πŒπ€π’π“π„π‘ππˆπ„π‚π„, harry...

By catratonks

212K 16.3K 90K

𝐚𝐫𝐭𝐞. substantivo feminino ? ΰ₯§ 𝐒. produção consciente de obras, formas ou objetos voltada para a concret... More

ππ‘π„π’π„ππ“π€π“πˆπŽππ’
ππ‘πŽπ‹πŽπ†π”π„
π˜π„π€π‘ π…πŽπ”π‘
π˜πŸ’: Quidditch World Cup
π˜πŸ’: The Triwizard Tournament
π˜πŸ’: The Four Champions
π˜πŸ’: Potter Stinks
π˜πŸ’: The First Task
π˜πŸ’: Will You Dance With Me?
π˜πŸ’: Yule Ball
π˜πŸ’: The Golden Egg
π˜πŸ’: The Second Task
π˜πŸ’: Truth Or Dare
π˜πŸ’: The Third Task
π˜πŸ’: Everything Changes
π˜π„π€π‘ π…πˆπ•π„
π˜πŸ“: Grimmauld Place
π˜πŸ“: The Silver Dress
π˜πŸ“: The Prank
π˜πŸ“: Dolores Umbridge
π˜πŸ“: Firefly Conversations
π˜πŸ“: Harry, My Harry
π˜πŸ“: The Astronomy Tower
π˜πŸ“: The High Inquisitor
π˜πŸ“: The Revenge
π˜πŸ“: The Reunion
π˜πŸ“: Midnight Talking
π˜πŸ“: Dumbledore's Army
π˜πŸ“: Weasley Is Our King
π˜πŸ“: Love Potion
π˜πŸ“: Nightmares
π˜πŸ“: Holly Jolly Christmas
π˜πŸ“: Maddie's Birthday Party
π˜πŸ“: Happy New Year!
π˜πŸ“: Fireworks
π˜πŸ“: Draco Malfoy
π˜πŸ“: Honeycomb Butterflies
π˜πŸ“: Expecto Patronum
π˜πŸ“: The New Seeker
π˜πŸ“: Breakdown
π˜πŸ“: A Whole New Perspective
π˜π„π€π‘ π’πˆπ—
π˜πŸ”: Horace Slughorn
π˜πŸ”: The Burrow
π˜πŸ”: Weasley's Wizard Wheezes
π˜πŸ”: Back to Hogwarts
π˜πŸ”: Amortentia
π˜πŸ”: The Quidditch Captain
π˜πŸ”: Draco?
π˜πŸ”: Falling Apart
π˜πŸ”: The Bookstore of Mysteries
π˜πŸ”: The Curse
π˜πŸ”: Slug Club
π˜πŸ”: Champagne Problems
π˜πŸ”: Dirty Little Secret
π˜πŸ”: Sign Of The Times
π˜πŸ”: Road Trip
π˜πŸ”: Whispers and Secrets
π˜πŸ”: Shopping Day
π˜πŸ”: Rufus Scrimgeour
π˜πŸ”: The Hunt
π˜πŸ”: Valentine's Day
π˜πŸ”: Quidditch Disaster
π˜πŸ”: Sixteenth Birthday
π˜πŸ”: Liquid Luck
π˜πŸ”: Sectumsempra
π˜πŸ”: The Cave
π˜πŸ”: What Starts, Ends
π˜π„π€π‘ 𝐒𝐄𝐕𝐄𝐍
π˜πŸ•: The Seven Potter's
π˜πŸ•: The Birthday Party
π˜πŸ•: The Wedding
π˜πŸ•: The Murderer
π˜πŸ•: September 1st
π˜πŸ•: The Sins Of Tragedy
π˜πŸ•: Body and Soul
π˜πŸ•: Slytherin's Locket
π˜πŸ•: The Depths Of Fall
π˜πŸ•: Breaking Hearts
π˜πŸ•: Godric's Hollow
π˜πŸ•: The Sword
π˜πŸ•: The Deathly Hallows
π˜πŸ•: Bellatrix's Vengeance
π˜πŸ•: Highs And Lows
π˜πŸ•: The Talk
π˜πŸ•: The Plan
π˜πŸ•: Knives? Sure!
π˜πŸ•: The Boy Who Lived
π˜πŸ•: When Nightmares Come to Life
π˜πŸ•: Blood And Bone
π˜πŸ•: Voids
π˜πŸ•: Death Comes
π˜πŸ•: Sunflowers
π˜πŸ•: Turning Page
π˜πŸ•: Intertwined Fates
𝐀𝐅𝐓𝐄𝐑 𝐓𝐇𝐄 𝐖𝐀𝐑
I. Surprises
II. Soft Kisses And Bad Dreams
III. Death's Lullaby
IV. WARNING: DANGER!
V. Hunting Season
VI. The Corner Of The Lost Souls
VII. The Letter
VIII. Sex On The Beach
IX. The Announcement
X. Until You Can't Breathe

π˜πŸ”: August 11th

1.7K 152 785
By catratonks

Os dias que se seguiram passaram de forma rápida, com manhãs esplendorosas e quentes e tardes de chuva. Normalmente, tínhamos que acordar bem cedo por causa da dinâmica da Toca (minha mania de dormir de madrugada provou-se negativa), e ainda sonolentos ajudávamos a Sra. Weasley com algumas tarefas básicas antes de sairmos para jogar quadribol. Eu nunca queria participar, mas Harry sempre conseguia me convencer do contrário. No fim das contas, era divertido.

Quando eu não estava jogando ou lendo, conversava com Fleur e Hermione. A essa altura, minha família já tinha ido embora, apesar de minhas súplicas para que eu fosse junto. Não que eu não gostasse de estar na casa de Ron, mas sentia falta da minha rotina arrastada e triste de antes. Ginny também tentava participar da conversa, mas se afastava toda vez que mencionávamos o nome de Harry. Isso também me deixava para baixo, porque eu não queria prejudicar nossa amizade apenas devido à sua paixão platônica por meu namorado. Quero dizer, tudo me deixava para baixo ultimamente, mas eu estava tentando melhorar.

