Lua de Sangue | Jikook

By winterse0ul

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Jungkook se sentia sem gosto pela vida. O Olimpo era um lugar bonito, e a maioria dos deuses trabalhavam para... More

(🌙) Introdução!
🌑 01. Filhos, na Vida e na Morte.
🌒 02. Filhos, nas Rebeldias e Segredos.
🌔 04. Seguros, Por Causa da Proteção de Hécate.
🌕 05. Seguros, Residindo no Epicentro do Vendaval.
🌖 06. Fugitivos, na Liberdade da Juventude.
🌗 07. Confusos, perdidos em pensamentos alcoólicos.
🌘 08. Distantes, Cedendo a Segredos e Vontades.
🌑 09. Amados, Na Calmaria e Tempestade.
10.🌒 Necessitados, romantizando rodas gigantes.

🌓 03. Fugitivos, na escuridão noturna sob a luz lunar.

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By winterse0ul

Capa maravilhosa por jjmswan

Voltando aqui depois de quase dois meses, hein? Sinto muito pessoal, mas eu cai na ilusão de que conseguiria conciliar meus estudos com a vida de escritora kkkkkk (cada "k" uma lágrima).

Enfim, esse capítulo tá a pura montanha russa, e eu trabalhei muito nele. Espero que gostem do resultado. Vejo vocês nas notas finais!

Boa leitura a todes <3

🌙

Jungkook sabia que o que estava fazendo era errado e que sua mãe certamente já teria o pegado pelos cabelos se pudesse, mas não conseguia sentir nenhum arrependimento. Colocando seus dois pulmões sedentários para trabalhar em milênios, ele acelerava seus passos pela relva, cruzando um campo quase desértico, enquanto avistava árvores altas muitos metros à frente, formando uma floresta que parecia ser quase infinita.

Taehyung estava um pouco à frente, dando risadas altas, sentindo-se igualmente animado com a situação como o bom filho do submundo que era. As luzes das lanternas vindas das lanternas dos policiais atingiam suas peles suadas, entretanto os oficiais estavam longe demais para conseguir pegá-los.

Quando o caos se instaurou na casa dos Min, os melhores amigos alcançaram os fundos e pularam a baixa cerca de madeira que existia na ponta do quintal sem muitas dificuldades. Pensaram que estavam longe dos olhares afiados daqueles mortais treinados, entretanto as habilidades deles provaram o contrário.

Ainda assim, sentiam-se livres, jovens, exatamente como suas almas ainda eram.

Jungkook adentrou a floresta olhando para cima enquanto corria, vendo as estrelas brilhantes acima de sua cabeça, sentindo a luz solar batendo levemente contra sua pele após refletir na lua, perdendo-se nos astros celestes por alguns segundos. Eram milhões de pontinhos brilhantes no céu escuro, uma visão totalmente diferente e bem mais deslumbrante do que a vista oferecida pelo Olimpo.

Jeon achou que nunca mais veria aquele céu após ter deixado sua primeira vida mortal.

Sorriu maravilhado, tomado por uma felicidade que jurava ser inalcançável, entretanto, assim que voltou a olhar para o caminho, não avistou mais Taehyung alguns metros à frente, o que quase lhe fez congelar de medo. Escutou gritos um pouco atrás de si e acelerou seus passos trêmulos e incertos, quando de repente uma mão agarrou sua blusa e o puxou para o chão com força, derrubando-o em meio a algumas plantas altas que impediam a visão de quem estivesse do outro lado.

— Shhhh! — Uma voz baixa soou. Jungkook ergueu sua cabeça poucos centímetros e avistou a cabeleira ruiva de seu melhor amigo, que também o fitava. Suspirou desacreditado e voltou a se apoiar contra terra, ficando em silêncio, esperando uma autorização para falar.

O que se seguiu nos próximos minutos foi uma sequência de luzes atingindo as árvores acima de suas cabeças, vozes mecanizadas através de walkie talkies e sons de pessoas correndo. Felizmente, após algum tempo, todos os ruídos desapareceram, dando lugar a um silêncio tranquilizador. Jungkook nem tinha percebido que seu coração batia como um louco até aquele momento, quando seu músculo passou a tentar regular o próprio ritmo novamente.

— Eles já foram. Desistiram de correr atrás da gente e voltaram para a casa dos Min! — Taehyung declarou com um sorrisinho de alívio e cansaço nos lábios ao se virar novamente para o maior. Ele se jogou contra a terra sem se importar de sujar suas vestes e olhou para o mais velho, erguendo um de seus braços, com a palma da mão à mostra. — Bate aqui.

Jeon riu desacreditado de sua própria imprudência e retribuiu o toque animado do melhor amigo. Em seguida, o filho de Hades agarrou seu punho e o levantou do chão sem muita dificuldade. O filho de Atena olhou para os lados em busca de algum vestígio de civilização, mas não encontrou nada além de árvores e mata.

— E agora...? — perguntou, fitando Kim. Sabia que não estavam perdidos, pois se esse fosse o caso, Taehyung já estaria arrancando os próprios cabelos de desespero e ele quem teria de achar uma nova rota.

— Tem uma estrada que leva de volta pra cidade naquela direção — apontou sorrindo ladino, estranhando a calmaria de Jungkook após as loucuras que cometeram, mas nem de longe vendo aquela nova faceta do melhor amigo como algo ruim. Era muito bom vê-lo se soltar. - Devemos chegar na estação de trem daqui a meia hora de caminhada.

