Meus lençóis estavam muito confortáveis quando acordei. Azriel deve ter ido para o quarto dele depois que eu adormeci. Esse homem me encanta de todas as maneiras.
O treino foi tranquilo, Azriel e Cassian davam muita atenção as meninas.
Eu, Nestha e suas amigas estávamos fazendo flexões, para manter a resistência. Saber lutar com uma espada não adianta nada sem fazer cárdio ou musculação. Todos dependem de cada um para funcionar.
As meninas falavam sobre livros de romance duvidoso, eu não falava nada, não queria interromper os assuntos delas.
_ Você lê algo, Eglantiny?_ perguntou Gwyn, simpática.
_ Eu leio livros de feitiços!_ respondi a mesma altura.
_ Mas não lê algo por diversão?
_ Ah, não! Só por estudos.
_ Nunca pensou em fazer algo por lazer?_ ela insistiu.
_ Nunca pensei nisso, não sei porque.
_ Todos precisamos de algo que fuja das obrigações!
_ Você faz alguma outra coisa por lazer além de ler?_ perguntei, ficando com dificuldade de respirar por causa das flexões.
_ Eu canto! _ respondeu. Gwyn é uma mulher cheia de personalidade.
_ Que incrível!_ respondi caindo no chão quando acabei essa série. Um Cassian veio de longe, já reclamando.
_ Vamos, Eglantiny! Levante, ainda tem mais 3 séries.
Me levantei e comecei de novo.
_ Você fazia algo em suas terras que apenas gostava de fazer?_ Emerie perguntou dessa vez.
Pensei um pouco.
_ Eu gostava de montar minhas armas, fazer as cápsulas de magia era um ótimo passa tempo.
_ Ah, uma pena que não possa fazer aqui.
_ Por que não se junta ao meu grupo de canto?_ Gwyn deu uma idéia.
_ Agradeço o convite e reconheço sua intenção, mas sou péssima para o mundo das artes.
Nestha começou a rir muito.
_ Então foi você que fez aquele cachorro horrível no Studio de Feyre, hahaha!
_ Horrível é um elogio para o quadro!_ respondi rindo junto.
Cai de novo ao terminar a segunda série.
_ Continue, Eglantiny!!
_ Vá se foder, Cassian!_ disse baixo e sem fôlego ainda no chão, mas o suficiente para ele ouvir.
_ Vai você!! Continue._ respondeu e eu me levantei, rindo.
Estávamos na casa de Lucien. Feyre achou prudente que nós conversássemos sobre os palpites de todos sobre Koschei.
Vassa quem deu a primeira palavra uma vez que era prisioneira dele.
_ Ele é o mais fraco dos 3 irmãos, porém, agora é o ser mais antigo que conhecemos, derrota-lo não será uma tarefa fácil! Os tesouros podem estar escondidos mas nada impede ele de arrumar alguém para encontrar e fazer dele uma forma palpável e nos destruir._ explicou a mulher linda.
_ Neste caso, basta um seguidor fanático para ajudar, ou alguém manipulável , ou alguém com um objetivo também, como aquela rainha._ eu falei continuando a conversa.
_ Ou alguém com sede de poder!_ concluiu Feyre.
Engoli seco as essas informações.
_ Esse perigo dos reis de meu território chegarem só deixa tudo pior! _ esfreguei a testa_E se Koschei também estiver tentando atravessar as dimensões?
_ Ele não é um ser que conseguiria tal proeza._ Jurian me corrigiu.
_ Mas é um feiticeiro de acordo com o que vocês falaram, sua quantidade de vida neste lugar ajuda bastante a descobrir como. _ eu estava de pé e trocava o peso das pelas uma para a outra, jamais consegui ficar parada e pensando ao mesmo tempo.
_ Acho que seus irmãos conseguiriam, mas ele é mais difícil._ Lucien seguiu a linha de raciocínio, ele me olhava muito concentrado.