— Sinto muito, S/N, mas já conversamos sobre isso — disse Remus. — Vocês vão voltar depois do aniversário de Ginny.

— Eu não ligo para essa festa estúpida! — retruquei. — Amo a Ginny e tudo o mais, só que não estou com cabeça para nada disso. Preciso de um descanso, Remus, céus.

— Ei — chamou ele, solidário — , não fique assim. Veja pelo lado bom, Harry está aí com você. Conversei com ele e combinamos tudo: depois da festa, nem que sejam três horas da manhã, busco vocês. Se você quiser.

Apenas o encarei, receosa. A possibilidade de estar em meio a tantas pessoas num só lugar não me agradava, principalmente porque, da última vez em que estive num canto lotado, papai morreu.

— Vou deixar vocês passearem no shopping, depois — disse Remus, tentando me animar. Ele sabia que eu amava fazer compras, até porque era um de nossos passatempos favoritos. — Harry pode te levar a uma livraria, ou então ao cinema. Ou os dois, é decisão de vocês. Prometo que vou te deixar gastar todo o meu dinheiro.

— Você está mesmo tentando me comprar com livros e pipoca? — ergui as sobrancelhas.

— Sim?

Revirei os olhos.

— Tudo bem — consegui forçar um sorriso. — Pelo menos tenho que esperar somente até amanhã.

Remus deu um suspiro de alívio.

— Quer que eu lhe envie alguma roupa especial, ou você já tem tudo de que precisa?

— Tenho — afirmei. — Vou usar aquele vestido que compramos na Austrália.

Remus sorriu.

— Preto sempre é uma boa escolha.

— Vou lembrar disso na próxima vez que for comprar um presente para você — falei.

De repente, alguém me puxou para trás, fazendo-me cair sentada no chão. A imagem de Remus desapareceu em meio às cinzas da lareira da cozinha da casa dos Weasley, deixando-me com nada senão eu mesma, e George.

— Ei! — reclamei. — Eu ainda não tinha terminado de falar com ele.

George deu um sorriso contido.

— Foi mal — pediu. — É que marquei de conversar com uma pessoa daqui a exatamente um minuto, e preciso da lareira liberada.

— Hmmm, e por acaso o nome dessa pessoa começa com "Ga" e termina com "briella"?

O gêmeo corou quase que imperceptivelmente.

— Cale a boca — mandou ele, e eu ri baixinho. Eu apoiava muito os dois, então é claro que entendia.

— Prometo que não vou contar a ninguém — disse eu. — Vou  deixar vocês conversarem.

Com isso, subi as escadas até o quarto que estava dividindo com Harry e Ron, e entrei. O ruivo estava deitado na cama, analisando um livro que falava sobre estratégias de quadribol. Dava para ver que ele estava determinado a fazer um esforço maior naquele ano. Harry, por outro lado, lutava com os próprios cabelos, tentando domá-los. Ambos já estavam arrumados para a festa de aniversário de Ginny: Ron usava um suéter escuro que combinava muito com a calça cor de pêssego, enquanto meu namorado vestia a jaqueta de couro preta que lhe dei de aniversário sobre a calça da mesma cor, e uma blusa branca. Fechei a porta atrás de mim e andei até ele, ainda usando a camiseta que Harry me dera naquele dia pela manhã.

— O que você está fazendo, Hazz? — dei um sorriso, achando graça das caretas que ele fazia ao observar o próprio reflexo através do espelho.

— Faz meia hora que ele insiste em arrumar os cabelos — disse Ron, sem tirar os olhos do que estava lendo. — Conhecendo Harry desde os meus onze anos, eu diria que é uma tarefa que não tem muitas chances de acontecer.

— Vamos, não está tão bagunçado assim — reclamou Harry.

Cheguei mais perto, tirando o pente de suas mãos. Harry observou enquanto eu o colocava sobre a cabeceira da cama que estávamos dividindo, e também olhou quando, ainda atrás dele, passei a mão por seus cabelos escuros. Os fios deslizaram por entre meus dedos como seda.

— Pessoalmente, acho que você fica lindo de cabelos bagunçados. Não deixe que te façam pensar o contrário, mhm? — dei um beijo na nuca dele, aspirando o aroma suave de bebê que sempre me fazia esquecer de tudo. — Vou tomar banho.

— As toalhas estão no armário, mamãe arrumou tudo por causa dos convidados — disse Ron, levantando-se. — Vou atrás de Gui. Só me façam um favor, e não tomem banho juntos em meu banheiro, está bem?

Dei um sorrisinho quando vi que Harry olhava para os próprios pés, tentando não rir. Peguei o vestido que tinha separado para aquela noite e dei um tapa no braço de Ron antes de entrar no banheiro.

— Besta.

Tomei um banho rápido, porém cuidadoso. Quando se tratava de festas, eu sempre era metódica, e tinha mania de querer me sentir cem por cento limpa.

Meu vestido era curto, mas era muito confortável e tinha bom caimento. Decidi que era bem melhor que uma peça longa, já que estaríamos entre amigos num ambiente descontraído.

Passei os dedos pelo tecido, lembrando que Remus e eu compramos a roupa quando meu pai não estava olhando, sabendo que ele faria um escândalo diante dos decotes da peça; mas não me permiti pensar muito nisso para poupar minha sanidade mental.

Me vesti, fiz uma maquiagem bem leve, apenas espalhando um pouco de base sobre minha pele e completando com rímel, e saí do banheiro em busca de meus sapatos, que antes estavam aos pés da cama. A única coisa que encontrei foi Harry, que lia o penúltimo livro de O Trono de Vidro sobre a cama, encostado na parede.