- Você me guia! - respondeu animado pela paisagem noturna, enlaçando o pescoço do mais alto logo que começaram a andar.

Entre conversas banais e provocações sobre o sumiço de ambos durante a festa, os dois imortais se divertiam com aquele pequeno momento a sós, como dois jovens amigos voltando bêbados de uma festa de pessoas ricas e sem graça. Bom, de certa forma eles eram isso.

Não demorou muito para que pudessem ver o asfalto escuro, iluminado por alguns poucos postes de luz que mal funcionavam.

Foi quando Jungkook notou que uma luz alaranjada vinha de uma parte mais ao sul da floresta, junto de uma fumaça cinzenta.

- Taehyung, o que é aquilo? - perguntou receoso, percebendo que a luz e a fumaça se aproximavam cada vez mais de si. Uma tosse seca escapou de sua boca, atraindo atenção do filho de Hades.

- Eu não sei, mas acho que nós não devemos ficar aqui para descobrir. - O filho de Hades aconselhou acanhado, segurando o punho do melhor amigo em sua mão e o puxando, a fim de afastá-lo dali.

- Pode ter algum humano em perigo lá! - alegou com preocupação, tentando seguir na direção contrária, Jungkook era teimoso até demais. Escutou um bufar frustrado do Kim e suspirou, virando seu rosto para ele, resolveu implorar. - Por favor, Tae!

- Tá legal! - brandou, irritando-se consigo mesmo por se render tão facilmente aos olhos brilhantes e pedintes do Jeon. - Nós vamos, mas se algo que fizermos interferir no curso natural da humanidade, eu direi a meu pai que a culpa é sua!

- Só agora você vem com esse papo?! - debochou o filho de Atena, movendo seus lumes de cima a baixo pelo corpo do maior propositalmente. - Não acha que já teríamos sido arrastados de volta para o Olimpo no instante em que tivéssemos feito merda?!

Taehyung suspirou pesadamente ao concordar sem vontade, sabendo que não tinha argumentos fortes o suficiente para retrucar o filho mais velho da deusa da estratégia. Avançaram mais alguns passos para fora da floresta, logo chegando na beira da rodovia de asfalto.

A cena que encontraram foi forte o suficiente para revirar seus estômagos. Havia um caminhão, jogado para a lateral oposta da pista, com a parte frontal completamente amassada após ter atingido uma enorme árvore. Poucos metros dali também estava um carro, certamente de luxo, de cabeça para baixo, vidros quebrados e rodas para cima. O fogo saia do óleo jorrado sobre a pista a partir dos escapamentos destruídos de ambos os veículos.

"SOCORRO!" Os dois escutaram o pedido agudo e cansado de um possível sobrevivente no carro, arrepiando cada um de seus pelos corporais, deixando-os estagnados.

Jungkook foi o primeiro a se aproximar, correndo a passos rápidos até os veículos. Verificou primeiro o caminhão, onde encontrou apenas o corpo do motorista jogado sobre o volante, com a testa ensanguentada graças a um possível impacto. A respiração do imortal falhou de agonia, forçando-lhe a se afastar dali em seguida.

Taehyung demorou um pouco mais por estar receoso, contudo, seus passos aumentavam de velocidade a cada segundo enquanto ele ficava cada vez mais próximo ao carro de luxo, que estava com as rodas para cima.

- SOCORRO! - A voz pediu novamente quando avistou as duas pernas do filho de Hades através do vidro quebrado.

O Kim se abaixou no mesmo instante a fim de tentar ajudar o desconhecido, porém seus pés vacilaram e ele caiu para trás no momento em que teve a visão de dentro do veículo.

- Jungkook! - berrou, completamente estático.

Lá dentro estavam Jimin, ainda acordado, com um longo corte na bochecha e pequenos cacos de vidro alojados em seus braços, ele estava preso ao banco graças ao cinto de segurança muito bem afivelado. Ao seu lado se encontrava Hoseok, porém este estava desacordado e com mais ferimentos mais aparentes sobre sua pele e braços nus.

Park reconheceu Taehyung como o homem misterioso da festa, sua mente ficou em alerta, pensando que ele poderia ter causado o acidente ou talvez então estivesse ali para lhe causar ainda mais sofrimento, mas, entendeu o que realmente acontecia assim que viu os olhos do imortal se enchendo de lágrimas enquanto encarava seu melhor amigo em total silêncio.

Não fazia ideia de qual era a relação do melhor amigo com aquele homem, porém sentiu seu coração rasgar por dentro graças a sua manifestação de dor e agonia.

- O que foi?! - Jungkook surgiu no campo de visão do príncipe correndo, apoiando os joelhos no chão e abraçando o Kim com demasiada força. Ele também olhou para dentro do carro, entretanto, sua agonia e preocupação fizeram com que agisse de maneira oposta ao maior.

O filho de Atena soltou-se de Taehyung com facilidade, em seguida, colocou um de seus braços para dentro do carro com muito cuidado. Logo, ele achou a trava de porta e abriu, arrastando o metal pesado até que conseguisse espaço suficiente para adentrar a parte do banco dos passageiros sem problemas.

Seu primeiro reflexo foi tentar examinar o tal Hoseok com o pouco que sabia da medicina moderna, agarrando sua mão morna e apertando a parte inferior do punho, sentindo os batimentos fracos e lentos. Suas sobrancelhas foram franzidas, sem que ele entendesse o que se passava.

