Sábado de manhã. Está frio de mais e acabo acordando cedo.
Ponho um moletom e pulo a janela com dois cigarros na mão. Agora não tenho mais a preocupação de trancar a porta ou não, já que Luce já sabe.
Observo a vista enquanto tragava o sabor acentuado da canela e assim que olho para baixo, sem surpresa alguma, vejo ela na rua, a caminho da minha casa.
Era o esperado.
De longe, ela me vê também e a vejo suspirar fundo enquanto exalo a fumaça. A garota se treme de frio. Desvio o olhar por alguns segundos, o suficiente para ela se aproximar ainda mais da escada que leva ao telhado.
Quando ela chega, já havia pego um cobertor para ela no quarto.
O cabelo está descabelado e a maquiagem um tanto borrada.
Estamos sentados um ao lado do outro, sem trocar nenhuma palavra. Sina pega o cigarro algumas vezes e numa dessas, a assisto posicionar o cigarro nos lábios e o tragar. Ela está acabada, sem dúvidas. O lábio está um pouco inchado e o pescoço com um chupão do lado direito.
- Aniversário difícil? Você não fuma. - Afirmo.
- Eu te odeio, e estou aqui. Já não faz diferença.
- Mentirosa. - Sussurro para mim mesmo.
- Porque entrou no time de futebol?
- Para te foder.
- Poderia ter feito isso sem entrar no time. Era só pedir.
Reviro os olhos.
- Vai se foder. - Arranco o cigarro dela.
- Há dois segundos atrás era você quem queria me foder.
- Você está bêbada ou algo assim?
- Não.
- Então porque fala tanta merda?
Ela ri.
- Fingir que não quer me comer não vai fazer a vontade passar, Noah.
- Porque me provoca tanto? Não é como se você quisesse e não é como se fosse acontecer.
- Porque sei que só um talvez para você já o suficiente.
- Brigou com o seu namorado de novo? Parece rotina. Toda vez que algo dá errado, vem me implorar para te foder.
- Eu nunca imploro, e não. Estamos ótimos.
- Então vai para casa, Sina.
- Não posso.
- Não dou a mínima. Já passou a época que eu ligava.
- Não posso porque Jason está com uma mulher em casa, porra. Já passei lá e vi. Surtei. Nunca tinha visto antes.
- Oh.
- É. - Ela suspira. - Acende o outro. - Sina aponta para o segundo cigarro.
- E porque não foi na casa de alguma cheerleader? Várias moram mais perto de você.
- Teria que usar minha personalidade de miss simpatia. Estou cansada, foda-se.
- Está admitindo ser uma vadia, então.
- Interprete como quiser. - Ela põe o cigarro na boca enquanto apertava o isqueiro na ponta.
- Porque voltou com ele, Sina?
- Cameron?
- É.
- Status, imagem. Tenho que preservar isso.
- Ele te bateu.
- Uma vez, nunca mais aconteceu.
- Não importa.
- Não te importa.
- Você está certa. Não me importa. - Pego o cigarro dela. - Até o momento que você vem na minha casa, fumar o meu cigarro, com o meu cobertor, no meu telhado.
- Vai pagar de pai pra quem quer, Noah.
- Vai pagar de fodona pra quem acredita, Sina.
Nos encaramos fortemente, e não desvio de seu rosto para soprar a fumaça. Ela fica imóvel.
- Vai tomar banho. Tem toalha no banheiro.
Em minutos, Sina desaparece do meu campo de visão para dentro do quarto.
Algum tempo depois, volto para dentro, escutando o barulho do chuveiro correndo, e me jogo na cama, vendo que ela havia deixado suas roupas para fora do banheiro. A calcinha e o vestido. De propósito, óbvio.
- Cuzona. - Reviro os olhos.
Espero que a garota saísse, e dito e feito, saiu sem as roupas, com uma toalha no corpo.
- Achou que eu ia cheirar a sua calcinha ou algo assim?
- Não cheirou? Estou surpresa. - Ela pega a peça e a veste por debaixo da toalha.
- Você é tão previsível, Si-
Oh. A toalha está agora no chão.
- Previsível? - Ela pergunta, agora quase que completamente nua na minha frente.
Engulo seco, com a imagem de apenas uma calcinha a cobrindo.
- U-uhm...
Sina dá de ombros e pega seu vestido, o pondo da maneira mais natural e indiferente possível.
- Vou embora, obrigada pelo banho. - Ela passa por mim e alcança a porta.
Demoro alguns segundos para a seguir pelas escadas. A imagem ainda contamina meus olhos.
- Sina.
- Que? - Ela continua andando até quase alcançar a maçaneta da sala.