— Amor, você viu meus All Star pretos?

— Estão ali no canto, perto da estante — respondeu ele, tirando os olhos das páginas do livro e voltando-se para mim. — Wow.

Dei um sorrisinho.

— Vou interpretar isso como um elogio.

Harry observou enquanto eu sentava na borda da cama e calçava minhas meias, depois os tênis, com uma expressão que ao mesmo tempo era curiosa e gentil. Mesmo quando fiquei imóvel, encarando meu reflexo diminuto através do espelho que ficava do outro lado do cômodo, Harry demorou um pouco antes de falar qualquer coisa. Ele desencostou-se da parede, sentando ao meu lado e encostando seu All Star de cano curto no meu, que era de cano alto. Nossos cadarços estavam meio sujos devido ao uso.

— Vamos, vai ser divertido, meu bem — ele afastou um fio de cabelo para longe de meus olhos. — Vamos rever nossos amigos, dançar uma música legal. Prometo que vou te fazer ficar feliz.

Lentamente, assenti. Harry inclinou o corpo, esticando-se para pegar a câmera fotográfica de impressão automática que Hermione emprestara a ele e tirando a tampa que protegia a lente.

— Sorria para a câmera, S/A.

Tentei, tentei mesmo, mas não consegui.

E então, antes que eu pensasse por tempo o suficiente para me depreciar, Harry começou a fazer cócegas em mim, e rir foi inevitável. Ele segurou minhas mãos com uma das suas e me beijou suavemente, fazendo crescer meu sorriso, e tirou uma foto nossa enquanto fazíamos isso. Depois, ele se afastou, e, comigo ainda rindo feito boba, tirou outra foto, com um dos braços me envolvendo pelos ombros.

Harry deixou a câmera de lado e me beijou mais vezes, atentando-se a me fazer rir quando podia.

— Isso, assim está muito melhor — disse ele, sorridente, passando um dedo sobre o cantinho de meu lábio superior. — Não gosto de te ver triste, meu bem. Justamente você, que merece toda a felicidade do mundo — ele beijou meus lábios outra vez. — Te amo, viu?

Mordi o interior de minhas bochechas.

— Também te amo.

Harry segurou minha cabeça com cuidado e deu um beijo em meus cabelos. Retribuí o gesto com um sorriso.

.˚﹟ 𓂅 ♡ ᵎ ˖ ˙ Ϟ 𐄹 १

Quando descemos as escadas, as poucas pessoas que tinham chegado para a festa vieram nos cumprimentar.

— Caralho, S/N — disse Dino com um sorriso. — Você está muito gostosa!

Dei uma risada e o abracei, ciente de que Harry estava rindo também. Meu namorado nunca teve muitos ciúmes de mim porque sabia que podíamos confiar um no outro, apesar de sua raiva platônica de Draco e seu conhecimento sobre meu desconforto com Córmaco. E mesmo quando tinha, tentava não demonstrar.

Além disso, todos sabíamos que Dino gostava de Simas.

— Obrigada — ri. — Você também está.

Fora Dino, quase todos os outros rostos me eram familiares: Lilá, Parvati e Padma, Simas, Luna, Neville, os gêmeos Weasley, Ron, Hermione, Ginny e outras pessoas que estudavam conosco em Hogwarts. Havia, também, um garoto loiro de olhos cor-de-âmbar muito vibrantes, característica que fazia parecer que ele estava tentando observar através das almas das outras pessoas.

Notando minha curiosidade, Dino explicou:

— Ah, aquele é Adam, o novo namorado de Ginny. O cara é gente fina — disse ele. Depois, acrescentou, para que só Harry e eu pudéssemos ouvir: — Ele é um gato, vocês não acham?

— Hm, não sei, não — respondi, erguendo as sobrancelhas. — É bonitinho.

Harry fechou a cara. Ok, talvez ele fosse um pouquinho ciumento.

— Eu não ficaria com ciúmes, se fosse você — disse Dino para Harry. — Se Adam é "bonitinho", como S/N disse, então você é um deus grego.

Quase engasguei.

— Dino! — exclamei, rindo. Harry achou graça também. — Você não pode sair por aí dando em cima do namorado dos outros!

— Claro que posso, sou um cidadão livre — ele deu uma piscadinha, e eu sorri de novo. Era incrível como a energia de Dino era contagiante. — Ainda não tenho dezoito anos, então não posso ser preso.

Revirei os olhos. Adam, que nos observava, se aproximou com a mão estendida.

— Oi — cumprimentou ele. — Meu nome é...

— Adam — completei. — Ouvimos falar de você.

O garoto bagunçou os cabelos, envergonhado.

— Ah... Hm, certo.

— Não se preocupe, foi só coisa boa — falei. — Sou S/N, e este é meu namorado, Harry. Você é do quinto ano, certo?

— Isso — disse ele. — E sou corvino.

— Meus pêsames, então — disse Dino, dando batidinhas no ombro dele. — O quinto ano é o mais difícil de todos, principalmente por causa dos N.O.M.s. Minha mãe tentou puxar minha orelha quando viu que tirei um "D" em Adivinhação.

— Também não fui muito bem nessa — disse Harry, dando de ombros. — Mas S/A foi excelente, tirou "O" em todas as provas.

Os dois garotos olharam para mim, boquiabertos.

— Sério? — exclamou Adam. — Uau. Você deve ser bem inteligente, então.

— Ela é, sim — disse Harry, orgulhoso. — S/A é a melhor da classe inteira.

Tentei disfarçar o rubor em minhas bochechas contraindo os lábios.

— Bem, contanto que você não diga isso à Hermione, acho que tudo bem.

Ao contrário do que pensei, Harry e Adam se deram bem na mesma hora. Deixei-os conversando à vontade e arrastei Dino comigo, até onde nossos outros amigos estavam.