_ Isso nos dá um pouquinho de vantagem, só tem uma pessoa neste mundo que atravessou e está do nosso lado._ Amren falou e meu estomago deu uma cambalhota.
_ Mas eu não sou experiente como ele, para ele conseguir antes de mim é como se um coelho fosse lutar corpo a corpo com Cassian. _ exemplifiquei. _ Pois é._ o Grão-senhor concordou._ Cassian perderia. Ele disse serio com os braços cruzados enquanto Feyre batia as costas da mão em seu ombro.
Nós não conseguimos decidir o que é mais preocupante, Koschei ou uma invasão quase inevitável.
_ Acho que de toda maneira, ele vai tentar conseguir seguidores, ele precisa de qualquer ajuda para sua vitória e iria a qualquer lugar para isso._ Vassa argumentou._ E agora que sabe que tem outra feiticeira em nosso mundo e que veio de outra dimensão.. Vai tentar qualquer coisa.
_ Vou tentar o possível para impedir isso, minha mãe me disse que um dia eu morreria, que seja fazendo o que é justo._ concluí.
Demorei no banho hoje, os pensamentos de sabotagem me consumiam.
Vesti um vestido verde aveludado, fiquei no espelho algum tempo prendendo o cabelo, fiz algumas tranças e amarrei todas num rabo de cavalo.
Minha aparência havia mudado dês de que cheguei, estava mais forte e mais corada, gostei disso.
Eu estava na cozinha, usei o cetro para iluminar o lugar. Decidi que iria fazer um bolo com iogurte.
Peguei todos os ingredientes e coloquei na bancada. Essa receita era mais complicada, um grão a mais ou a menos e o bolo dava errado.
Fiz tudo com calma, etapa por etapa.
Ouvi passos na minha direção e olhei para a porta, era Cassian.
Estava todo suado, como se tivesse corrido, senti seu cheiro e soube o que estava fazendo. Ele levantou as sobrancelhas e eu levantei também.
_ Boa noite! _ desejei.
_ Boa noite! O que faz aqui essa hora?_ perguntou o macho sem camisa.
_ Estava sem sono, quis fazer um bolo._ acendi o forno e deixei esquentando enquanto colocava a massa na fôrma redonda.
_ Ah!_ disse indo na direção da água.
_ Nem vou perguntar o que esta fazendo também, eu já sei_ ele riu_ Pensei que ilyrianos não se cansavam._ tentei ofender.
_ Já deu uma olhada em como é minha parceira?_ ele brincou.
Eu soltei uma gargalhada virando a cabeça para trás.
Coloquei o bolo no forno, agora é só esperar.
_ Já se apaixonou, Eglantiny?_ ele me olhava sério.
_ Jamais._ respondi, Cassian pareceu triste._ Não me olhe assim, eu tive oportunidades, mas não permiti que se aproximassem mais.
_ Por que? O homem que puder te ter, seria um dos homens mais felizes do mundo._ ele falou indignado.
_ Depois de você com Nestha, é claro!_ brinquei, mas ele não pareceu aceitar o desvio da conversa. Inspirei._ É complicado, meu nobre General.
_ Você é uma pessoa que facilmente se apaixonam. _ do que ele estava falando exatamente? Mas aquilo me deixou feliz._ Devia se permitir experimentar essa coisa maravilhosa que chamamos de amor.
Eu sorri com os dentes para ele.
_ Como é ter uma parceira?_ perguntei entusiasmada.
Ele encostou no balcão.
_ É um laço entre os dois, como se fossem alma gêmeas, só que bem mais forte. É mais forte que um amor de casamento, é incondicional e belíssimo, Eglantiny! Quando os dois se aceitam, é inexplicável a sensação, eles são oficializados por uma sacerdotisa e comemoraram com uma festa._ ele explicou com brilho nos olhos.
_ Aposto que sua festa foi grande.
_ Ela é uma mulher muito exigente._ eu ri.
_ Mas e quando um não aceita a parceria? É como se fizesse o outro sofrer para sempre._ eu lamentei, me lembrando de Lucien.