- Já... Uhm... Sei lá, comeu alguma coisa?
Ela para.
- Você já sabe a resposta. - Sina abre a porta. - Tem um presente pra você no seu quarto.
Assim que a porta fecha, subo para o quarto, procurando pelo tal presente.
Vou direto ao banheiro, sabendo que ali era o único lugar onde ainda não havia batido o olho.
Um sutiã e um envelope.
O envelope.
Você ganhou. Sai do time de futebol. Não é um lugar que você vai querer estar, não é o seu lugar.
Estou tentando te proteger.
- S.
O dinheiro todo do carro dela está aqui, nas minhas mãos. O dinheiro da aposta que venci.
- Porra... - Sorrio, folheando as notas uma á uma.
Depois de longos minutos encarando o bolo de dinheiro, penso em o que caralhos ela quer dizer com "estou tentando te proteger."
Essa vadia realmente acha que vou acreditar que ela quer meu melhor?
Desço as escadas voando.
{...}
Sina.
Tento andar em passos rápidos. Passos que me garantissem que Noah não voltasse atrás quando visse.
- Sina! - Ele grita.
Merda. Tento andar ainda mais rápido.
- Sina, para porra! - A voz dele se aproxima cada vez mais.
Vivo esquecendo que agora Noah é atleta. Que ótimo. Reviro os olhos e desisto, rapidamente sentindo um puxão no braço me arrastando de volta para dentro.
Não trocamos uma palavra até que eu estivesse dentro do quarto de novo.
- Me proteger?
- É.
- Quis dizer me comprar com um dinheiro que já era meu?
- Não vejo problema em tomá-lo de volta, então.
- Para de ser uma vadia. O que quis dizer e porque está me devolvendo agora?
- Porque obviamente não te quero na porra do time de futebol?
- Eu entrei por mérito meu.
- Foda-se, Noah! É uma boa quantia de dinheiro. Não pode simplesmente aceitar e cair fora da minha vida?
- Não é assim que as coisas funcionam, porra.
- Oque quer então?!
- Quero acabar com você, não vencer.
- Então você é simplesmente louco, isso não vai acontecer.
- Sim, vai. - Ele se aproxima de maneira perigosa. - Estou cansado das suas merdas.
- É só não olhar na minha cara como tem feito nos últimos três meses. - Me aproximo também. - Não fez falta alguma.
- Isso não é o suficiente.
- Você é simplesmente obcecado por mim.
- E você, por mim.
O encaro sem ter mais o que dizer, seus olhos pareciam pulsar de raiva de mim. Escapo rapidamente para sua boca entre aberta que entregava sua respiração irregular.
- Para com essa porra, Sina!
- O que?!
- De ficar olhando pra mim assim!
- Não estou, caralho!
- Foda-se, vou fumar, vai embora.
- Me dá um cigarro, então.
- Não.
- Porque?
- Desde quando começou a fumar? Não vou apoiar isso.
- Não enche.
Ele revira os olhos e se apoia na janela, fingindo que não estou no quarto.
- Me dá um cigarro, Noah.
- Não.
- Se não me der, vou comprar de qualquer maneira.
- Porque eu sinto que você está sem dinheiro nenhum?
Merda. Esse idiota.
Me aproximo por trás e viro seu rosto exatamente quando ele solta a fumaça em mim.
- M-me dá.
Noah está com aquela cara óbvia que declara prazer. Sei que tem algo com a soma eu+cigarro que deixa Noah tonto.
- O que? - Digo baixo.
- Shh.
- Não me mande ficar q-
- Cala a porra da boca.
Sou apoiada na parede, e ele me encara, sem coragem de fazer que sei que ele quer.
- Fecha o olhinho. - Sussurro.
Então o beijo, de novo.
Sou recebida pelos seus lábios da mesma maneira que sempre, agressiva, dolorida, calorosa, rápida, ritmada. Ele se pressiona cada vez mais forte contra mim, cada vez mais apertado e quente, enquanto o cigarro queima no cinzeiro.
Agora já não havia mais o processo, o mistério. Suas mãos agarram meus seios de maneira abrupta e a minha, seu pau. Protestamos um contra o outro, nos contorcendo, nos apertando o quanto mais possível para que qualquer resquício de espaço que restasse, sumisse. Tudo que nos impedia precisava sumir.
Roupas. Estas estão sendo praticamente rasgadas, como meu vestido por exemplo. Noah o aperta e puxa tanto que a qualquer momento, vai estar despedaçado como um pedaço de papel.