— E aí! — cumprimentei. — O que estão fazendo?

— Luna estava nos contando sobre as férias de verão — disse Neville. — Ela e o pai capturaram um trasgo montanhês, sabia disso?

Ergui as sobrancelhas.

— Vocês sabem que um trasgo montanhês tem uns três ou quatro metros de altura, não sabem?

— É o que venho tentando dizer a ela, mas Luna insiste em dizer que o deles tinha asas — murmurou Hermione em meu ouvido. — É a coisa mais idiota que já ouvi.

Dei uma risadinha.

— Deixe-a ser feliz, Mione. Um pouco de alegria não faz mal a ninguém.

— Hm, então talvez você devesse seguir seus próprios conselhos de vez em quando — disse minha melhor amiga. Trocamos uma série de olhares silenciosos e significativos, mas no fim de tudo decidi ficar quieta.

Já bastava a insistência de Fred e George e Remus e Maddie e Harry. Eu não precisava de ajuda, absolutamente não precisava, apesar de não ter tanta certeza disso. Nem queria.

Respirei profundamente uma vez, desviando minha atenção para Ginny, a única que não parecia querer participar daquela conversa. Andei até ela, fazendo com que ficássemos há uns dois metros do restante de nossos amigos.

— Ótima festa — elogiei — , mas confesso que não era isso que eu tinha em mente quando você disse à sua mãe que chamaria apenas os amigos mais próximos. Quero dizer, as pessoas não param de chegar.

Ginny piscou algumas vezes, como se acordasse. Olhou para mim por uns bons cinco segundos silenciosos, assimilando tudo. Disse:

— Ela não precisa saber, precisa? — a ruiva sorriu. — Sorte a nossa que o restante da família foi passar uns dias na casa da Tia Muriel. Quando voltarem, a casa vai estar brilhando.

— E quem é que vai limpar, você? — ri, sabendo que era pouco provável que Ginny fizesse tal coisa.

Ela riu, balançando a cabeça.

— Eu? Está ficando maluca? Vou obrigar Fred e George a fazerem o serviço por mim. Ron também. Darei apenas apoio moral.

Dei uma risada baixa, meu olhar coincidindo com o de Dino, que conversava com Adam e Harry. Ele flexionou os lábios num "ele é MUITO gato!" e voltou a prestar atenção no que o namorado de Ginny lhe dizia.

Dei um sorriso que poderia muito se assemelhar a uma risada sem som.

— Adam parece estar se dando bem com o pessoal — comentei.

— É? — disse Ginny, piscando várias vezes. Ela andava bastante perdida em meio aos próprios pensamentos, ultimamente. — Nem percebi.

— É — afirmei. — Harry se deu bem com ele na mesma hora, e Dino também. Adam parece ser uma boa pessoa.

— Ele é, sim — respondeu Ginny. Depois, mudou de assunto: — Como estão as coisas na sua casa?

Franzi o cenho.

— Como assim?

— Maddie comentou que você anda distante. Fred e George também disseram isso. Na minha opinião, por mais que eles tenham razão, não acho que devam insistir tanto no assunto como estão fazendo. Dá para ver que você não se sente bem com isso.

— Finalmente alguém que concorda comigo.

Ginny deu um sorriso triste, esperando que eu falasse. Com um suspiro, olhei para as pessoas que dançavam ao nosso redor. Era muito mais fácil desabafar quando eu não estava olhando nos olhos dos outros, porque isso me fazia sentir que estava sendo observada, como se as íris das outras pessoas encontrassem as minhas e despissem minha alma. E eu simplesmente detestava sentir que era vulnerável.

— Às vezes parece que a única coisa que faço é observar as pessoas — sussurrei. — Sei que estudo e saio com meus amigos, mas quando olho em volta vejo tantos rostos conhecidos e desconhecidos fazendo o melhor que podem para aproveitar a vida, e me sinto... Me sinto tão perdida. Quero dizer, nunca parei para pensar que o propósito da minha existência fosse apenas ser uma boa aluna e mergulhar em distopias e contos de fada. Gosto de pensar que eu queria ser diferente, de certo modo, mas dói um pouco porque não posso mudar essa parte de mim — engoli em seco. — No fim do dia, quando não fiz nada de interessante e minhas pernas pesam e não consigo ficar em pé... Vou dormir. E, quando acordo, continuo sendo apenas eu.

Ginny balançou a cabeça.

— Não entra em minha mente que você se sinta assim — disse ela. — Você é linda, S/N. Você é tão linda que dói, e todos sabem disso. Todos, exceto você.

— Não é o físico que me incomoda — disse eu a ela — , mas tudo o que me cerca. É como se fosse difícil respirar — senti meus dedos dos pés ficarem dormentes. — Não conte a ninguém, ok? Você é a única para a qual resolvi dizer esse tipo de coisa.

— A única? — Ginny pareceu subitamente mil vezes mais atenta.

— Bem, quase isso — dei de ombros. — Harry também sabe. Não cheguei a contar diretamente a ele, mas é óbvio que sabe, porque Harry está sempre tentando me animar e porque...

— Será que você não consegue ter sequer uma conversa sem mencionar o nome dele? — perguntou Ginny, chateada. — Sério, isso é muito irritante.

Desviei o olhar para encontrar os olhos dela, magoada. É claro que eu sabia que falava muito sobre meu namorado, mas, bem, estava apenas respondendo à pergunta da garota.

— Desculpe — eu não sabia bem por quê estava me desculpando, afinal, não tinha feito nada de errado. Quero dizer, acho que não.

— Tudo bem, mas não faça de novo — disse Ginny.

— Desculpe.