- Ele está vivo! E-eu chequei o pulso dele há poucos segundos! - Jimin falou desesperado, mais preocupado com o Jung do que consigo mesmo. Jungkook apenas assentiu, demonstrando confiança em suas palavras, não queria piorar a situação de seu amado. - Tire-o primeiro! Estou começando a sentir o calor do fogo se aproximando!

Jeon assentiu apressado e se levantou, vendo que as chamas tinham se alastrado ainda mais. Não demoraria muito para atingir a lataria do veículo e causar uma explosão.

- Tae! - gritou apressado, chamando atenção do filho de Hades, que pareceu ter voltado à Terra quase de automático. - Eu vou tirar ele primeiro, assim que conseguir, leve-o para longe do carro e ligue para emergência, entendeu?

Em completo silêncio, Taehyung assentiu com a velocidade da luz e se aproximou do carro. Jeon colocou parte de seu tronco para dentro do veículo e procurou o fecho do cinto com mãos rápidas, demorou alguns segundos a mais do que sua mente aprovaria, entretanto, estendeu seu outro braço no exato instante em que achou, segurando o corpo alto do Jung com cuidado.

Arrastá-lo para fora foi um pouco mais complicado, pois precisou retirar os cacos de vidro do caminho, a fim de não machucar o mortal desacordado. O Kim ajudou avidamente, e pegou o homem de cabelos ruivos em seus braços assim que ele estava sobre a pista de concreto, são e salvo. Jungkook não prestou mais atenção neles desde então.

O que ofereceu a Taehyung a oportunidade perfeita para fazer uma rápida ligação, que curiosamente não foi direcionada à emergência da capital.

Jimin tentou mover seus braços em busca de desafivelar o próprio cinto, porém, seus pequenos movimentos foram suficientes para arrancar um grito de sua garganta, motivado pela ardência que sentia nos cortes abertos, causados pelos pequenos pedaços de vidro. Com o coração dolorido ao ver seu amor platônico naquele estado, o filho de Atena avançou dentro do carro sem se importar com os machucados que causaria em si mesmo.

Ele encarou o príncipe herdeiro sob a escuridão por poucos segundos, analisando cada detalhe de seu rosto, comprimindo os lábios ao ver um pequeno filete do líquido vermelho escorrendo da sobrancelha do Park. Estendeu seus braços mais uma vez e soltou o mortal do banco, agarrando-o em seu colo com mais força do que o necessário enquanto se arrastava para longe dos destroços metálicos.

Já longe do carro, Jungkook não ousou soltar Jimin de seus braços, apertando-o contra o peito, mas, não se atrevendo a fazê-lo com muita força, para que não o machucasse mais, sentindo seu peito se preencher em puro alívio. Silenciosamente, o filho de Atena deixou algumas lágrimas caírem de seus olhos e sorriu, olhando para cima, na direção das estrelas, certo de que sua mãe o olhava lá de cima com felicidade por vê-lo junto do humano que amava. A deusa da estratégia sabia, mesmo sem que seu filho mais próximo lhe contasse, ela sempre soube.

O Park, ainda em estado de choque, fingiu não perceber o que acontecia com o outro e retribuiu seu gesto, agarrando-se a qualquer vestígio de conforto que existisse no meio daquele caos. Jungkook era o único ponto fixo em seus pensamentos, enquanto o resto tentava se organizar sem sucesso, sempre sendo interrompidos pelas memórias do acidente, como um eterno looping de desespero.

E dessa vez, o príncipe sentia que não conseguiria sair daquilo tomando um simples remédio para dormir.

Jeon, ao notar a respiração do mortal ficando descompassada e mais forte, afastou-se um pouco dele e analisou sua expressão fragilizada. Os olhos estavam perdidos entre pontos aleatórios do cenário atrás deles, enquanto os lábios grossos tremiam sem parar. Não demorou muito para que uma única lágrima quente escapasse por seu rosto pálido. Jungkook sentiu seu coração quebrar em mil pedacinhos naquele instante.

- Ei, vai ficar tudo bem, ok? - Ele sussurrou com uma voz calma e gentil, embora, por dentro também estivesse entrando um colapso. Jimin ficou impressionado com sua capacidade de autocontrole e fechou os olhos com o breve carinho que fora feito em suas bochechas molhadas pelo choro silencioso, concordando. - Logo a ambulância vai chegar aqui e levará seu amigo até um hospital, tenho certeza de que vão cuidar muito bem de vocês dois, ok?

- M-Mas o meu pai... E-Ele não v-vai... - Park retrucou, com a respiração ficando novamente ofegante. Por que parecia que sua real preocupação não estava no acidente?

Antes que Jungkook pudesse pensar em uma resposta para aquela afirmação tão sútil e desoladora de Jimin, um ruído alto tomou conta da estrada silenciosa.

Nos segundos seguintes, pode-se escutar o som de pneus acelerando sobre a pista, junto de uma buzina. Pensaram que era ambulância, entretanto, surpreenderam-se ao ver uma BMW preta se aproximando com faróis altos, iluminando diversos metros a frente do acidente. O veículo alto parou a alguns metros de distância e as luzes internas foram ligadas, mostrando as feições perplexas dos passageiros.