Seu pau já está duro e meus peitos arrepiados quando ele tira a camiseta e a joga longe. Ambas as alças do meu vestido já caíram e o tecido cobre até o limite dos meus mamilos. Ele não para de beijar meu colo, me deixar marcas e apertar minhas coxas. Fortemente. Tudo absolutamente forte.
Noah sobe o tecido sobre minhas coxas até que sua mão encontre com o fim da calcinha fina que uso.
- Me fala pra parar. - Ele diz quase que manhoso de mais.
- Não quero. - Respondo mais ofegante que queria. - Não quero que pare, droga.
Sua mão aperta forte a parte superior da minha coxa.
- Se essa calcinha sair de você, eu... - Ele respira pesado. - Eu não...
- Não vai ter dó de mim? - Puxo seus olhos de volta, que estavam presos no chão.
O aproximo mais e levo sua mão posta na minha coxa direto para mim.
Droga. Porra.
A quentura de seus dedos me invade numa onda perigosa e reajo rápido demais. Minha cabeça tomba, e me sinto indignada pelo quanto estou sentindo só com um toque por cima da calcinha.
- Porra, Sina...
Volto a olha-lo ainda mais entregue que antes, com a mão entre minhas pernas, deixando meu queixo caído.
Sinto cada detalhe que a ponta do indicador dele faz sobre meu clítoris coberto e não conseguia calar a boca, mesmo que seus lábios já estivessem nos meus de novo.
- Vou parar pra tirar seu vestido, tá bom?
- Não... O vestido fica. - Sussurro.
Ele sorri e morde os lábios, apertando ainda mais o dedo contra mim. Com sua mão livre, Noah tira o resto do que cobria meus seios, deixando que o vestido cobrisse apenas minha barriga.
Nossos olhos não desviam, alarmados, arregalados de prazer e surpresa. Nossos corpos se esmagam, misturam calor, vontade, desejo.
- Tira minha calça. - Ele pede firmemente.
- Só se tirar minha calcinha primeiro. - Sorrio suavemente, perfurando sua boca com os olhos.
Noah revira os olhos prazerosamente, parecendo ciente do que eu queria. Devagar, ele se ajoelha, arranhando minha perna até o fim. Não consigo tirar os olhos dele nem por um segundo.
Sua mão alcança a calcinha, a tirando da maneira mais provocativa possível, e eu já estava me contorcendo. Muito.
Quando a peça chega nos meus joelhos, ele tira as mãos e a leva até o chão com a boca.
- Porra... - Sussurro pra mim mesma.
Abruptamente, seus braços, agora ainda mais fortes, agarram uma das minhas pernas para cima do seu ombro.
- Preciso que puxe o vestido bem pra cima e segure. - Ele diz ofegante.
Eu concordo, e cumpro seu pedido mais rápido que puxo ar.
Estou exposta pra ele agora. Completamente exposta. Não existe mais volta, não existe mais pegar minhas coisas e ir embora agora.
Noah intercala entre me olhar nos olhos e minha intimidade com um sorriso malandro no rosto.
- Feliz aniversário, loirinha. - Ele me estende a mão para que eu segurasse.
Entrelaço nossos dedos e respiro fundo para que ele começasse.
Seu primeiro toque enfraqueceu cada parte do meu corpo, e quase desmancho. Seus dedos apertam ainda mais os meus enquanto ele me explora com a língua.
Gemo alto e não consigo ligar se Luce vai acordar ou não. Não posso ligar agora, não enquanto ele está com a cara enfiada no meio das minhas pernas do jeito mais prazeroso possível.
A sensação do clima frio rasga minha pele mas tudo parece não importar. O prazer é indescritível.
- Oh meu d-
Não completo a frase. Não consigo. Minha boca permanece aberta por longos segundos e nada sai quando ele me mordisca levemente. Noah sabe exatamente o que está fazendo, e é assustador. É assustador ver o quanto ele realmente me conhece, sem nunca ter me tocado assim antes.
- Porra!
Nossas mãos não se desgrudam e as vezes quando se afrouxam, as aperto de novo, tentando conter a quantidade louca de gemidos que sairiam.
Estou quase. Estou na porra de um abismo, quase desmanchando contra essa parede. É quase impossível manter minhas pernas firmes, é impossível parar.
- N-noah...
Seus olhos, que não saíram de mim o tempo todo, me diziam que faria algo agora. O braço que segurava minha perna sobre seu ombro me aperta ainda mais e sua língua me invade ainda mais fundo descontroladamente, cada vez mais e mais interno e íntimo. Ele está dizendo que agora sim, eu posso. Eu posso chegar lá.
E é o que eu faço. Com a maior intensidade que já pude, com a maior onda de prazer e desespero. Agarro seus cabelos e me permito sentir exatamente o que Noah queria que eu sentisse.