— Ei — Harry veio até nós. Meu coração errou uma batida. Era estranho como, depois de todo esse tempo, eu ainda sentia os mesmos arrepios de quando começamos a namorar. — Por que estão aqui no canto? Tem uma festa acontecendo, sabia? — quando viu que não reagi, meu namorado cutucou meu pescoço, fazendo-me contorcer por causa das cócegas. Acabei rindo baixinho. Satisfeito, Harry sorriu sem mostrar os dentes.

— Estávamos conversando a sós — disse Ginny, sem expressão.

Harry desconfiou do tom utilizado pela garota, e olhou para mim à espera de uma confirmação. Dei de ombros.

— Já sei o que pode te animar — disse Harry. — Vou pedir para colocarem Sign of the Times para tocar. Podemos dançar, se você quiser. Ou apenas aproveitar a música. Ou podemos só conversar mesmo. Também posso sair, se você quiser — ele ficou um pouquinho vermelho. — Não vou ficar chateado se você preferir fazer outra coisa.

É claro que eu queria dançar com ele. Assim, meus problemas desapareceriam por pelo menos alguns minutos. Olhei para Ginny, rezando para que ela não fizesse outro comentário que destruísse os pedacinhos em pó do meu coração.

— Vá, eu não me importo — disse Ginny.

Deixei-me ser conduzida por Harry até que estivéssemos num canto mais afastado, porque ele sabia que ultimamente eu não gostava de multidões. E quando ele me envolveu com os braços, quando as primeiras notas musicais inundaram meus canais auditivos e alimentaram aquele meu desejo por arte constante,

meus ossos viraram farinha,

e a melodia familiar que flutuava costurou os estilhaços do meu coração.

.˚﹟ 𓂅 ♡ ᵎ ˖ ˙ Ϟ 𐄹 १

Nesse pequeno intervalo de tempo, mais pessoas foram chegando. A Toca não comportava tanta gente, então, conforme a quantidade de indivíduos duplicava, ficávamos uns em cima dos outros, casais ocasionalmente se beijando num canto e amigos compartilhando bebidas num outro.

No instante específico em que Hermione e eu conversávamos sobre o início do ano letivo, Fred veio até nós com um quê de desespero na voz.

— Preciso de ajuda — disse ele, sem jeito. — Eu meio que fiz uma besteira.

— Ai meu Deus. Não sei nem se quero saber — disse Hermione, apreensiva.

— Então, eu meio que queimei a lasanha, e agora a cozinha está pegando fogo.

— QUÊ? — gritou Hermione, chamando a atenção de dezenas de pessoas.

— Pois é, não sei o que fazer, George está tentando conjurar água com a varinha, mas parece que ele esqueceu de como funciona o feitiço...

— Como é que você conseguiu queimar uma lasanha? — perguntei, pensativa.

— É com isso que você está preocupada? — disse Hermione, indignada. — A cozinha está pegando fogo e nós estamos aqui debatendo como Fred conseguiu queimar uma lasanha, é isso?

— Tecnicamente, é fácil, até porque era o único jeito que tinha de esquentar a comida...

— Você já ouviu falar em forno? — perguntei. — Por favor, não me diga que você inventou de usar o isqueiro.

— Na verdade, conjurei fogo com a varinha.

— Esse seu fogo no cu é realmente questionável — observei. — E a lasanha por acaso se chama Angelina?

— Merda, S/N. Não estou falando dessa varinha. Você devia pensar seriamente em parar de ler esses seus livros estranhos.

— Misericórdia — suspirou Hermione.

— Tudo bem, me desculpe — falei. — Vem, vamos dar uma olhada.

Hermione e eu seguimos Fred até a cozinha, e acabei notando imediatamente que havia uma fumaça escura flutuando no ar. Não como a minha, tão escura que não se podia ver através dela, mas de um jeito que atravessava nosso campo de visão. Comecei a tossir.

A primeira coisa que vi foi George, que tentava apagar o fogo com as próprias mãos sem sucesso. Me perguntei por que diabos eles não tentaram usar a água da torneira para extinguir as chamas, mas decidi não dizer nada e fiz isso eu mesma.

Fui até o armário mais próximo, tirei de lá um copo e enchi-o de água fria. Despejei o conteúdo dentro do pote de lasanha, e a fumaça dissipou-se na mesma hora.

— Viu? Simples assim.

— Caso você não tenha notado, S/N, ainda tínhamos a intenção de comer a lasanha.

— Mas ela queimou. Não faz diferença.

George deu de ombros.

— Eu ia tentar usar um feitiço de reconstrução, ou sei lá.

— Não é bem assim que funciona — disse Hermione, fazendo careta.

— Uau. Vocês literalmente quase queimaram a casa — disse uma voz. — Estou impressionada.

Gabriella usava um vestido vermelho que combinava muito com seu tom de pele, e saltos da mesma cor. Como sempre, não usava quase nada de maquiagem, e talvez fosse por isso que estava ainda mais devastadoramente linda que de costume. O queixo de George caiu.

— Nossa, você está perfeita, Gabi — falei. A menina me puxou para um abraço.

— Obrigada — ela sorriu. — Você também está. Harry deve ter ficado louco quando te viu. Por sinal, onde ele está? Faz tempo que não nos falamos.

— Não sei, mas daqui a pouco vou atrás dele.

— Não sabe? — debochou George. — Não eram vocês dois que estavam agora à pouco...

— Cale a boca.

Gabriella deu um sorrisinho, dividida entre perguntar e o constrangimento da situação.

— Eles estavam se pegando na varanda — disse George. — S/N bebeu uns shots de tequila e estava dando em cima dele sem motivo, então tivemos que dar uma poção anti-ressaca a ela. Depois, eles sumiram.

— E por acaso tenho que ter motivo para dar em cima de Harry Potter? Ele é lindo e é meu namorado. São argumentos muito bons.

— Mesmo assim, é bem estranho. Ainda acho que você está meio fora de si.