Min Yoongi estava sentado no banco do acompanhante, ao lado de um homem um pouco mais alto do que si, de cabelos pretos longos e olhos roxos, o qual dirigia o carro. Preocupado, o menor abriu a porta do veículo de luxo e soltou para o chão, caminhando para frente com o olhar felino fixado em Taehyung e Jimin.

O último citado arregalou seus olhos e escondeu o rosto no pescoço se Jungkook numa ação totalmente inconsciente, causada por um medo que ninguém ali conseguiria entender.

- Como você conseguiu se envolver num acidente de carro com a porra do príncipe encantado? - perguntou o antigo anfitrião da festa com estranha intimidade, direcionando-se a Taehyung. Seus olhos negros desceram pelo corpo do de cabelos avermelhados com pressão, porém, sua expressão de indignação tornou-se - E... Meu Deus! Hoseok!

O baixinho e pálido correu na direção do filho de Hades e paralisou a poucos centímetros dele. De suas mãos, brotou uma pequena luz amarela, a qual foi colocada sobre o peito do filho do primeiro ministro de Enesy. Jimin e Jungkook não conseguiram ver muita coisa além da iluminação opaca batendo sobre o rosto bronzeado do Kim, entretanto, aquilo foi o suficiente para lhes causar estranheza.

Assustando aos dois, Hoseok acordou como se tivesse sido tirado de um pesadelo no segundo em que a luz sumiu. Ele agarrou a blusa de Taehyung com força e puxou o ar de volta para seus pulmões com uma força descomunal, enquanto piscava diversas vezes.

- O-O que você fez para ele acordar assim?! - Jimin perguntou com um enorme sorriso no rosto ao encarar o Min, ele remexia suas mãos no ar, como se sua voz não fosse o suficiente para expressar sua surpresa. - M-Meu Deus, m-muito obrigado!

Yoongi apenas encarou o príncipe em silêncio por alguns segundos e se virou novamente na direção do filho de Hades, ignorando completamente o mortal ao seu lado. A expressão do Park tornou-se ainda mais confusa.

- A gente tem que ir - disse sério, encarando Taehyung e Hoseok com as mãos dentro de seus bolsos. Por cima do ombro, olhou para o homem desconhecido, que ainda estava dentro do carro. - Sabem que ele não quer ter problemas com a polícia de novo.

Jung e Kim assentiram com expressões cansadas e trocaram um breve olhar, antes de seus lumes caírem sobre seus melhores amigos. Como se a consciência de suas ações atingissem Jimin e Jungkook em cheio, eles se separaram daquele abraço estranho num ritmo apressado, sentindo os corações batendo mais fortes do que nunca.

- Eles vem com a gente! - disseram em uníssono.

Yoongi estava pronto para dar-lhes um pé na bunda, mas se virou para trás antes, buscando uma orientação de seu amigo no carro. Bufou quando o viu assentir positivamente. Diferente do motorista, o Min não costumava agir com solidariedade facilmente.

- Se der algum problema, vou jogar na mão de vocês! - alertou e rolou os olhos em descontentamento. Girou os calcanhares e andou até a caminhonete, abrindo as portas laterais. Sua expressão ficou ainda mais irritada pelos outros quatro estarem parados no lugar. - Vão vir ou não?! Não vejo problema nenhum em deixá-los na beira da estra...

- Nós já estamos indo! - Jungkook cortou o desconhecido e também foi até o veículo. Tentou puxar Jimin delicadamente pelo punho para que o acompanhasse, entretanto, seus atos foram friamente rejeitados por Hoseok, que o afastou do humano bruscamente.

Logo, todos estavam acomodados dentro do carro, embora o desconforto fosse iminente. Yoongi sentou-se no banco de acompanhante novamente e calou-se por completo. Nos bancos do meio estavam Hoseok e Taehyung, que trocavam carinhos e falavam em palavras sussurradas. Por fim, nos fundos estavam Jungkook e Jimin, sentados em lados opostos do assento e inquietos.

- Eu sou Seokjin. - O desconhecido acabou com o silêncio, olhando-os pelos parabrisa de primeira, contudo, não demorou até que estivesse virando seu corpo da cintura para cima, encarando Jimin e Jungkook com um sorriso cordial. - É um prazer finalmente conhecer vocês!

- Quem é você? - O Jeon perguntou com desconfiança.

- Apenas um mundano próximo ao seu amigo de longa data - Referiu-se ao outro imortal. - Não precisa se preocupar, filho de Atena, muito em breve todas as suas dúvidas serão explicadas!

Jungkook mordeu seus lábios com certa força e assentiu silenciosamente, sentindo os olhares espantados caírem em si. Já tinha ouvido falar sobre como foi quando Taehyung desceu para a Terra pela primeira vez, pois o Kim disse que seu maior empecilho foi esconder sua ligação paternal com Hades. Era como se até mesmo os filhos adotivos dos deuses possuíssem uma marca de sangue ligando-os com seus pais.

- Enfim, temos que ir, o caminho até em casa é um tanto longo! - comentou animadamente, ligando a chave na ignição e acelerando sobre a estrada vazia.

Não era possível ver muitos metros além do que as luzes fracas dos faróis iluminavam, entretanto, a falta de luzes proporcionava uma visão rara a todos. As estrelas estavam evidentes no céu limpo, enquanto as árvores se mexiam lentamente conforme o vento numa melodia inexplicável. O silêncio desconfortável aos poucos foi dando lugar a um clima calma e sereno, propício aos mortais, que cansados de toda adrenalina recente, quase adormeciam.