_ Ninguém é obrigado a aceitar, é melhor do que viver infeliz. _ No final, o outro ainda fica infeliz. _ De toda forma, minha lady Eglantiny, permita-se encontrar alguém.
Ele concluiu delicado, pegando em meus ombros, ele não sabe o que sinto pelo seu amigo.
_ Se te conforta, General, estou fazendo o possível para me abrir e estou evoluindo bem!_ sorri para ele.
_ Você aprende rápido!
Ele voltou para o quarto e eu esperei meu bolo ficar pronto.
Comi ele sozinha, ficou muito pesado, devia ter usado menos farinha.
Anotado para a próxima tentativa.
O resto da noite fiquei no quarto. Eu tinha acabado os livros de Hélion mas Amren me recomendou vários que pegaria amanhã na biblioteca das sacerdotisas.
Ainda sem sono, fui para o ringue de luta. Descendo as escadas, senti o frio nas minhas pernas nuas subindo para dentro da camisola se cetim. Eu decididamente não esperava encontrar Azriel aquela hora treinando. Observei um pouco os movimentos dele lutando com a reveladora da verdade. Ele tinha passes perfeitos, com o equilíbrio perfeito.
_ Quem me dera se Cassian tivesse essa concentração na hora de nos ensinar!_ chamei a atenção dele que parou e me olhou.
_ Cassian as vezes está com a cabeça perdida em Nestha._ ele disse eu ri.
_ As vezes?_ continuei brincando.
_ Eu e você temos um problema com sono._ o encantador observou.
_ Notável_ respondi.
_ Não está com frio?_ ele perguntou olhando minhas roupas.
_ Sim! Estou, mas não consigo ficar deitada na cama com tantas coisas passando pela minha cabeça_ desabafei.
_ Sei como é.
_ Sabe?_ perguntei inocente.
_ As sombras costumam me importunar muito._ explicou.
_ Estão te incomodando agora?
_ Não, quando estou perto de você não.
Dei um sorriso leve a ele.
_ E o que acha que isso quer dizer, Azriel?
_ Eu não sei._ ele devolveu o sorriso._ Você tem alguma forma que faz sua mente se acalmar?
_ Quando estou com você, costumo ficar bem!
Dias se passaram.
Os treinos com Azriel estão andando bem, mas ainda não alcancei o objetivo.
Voltar para casa.
Está tarde fui resolver uma titica com Feyre, animais chamados Naga estavam passando para os lados humanos.
Caminhando devagar pela floresta, eu levava no coldre, meu morningstar, minhas adagas e espada e algumas esferas que quando arremessadas no oponente, soltam cordas e capturam em segundos e Feyre tinha me dado um arco para o dia de hoje.
_ Você tem habilidades com arco e flecha?_ Feyre perguntou. Ainda não estávamos na área que esperávamos que eles estivessem se escondendo.
_ Tenho, mas acho extremamente duro de usar, uma besta era mais eficiente nos meus trabalhos._ respondi.
_ Eu caçava antes de tudo acontecer, alguém precisava manter todos alimentados.
Eu vi em seus olhos o quanto era ruim lembrar dessas memórias, via o mesmo olhar em Nestha as vezes. Todos temos fantasmas do passado.
_ Eu poderia fazer uma besta pra você! Você veria o quão mais fácil é de usar._ respondi desviando o assunto. Ela sorriu.
_ Eu ia gostar, podíamos fazer um campeonato. Seria ótimo vencer de você!_ ela disse e eu dei um sorriso de lado.
_ Eu não duvido que me deixaria para trás, mas tenho certeza que podíamos vencer qualquer um daqueles machos.
Ela riu baixo.
Ouvimos alguma coisa e antes de qualquer outro passo, posicionei o arco e peguei a flecha em segundos.
Mas desperdicei os movimentos rápidos, era só um coelho selvagem.
_ Suas orelhas se mexem como as de um gato quando está atenta._ Feyre reparou._ Que curioso!