— Foram dois shots, Weasley, dois! — fiz cara feia. — E eu não estou bêbada.

— Três, se você contar com aquele que você e Ron cruzaram os braços e viraram o copo ao mesmo tempo — observou Hermione.

— Só fiz isso porque você não quis beber comigo — reclamei. Hermione deu de ombros.

— Bem, alguém tem que ser a alma sóbria da família.

— Harry nem encostou na tequila — falei. — Ele está mais do que sóbrio, então você não pode usar essa desculpa.

Nesse momento, Harry entrou na cozinha com um copo de whisky de fogo na mão. Hermione olhou para mim com as sobrancelhas erguidas, como se dissesse "eu avisei".

— Senti cheiro de fumaça — disse ele, olhando para a lasanha queimada. Harry fez uma careta. — Vocês querem matar os convidados de câncer?

Fred e George fecharam a cara, e Gabriella começou a rir.

— Esse é oficialmente o melhor diálogo da minha vida.

— Foi culpa do Fred — disse George, fazendo cara feia.

O irmão o olhou de maneira indignada, mas não o contradisse. Em seguida, Ron entrou correndo na cozinha.

— Ei, S/N — chamou ele, erguendo uma garrafa de vidro. — Mais tequila?

Estiquei a mão para pegar a garrafa. Tenho que admitir que estava louca para beber até esquecer de tudo, porque assim a vida ficaria um pouco mais suportável. Harry, lendo meus pensamentos, me impediu com o braço.

— Não, nada disso. Chega de tequila por hoje.

Fuzilei-o com o olhar, mas eu sabia que, quando se tratava da minha saúde, Harry era irredutível. Cruzei os braços.

— Você é insuportável, sabia?

Em resposta, ele bebeu um gole de whisky de fogo, esvaziando o copo.

— Estou apenas cuidando de você.

Olhei para Ron, mas ele só deu de ombros e disse:

— Ginny está preparando uma rodada de Verdade ou Desafio — disse ele. — É por isso que vim aqui, em primeiro momento. Apesar de achar que esta garrafa de tequila é muito tentadora.

Num movimento rápido, tentei alcançar a bebida, mas Harry me prendeu entre seus braços, numa espécie de casulo, as mãos bem firmes em minha cintura.

— Boa tentativa, Mckinnon Black.

Revirei os olhos, emburrada.

— Se um dia tivermos um filho, ele nascerá com cara de tequila — ameacei. — E a culpa vai ser toda sua.

Harry riu.

— Acho que vou correr esse risco.

— Seu filho vai sofrer bullying na escola, Harry!

Harry beijou o canto da minha boca para me acalmar. Fuzilei-o com o olhar novamente, e dessa vez ele teve o bom senso de parecer intimidado.

— Haja paciência — resmungou Hermione, andando até nós e nos empurrando até a saída da cozinha. — Vem, vamos jogar Verdade ou Desafio.

— Achei que você não apoiasse esse tipo de brincadeira — disse Harry.

— Não apoio, mas ainda acho que é mil vezes melhor do que beber.

Alguns minutos depois, eu, meus amigos e mais outras pessoas da festa estávamos sentados no chão, formando um círculo enorme. Havia uma garrafa vazia de vidro no meio de nós.

— Certo — disse Ginny. — Quem começa?

— Tanto faz — disse George. Ele estava sentado ao lado de Gabriella, e os joelhos das pernas cruzadas de ambos se encostavam. Os ombros de George estavam tão tensos que parecia que ele estava com dificuldades para respirar. — A pessoa que gira a garrafa não necessariamente é a primeira a participar.

— Eu vou, então — disse eu.

Girei a garrafa, e ela pareceu demorar muito tempo para atingir a inércia. A ponta mais fina voltou-se para mim, o que significava que eu seria o alvo daquela partida.

— Porra — reclamei. — Sou sempre eu.

Ron sufocou uma risada engasgada. Dava para notar que ele estava muito chapado.

— É um dom — disse Ginny, olhando para a garota à minha frente. — Faça a pergunta, Phoebe.

— Ok — disse Phoebe. — Verdade ou Desafio?

— Verdade.

— É verdade que você pode conjurar um Patrono de Unicórnio?

Pessoas murmuraram ao nosso redor, e isso apenas fez com que eu me sentisse pior. Lembrar daquelas coisas estranhas que aconteciam sempre que eu estava dormindo não ajudava nada em minha saúde mental.

— É.

— Você pode mostrar?

Ruídos de expectativa.

— Não.

— Por quê?

— Porque eu não quero — falei. — Próxima rodada. Vamos, gire a garrafa.

Phoebe me encarou por um tempo, mas, por fim, cedeu. Dessa vez, a roleta improvisada apontou para Ron e Neville.

— Hmm, deixe-me pensar — disse Ron, olhando ao redor. — Cidade ou Navio?

— É "Verdade ou Desafio", Ron — disse Hermione, fazendo uma careta.

— Ah, é. Foi mal. Acho que eu não devia ter bebido tanto — ele coçou a cabeça. — Então, Neville, Verdade ou Desafio?

— Verdade.

— É verdade que você já pulou de um prédio em chamas que estava repleto de agentes secretos vestidos de couro de crocodilo?

Neville pareceu extremamente confuso.

— Não.

— Mhm, deve ter sido um sonho, então — disse Ron, voltando a contemplar a parede.

— Certo... — disse Fred, olhando de esguelha para o irmão. — Você é estranho.

A garrafa foi girada outra vez.

— Interessante — disse George, olhando de mim para Ginny. — Duas personificações do mal numa partida só. Essa eu quero ver.

Ergui bem as costas com os lábios se repuxando para cima. Ginny deu um sorriso também.

— Verdade ou Desafio?

— Desafio.