- Pode deitar no meu ombro, se quiser. - Taehyung falou sem nenhuma vergonha de ser ouvido pelos outros, dando alguns tapinhas em seu próprio ombro enquanto fitava Hoseok.

Jimin observava tudo do banco de trás com um fraco sorrisinho adornando seus lábios, sem perceber que também era fitado por Jungkook.

O filho de Hades discretamente passou sua mão sobre a cintura fina de Jung, abraçando-o e aconchegando o mortal contra seu peito. Também fechou os olhos, permitindo-se descansar um pouco.

Foi quando Seokjin sentiu algo se movendo junto com o vento da escuridão.

Aos olhos de leigos não havia nada, todavia, estava entre as habilidades de um feiticeiro o poder de conseguir vislumbrar a presença da mais inteligente criatura do mundo sobrenatural. O problema, era que Jin não via seus pelos corporais arrepiados daquela maneira a séculos, assim, suas reações inconscientes só poderiam indicar a presença de uma única coisa.

Ele acelerou o carro com a respiração já descompassada.

- Yoon, pegue o pote branco que está no comportamento! - pediu sério, e foi prontamente obedecido. - Despeje no ar! Pode virar tudo, eu consigo mais depois!

Min, mesmo receoso por estar tocando nos objetos mágicos do amigo, resolveu acatar mais uma de suas ordens. O pó formou uma pequena nuvem cinzenta em volta do carro, mas se dissipou no segundo seguinte, dando lugar à realidade. Criaturas pretas e brilhantes os encaravam do lado de fora, com suas crinas balançando junto ao vento e as patas a correr sobre o vazio.

- Que porra é essa Jin?! - Taehyung gritou, sentindo Hoseok apertar seu corpo com força. Baixou seu rosto e beijou os cabelos ruivos, tentando acalmá-los.

- Eles são cavalos do destino, criados a partir dos fios dourados que a Moiras* tecem, tocar em qualquer um deles pode ser suficiente para queimar a pele de um Deus! - Jin explicou em voz alta e ofegante, apertando suas mãos contra o volante. Seus olhos nervosos estavam atentos, sempre desviando para o retrovisor principal, encarando as criaturas medonhas.

- Eu espero que consiga invocar as suas armas, Jungkook! - esbravejou Kim, virando seu corpo para trás da cintura para cima. Com raiva, estendeu seu braço na direção do filho de Atena e o encarou engolindo seco.

- Acredite, eu estou tentando! - retrucou desesperado, mexendo suas mãos no ar, exasperado.

- Porra, você é mesmo filho de Atena?! - gritou de novo, usando suas mãos nervosas para tentar desafivelar o cinto. Jeon encolheu no banco, com medo em seu olhar irado.

- Taehyung, dá pra focar no que é realmente importante?! - Jin implorou, tirando uma de suas mãos do volante e a usando para puxar o imortal de volta para seu lugar.

- Que seria?!

- Sobreviver, seu idiota! Brigar não vai ajudar na concentração dele! - Yoongi exclamou, olhando para os animais que os perseguiam pela janela lateral. - Tem certeza de que você tem mais de cinco mil anos?!

- Sim, ele tem! - Jungkook respondeu com um pouco mais de coragem, engolindo sua própria saliva e olhando para os próprios dígitos. Algumas faíscas fracas saiam de sua pele em tons de vermelho. - Kim Seokjin, se eu usar uma arma forjada para uma deusa, pode funcionar?!

- Não tenho certeza, mas a gente precisa tentar! - O homem respondeu, apertando seus dedos contra o volante. Ele piscava várias vezes, tentando com todas as suas forças se manter focado na estrada. - Também estou tentando, mas não consigo colocar um escudo mágico em volta do carro!

Todos ali pareciam estar tão imersos no caos egoísta de tentarem salvar suas próprias vidas, que nem notaram Jimin, antes tão expressivo, agora estava quieto, tremendo em seu próprio eixo, encolhido no meio do banco traseiro, colocando as mãos por cima das próprias orelhas e retraindo os dedos dos pés, enquanto as unhas, recém roídas, arranhavam a pele alva de sua nuca, escondendo a cabeça entre suas pernas. Ele sussurrava algo que ninguém conseguia entender, apenas Hoseok, era uma das frases secretas que Hyuna costumava lhe dizer em momentos difíceis.

"Quando se sentir sozinho, lembre-se da lua, e eu estarei contigo."

Costumava funcionar quando sentia sua respiração desregulada e via seus dedos tremendo contra a madeira do lápis, principalmente durante as provas de matemática do ensino médio, porém, nada parecia funcionar naquele instante, certamente porque o pânico não tomava somente a cabeça do pobre Jimin, mas também a de todos a sua volta. Seria aquilo culpa dele?

Não, que pensamento idiota Park Jimin!

Repreendido por seus próprios pensamentos, o príncipe herdeiro arranhou com mais força sua pele, arrancando um pouco de sangue e deixando graves marcas, ele próprio sequer sentia a dor dos ferimentos que causava em si mesmo, contudo, Jungkook observava a cena a pouquíssimos centímetros dali, desesperando-se pelo estado de seu amor mais uma vez.