_ As de vocês não fazem isso?_ perguntei relaxando os músculos.
_ Não! Todos em seu mundo são como você?
_ Não, ficaria mais curiosa ainda quando visse a diversidade de espécies que vivem entre meu povo.
A fêmea linda levantou as sobrancelhas.
_ E todas as mulheres são altas como você?_ continuou perguntando._ E tem as orelhas compridas como as suas? Porque as suas são maiores que as nossas.
_ Nem todas são altas como eu, tem mais altas ainda. E as orelhas dependem dos nossos pais. Eu e minha mãe achávamos que eu sou descendente de algum elfo ou elfa bonitões.
_ Entendi! E você nunca conheceu seu pai, né?_ ela perguntou com uma expressão triste.
_ Não, mas nunca me importei com isso, não fique triste por mim eu tive uma mulher maravilhosa que cuidou de mim como se eu tivesse saído dela e isso já passou também._ olhei para ela e sorri levemente_. Mas o que faria se estivesse em meu lugar e pudesse encontrar o homem que contribuiu na sua vinda ao mundo e abandonou sua mãe?
Ela pensou um pouco.
_ Em seu lugar, cortava as bolas dele para nunca mais por alguém no mundo para sofrer._ ela falava sério, mas eu não pude deixar de rir.
_ A brutalidade em você equilibrada com bondade, me diverte!
Caminhamos até chegar perto das terras humanas e paramos de conversar.
Passo a passo, bem devagar para não quebrar se quer um galho. Eles estavam ali.
Cassian contou que os naga são uma espécie de feéricos que gostam de torturar e comer mortais. Muitas das lendas sombrias que os mortais têm sobre os feéricos são inspiradas por eles.
Com a flecha posicionada no arco, estiquei com toda minha força e mirei para uma caverna bem longe da gente.
Feyre me olhou como se não entendesse, eu ouvi alguém respirando lá dentro, serrando os olhos para ver qualquer movimentação naquele breu. Em segundos 5 deles sairam de lá de maneira desenfreada para nosso encontro.
Nós duas fomos para a direção contraria deles.
Bem a frente deles, Feyre continuou correndo e eu subi em uma árvore, de lá poderia pegar eles de longe com as flechas.
Acertei dois deles, mas eram tão rápidos. Os outros pude ouvir Feyre atingindo as bestas.
Desci da arvore e a encontrei, Feyre estendeu a mão em comemoração. Mas viu minha orelhas girando para trás.
_ Cantamos vitória cedo demais._ eu disse.
Em posições de combate, esperamos eles chegarem. Arranquei o cetro das costas e atingi alguns antes que chegassem, mas eram muitos.
_ Vamos voltar a correr, Feyre!_ iniciei_ Quero tira-los de perto das terras mortais.
No caminho, identifiquei duas arvores uma bem próxima da outra. Com as esferas, instalei uma armadilha que cortaria a cabeça de alguns daqueles nagas e atrasaria outros. Dito e feito e era nojento. Conseguia ouvir os passos do restante de longe quebrando os galhos pelo chão.
Correndo e correndo para longe da fronteira, paramos para acabar com o resto deles. Feyre atingiu o primeiro e foi pegando mais flechas para mata-los, peguei uma adaga atingi a cabeça de um, eles chegavam mais perto e para Feyre conseguir atingir as bestas, peguei duas das esferas e atingi dois deles que se debateram quando foram imobilizados, a grã-senhora os matou com facilidades.
Os últimos ela deixou para mim enquanto arrumava as flechas se preparando caso houvesse mais deles. Eles vinham em tamanho desespero correndo e eu rumei na direção deles, meu cetro brilhou com meu entusiasmo, eu o movimentei rodando entre meus dedos, mirei neles e acertei as bestas, sem sangue, sem sujeira ou fedor enquanto o azul adentrava seus corpos com o feitiço. Estavam apenas mortos.
Andei na direção de Feyre calmante e estiquei a mão para um toca aqui.
_ Agora podemos comemorar!_ eu disse.