Algumas pessoas assobiaram. Ron e Hermione ficaram tensos, e Harry apoiou os cotovelos nos joelhos enquanto suas mãos acomodavam seu rosto para observar melhor. Se eu tivesse uma câmera naquele momento, tiraria uma foto dele.

— Te desafio a beijar Adam.

Meu sorriso murchou. Ginny sabia muito bem que eu não queria beijar ninguém que não fosse meu namorado, por mais que aquilo fosse apenas um jogo, assim como tinha ciência dos olhos arregalados de Adam sobre sua silhueta. Eles namoravam, e, ao pedir que eu o beijasse, Ginny estava deixando claro que não sentia ciúmes do menino — um recado mudo para que Harry não sentisse também. Como uma armadilha.

Foi uma jogada maldosa, mas muito inteligente. Isso, eu tinha que admitir.

— Não, obrigada — falei. — Eu passo.

Ginny inclinou-se para a frente, apoiando as duas mãos no chão.

— Não seja tão dura consigo mesma, S/N — disse ela. — É apenas uma brincadeira inofensiva.

— Mesmo assim, eu não quero.

— Por que está se sentindo tão desconfortável? — perguntou. — Não se preocupe, Adam é cuidadoso e beija muito bem.

Senti um embrulho ruim no estômago.

— Pare, Ginny — pedi, séria. E tinha a sensação de que quase todos ali entendiam meu posicionamento. — Pare, por favor. Eu já disse que não quero. Eu namoro, e não me sinto bem fazendo isso com nenhuma outra pessoa. É tão difícil assim de entender?

— Ei, calma — disse ela. — Tenho certeza de que Harry não vai se importar.

Contraí minha mandíbula, com raiva. Custava muito pedir que ela mudasse o desafio?

— Na verdade, eu me importo, sim — disse Harry com muita, muita seriedade mesmo. — Ela acabou de dizer que não quer, Ginny, então não insista. Não é sobre os meus sentimentos, mas sobre os de S/N. Ela está visivelmente desconfortável, e o que você está fazendo não é nem um pouco legal — depois, ele acrescentou: — Quando uma mulher diz "não", Ginny, é "não". Sob quaisquer circunstâncias. Me admira muito que você, sendo uma, não entenda isso.

— Harry tem razão — disse Adam. — Além disso, eu também não quero beijar ninguém que não seja você.

Ginny trincou os dentes, mas não disse nada. Pareceu que ela nem ao menos se comoveu com as palavras dele.

— Podemos mudar o desafio, então? — perguntou Ron, nervoso. — Ou girar a garrafa de novo?

— Estou com dor de cabeça — falei, de súbito. Ainda bem que Harry não me deixou beber mais que três shots. — Vou beber água.

— Quer que esperemos por você? — perguntou Ginny. Ela parecia arrependida, mas nem tanto.

— Não.

Me levantei e fui até a cozinha. Hermione fez menção de levantar-se para me alcançar, mas Harry disse a ela que eu precisava de um tempo sozinha. Agradeci a ele mentalmente por isso.

.˚﹟ 𓂅 ♡ ᵎ ˖ ˙ Ϟ 𐄹 १

— Para o que exatamente estamos olhando? — perguntei.

Dino e eu estávamos deitados de cabeça para baixo no sofá, com as pernas para cima, apoiadas no encosto. Eu estava usando um pequeno shorts por baixo do vestido, que era imperceptível quando eu ficava sentada ou em pé, então não estava preocupada com minha calcinha, que poderia estar à mostra.

— Não sei ao certo — disse ele. — Às vezes parece que o mundo faz mais sentido de cabeça para baixo.

— Talvez nós só estejamos tentando observá-lo do ângulo errado na maior parte do tempo — sugeri.

— Uau. Você está bem filósofa hoje — comentou Dino. — Bebeu alguma coisa?

— Tequila.

— Faz bastante sentido.

Bati no braço dele.

— Ai. Doeu.

— Acho que você está exagerando um pouco.

— É claro que estou exagerando. Não vê que uma de minhas habilidades especiais é ser ator?

— Um ator bem ruim, por sinal — debochou Simas, aparecendo do nada e deitando ao meu lado, na mesma posição que nós. — Por que estamos de cabeça para baixo?

— Porque, com você, meu mundo fica de pernas para o ar, gatinho — cantarolou Dino, de brincadeira. Simas riu. Senti que eu era a única ali que tinha notado que nenhum dos dois estava realmente brincando.

— Essa foi a pior cantada que já vi em toda a minha vida — disse Simas.

— Ah, é? Faça melhor, então.

— Tudo bem, observe como um verdadeiro mestre sabe trabalhar — disse Simas, estalando os dedos das mãos. — Amor, me chame de sal e deixe eu me jogar nas suas carnes!

Foi a primeira vez naquele dia em que realmente gargalhei, mas foi muito engraçado. Por um momento, esqueci completamente que estava com dor de cabeça.

— Vocês são péssimos nisso — falei. — Tenho uma muito melhor.

— Ai meu Deus. Lá vem.

— Lá vem, nada — ri. — Ok, se preparem. Essa é épica.

— Tem a ver com dinossauros? Porque se tiver, S/N, você com certeza é uma gênia do crime.

— Não tem nada a ver com dinossauros, mas posso lhe assegurar que sou uma dessas, sim — revidei. — Lá vai: gata, você não é cimento, mas com você eu quero algo concreto.

Dino e Simas começaram a rir.

Minha nossa — espantou-se Simas. — Harry usou essa com você?

— Não — respondi com um sorrisinho. — Eu que usei com ele. Nós rimos muito, até as nossas barrigas doerem. Por mais que seja uma piadinha besta e sem sentido.