Ele estava ali fisicamente, então porque continuava não conseguindo fazer nada para protegê-lo?! Estava com tanta raiva de si mesmo... porra, aquilo nem era sobre si! Era sobre Jimin!

Assim, ele levou seus dedos com delicadeza até as mãos avermelhadas do príncipe, entretanto, recebeu apenas um tapa forte como resposta. Park não gostava de ser tocado nesses momentos, pois sentia-se como um monstro, indigno do afeto até do ser humano menos ético do mundo, exatamente como seu pai o descrevia.

- NÃO ME TOQUE! - gritou assustado, como um filhote de algum animal selvagem ao ter seu primeiro contato com os homens. Percebendo os olhares de estranheza e pena sobre si, Jimin voltou a colocar a cabeça entre as pernas, murmurando. - Não, não, não... E-Eu não queria...

- Minie... - Hoseok, já conhecendo as crises do mais novo melhor do qualquer um, chamou o melhor amigo com uma voz doce, o que soou apenas como um ruído para a mente barulhenta de Park. Então, o filho do primeiro ministro tentou falar mais alto. - Minie!

No segundo seguinte, uma escuridão quase tocável tomou o veículo. Os sentidos digitais do carro piscaram aos olhos de Seokjin, completamente desestabilizados, enquanto os outros presentes no carro eram cegados por uma neblina escura que não lhes permitia ver nada além de suas próprias mãos. Todos ali paralisaram, ao mesmo tempo em que ouviam os gritos agonizantes daqueles seres que segundos antes tentaram ceifar suas almas.

E Jimin continuava em seu estado debilitado, entretanto, já não fazia mais ruído algum.

De repente, os gritos e choros simplesmente sumiram, assim como a escuridão, trazendo de volta os sentidos do carro, que agora se encontrava parado no meio da estrada, com os faróis novamente ligados. Era como se nada tivesse acontecido.

Foi algo rápido, quase imperceptível na mão daqueles que não eram um bruxo experiente de olhos roxos, mas Jin sabia, tratava-se de magia.

Hoseok não se importou com o estado perplexo de todos, apenas deu um jeito de saltar para trás, a fim de verificar o estado de Jimin. Ele segurou o rosto quente e pequeno do mais novo e suspirou ao encarar os olhos fechados, deixando um beijo sobre sua testa.

- Desmaiado - disse ao acariciar os cabelos loiros do melhor amigo, tirando alguns fios de seu rosto. Imediatamente acomodou-se no espaço apertado que agora existia entre ele e Jungkook e deitou o corpo mole do mais novo horizontalmente, ocupando todo o banco. Ele não se importou de colocar os pés de Jimin sobre as coxas do Jeon, que não ousou protestar.

- Já estamos quase chegando, Hope. - O quase desconhecido falou, voltando a pisar no acelerador. Arriscou-se a olhar para trás através do parabrisa, suspirando aliviado por não ver mais nada além da estrada escura e vazia.

- O que foi isso? - Taehyung perguntou do banco de trás, com seus olhos escuros sutilmente encarando as costas largas do outro Kim. Jin o encarou em silêncio através do espelho lateral, e como se aquilo fosse uma resposta decente, o filho de Hades suspirou e voltou a sua posição confortável, ficando em silêncio.

[...]

Pouco tempo depois, o carro de Seokjin abandonou a estrada e seguiu por um caminho de terra. Mais uma vez Jungkook se viu no meio de uma floresta, mas, porém dessa vez, havia algumas pequenas luzes presas no tronco das árvores, iluminando a colina por onde subiram lentamente. Alternando seu olhar entre o rosto cansado de Jimin e escuridão à frente, Jeon se surpreendeu ao ver um enorme portão de madeira aberto, enquanto os telhados e janelas altas de algumas casas apareciam em meio às copas esverdeadas.

Uma euforia geral se iniciou quando adentraram o espaço, trazendo pessoas de todos os cantos, as quais gritavam sobre o retorno de Seokjin e seus companheiros.

- O que é tudo isso...? - perguntou com um sorriso admirado adornando seus lábios finos, enquanto alguns ruídos animados saíam de sua boca. Pode ouvir Hoseok rindo com certo deboche ao seu lado, mas pouco se importou.

O motorista foi quem desceu primeiro do veículo e abriu a porta para todos após alguns segundos, sem se importar com todos os olhares que caiam sobre os forasteiros. Todos os moradores daquele vilarejo pareciam intrigados, contudo, certamente não estavam dispostos a perguntar diretamente para o feiticeiro.

Jungkook baixou a cabeça timidamente e observou Hoseok pegar Jimin em seus braços com cuidado, suspirando em preocupação. Queria muito poder ajudar de algum modo, todavia, sua própria mente estava determinada a lhe lembrar de sua impotência sobre aquele acontecimento.

- Sejam bem vindos a Lykos*! A vila dos lobos! - ouviram uma voz forte falar, atraindo a atenção de todos numa só direção.

O filho de Atena sentiu todo seu corpo arrepiar ao encarar os brilhantes olhos azuis de uma enorme criatura coberta por pelos brancos. Intimidado pela intensidade dos orbes, prendeu a respiração ao ver aquele animal mudar sua forma, tornando-se em um alto homem numa questão de segundos.

Ainda processando a cena, Jungkook demorou um tempo para notar a nudez do sujeito e tampar seus olhos, com as bochechas completamente avermelhadas e quentes. Tal ação arrancou uma gargalhada divertida de Seokjin, que tratou de usar sua mágica para vestir seu amado.

