatos de seda, decorados com pedras preciosas. Alguns faziam referência às estrelas, mostrando que tinham sido encomendados. Eram luxos exagerados, que não me agradavam, mas ainda assim, inegavelmente impecáveis e lindos. Nas caixas menores, outras centenas de jóias, em sua maioria sendo anéis, em uma coleção que ia do roxo ao verde, de forma harmoniosa. Junto também haviam brincos e colares, com pedras enormes e caras. Eu franzi o cenho, não acreditando que Helena poderia me enviar algo do tipo.


- Eles são muito exibidos. - Nyx disse, entortando o nariz enquanto analisava um dos colares. E eu concordei, porque, bem, era verdade.

- Abra este. - Minha mãe disse, estendendo uma caixa maior. Nela estava uma capa de veludo, tão preta que parecia engolir a luz e todas as coisas ao seu redor.

- Interessante. - Eu sussurrei deslisando meus dedos pelo tecido.

- Seria perfeito para uma espionagem. - Gwyn brincou, me fazendo sorrir mínimo. E era verdade, já que o material parecia ser feito de sombras.

Mas eu deixei a caixa de lado, voltando a segurar e deslisar meus dedos por Seir, ainda maravilhada com o presente. Conversas paralelas preencheram a sala de convívio, dando fim à toda algazarra e diversão sobre os presentes, por mais que ainda sobrassem caixas. Minha mãe, percebendo meu desinteresse, passou a organizar as caixas por ítens, abrindo as que ainda faltavam.

Um grande suspiro de surpresa vindo da fêmea chamou a atenção de todos nós. Ela segurava a tampa de uma caixa, olhando extasiada para o conteúdo. Eu tentei decifrar o que era, enquanto tia Nes, Emerie e Mor se apertavam ao redor da grande caixa quadrada. Largando meu presente no sofá, a arma pontiaguda pareceu completamente inútil e insignificante conforme eu me aproximava e olhava a coisa de madeira e ferro. - O que é isso? - Eu perguntei, entortando a cabeça.

- Uma besta! - Minha mãe respondeu sorrindo, portando o objeto em seus braços e mãos com agilidade. - É ótimo para a caça. - Seus olhos brilharem de excitação, e eu pude ver lampejos da caçadora em sua íris azul. - É linda. - Ela sussurrou, olhando cada detalhe.


- Precisa me ensinar a usá-la. - Eu disse sorrindo, ao pegar a arma de sua mão.

Do outro lado da sala, sentado em uma poltrona, Rhysand estava em silêncio. Pra ele, era sempre bom ver sua parceira sorrir e ficar animada com algo. Pois o lembrava de que ela estava alí, saudável, e querendo viver.

Mas Rhysand não estava sorrindo, como sempre fazia ao ver a animação da fêmea. Seus pensamentos estavam muito presos em sua filha, e em sua atitude anterior. A adaga, presenteada à ela por ele próprio, estava largada e esquecida sobre o estofado do sofá. A situação toda era estranha pra ele, nunca tinha sentido tanto ciúmes de sua filha antes. Mas vê-la sendo comprada por um presente alheio... Bem, vendo ambas as fêmeas, se não quase todas as fêmeas alí presente, ficarem admiradas com uma simples arma de caça, era enlouquecedor. Talvez porque não fora ele quem o deu, Rhys concluiu. E ele não queria que Velarie fosse roubada dele dessa forma. Ter que dividir sua filha com algum marmanjo, macho idiota? Não, ele ainda não estava preparado pra nada disso.

Mas teria que estar, em breve - percebeu.











Com a desculpa de que estava cansada, Velarie subiu, se fechando em seu quarto. Era péssimo que tenha prometido ficar esta noite, já que seus planos eram outros. E agora era obrigada a fugir, como a inconsequente que vinha sendo nos últimos meses.

O banho em essências foi rápido, assim como a maquiagem que ela fez, marcando seus olhos com preto e os deixando ainda mais expressivos. Não mexeu muito no cabelo, já que aprovava as mechas elegantes em suas costas e ombros. E só depois de passar um óleo em suas pernas, barriga, busto e braços, ela escorregou dentro do vestido transparente, que só tapava as áreas mais íntimas de seu corpo curvilíneo. Após adicionar luvas de seda e um par de jóias que ganhara naquela mesma noite, Velarie vestiu sua capa preta, usando mais magia que o normal para atravessar de dentro de seu quarto.














________________________________________

KKKKKKKKKKKK oi


desculpa o sumiço, a autora estava vivendo!!!!!

não, mas gente, o eris é muito emocionado né

nada como um cara querendo comer uma mina pela primeira vez, juror 🗣️🗣️🗣️

mentira, parei KKKKKKKKKKKK

e a Alina, hein? será que algum dia elas vão se aproximar? 🤔

e sim, a Nestha tá grávida, a Velarie que é tapada e não liga

oq acharam da reconciliação com o Zion? eu sinto que eles podem se aproximar mais depois dessa conversa, só não sei como ainda

E os presentes????

Ah, e Seir, a nova adaga da Velarie, é um anagrama pra Eris.

sério, gente, a mente de milhões

Rhysand tendo crise existencial:

Pra onde Velarie tá indo????? KKKKKKKKKKKK

ai gente, nem te conto

até daqui uns dias, dessa vez é verdade pq é tipo um bônus dessa noite

aliás, acho que é o momento mais aguardado da fic.

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