Eles ficaram quietos por um tempinho, e apenas esse ínfimo momento de silêncio serviu para inundar minha cabeça com pensamentos negativos. Isso acontecia com bastante frequência, até, e me assustava. Tentei não pensar em meu pai ou em como minha vida não estava fazendo sentido recentemente porque sabia que a única coisa que aconteceria dali em diante era uma recaída, e a última coisa da qual eu precisava era ter lágrimas nos olhos e sentir aquele aperto compressor no peito que sugava todo o oxigênio dos meus pulmões.

— Fico feliz por você e Harry — disse Simas, por fim, quebrando o silêncio. Virei a cabeça para olhá-lo. — Fico feliz em saber que vocês se dão bem. Sabe, acho que é disso que precisamos no mundo. Um pouco mais de amor.

Lentamente, voltei a olhar para cima.

— Ele é tudo o que tenho — murmurei. — Sei que às vezes parece que passamos tempo demais juntos, ou que não consigo conversar sem mencionar o nome dele em nenhum momento sequer, mas... Mesmo que todas as construções do mundo sejam demolidas, mesmo que as florestas e santuários de animais desapareçam e que a arte que eu amo tanto deixe de existir, Harry continuará sendo minha casa. A única em que quero morar.

— Você merece ser feliz, S/N.

Encarei o teto, pensativa. É, talvez eu merecesse, mas por que a felicidade não vinha nunca? Por que Harry e eu não podíamos ficar em paz, vivendo como dois adolescentes normais, sem termos que nos preocupar com a guerra que com certeza viria pela frente? Estávamos tão cansados disso.

A única coisa na qual eu não me permitia pensar era na profecia que foi feita quase dezessete anos atrás. Harry era O Eleito, sim, mas era irônico que eu estivesse consideravelmente mais assustada do que ele. Ainda passaríamos por muito, e, disso, eu estava certa; entretanto temia o destino mais do que gostaria de admitir.

A ideia correr o risco de perdê-lo me doía tanto. Levei uma de minhas mãos ao colar que Maddie me dera. Eu sempre fazia isso quando a ansiedade atacava.

Pare de pensar nessas coisas, meu bem. Prefiro que você tome outros dez shots de tequila que fique triste desse jeito.

Então você vai me deixar beber mais?, perguntei, esperançosa.

Houve uma pausa.

Não.

Resolvi não protestar, embora ainda quisesse. No fundo, eu sabia que Harry tinha razão.

.˚﹟ 𓂅 ♡ ᵎ ˖ ˙ Ϟ 𐄹 १

Depois que cortaram o primeiro pedaço do bolo de aniversário, eu já estava tão cansada que fui até o quarto sem ninguém perceber, troquei de roupas e me joguei na cama. Minha bateria social tinha oficialmente acabado, e eu não estava com um pingo de vontade de continuar conversando, comendo e dançando.

Estava friozinho, então me enfiei sob as cobertas e resolvi dormir. Quanto mais rápido eu pegasse no sono, mais rápido o dia seguinte chegaria, e mais rápido iríamos para casa.

Eu estava quase dormindo quando houve uma sequência de pequenas batidas na porta, seguidas da entrada de Harry. Ele fechou-a atrás de si e andou até mim, sentando na pontinha da cama que estávamos dividindo.

— O que aconteceu, meu amor?

Dei de ombros, fechando meus olhos.

— Nada. Estou cansada, só isso.

Harry ficou em silêncio por um tempo.

— Estou preocupado com você — disse ele. — De verdade. Tem certeza de que está bem?

— Sim, tenho — quando senti que ele não parou de me encarar, abri os olhos. — Estou bem, Hazz. Vou ficar bem.

Harry suspirou, por fim, assentindo. Ele beijou minha testa, se levantou e pegou algumas roupas limpas, caminhando para o banheiro em seguida.

Acabamos dormindo por lá mesmo, na Toca. No dia seguinte, ainda bem cedo, fomos embora. A primeira coisa que fiz quando cheguei em casa foi colocar meus pijamas e fazer pipoca para uma sessão de filmes em família, embora mamãe, Remus e Maddie estivessem no trabalho, e Dorcas tenha ido às compras. No fim, ficamos apenas Harry, Simba e eu.

——————————————

notas da autora:

oiiiii gente! como vocês estão?

dei uma sumida porque eu não fazia ideia do que escrever nesse capítulo, não sou muito boa em fazer cenas de festa porque raramente vou a uma. também estou cheia de coisas da escola acumuladas, inclusive acho que me dei muito mal em física, porque chutei a prova inteira 😓😓

enfim, alguma novidade, fofoca ou etc?

continuo na mesma, lendo os mesmos livros e sentindo as mesmas coisas, porém me sinto adorável com o lançamento do harry's house 😁 também estou ansiosa para a quarta temporada de stranger things, vai lançar na sexta, mas só vou ver no sábado porque dia 27 é aniversário do meu irmão 🤕🤕

no próximo capítulo eles finalmente vão voltar pra hogwarts hehehe 👀

caneta colorida ou marca-texto? kkkkkkkkkk 😏

até o próximo capítulo, beijos <3

Continue Reading

You'll Also Like

7.7K 565 8
'nothing ever lasts forever..' finney blake x'oc female the black phone universe started: 04/09/22 endend: 09/09/2022
61.6K 6.6K 12
( πŸ’“ )' # ⋆𖦹°‧ Em meio ao universo dos semideuses, Calista Marin, filha de Afrodite, Γ© uma lΓ­der popular no Acampamento Meio-Sangue. Quando Percy J...
339K 37.5K 80
ο½₯.q.:*ο½₯VerΓ΄nica adorava sua vida, aos quinze anos possuia tudo que uma garota da sua idade sonhava. Tinha pais carinhosos e amigos, uma cobertura eno...
908 94 5
Short Fic Hilde Castellan a irmΓ£ mais nova de Luke Castellan tΓ£o famoso espadachin o melhor dos ΓΊltimos 300. Presa no acampamento e a um irmΓ£o sup...