- Amor, o que foi que eu lhe disse sobre se destransformar na frente das visitas? - perguntou divertido, mal esperando o homem se aproximar para abraçá-lo pela cintura, deixando um beijinho em seus lábios e virando a cabeça para trás. - Pode abrir os olhos, Jungkook! Namjoon não irá mordê-lo.

Jeon mordeu seus lábios e confiou nas palavras do feiticeiro, tirando os dedos de cima de seus lumes. Em seguida sorriu, completamente sem graça pela situação e acenou para o desconhecido.

- Venham comigo! - disse o tal Namjoon, se pondo a andar de mãos dadas com Seokjin.

Poucos metros à frente, o filho de Atena pode vislumbrar uma enorme cabana de madeira, com grandes painéis de vidro moldando quase toda a parte inferior, logo ao lado de uma grande porta de cor branca. No segundo e terceiro andar as janelas eram um pouco menores, além de pequenas varandas separadas pelos quartos.

Foi Seokjin quem permitiu a entrada de todos animadamente, mas logo desapareceu dentro da residência, avisando que estaria na cozinha preparando um chá e algo para comerem.

Hoseok foi quem acessou o interior da moradia primeiro, logo atrás de Namjoon, dando passos cautelosos e olhando para todos os cantos da casa, enquanto apertava fortemente Jimin ainda desacordado em seus braços. Estava em estado de choque e muito assustado, o que não passou despercebido por nenhum dos seres não humanos no local, que a contragosto se mantiveram afastados.

Logo os três chegaram até um quarto, não era tão grande quanto os que existiam no palácio e estava tão vazio que certamente não possuía um dono. Jung se aproximou da cama de casal e deitou seu melhor amigo sobre o colchão macio. Ficou alguns segundos observando a feição serena do príncipe com preocupação, e depositou um beijo carinhoso sobre sua testa antes de sair.

- Vem, você também precisa descansar. - Namjoon disse, tocando o ombro do humano e o guiando de volta para a sala de estar, por onde haviam passado. Todos os outros permaneceram ali, então seus olhos instantaneamente se viraram na direção dos dois assim que passaram pela porta. O lobo sorriu fraco, um pouco tímido. - Deveriam relaxar, sabiam? O garoto ainda está dormindo!

- Quer dizer desmaiado, não é? O garoto teve um surto e apagou do nada! - Yoongi retrucou, recebendo um olhar repreensivo por parte do Kim e um bufar irritado do filho de Atena. - Só estava relatando os fatos, o que tem de errado nisso?!

- Nós falamos disso depois, Yoon.

- Tome, querido, isso vai te ajudar. - Seokjin declarou ao voltar para cômodo, entregando uma xícara quentinha de chá na mão do filho do primeiro ministro, que o olhou um pouco acanhado antes de aceitar. Disparou um sorriso carinhoso em sua direção, quando o escutou soltar um gemido de satisfação após dar o primeiro gole. - Percebi que estava ansioso, então tomei a liberdade de usar ervas calmantes. Espero que não se importe.

- Não mesmo, isso está maravilhoso! - Hoseok elogiou.

- Hum, se me derem licença... - Jeon declarou baixinho, afastando-se do canto onde anteriormente estava apoiado. Rapidamente avançou pelo corredor desconhecido, tentando não ligar para os olhos curiosos em si.

Jungkook respirou profundamente e paralisou perante a porta do quarto onde Jimin estava. Colocou as mãos suadas para dentro do bolso de suas calças e encarou o rosto cansado do mortal. Tentava encarar o nó preso em sua garganta e os sentimentos presos em seu corpo, enquanto sua mente automaticamente iniciava uma prece silenciosa para que o humano acordasse logo.

Se alguém gritasse por ele, certamente não iria escutar, pois já estava imerso no denso oceano de suas lembranças dos últimos três anos, os mais vívidos de sua vida.

Será que os lobos poderiam ajudá-lo?

- Por que ele está parado lá?! - Hoseok perguntou baixo, mas sem esconder o timbre regado a indignação, demonstrando seu incômodo com a cena.

Taehyung, que até então também aproveitava do chá produzido por Jin em silêncio, afastou a xícara de porcelana de seus lábios finos e disparou em defesa do melhor amigo.

- Ele só está fazendo o que teve de fazer todos os dias nos últimos três anos - retrucou com tédio e rispidez, como se o motivo fosse óbvio para todos, o que não era o caso. - Sei que não compreende o sentimento, Hobi, mas Jungkook passou muito tempo vendo Jimin sofrer sem ter o direito de poder ajudá-lo, e agora, mesmo estando aqui, na cabeça dele parece que nada mudou. Ele apenas está torcendo pela recuperação do príncipe, do seu próprio jeito.

- Pode até ser, mas não entendo ficar encarando ele desacordado feito um maníaco! - respondeu irritado, levantando-se do sofá com agressividade, disposto a afastar Jungkook daquela porta, contudo, foi segurado por braços fortes. - O que está fazendo, Seokjin?!

- Se eu fosse você, daria ouvidos a Taehyung e não trataria o filho de Atena com brutalidade! - aconselhou seriamente, obrigando o mortal a se sentar novamente entre as almofadas fofas. - Bom, alguém tá a fim de comer algo para acabar com o efeito do álcool?

Os outros continuaram conversando por longos minutos, enquanto Jeon continuava lá, parado em silêncio, deixando as vozes chegarem até seus ouvidos em ruídos abafados e distantes. Até que, subitamente, percebeu um breve movimento nos dedos de Park, atraindo sua atenção de volta para a realidade.

Jimin acordou com a cabeça dolorida, sem qualquer vontade de abrir os olhos ou se mover no lugar. Seu cérebro parecia estar sob o efeito de algum energético potente, já trabalhando em pensamentos rápidos e automáticos, não lhe dando uma única brecha para escolher a calma ou o silêncio de uma mente vazia.

O príncipe de Enesy sabia bem o que tais sensações significavam, e desejava com todas as suas forças conseguir parar de pensar em seu ataque de pânico inesperado, todavia, sabia que não mais como ignorar aquilo no instante em que escutou o som de algo se arrastando sobre o chão, arrepiando cada um de seus pelos corporais.

Park conteve seu impulso de morder os lábios ao escutar um suspiro baixo, tremendo por inteiro, imaginando que seu pai estava bem ali, em algum quarto da ala médica do palácio, onde o príncipe herdeiro ia parar com certa frequência nos últimos anos, embora nem mesmo Hoseok soubesse de sua fragilidade extrema.

- Jimin... você está acordando?! - uma voz preocupada soou alta e aliviada próxima ao seu rosto, como um catalisador, puxando-o de volta para a Terra. Ele reconheceu o timbre daquele que habitava seus pensamentos quase de imediato, deixando seu peito irradiar-se com uma calmaria repentina, assim como as ondas instáveis dos mares.

Virando sua cabeça para o lado, abriu os olhos lentamente e encontrou um par de olhos preocupados sobre sua face, mesmo que uma distância segura. Ele conteve a momentânea vontade que teve de sorrir, não retribuindo o sorriso de coelhinho que adorava o rosto bonito de Jungkook.

- Desculpa... - foi a primeira coisa que disse, a voz bem mais contida e rouca do que esperava.

- Pelo que?! - Jeon perguntou, franzindo as sobrancelhas em sua direção, no segundo seguinte, o filho de Atena já procurava uma pequena xícara de porcelana no móvel ao lado da cama, não demorando a encontrar. Ele levou o objeto até os lábios de Jimin com cautela, encarando-o mais uma vez antes de dizer. - Tome isto, Seokjin disse que irá te ajudar com as sequelas do ataque de pânico.

O príncipe suspirou e assentiu silenciosamente, aceitando de bom grado que fosse servido diretamente na boca, como um neném. Sentia-se muito mal por estar dando tanto trabalho, entretanto, vendo a situação por outro lado, sentia-se bem recebendo aquele cuidado, como já não acontecia a muito tempo.

- Devo ter dificultado muito as coisas para vocês... - sussurrou baixinho após todo o chá morno ter descido por sua garganta com facilidade. Usou das poucas forças que existiam em seu punho para se sentar, recebendo uma pequena ajuda do mais velho, que tinha uma das mãos em suas costas.

- Não pense desse modo, por favor. - Jungkook pediu, pronto para continuar com suas falas acalentadas após deixar um pequeno prato com comida sobre o colo do mortal, porém seus atos foram interrompidos pelos atos ao ouvir as portas do quarto se abrindo com força.

- Minie! - Hoseok exclamou alto, com seu lindo sorriso iluminando todo o cômodo. Ele acelerou seus passos até o outro lado da cama de Jimin e não tardou a abraçá-lo, pois sabia que o melhor amigo apreciava o toque físico daqueles que amava.

Park envolveu o maior com um de seus braços através da cintura e sorriu, reconfortado.

Quando menos percebeu, Jungkook já tinha se afastado. Procurou o filho de Atena com os olhos preocupados e o encontrou indo na direção da porta a passos calmos, todavia, como se ele pudesse sentir os lumes brilhantes refletindo em sua pele, ele girou os calcanhares no lugar e encarou Jimin de volta. Em seu rosto, um pequeno sorrisinho aparecia, como um esboço fraco sobre o sulfite branco.

Sem saber o que dizer, o príncipe herdeiro sentiu suas bochechas ganhando cor, envergonhando-se e desviando o olhar por poucos segundos, mas voltando a fitá-lo com o último fio de coragem que restava em seu tímido corpo, o que foi suficiente para arrancar uma risada baixa do filho de Atena.

- Eu venho te ver depois - sibilou e acenou com as mãos, saindo do campo de visão do príncipe herdeiro como um breve raio de sol, quase imperceptível para aqueles que não foram tocados por si.

Já Jimin, ficou ali, tentando esconder um sorrisinho bobo e sentindo o calor gostosinho causado por Jungkook se alastrar por seu peito, como um antídoto para aqueles que possuem as mentes mais sombrias.

🌙

Moiras: três irmãs responsáveis por tecer o destino da humanidade e dos deuses.
Lykos: possível origem grega da palavra lobo.

-

[N/A]

Se você está aqui, finalmente chegou até o fim desse capítulo! Sei que coloquei muitas informações e acontecimentos sem explicação, mas, prometo que cada detalhezinho será esclarecido nos capítulos seguintes!

Aliás, a partir de agora, a fanfic vai ter alguns momentos mais calminhos, pra baixar essa adrenalina toda. Espero que gostem 👀.

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Até o próximo capítulo, com amor, Win 💗.

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